Capítulo 60: O futureba
Um dia se passou. Kizimu conheceu toda a casa Kuokoa, conheceu um residente novo, Ronan Ruinante, conheceu segredos e mais segredos nos cômodos de sua casa, e no final de sua divertida aventura, recebeu uma carta de Minne.
— Eu entendo que Kim irá me acompanhar por ser meu cavaleiro e Pandora por ser minha empregada pessoal, mas estou muito surpreso que você, Lins, ter vindo me trazer.
— Eu não te obedeço, mas isso é algo que vai me favorecer. Tenho assuntos a tratar com Jason.
— Entendo… quem ele é?
Kizimu apenas tinha a informação que Jason era um amigo de seu pai e que ele era um rapper, compositor, produtor musical e empresário. Bem especifico tudo isso.
— Jason… ele pode ser chamado de gênio, talvez?
— Gênio?
— Ele conheceu seu pai em Nova York, não me pergunte o porquê, mas sei que foi na cidade de Harlem. Ele era apenas um diretor de talentos na Brasil Records, até formar sua própria produtora, a Mad Boys Records, com 24 anos.
Produtoras musicais são algo ainda desconhecidos para Kizimu, ele ouviu algumas músicas de anime que Aisha mostrou para ele, porém, as músicas que Jason criava eram, em suma, internacionais, mesmo que ele tenha nascido no Brasil.
— Depois de conhecer seu pai, Kizimu, Cohms, descobriu diversos artistas e lançou eles na indústria de música. Nomes grandes como; Odo; Raíssa Micu; 27mz. Todos eles grandes músicos nesta indústria enorme, e o fracassado Jason B. Cohms passou a ter um sucesso enorme.
— Ele não fazia sucesso antes?
— Ele era um grande cantor, compositor e já lançou alguns artistas antes. Porém, apenas depois de conhecer seu pai, que ele explodiu no mundo do entretenimento e da produção. Não posso lhe afirmar como seu pai teve essa influência, porém, seu sucesso foi graças a ele.
Um grande cantor que se tornou um produtor que lança artistas, algo em sua mente, no fundo, de sua mente dava um calafrio enorme, porém, não conseguia distinguir o que era. Talvez fosse o Kuzimu, já que o anel não estava em seu dedo, Lins bocejou.
— Kizimu, eu não sou muito fã dos raps dele, mas, sei que ele é verdadeiramente famoso. Aisha, por exemplo, é muito fã do 27mz, um artista lançado por ele.
Pandora, que não tinha encontrado uma forma de acrescentar na história do homem, fez um comentário que dizia o lado da considerada irmã.
Aisha por algum motivo não quis ir ver o Jason, ela disse que não tinha interesse nesta ida, porém, Kizimu ir era imprescindível.
O garoto de cabelos pretos ficou pensando sobre o que Lins disse e ficou encantado.
— Meu pai era alguém incrível, não? Ele fez alguém que não conseguia ter fama, se tornar um grande famoso.
— Senhor Anastácio era alguém incrível, ele e seu grupo fizeram historia.
— Seu grupo?
— Eu não sei informar qual grupo é esse, mas meu pai me contou diversas histórias sobre ele, além mesmo que eu vi ele fazer diversas coisas. Ele fazia muitas viagens e aparecia sempre na mesa com diversas coisas malucas. Era… divertido.
O pesar no final da fala, prova que Kim ficou bem triste com a morte de seu pai. Alguém que o trouxe de sua terra natal para morar na residência. Sabia que ouve um trauma grande no passado, a morte de pessoas, amigos, porém, não tinha detalhes. Mesmo assim a forma que fala de seu pai tinha um ar de respeito, e um calor enorme.
— Seu pai era alguém verdadeiramente incrível. Ele me ajudou a entender muita coisa, e me ensinou muita coisa. Devo muito a ele… e ao Tio Hugo também.
— Entendo…
— Chegamos.
Kizimu chegou a um grande prédio de mármore cinza, ele era enorme levando uma grande parte da rua. Olhando para cima pode ver em mármore preto “Mad Boys entertainments build”. Eles entraram no prédio, Kizimu ajustou o colarinho de seu moletom ao sentir a atmosfera do ambiente mudar. O som dos sapatos ecoando contra o mármore polido anunciava a chegada dele antes mesmo de qualquer palavra ser dita.
A figura de um homem surgiu à frente, cortando a luz do grande lustre acima deles. O terno preto que vestia parecia feito sob medida para um rei, impecavelmente alinhado, refletindo sua postura imponente. Nenhum acessório exagerado, apenas um relógio reluzente no pulso esquerdo e um anel discreto que parecia pesar tanto quanto sua influência.
