Capítulo 27 – O Mar dos Apaixonados e a Praia dos Mortos

『 Tradutor: Hiroto 』

Um caule surgindo do chão!

Não era tão bom quanto o da Fada Verde, mas parecia bem mais resistente do que o esperado.

“Se for forte o suficiente para amarrar tornozelos, já está ótimo… mas isso aqui é muito mais útil do que pensei.”

— O consumo de mana nem chega a incomodar…

X imaginou a batalha contra a War Machine.

Os inimigos mais irritantes: os que atacam por trás!

Mas… e se caules brotassem do chão e causassem confusão?

X havia acabado de ganhar uma nova forma de distrair seus inimigos e ganhar tempo. Pode parecer um incômodo agora, mas, considerando que sua Inteligência só vai aumentar, o potencial destrutivo também deve crescer.

“Encontrei possibilidades onde menos esperava.”

Magia!

Claro que seu poder era inferior ao de magos do mesmo nível. Mesmo assim, era usável na prática. E só isso já dava a ela um valor imenso. X deu uma risadinha.

— Claro que também ajuda muito na hora de caçar!

Crack!

Os caules que brotavam e dançavam seguravam firmemente as plantas ao redor. Lutavam! Tentavam escapar, porém não parecia ser fácil fugir do efeito de restrição.

Zing!

X levantou a espada e murmurou:

— Ainda faltam 5 níveis até o nível 80…

Beleza impressionante!

Desempenho excelente!

No fim, X chegou ao nível 80 no Inferno das Plantas e calçava agora as Garras Douradas do Falcão, claramente satisfeito.

Pang!

A sensação de leveza era incrível.

— Acho que devo agradecer, pelo menos…

“Salada, espero que descanse em paz.”

X, murmurando algo que não dizia com convicção, escapou da área.

Após correr por cerca de meio dia, chegou ao último vilarejo.

Era uma vila litorânea conhecida como ponto turístico entre os usuários.

X caminhava enquanto ajustava seu arco.

Precisava se acostumar com a nova arma.

“Focar em apenas uma arma é desperdiçar estatísticas preciosas.”

Era, basicamente, um Gourmet Celestial sem habilidades de combate decentes.

Contudo, seus atributos cresceram de forma bem equilibrada. Usando espadas, escudos, arcos e até magia, X descobriu diversas possibilidades. Agora que tinha percebido o potencial… era hora de esforço. Muito esforço.

“Primeiro, dominar as habilidades básicas.”

Habilidades Básicas!

Refere-se às habilidades de ataque simples como Golpe Preciso, que X adquiriu primeiro. Outras classes ganham habilidades principais, e o uso dessas básicas vai diminuindo com o tempo.

No entanto, X não tinha nenhuma habilidade de ataque principal.

Por isso, lutou só com o básico até o nível 80.

Ele conferiu a proficiência de cada uma:

“A velocidade de crescimento caiu mesmo…”

Mestre das Habilidades!

Dominar uma habilidade nunca é fácil.

Porque o esforço necessário para aumentar sua proficiência multiplica exponencialmente à medida que seu nível de proficiência cresce.

“Gostando ou não, eu preciso dominar isso.”

Ao dominar uma habilidade, efeitos inéditos são desbloqueados.

Contudo, dominar habilidades normais — que não recebem bônus de proficiência como as habilidades de classe — era praticamente impossível. Alguns usuários conseguiam com as de classe, mas ninguém dominava as básicas.

— Bem… serei o primeiro a dominar as básicas.

X, como sempre, não se abalava.

Se for pra cansar, que seja trabalhando!

Até porque, não tinha outra escolha.

Como dito, ele não tinha habilidade de ataque principal.

No máximo, a Arte do Escudo de Kalsumar? Porém, ele a dominou assim que aprendeu. E nem fazia sentido usá-la, a não ser em situações muito específicas.

Que tipo de efeito seria desbloqueado ao dominar o básico?

Animado, X acelerou o passo, pensando em coisas que poucos sequer cogitavam.

