Capítulo 50 - Sal

— O motivo principal para que apenas uma equipe domine as outras é a guerra que acontecerá daqui a um ano. Por isso, a necessidade de uma única equipe e também de um líder — disse Jason.

A necessidade de um único líder e de uma equipe se explicava por diversos fatores. Em primeiro lugar, a organização, já que o líder centralizava as decisões e oferecia uma direção clara, evitando confusão. Em seguida vinha a disciplina, pois a hierarquia mantinha a ordem e garantia que cada um soubesse sua posição e função. Também a estratégia, uma vez que, em batalhas ou missões, era indispensável que alguém planejasse e comandasse, enquanto os demais executavam.

Outro ponto era a substituição, pois o vice-líder assegurava a continuidade caso o comandante caísse em combate ou ficasse incapacitado. Além disso, a especialização de cada membro, seja na magia, seja no conhecimento geral, permitia dividir responsabilidades e aumentar a eficiência do grupo.

Por último, a unidade se mostrava essencial: um comando bem definido fortalecia a confiança entre os membros e evitava disputas internas.

Jason encerrou dizendo: — Treinem como se suas vidas dependessem disso. Porque em uma guerra entre regimentos, os fracos nunca sobrevivem.

Os jovens permaneceram em alerta diante das palavras de Jason. O professor, depois se virou e conversou rapidamente com os guardas escolhidos, que se afastaram, mantendo distância suficiente para observar o treinamento das mercadorias.

Mais à frente, Jason gritou, sorrindo: — Vamos começar o dia com corrida e, depois, flexões!

Os jovens se entreolharam.

— Acredito que cinquenta voltas estejam ótimas. Vocês têm duas horas para completá-las e, em seguida, farão trezentas flexões.

A ideia de correr vinte e cinco quilômetros e, logo depois, fazer trezentas flexões deixou muitos preocupados, principalmente Serena, que nunca havia corrido tanto na vida e tampouco feito uma única flexão.

— Haverá punição para quem não conseguir… Corram! — ordenou Jason.

Sem escolha, todos começaram a correr, cada um no seu ritmo. Alguns ficaram mais atrás, outros seguiram à frente. Entre os líderes estavam Jaro, Einar, Peter, Vitória e Chen, que mantinha uma velocidade impressionante. De vez em quando, trocavam olhares, medindo-se mutuamente.

Após duas horas, correndo e executando flexões, todos estavam encharcados de suor e exaustos; alguns garotos chegaram a cair no chão de tanto cansaço. Jaro, ao ver todas as equipes reunidas, inclusive os membros da sua, percebeu que faltava a jovem de cabelos negros. Infelizmente, quando olhou para trás, notou que Serena havia sido a única a não completar a corrida.

Antes que o professor dissesse qualquer coisa, Jaro e toda a equipe III se ofereceram para assumir a punição dela. Jason, satisfeito com a dedicação de todos, anunciou: — Quando terminarem o treinamento, vocês farão mais cinquenta voltas e trezentas flexões!

Serena se sentiu desanimada; não queria atrapalhar Jaro e os outros. Vitória, percebendo o desalento da colega, a encorajou a não se preocupar. A equipe Fantasma não se deixaria intimidar com a punição do professor.

— Vamos pra parte dois do treinamento, vocês vão se enfrentar com espadas de madeira por mais duas horas — anunciou Jason.

O ânimo dos jovens melhorou instantaneamente. Finalmente, uma atividade que todos aguardavam com entusiasmo.

— Os duelos serão aleatórios e eu já escolhi as duplas — declarou o homem músculoso.

O professor exclamou:

— Peter vs. Jaro
Estelle vs. Serena
Einar vs. Vitória
Chen vs. Liam
Lopes vs. Lamir
Aurora vs. Alice
Zoe vs. Maisie
Greg vs. Carter
Sophia vs. Trevor
Aisha vs. Rivera

Ao ouvirem seus nomes, as duplas se afastaram e se posicionaram frente a frente. De repente, os primeiros confrontos começaram.

Jaro vs Peter.