Os olhos castanhos escuros do homem fixaram-se em Kizimu com a intensidade de alguém que enxerga além da superfície. Ele não precisava falar para ser ouvido. Sua presença falava por si só.
— Então, você é o filho do Anastácio. — Sua voz era grave, marcada por uma tranquilidade que só os verdadeiramente poderosos possuíam.
Lins entrou na frente de Kizimu e amigavelmente abordou a situação.
— Hero T, faz tempo que não nós vemos, onde está Fadypy Duf? Temos uma conferência com ele.
— Hermes? Como está Minne? Faz tempo que não vimos aqui. Ela sempre recusa vir para as festas.
— Sim, sim, as festas. Não se preocupe, um dia viremos todos. Agora, sobre F. Duf, onde?
— Rose! Acompanhe esses jovens até o nosso Lancer.
A mulher Rose, uma mulher de cabelos verdes escuros, muito bela e muito jovem, se postou a todos. Sua roupa era bem chamativa e ela parecia ser uma adolescente comum, muito bela.
— Acompanhe-me — curvou-se a jovem.
Todos seguiram a garota, enquanto se afastavam do homem de postura imponente. Ele pareceu observar até que finalmente saíssem de sua linha de visão. Acompanhando a mulher, passaram por diversas salas, em uma delas passaram por 3 homens muito bem armados, porém Kizimu não conseguiu observá-los bem.
Eles subiram escadas rolantes e entravam cada vez mais alto no prédio, lá eles passaram por diversas pessoas, em sua grande maioria jovens garotas, em idades variadas, talvez 14, ou 16, ou algumas acima de 18, porém com idades e rostos bem jovens.
Kizimu estava muito receoso, ele estava perto de muitas garotas bonitas, porém não era isso que o incomodava por completo. A ansiedade o atacava, não conseguia prever quem era esse tal de Jason. O que ele queria com Kizimu? Outra coisa era Lins. Ele estava ajudando demais, até parecia que estava cuidado do grupo.
— Kizimu, está bem?
— Ah, sim, não se preocupe Pandora, eu apenas estou um pouco nervoso.
Pandora segurou sua mão e sorriu para ele.
— Não se preocupe, eu estou aqui, e se não confiar em mim, Kim irá protegê-lo.
— Obrigado.
— Senhores — A jovem mulher virou-se diante uma porta negra extremamente chamativa — F. Duf os aguarda.
— Lins, F. Duf é o apelido de Jason? — Kizimu cochichou para Lins.
— Exatamente, é o nome artístico dele.
— Entendi…
Kizimu parou diante da imensa porta negra. O brilho da madeira envernizada refletia levemente a luz ambiente, mas o que realmente chamava atenção era o quadro central nela fixado: um coração preto, entrelaçado por finas linhas azuis que se cruzavam como veias elétricas, vibrando com uma energia quase hipnótica. Esse coração era o mesmo da pulseira de Ronan e… de algum outro residente, não se lembrava quem. O símbolo exalava mistério, como se guardasse histórias que apenas poucos poderiam compreender.
Com um empurrão firme, as portas se abriram.
A sala era um verdadeiro santuário do poder. O chão negro polido refletia a luz suave dos lustres suspensos, e as paredes eram adornadas com quadros abstratos, cada um contando sua própria história caótica e luxuosa. No fundo da sala, atrás de uma mesa ampla de mármore negro com detalhes dourados, estava ele.
F. Duf.
Ou Jason B. Cohms.
O magnata exalava grandeza sem precisar dizer uma palavra. Sua pele escura era impecável, e seus olhos afiados, ocultos por óculos de lentes escuras, analisavam Kizimu como se pudessem enxergar além da carne. O terno, negro como a noite, era ajustado sob medida, abraçando sua postura imponente. O ouro que adornava seu pescoço e pulsos parecia quase natural, como se fizesse parte dele.
Mas o que realmente chamava atenção era o acessório em seu pulso esquerdo: uma pulseira que parecia carregar um pedaço de sua própria essência. O coração negro ao centro, preenchido pelas mesmas linhas azuis do quadro da porta, pulsava sutilmente sob a luz, como se estivesse vivo. Cercado por um adorno dourado, o acessório não era apenas um item de luxo — era um símbolo, um peso, um mistério. O mesmo acessório de Ronan. O mesmo acessório de outro residente que agora Kizimu xingava sua mente por fragmentar suas memórias.
Duf sorriu, um sorriso tranquilo e controlado.