Quanto tempo ele andou?

Sem perceber, o cheiro salgado do mar já invadia suas narinas.

X murmurou em tom sombrio:

— …Sabia que ia dar nisso. A Praia dos Mortos tá um caos.

Krrrk!

Risadas vinham de todos os lados!

Uma cidade tomada por felicidade e lazer!

X havia chegado em Lablinna, uma pequena vila à beira do Mar dos Apaixonados.

A expressão dele se fechou.

À vista, só se via casais apaixonados.

Mas… e a tal Praia dos Mortos?

“O que será que o Kalon viu aqui?”

— Será que a visão daquele cara é tão ruim assim?

Rumble, rumble!

Reclamando, X observava Lablinna.

O lugar realmente tinha mais usuários do que NPCs.

Prédios brancos e um mar azul completavam a paisagem perfeita.

E, claro, casais por toda parte.

— Oppa, olha ali, a areia tá brilhando!

— Haha, é mesmo!

— Tem gaivotas ali no céu! São gaivotas, né?

— Haha, quem se importa? O que importa é estarmos juntos aqui!

— Aaaah! Ele é tão fofo!

A areia está sempre brilhando.

Os pássaros estão sempre voando pela praia.

Essas pessoas surtam por qualquer coisa?

Engolindo sua frustração, X abriu a carteira.

— Me vê um de cada tipo.

— Veio com os amigos?

— Não. Vim sozinho.

A especialidade de Lablinna: sucos de frutas.

Depois de comprar um de cada, X se sentou na areia da praia.

Casais corriam por ali, como se o lugar fizesse jus ao nome.

Glup.

X tomou um gole e observou ao redor.

— Praia dos Mortos…

O local mencionado por Kalon era mesmo ali.

Mas o que se via era o Mar dos Apaixonados.

Havia duas possibilidades:

“Ou o Kalon mentiu pra mim…”

X era um homem desconfiado.

E com razão — ele já havia sido traído antes. Todavia, Kalon era um NPC.

Um que respeitava de verdade o Rei Gourmet e, por isso, não teria motivo para enganar o herdeiro desse título.

Glup!

Após terminar o último suco de um só gole, X comentou:

— Então temos a resposta.

A Praia dos Mortos é uma área oculta.

Ela só aparece para quem cumpre certas condições!

Pensando assim, as palavras de Kalon e o cenário começavam a fazer sentido.

“Ele não disse que Liglian era meio estranho?”

Aliás, levando em conta o apelido de Liglian, o Excêntrico…

Talvez X estivesse, sim, no lugar certo para encontrar a Praia dos Mortos.

Mas, claro, havia um problema.

— …Como é que eu descubro essa condição?

Não era fácil encontrar pistas.

X sentia-se frustrado. Como quando encarou a carne do Urso das Cavernas.

Todavia, como naquela vez, decidiu fazer o que estivesse ao seu alcance.

Ele voltou seu olhar à praia.

Desta vez, em vez de casais correndo, avistou pescadores.

X salivou.

— Beleza. Vamos descobrir isso… mesmo que leve tempo.

Hora de aumentar os atributos com frutos do mar frescos!

Determinado, X escolheu ganhar pontos de status em vez de se apressar.

Em Fate, era possível aumentar os pontos de experiência por meio de várias ações. Se subir de nível só fosse possível por meio de combate, quem escolheria um Artesão ou uma classe secundária?

— Você tem talento pra pescar, sabia?

— Obrigado, mas comparado aos anciãos, ainda falta muito.

Mar dos Apaixonados… ou Praia dos Mortos!

Já fazia uma semana que X pescava naquele lugar.

No início, ele era desajeitado na pesca, mas, à medida que sua habilidade aumentava, ele se tornou bastante capaz.

“E de quebra, ganhei níveis.”

Subiu 1 nível por semana.

Considerando o nível atual de X, não era uma conquista ruim. Ele estava apenas um pouco atrás de outros usuários comuns, mas ainda assim tinha progredido de forma impressionante.

