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    Theo e Moris caminharam juntos para fora do Palácio dos Sete Condes, tendo uma pequena distância entre Zemynder e Nihaya, que logo entraram em um corredor para ir ao refeitório.

    O General Mason e o Titã da Ira preencheram os corredores com suas vozes. O que parecia ser um grupo de dez pessoas, na verdade eram somente dois homens.

    A gargalhada de Moris chamou atenção até para fora do Palacio.

    Entretanto, Theo puxou todo aquele barulho com suspiro de surpresa. Ele ficou estranhamente impressionado, com olhos faltando saltar para fora do rosto e completamente espantado.

    — Era um dragão mesmo?! — perguntou.

    — Sim — Moris retrucou mantendo o olhar para frente — Era um baita dragão…

    Theo imaginou mil e uma formas daquele dragão. Afinal, sua mente contaminada pelos livros de fantasia que a Camille o deu estava trabalhando a todo vapor.

    As lendas dos deuses dragões eram sempre suas favoritas, principalmente pelo São Jorge, seu herói favorito do Yavehismo, ter derrotado um dos dragões mais lendários de Midgard.

    Ele não pôde deixar de imaginar uma luta épica…

    De fato foi, mas não da forma fantasiosa que o General pensou.

    Na mente de Moris, o momento do sacrifício de Rice tomou o brilho de seus olhos.

    Diferente de Javier, que não se importava com nenhum de seus subordinados, o Titã da Ira, taxado como o mais violento e complicado pela mídia dos governos, era, na verdade, o mais sentimental.

    Mas, ele não deixou sua incapacidade emocional afetar o bom humor do general. Seu dever, como Titã, deveria ser salvar Rice naquele momento, todavia, como não foi capaz…

    O dever de Moris, como parceiro do finado desviante, deveria sair daquele domínio e lamentar a perda à família.

    — Ele foi o maior adversário que já enfrentei… — concluiu o Titã.

    — Para àquela presença… O que foi aquilo?

    — Hum?

    Um tom curioso tomou posse do rosto de Theo.

    Ele queria escutar um mito vindo de uma figura quase lendária… O feito mitológico criado por Nalleth Zala; uma forma que somente os Titãs podem usufruir.

    Um estado que apenas os dignos de serem comparados a deuses podem atingir…

    O termo que Theo esperou ansiosamente era…

    — Ressonância Anímica.

    — Como funciona?! — indagou saltando de curiosidade.

    — Não posso responder.

    — Pode me ensinar?

    — Também não.

    O comportamento infantil e alegre de Theo desmoronou em um microssegundo.

    — Por que não? — O General recuou os punhos que saltavam de alegria e se entristeceu.

    — Por que a Ressonância Anímica é algo individual e que deve ser atingido essencialmente por quem está querendo a dominar. Em termos de comparação, é um despertar: nós não sabemos quando vem, como acontece ou o que irá nos fornecer. Só conseguimos atingir requisitos que variam de pessoa para pessoa.

    Moris esfregou o rosto como se estivesse desapontando.

    — E também… É um segredo de Estado. Assim como inúmeras outras técnicas ou formas de atribuição, nós, os Titãs e Generais, somos obrigados a firmar um pacto com nossos líderes governamentais para não ensinarmos a qualquer que seja o individuo.

    Os olhos de Theo se arregalaram.

    — Então é por isso que nenhum Titã se rebela contra seu próprio reino… É como o pacto dos desviantes com os humanos…

    — Exatamente — retrucou Moris — Alguns homens, que possuem o mesmo nível de força de um Titã, estão escondidos no Sul do Gran-Empire, justamente para não terem que fazer tal juramento. A Lady Luanne, sua madrinha, evitou aceitar o fardo de General por esse mesmo motivo…

    Uma novidade estalou na mente de Theo.

    — Pensei que ela não queria assumir muitas responsabilidades…

    — Também é… Mas tem esse motivo que a convence mais ainda.

    “Parece que sempre tem algo a mais para saber sobre minha madrinha… Talvez eu realmente não entenda o valor das pessoas ao meu redor” Theo refletiu por um instante. 

    Mas, antes que pudesse perder muito tempo com essa situação, ele pensou corretamente sobre tudo o que Moris tentou lhe ensinar até o momento — e somou com as dicas espalhadas sobre a Ressonância Anímica.

    — É por este mesmo motivo, Jovem Mestre… Não, General… Que o Grande Mestre Ethan não te treinou da forma que ele desejava. Caso contrário… Você já estaria sendo um dos maiores potenciais do mundo.

    — Obrigado… Técnica ou forma de atribuição, né? Então é disso que se trata a Ressonância Anímica? — O General agradeceu dissolvendo os elogios à Ethan, os quais estavam para sair da boca de Moris. — Valeu, Titã!

    “Hein? Eu deixei escapar alguma coisa?!” Um desespero momentâneo atingiu o peito do Titã. “Ele se aproveitou das minhas palavras?”

    — Então… Seria sobre atribuir o quinto elemento ao meu ser? Talvez… Deixa que eu estudo isso, o senhor ajudou bastante!

    Aproveitando o momento de transe do Titã, por deixar uma simples palavra revelar quase toda a complexidade do maior segredo que ele guardava em relação a poder, Theo seguiu a calçada do Palácio que o levaria até o Castelo Real da Família Zal.

    — Até mais, Sir Moris! — Ele assentiu com a mão.

    O brilho da lua assumiu o véu daquela noite. E, minuto após minuto, Theo estava ficando cada vez mais convencido que seguir ao brilho da lua era seu destino…

    Caminhando pela calçada, Theo acompanhou o canteiro ligado ao campo. Ele arrumou os cabelos curtos, aos quais não havia se familiarizado ainda, e continuou passeando conforme olhava para o chão.

    “Tá na hora de assumir a responsabilidade de quem jamais deveria ter deixado de ser…” pensou fechando os olhos. “Voltar a assumir fardos que não são meus…”

    As palavras que Nihaya disse mais cedo, sobre o General ter que proteger Jeanne, fizeram o rosto da princesa se formar em sua mente.

    Sorrateiramente, um suspiro agoniado escapou da boca dele.

    “Assumir o fato de ser forte.”

    O brilho da lua assumiu o véu daquela noite. E, minuto após minuto, Theo estava ficando cada vez mais convencido que seguir ao brilho da lua era o único caminho para provar, a si, que a maneira como Liam Mason usou a força, foi a errada.

    A lua estava vigiando seu maior guarda.

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