— Finalmente eu conheci você garoto. Então, você é o filho de Anastácio. Seja bem-vindo, pequena esperança.
A voz era grave, ritmada como um beat poderoso. O silêncio que se seguiu era pesado, como se cada palavra tivesse um preço. Kizimu, mesmo já acostumado a figuras marcantes, sentiu a imponência daquele homem.
Ele não era apenas um magnata. Ele era um titã.
A ansiedade impediu Kizimu de se apresentar naturalmente e esse intervalo de tempo fez com que Jason desse passos largos para ficar frente a frente. A mão estendida claramente dava a impressão de um aperto.
“Confie em mim, e use o anel na mão em que vai apertar a mão dele”
Sua mente vibrou e ecoou como se pedisse desesperadamente. A fala repentina surpreendeu Kizimu, trazendo de volta a realidade. O mesmo, não perdeu tempo, fingiu limpar sua mão na roupa e habilidosamente colocou o anel que estava no bolso, o anel que recebeu de Amelaaniwa para suprimir o próprio Kuzimu. Esse anel tinha ido para Pandora, e quando sua maldição foi resolvida, voltou para sua mão.
Com o anel em seu dedo, ele apertou a mão de magnata e o pulso firme mostrava quem estava no controle da situação, o homem de sorriso forte e branco titubeou. Foi uma leve reação, onde algo pareceu fora do comum. De forma abobada e fingindo não estar atônito, ele ignorou algo que percebeu e retirou o aperto.
Kizimu não entendeu bem, mas claramente foi algo que o anel fez, repeliu uma maldição? Talvez? Só saberia quando questionasse a Kuzimu, e se, tivesse uma resposta da maldição odiosa.
— Senhor Jason, soube por Minne que gostaria de me ver… o que… desculpa eu tô meio nervoso.
Jason passava tanta imponência que Kizimu passou a ser mais formal, mesmo que não tivesse a menor compreensão de por que alguém deve ser formal. Era como se fosse a coisa certa a se fazer. Duf riu.
— Não se preocupe, eu estou acostumado a lidar com jovens. Sei como ficam nervosos quando encontram alguém famoso. Tipo, olha todas essas correntes e esse grande departamento. O que uma pessoa tão influente quer falar comigo? Sei que pensam assim. Por que não se sentam?
Kizimu, Kim e Pandora se postaram as cadeiras enfileiradas na frente da grande mesa do empresário.
O trio sentiu o peso da imponência que o cercava. A grande mesa de F. Duf era uma obra-prima de opulência e poder. Feita de um mogno profundo e polido até refletir a luz, sua superfície brilhava sob o suave dourado do lustre acima.
No centro da mesa, um cinzeiro de cristal repousava ao lado de um charuto meio fumado, exalando um aroma amadeirado. Pilhas organizadas de documentos estavam estrategicamente posicionadas, algumas assinadas com uma tinta azul intensa. Um tablet de última geração repousava sobre um suporte de prata, enquanto um telefone preto e dourado, imponente e sólido, aguardava pacientemente uma ligação importante.
Ao lado direito, um copo de cristal preenchido com um líquido âmbar descansava sobre um porta-copos de couro preto com detalhes dourados, combinando perfeitamente com a pulseira no pulso do magnata. Mais ao canto, uma pequena estátua de pantera negra feita de ônix encarava Kizimu com olhos de safira, como se avaliasse sua presença na sala.
O espaço ao redor da mesa era meticulosamente organizado, mas não frio — cada elemento ali tinha um propósito, um significado, um reflexo do homem que a comandava.
Lins apenas bocejou, ele sentou-se sob uma cadeira mais afastada e pegou o telefone. Com a tela virada horizontalmente, claramente tinha começado algum jogo.
— Não se preocupe, Kizimu, eu apenas quero conversar, eu sou um grande amigo de seu pai e Minne, porém eu nunca pude conversar com alguém tão importante que os rodeava. É mera curiosidade.
— Entendo… eu não sei nem o que dizer… Bem, você eu sei que é amigo de meu pai, mas qual sua ligação com Minne?
— Aquela criança é uma grande amiga minha. Na verdade, se eu fosse dizer, eu era mais conhecido do pai dela, mas depois da enfermidade, ela que cuidou dos negócios da família. Ela é uma garota forte, apesar da idade, claro que os problemas a tornaram quem ela se tornou, mas tenho dó dela.
Finalmente, algo um pouco mais concreto sobre a garota que quase não tinha informações. Todos que acompanhavam Kizimu, por algum motivo, se mantinham quietos, talvez por medo ou respeito ao momento, mas se mantiveram calados. E então a conversa continuou…
— Sabe me dizer por que meu pai, morreu?