Os dois avançaram ao mesmo tempo, erguendo suas espadas. O primeiro golpe veio rápido: Peter atacou com um corte diagonal, que Jaro bloqueou levantando a lâmina. O som da madeira batendo na madeira ecoou pelo ambiente.

Eles se separaram e começaram a circular um ao outro. Peter tentou uma estocada no peito de Jaro, que desviou para o lado e contra-atacou, acertando o ombro direito do oponente. Peter grunhiu com o impacto, mas manteve a guarda.

Jaro pressionou com uma sequência de golpes rápidos. O jovem Peter defendeu a maioria, mas uma pancada lateral acertou suas costelas, fazendo-o recuar dois passos. Ele respirou fundo e revidou com força; sua espada cortou o ar e acertou o braço esquerdo de Jaro que pareceu não sentir nada.

O combate se intensificou. As espadas de madeira batiam de maneira crescente, e ambos começaram a acertar golpes no corpo um do outro. Peter conseguiu um golpe certeiro na coxa do adversário, que respondeu com uma pancada no peito, fazendo o rapaz cambalear.

Por vários minutos, eles mantiveram esse ritmo equilibrado. Suor escorria pelos rostos dos dois lutadores. Suas respirações ficaram mais pesadas, e pequenas marcas vermelhas começaram a aparecer onde as espadas haviam acertado.

Foi então que Jaro mudou sua estratégia.
Ele ajustou a pegada na espada e assumiu uma postura mais agressiva. Seu próximo ataque veio com uma velocidade que surpreendeu Peter. A espada de madeira acertou seu abdômen, fazendo-o girar e perder o equilíbrio.

Antes que Peter pudesse se recuperar, Jaro atacou novamente. Sua espada acertou as costelas do oponente. O jovem tentou contra-atacar, mas Jaro já estava em movimento, acertando seu braço direito e depois sua coxa esquerda em sequência.

Peter recuou, tentando criar distância, mas o adversário o perseguiu implacavelmente. Cada defesa de Peter era quebrada por um novo golpe certeiro. A espada de Jaro acertou seu estômago, depois seu ombro novamente e, em seguida, sua panturrilha.

Os golpes não paravam. Peter tentava bloquear, mas Jaro parecia antecipar cada movimento. Uma pancada acertou suas costas quando ele tentou se esquivar. Outra atingiu sua coxa direita, o fazendo mancar ligeiramente.

Peter se encontrou encostado contra uma das colunas de concreto. A superfície fria contra suas costas era um lembrete de como havia sido dominado. O rapaz Jaro pausou por um momento, o observando com olhos calculistas.

O que veio a seguir foi uma demonstração completa de superioridade. Jaro atacava com precisão, cada golpe acertando exatamente onde pretendia. Sua espada encontrava as costelas de Peter, depois seu braço, depois sua perna, em uma sequência implacável.

Peter lutava para se defender, mas estava claramente perdendo. Suas tentativas de revidar eram facilmente bloqueadas, e Jaro continuava acertando golpes dolorosos.

Marcas vermelhas e roxas cobriam os braços, pernas de Peter. Ele ofegava pesadamente; seu corpo começava a tremer com o esforço e a dor acumulada. O adversário, por outro lado, mantinha a respiração controlada.

Então Jaro parou.

Ele recuou dois passos e baixou sua espada. Peter, ofegante e machucado, levou alguns segundos para perceber que o jovem queria que eles fizessem uma pausa antes de continuar. Ele se afastou da coluna lentamente, limpando o suor misturado com algumas gotas de sangue que escorriam de pequenos cortes.

Peter olhou para os hematomas que começavam a se formar em seus braços e pernas e, depois, ergueu os olhos para Jaro.

— Você é forte demais… — exclamou Peter, sua voz cansada, mas sem amargura.

Jaro assentiu uma vez, respeitosamente. — Você aguentou bem os golpes.

Os dois se olharam através da distância que os separava. Suas espadas pendiam nas mãos, e as marcas do combate eram visíveis nos corpos de ambos, embora Peter claramente tivesse levado a pior parte.