Capítulo 31 – O Peso de Um Pequeno Dragão
『 Tradutor: Hiroto 』
Dragão.
Uma criatura considerada o ser mais poderoso, não importa o tempo ou o lugar.
Sua imponência era a mesma no mundo de Fate.
No universo do jogo, os dragões eram conhecidos como arautos do fim do mundo.
“Cada vez que um dragão aparece, um país inteiro é destruído…”
Mesmo que X não tivesse se aprofundado muito no lore de Fate, até ele sabia disso.
Tamanha era a grandiosidade dessa criatura.
Rang!
Um pequeno dragão vermelho repousava no ombro de X, que estalava suas juntas.
— Kyuuuu!
Booby booby.
A criaturinha parecia gostar de X, esfregando repetidamente o rosto contra seus ossos duros. X respirou fundo e tentou raciocinar com calma.
“Antes de tudo, pode ser que isso nem seja um dragão…”
Afinal, um lagarto alado não significa necessariamente um dragão.
Essas criaturas são comuns por aí?
No entanto, a presença… de alguma forma imbuída de um senso de dignidade, parecia inexplicavelmente indescritível, como qualquer coisa que não fosse um dragão. Afinal de contas, esse era o mundo de Fate.
Talvez fosse apenas uma criatura similar, sem ligação direta com os lendários dragões.
— …Mesmo que não seja, deve ser algo do mesmo nível, né?
Os olhos dourados da criatura apenas reforçavam essa suspeita.
Crack!
X suspirou, seus ombros rangendo de leve.
— Kyuu! Kyuuu!
O pequeno ser parecia se divertir com o som, enfiando a cabeça entre as costelas do esqueleto.
De qualquer forma, era certo que precisava levá-lo até Liglian.
— Não tem como usar esse carinha enquanto ele fica zanzando por dentro do meu corpo desse jeito.
— Kyuu?
Pluft!
X o segurou pela nuca com cuidado e o abraçou.
Talvez por gostar do toque, o pequeno não resistiu e se aconchegou docilmente nos braços do esqueleto.
X encarou a criatura — cuja identidade ainda era incerta — com olhos vazios. De repente, sentiu sua respiração quente roçando em seus ossos.
“Fofo.”
Mesmo encantado com a fofura do bebê-lagarto, X notou que o Ceifador havia começado a circular por perto.
Segurando o filhote com uma mão, puxou sua espada com a outra.
“Lutar contra um só é fácil… mas o problema é ser encurralado.”
Tanto o Ceifador quanto o Fantasma eram fortes.
Com uma mão ocupada e ainda tendo que proteger a criaturinha, o ideal era evitar combate. Assim, X começou a recuar, atento ao inimigo.
— Ué?
No entanto, por algum motivo, o Ceifador estava recuando lentamente?
Dudeuk.
X inclinou a cabeça, surpreso. Nunca viu isso antes.
“Perdeu o espírito de luta?”
Mesmo tendo derrotado vários ceifadores, X ainda era, aos olhos deles, só um esqueleto. Não havia razão para temer.
Foi aí que ele notou algo estranho.
— …Não pode ser.
O filhote!
Seria possível que aquele bebê adormecido estivesse espantando o Ceifador?
Por um instante, a imagem de um dragão rugindo veio à sua mente — um rugido que fazia todas as criaturas vivas tremerem de medo. E parecia se sobrepor ao leve ronco do pequeno ser.
— Preciso te levar lá rápido, né?
De uma forma ou de outra, aquele carinha fofo era mesmo extraordinário.
Dudeuk!
X correu de volta para a mansão, seus ossos estalando ruidosamente.
Jamais pensou que sentiria falta do excêntrico Liglian.
A vida era mesmo imprevisível.
Creeeek!
Liglian, sentado confortavelmente, murmurava:
— Hehe, parece que ele está reconhecendo o novo dono.
Ele se lembrou do passado.
A imagem do Rei Gourmet, com sua expressão absurdamente confiante, lhe veio à mente.
As palavras ecoaram.
— Acha que vai demorar muito pra nascer? Ainda assim, é algo que vale a espera. O nascimento de um dragão não é algo que se vê todo dia.
— Tá querendo dizer que ovos de dragão são fáceis de achar?
O Rei Gourmet dizia coisas absurdas com a maior calma do mundo.