— Entendo, você não sabe… olha, o que eu posso dizer é que ele amava demais.
— Por que vocês adoram me confundir? Não podem apenas me dar uma informação concreta.
Kizimu se enfureceu levemente, não conseguiu transparecer completamente diante do homem, por certo medo, mas ainda inconformado perguntou.
— Kizimu, sabe qual o preço de saber de tudo?
Essa pergunta o deixou muito ansioso. Já tinha a resposta.
“Quando lembrar de tudo, você vai morrer”
Essas foram as palavras de Amelaaniwa, uma memória afetiva que tinha no dia que aprendeu seu nome.
— Mas…
— Sentimentos e emoções guardam memorias garoto, se você sentir demais, irá lembrar de coisas do passado. Não me pergunte como, mas sei que não tem suas memórias.
— Quem eu era no passado?
— Desculpa, mas eu conheci seu pai quando já estava em coma… na verdade, seu pai veio até mim, procurando uma cura para o que aconteceu com você.
Uma cura? O que esse homem poderia oferecer se ele não tinha nem mesmo fama.
— E o senhor ajudou?
Duf deu um gole no líquido âmbar e no próprio tempo respondeu à pergunta.
— Seu pai… ele me deu uma nova perspectiva da minha peculiaridade. Graças a ele conheci diversas pessoas, então, eu diria que foi uma ajuda mutua. Seu pai obteve o que queria, e eu, me tornei quem eu sonhava. Foi como um demônio conhecendo um anjo.
— Pode me contar um pouco sobre, o que o senhor faz? Eu não entendi muito bem.
F. Duf soltou uma risada baixa, quase como se já esperasse essa pergunta. Ele recostou-se levemente na cadeira de couro preto, girando o copo de cristal entre os dedos, fazendo o líquido âmbar rodopiar com elegância. Seus olhos afiados analisaram Kizimu por um instante antes de responder.
— O que eu faço, garoto? — Sua voz era grave e calculada, com um tom que carregava tanto paciência quanto autoridade. — Eu construo impérios. Não apenas negócios, não apenas marcas… impérios.
Ele pousou o copo na mesa com um som sutil, inclinando-se para frente.
— Eu comecei na música, como produtor e empresário. Descobri talentos, moldei carreiras. Mas esse foi só o primeiro passo. Expandi para a moda, para bebidas, para tecnologia. Tudo que carrega meu nome se torna um símbolo… e símbolos, Kizimu, valem mais do que ouro.
Ele ergueu a mão, e a pulseira em seu pulso reluziu sob a luz dourada do escritório.
— Você vê esse acessório? Não é apenas um enfeite. É uma marca, uma assinatura. Quando alguém vê isso, sabe exatamente quem eu sou e o que represento.
F. Duf então sorriu de canto, relaxando um pouco mais.
— Então, garoto, você quer saber o que eu faço? Eu faço pessoas como você entenderem o que significa poder. E então… quer poder?
Kizimu sentiu um calafrio enorme em sua espinha. A mão estendida a sua frente era como uma luz, porém, ao mesmo tempo, era como se fosse assinar um contrato com o próprio diabo. Kizimu deveria entregar sua alma para o magnata? Mesmo se ele fosse amigo de seu pai, não era confiável.
— Eu vejo que tem garotos bem interessantes consigo. O garoto loiro é muito belo, poderia se tornar um grande modelo ou ator. A jovem de cabelos pretos que chegam até o chão poderia também ser uma modelo, ou uma atriz e a depender de sua voz e canto, eu posso até lançar ela na indústria da música.
— Sério mesmo?
— Senhor, eu fico feliz com a proposta.
Pandora e Kim não pareceram ter medo, e sim pareciam ter gostado da oferta. Kizimu sentiu que eles, não estavam sentindo medo. Talvez o que ele estivesse sentindo era algo maior que uma simples intuição, neste caso, pessoas comuns veriam Duf como um cara super incrível.
A ansiedade não passava.
— Desculpe, mas eu recuso a oferta. Ainda estou recuperando minhas memórias, mas, gostaria de descobrir o que quero fazer com minhas próprias mãos. Kim e Pandora já tem suas funções e eu não abro mão deles por nada.
O homem que passou seus olhos vibrantes pelos garotos riu.
— Tudo bem, tudo bem. Eu não me importo. Eu ficaria super irritado também se tentassem tirar meus protegidos de mim com um contrato bobo. Mas pense bem, se quiser manter aquela grande casa, vai precisar de um trabalho. Um homem usar o dinheiro da mulher é vergonhoso.