“Pra quê pressa?”

X estava tranquilo.

Sem pressa.

Algo raro vindo dele.

No entanto, ele tinha um motivo para isso.

— Opa, outro novato!

Assim que levantou a vara, um peixe novo foi fisgado.

De fato, o mundo de Fate era imenso. E os peixes? Bem… peculiares.

— Esse aí tá grandinho pra um Arco-Íris Veloz, né? Você tem talento. Quase te peço em casamento pra minha filha!

Coloridos, exóticos. Havia peixes realmente bizarros.

Depois de pegar um bom lote, X sacou seus utensílios de cozinha. Poderia cozinhar ali mesmo… mas sashimi fresco era ainda melhor.

Tiroling!

— Tsk tsk tsk. Tá uma delícia. Prove também, mestre.

X ofereceu um prato de sashimi ao pescador de meia-idade ao seu lado.

Sempre que um NPC poderia render benefícios, X mostrava boa vontade.

O homem recusou com a mão:

— Tô bem. Comer Arco-Íris Veloz cru nem tem tanta graça… mas, se eu pescar o que estou pensando hoje, te mostro algo realmente incrível!

— Estou ansioso por isso!

X costumava explorar e abusar dos NPCs quando podia.

Afinal, os pontos de status que ganhava com isso eram absurdos.

Tsk tsk tsk!

Enquanto devorava mais peixe cru, conferia suas estatísticas.

O poder dos frutos do mar, um novo ingrediente!

Todos os pontos extras iam para Haki, mas os demais atributos também subiam bem.

A força dos ingredientes, combinados com temperos, era impressionante.

“Talvez não seja tão útil, mas nunca é demais.”

Novo título: Pescando o Tempo!

Um título dado a quem pescou por mais de 100 horas.

Se fosse útil, ótimo — aumentava as chances de sucesso nas pescas. Caso contrário, só era um título bonito.

Plop!

X lançou a vara de novo.

Hahaha!

Risos de casais vinham aos montes, mas ele os ignorava.

Sem pressa, pescava… esperando o momento certo.

“Porque vale a pena.”

A Segunda Receita do Rei Gourmet!

Seria frustrante estar em uma situação onde nada pudesse ser feito, mas X havia ganhado experiência e suas estatísticas haviam melhorado consideravelmente. Ele não queria desistir do enorme potencial por excesso de impaciência.

— Veio!

Outro peixe fisgado.

Ssshh!

X agarrou a vara com força.

Já havia feito esse movimento centenas de vezes. Estava ficando bom nisso.

Mas o peixe dessa vez era diferente.

O pescador ao lado arregalou os olhos.

— Que diabos é isso?

Como um peixe com apenas espinhos poderia se contorcer?

Mas o homem de meia-idade não estava alucinando. X podia ver claramente.

Um enorme peixe espinhoso fisgando o anzol!

Flash!

Os olhos cheios de uma ganância ancestral.

Ao ver aquele peixe estranho, X sentiu um estalo na mente.

“Liglian, o excêntrico que virou um esqueleto morto-vivo só pra esperar o Rei Gourmet… É óbvio que esse peixe tem relação com ele, não é?”

Peixes com ossos em forma de espinhos.

Aquilo parecia um peixe morto-vivo.

E parecia ser um recado de Liglian: prove que você é o sucessor do Rei Gourmet!

Puck!

Sem hesitar, X socou o peixe saltitante.

Crunch!

E começou a mastigar seus espinhos partidos.

“Bem, acho que vou perder um pouco de HP…”

Os espinhos reduziram sua vitalidade, mas era suportável.

Mesmo com dor, precisava aguentar. Era a única forma de alcançar a Praia dos Mortos e encontrar Liglian.

Logo, uma notificação surgiu para X, que estava transbordando motivação:

— !

Ao mesmo tempo, sua visão escureceu.

— …Cheguei!

Shooosh!

Ele havia entrado, finalmente, na Praia dos Mortos.