— Até lá, cuida dele pra mim, Liglian. Preciso ir logo… Dentre os grandões, você é o mais sensível, né? Posso confiar em você com isso.
Mais uma vez, sua voz ecoava no crânio de Liglian.
— Vamos ver esse carinha nascer juntos.
Palavras repetidas inúmeras vezes.
O Rei Gourmet desapareceu, deixando apenas aquela promessa.
Liglian não sabia, na época, se aquilo significava uma despedida.
Mesmo tremendo de raiva pela traição, sentiu que precisava manter sua palavra.
Então, ele negou a morte.
— Mas ainda bem que meu corpo não engordou, né?
E assim se passaram 300 anos.
Três longos séculos.
Diferente de antes, Liglian agora mal sentia raiva ou emoção.
Crack.
Liglian riu.
— Desculpe, mas essa promessa foi quebrada. Você acha que eu cumpriria uma promessa feita há mais de 300 anos só porque sou excêntrico? Além disso, acho que aquela criança seria um mestre muito melhor do que você. Mesmo que ele tenha muitas deficiências agora, ele pode ser um mestre muito melhor do que você.
Aqui está ele.
Enquanto Liglian murmurava, a porta dos fundos da mansão se abriu com um estrondo.
Creak!
X, o esqueleto, se aproximou urgentemente de Liglian.
— Mestre Liglian! Encontrei o ovo. Eu… encontrei…
— Eu sei. Ele é adorável, não é?
— …As orelhas são fofas, mas o mais importante… qual é a verdadeira identidade desse lagarto?
Ele tinha chutado um Ceifador acima do nível 200 enquanto dormia!
Por mais que pensasse, não parecia um ser comum.
X deixou o filhote, que ainda se remexia em sono profundo entre suas costelas, e ficou diante de Liglian.
Liglian falou como se fosse óbvio:
— Dá pra ver pelas asas, né? É um dragão recém-nascido.
— Isso é loucura…
X achava impossível. Contudo… era mesmo um dragão.
Ele ficou sem palavras, em choque.
O Rei Gourmet e Liglian… que tipo de poder esses caras tinham?
Quão fortes eram para conseguir um ovo de dragão e tratar um filhote como se fosse um coelho?
“Isso tá muito além do meu nível!”
X era alguém que conhecia seus próprios limites.
Sabia que ganância demais leva à ruína. Sabia que na briga de baleias, o camarão explode. Por isso, rapidamente estendeu o bebê — ou melhor, o dragãozinho — em direção a Liglian.
— Enfim, ele nasceu do ovo. Cumpri sua missão e trouxe ele em segurança.
Tirooo~ling!
[Você concluiu sua missão!]
Liglian assentiu.
— É claro que sei. Mas, apesar de ser sua primeira vez, você já se adaptou bem a esse corpo. Eu demorei bastante pra me acostumar. No entanto, ver que você tem talento me tranquiliza um pouco.
Palavras surpreendentemente gentis, vindo de Liglian.
Por isso mesmo, pareciam até estranhas.
“Mas eu ainda tenho que receber a recompensa.”
A recompensa da missão era um presente de Liglian!
X havia aprendido a habilidade insana de negar a morte.
Mesmo assim, ele queria o presente. Afinal, prometeram.
— Pronto. Pode ir embora agora.
— Hã?
— Já me cansei de te passar meu poder. Esse cansaço é demais, preciso fechar os olhos. Se continuar assim, provavelmente só vou acordar de novo quando você voltar pra pegar a receita.
Aparentemente, ensinar a habilidade Negação da Morte consumiu muita energia de Liglian.
Dado o quão poderosa ela era, isso fazia sentido.
X quase se curvou em respeito.
“Mas… e a recompensa da missão?”
Ainda assim, precisava separar o profissional do pessoal.
Ele perguntou, cauteloso:
— Agradeço, jamais vou esquecer disso… mas… e a recompensa?
Dudeuk.
Liglian levantou o dedo, claramente impaciente.
Apontou diretamente para as costelas de X.
Mais precisamente, para o bebê-dragão ao lado delas.
— Crie-o bem. Ele parece ter gostado de você.
“…Quer que eu crie ele?”
Tac!
O queixo de X quase caiu no chão. Ele pensou bem no que ouviu.
Afinal, aquela coisinha dormindo era um dragão, recém-nascido ou não.
“Uma criatura com um poder fora do comum…”
Mesmo que a fonte fosse um excêntrico imprevisível como Liglian, era algo que ele tinha que acreditar.