Lins pigarreou. O som ecoou pela sala, chamando a atenção de todos. Ele estava atrás do trio, com os braços cruzados e uma expressão impaciente.
— F. Duf, sei que está se divertindo conhecendo Kizimu, mas pode ter essa conversa depois? Eu tenho um assunto a tratar com você.
F. Duf sorriu, reclinando-se levemente na cadeira e fitando Lins com um olhar afiado.
— Jovem Emi—
— Ow!
— Desculpa, desculpa, verdade. Jovem Hermes, antes de conversarmos, há um assunto importante que preciso tratar.
Lins suspirou, balançando a cabeça, mas não retrucou. F. Duf olhou para Kizimu e para Kim, que estava sentado ao lado dele. O jovem manteve-se calado, mas sua postura rígida indicava que já esperava algo sério.
O magnata entrelaçou os dedos sobre a mesa e continuou:
— Há algo errado acontecendo em Insurgia. Algo que não consigo explicar completamente, mas que sei que não pode ser ignorado.
Kizimu franziu a testa.
— O que quer dizer?
— Eu lido com muitos homens poderosos, Kizimu. Políticos, reis, magnatas… e quando um certo padrão de silêncio começa a surgir, quando as informações deixam de fluir como deveriam, eu noto. Algo grande está prestes a acontecer em seu reino. Algo ligado ao Pesadelo.
O ar na sala pareceu ficar mais pesado. Kim finalmente ergueu a cabeça, sua expressão séria e ele ansioso perguntou:
— O que exatamente você sabe?
— Esse é o problema. Eu não sei o que está prestes a acontecer, apenas que está se movendo. Há sinais, movimentos estranhos no mercado, contatos desaparecendo, e um sentimento de que… algo vai ruir.
Kim permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras. Kizimu, no entanto, foi mais direto:
— Então, você nos chamou aqui para nos alertar?
— Para alertá-los e para recomendar que vá ao reino imediatamente. — F. Duf olhou diretamente para Kim. — Seu pai é meu amigo. Eu não posso deixar Insurgia marchar cegamente para o desastre sem tentar impedir.
O príncipe assentiu lentamente, o olhar fixo na mesa, perdido em pensamentos.
— E para você, Kizimu… — O magnata voltou sua atenção para ele. — Você quer entender o legado do seu pai? Quer saber qual é o seu lugar nisso tudo? Então vá para Insurgia. Descubra o que está acontecendo antes que seja tarde demais.
O silêncio se instalou.
Kizimu trocou olhares com Kim, ambos compreendendo a gravidade da situação. Insurgia estava destinada a um destino trágico e desconhecido. E agora, cabia a eles decidir o que fazer.
A conversa finalizou tão rápido quanto iniciou.
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Kizimu, Kim e Pandora se encontraram no lado de fora e Lins ficou lá dentro para conversar algo que era confidencial.
— Kizimu, Kim, o que faremos?
— Não é obvio, iremos para o reino de Insurgia.
Kim parecia ansioso.
— Não se preocupa Kim, o que tiver acontecendo lá, nós resolveremos. E olha o lado bom, eu já queria visitar lá, é uma boa desculpa, não?
— Tem razão…
Kim tentou forçar um sorriso, porém continuava a olhar para baixo e lá aguardaram até Lins sair da sala.
— Todos prontos, já finalizei, vamos.
— Tudo bem…
O trio seguiu Lins que bocejou uma última vez.
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A sala estava em silêncio agora. O eco dos passos de Kizimu, Pandora, Kim e Lins desapareceu pelo longo corredor, deixando apenas F. Duf e seus próprios pensamentos.
Ele se recostou na cadeira de couro macio, os olhos fixos no grande quadro do coração negro com linhas azuis na parede à sua frente. Sua mão deslizou até a pulseira no pulso — o mesmo símbolo, o mesmo peso. Ele girou o acessório lentamente entre os dedos, perdido em suas dúvidas.
— Será que eu atuei bem? — murmurou, a voz rouca preenchendo o espaço vazio.
Um suspiro longo escapou de seus lábios. Seus dedos tamborilaram contra a mesa polida, impacientes, inquietos.
— Fiz tudo como me ordenou, garota… — Seus olhos se estreitaram, como se falasse com alguém invisível.
Ele fechou a mão ao redor da pulseira, sentindo o frio do metal dourado contra a pele. Seu tom ficou mais grave, mais pesado.
— Agora, cumpra seu papel.
Silêncio.
A luz do lustre acima piscou por um instante. Algo, ou alguém, parecia ter ouvido.
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