X , ele mesmo tinha visto e sentido.
E, no entanto, o presente de Liglian por concluir a missão… era esse dragãozinho!
Isso era realmente inimaginável.
“É um peso que não posso carregar.”
Tornar-se o mestre de um dragão.
Existe alguém na história de Fate que conseguiu isso?
X estava mais perplexo do que encantado.
Ele não conseguia nem começar a imaginar as consequências que esse dragãozinho traria.
Todavia, X também era um ganancioso.
Esse era seu maior traço.
Crack!
X deu uma risadinha.
“Consegui um pet caríssimo… de graça!”
Pet!
Em Fate, pets eram vendidos por valores absurdos.
Claro, cães e gatos eram baratos. Mas pets especiais, únicos do jogo, eram outra história.
“Normalmente custam mais de 2.000 moedas de ouro.”
Pets têm funções distintas.
Alguns oferecem buffs, enquanto outros ajudam em batalha.
Pets realmente excepcionais desempenham papéis versáteis, até mesmo caçando e subindo de nível sozinhos.
Mas um dragão?
As habilidades do dragãozinho ainda são desconhecidas. Contudo, mesmo recém-nascido, ele fez o Ceifador se contorcer com apenas um ronco sonolento.
E se esse dragão crescesse até a idade adulta? Era indescritível.
“Será incrivelmente útil.”
Seja destruindo a War Machine ou instigando uma rebelião contra o Reino de Arba, um dragão seria, sem dúvida, incrivelmente eficaz.
Thump thump!
X sentiu o coração bater forte. Era assim que ele estava animado.
— Dizem que a felicidade vem depois do sofrimento…
Isso era algo que deixaria qualquer jogador de Fate em choque.
X queria, imediatamente, aceitar o dragãozinho como seu antes que Liglian mudasse de ideia.
Ele disse que era um peso impossível de carregar?
Então X jurou segurar esse peso — mesmo que fosse esmagado por ele.
Acariciou gentilmente a cabeça do filhote.
— Kyuu?
Booby booby.
Ele acordou e olhou para X com olhos brilhantes.
X perguntou, nervoso:
— Quer vir comigo?
O filhote respondeu com um grito animado:
— Kyuuuu!
Tirooo~ling!
[O filhote de dragão deseja te seguir!]
[Deseja aceitar o filhote de dragão como pet?]
— Claro!
Ao confirmar, a janela de status do dragão apareceu.
✦ Nome: Nenhum
✦ Raça: Dragão
✦ Saciedade: 10%
✦ Nível: 1
✦ HP: 10.000 / 10.000
✦ Mana: 5.000 / 5.000
✦ Força: 300 ✦ Destreza: 300
✦ Inteligência: 300 ✦ Supressão: 300
“Esses são os status de um recém-nascido?!”
Mesmo sendo um filhote, um dragão ainda era um dragão.
Não importa o quão excelente seja um pet, ele não pode superar o nível de seu dono.
Contudo, os dragões estavam em uma classe completamente diferente dos pets comuns.
“O que é essa estatística chamada Supressão?”
Subjugar!
Parecia ser um atributo único dos dragões. Mesmo ao tentar ver os detalhes, não apareceu nenhuma explicação. X respirou fundo e encarou seu novo parceiro.
Ainda não havia escolhido um nome.
— Hmm… o que seria bom…
Crack!
X sorriu e acariciou a criatura.
— Yongyong. A partir de agora, seu nome será Yongyong, ok?1
— Kyuu? Kyuuu!
Desde os tempos antigos, nomes fáceis de pronunciar são os melhores.
Yongyong era simples, carinhoso, e segundo os ditados antigos, trazia longevidade.
E o dragãozinho parecia feliz com o nome.
Enquanto os dois trocavam olhares brilhantes, Liglian murmurou:
— Não importa se gostam um do outro… mas dar o nome de Yongyong pra um dragão… é até cruel.
Liglian riu da falta de criatividade de X para nomear.

- Yong significa dragão na Coreia e na mitologia chinesa. Ao contrário dos dragões ocidentais, que são frequentemente associados a fogo e destruição, os dragões orientais, como o yong coreano e o long chinês, são poderosos seres benevolentes associados à água, chuva, poder e boa sorte, representando a união de diferentes povos e a legitimação divina.[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.