Capítulo 10: Treinamento e Invasão
O sol ainda estava baixo quando Lau conduziu os alunos para a área de treinamento. Não era apenas um pátio: era um espaço gigantesco, quase um campo aberto, repleto de detritos, folhas secas e pequenas pedras espalhadas. Uma verdadeira “terra de poeira acumulada”, perfeita para demonstrar a filosofia do Faxineiro Divino.
— Hoje vocês vão aprender a varrer. — disse Lau, girando a vassoura. — E não estou falando de um cantinho do quarto. Toda a sujeira deve desaparecer. Limpar não é apenas físico. É mental, espiritual, emocional. E quem sujar de novo… começa tudo de novo.
Kazuto olhou em volta. O tamanho do espaço era intimidador. Ele já podia sentir que, se tentasse sozinho, levaria horas — ou dias — para terminar.
— E como vamos limpar isso? — perguntou Nariko, cruzando os braços, já com uma careta.
— Como quiserem. Só quero ver resultado. — Lau se afastou alguns passos, observando com atenção.
Himari suspirou e já começou a concentrar sua aura elétrica. Um estalo percorreu seus dedos e pequenas faíscas voaram pelo ar.
— Ah, então é isso que você quer dizer com “limpeza criativa”! — murmurou Nariko, intrigado.
Chen Hua fechou os olhos, respirando fundo. Em instantes, pequenas flores começaram a brotar do chão, crescendo e girando, absorvendo poeira e detritos. Alguns galhos se enroscaram como vassouras naturais, varrendo a sujeira enquanto espalhavam perfume fresco no ar.
— Que estiloso… — sussurrou Kazuto, tentando imitar, mas sem conseguir criar nada além de alguns sopros de ar e batidas fracas no chão com a própria vassoura.
Nariko, por sua vez, sorriu maliciosamente. Tirou uma tampa de metal do bolso e a girou sobre o chão. Com um movimento quase mágico, a tampa começou a rodar, girando poeira e folhas como se fosse um pequeno tornado metálico.
— Nunca subestimem uma tampa. — disse, dando uma risada alta. — Limpeza pesada, com estilo.
Sora não ficou atrás. Seus punhos começaram a vibrar com uma aura vermelha intensa, Raiva Pura. Ele bateu no chão, e pequenas ondas de energia saltaram sobre a sujeira, transformando detritos em cinzas e limpando o espaço como se ele estivesse socando o próprio chão.
— Isso é… destruição limpa? — perguntou Chen Hua, franzindo a testa, admirada e assustada ao mesmo tempo.
Himari, empolgada, disparou pequenas descargas elétricas, fazendo faíscas dançarem pelo ar. Os detritos eram sugados para pequenos redemoinhos de energia, alguns até voando em círculos antes de se dissolverem em pó.
Kazuto suspirou, se sentindo totalmente deslocado. Ele tentou acompanhar os movimentos, mas cada tentativa parecia ridícula ao lado das demonstrações criativas dos colegas. Varreu um pouco, chutou um galho, virou algumas folhas… mas nada comparável à sinfonia de poderes que via ao redor.
— Relaxa, novato. — disse Nariko, rindo. — Limpar é uma arte. Algum dia você vai acertar. Ou pelo menos não vai morrer de tédio.
Kazuto riu nervosamente. Por enquanto, sua aula de vassoura se resumia a bater no chão de forma desajeitada, enquanto os outros brilhavam com estilo, energia e flores.
Enquanto o treinamento seguia, no mundo distante do Pentágono, uma sombra se movia com letalidade. A Corte Escarlate atacava. Cinco membros haviam invadido a fortaleza política mais protegida, entrando sem encontrar resistência real.
— A guarda não vai durar muito. — disse Nami, a Pradaria Enlouquecida, com os cabelos esvoaçando e campos de grama cortante brotando do chão. A vegetação avançava pelos corredores como serpentes, atingindo oficiais, prendendo e sufocando qualquer resistência.
Ketsu, a Perna Divina, movia sua única perna com saltos sísmicos. Cada chute abria fissuras, lançando sentinelas para o chão. Seu corpo frágil oscilava, mas a perna era suficiente para devastar.
Haiko, o Vermelho, ria com voz doce e sádica, como um hisoka dourado. Sangue era manipulável em suas mãos. Cada gota parecia ter vontade própria. Ele drenava a vida de oficiais, misturando sangue em padrões grotescos enquanto eliminava qualquer chance de resistência.
Plax, o Artificial, esticava braços e pernas pelo prédio como massa plástica viva. Podia esmagar portas, moldar-se em espelhos falsos e capturar quem tentasse escapar.
Ragnar, o Rugido, aproximou-se de forma bestial. Alma de Leão rugindo, dentes e garras prontas. A mera presença dele fazia soldados recuarem, tremendo. A aura predatória misturada com os outros quatro formava um exército mortal, preciso e cruel.
Em menos de vinte minutos, o Pentágono estava tomado. Nenhum alarme tinha valor contra aquela sinfonia de Feralis. Os cinco se reuniram diante da sala central. Ragnar rosnou, preparando o salto.
— Artefato entregue ou destruído? — perguntou Haiko, já olhando para o conteúdo da sala com uma mistura de curiosidade e impaciência.
— Não precisa. — disse Plax, moldando mãos e espalhando fumaça plástica pelos cofres. — Ele é nosso agora.
E com isso, os cinco membros da Corte Escarlate desapareceram tão rápido quanto haviam entrado, deixando um rastro de destruição e morte.
Enquanto Kazuto e os colegas lutavam contra poeira, folhas e detritos com criatividade, no mundo real o caos da Corte Escarlate se desenrolava. A comédia do campo de treinamento contrastava absurdamente com a brutalidade do ataque político, como se o mundo estivesse testando a preparação dos jovens de formas opostas.
Chen Hua suspirou e olhou para a bagunça que seu poder floral já havia limpado. — Isso é mais divertido do que eu pensava.
Nariko girou sua tampa e fez um mini tornado, limpando uma fileira inteira de folhas. — Limpeza ninja de elite! — gritou, rindo alto.
Sora bateu no chão com raiva pura, criando um redemoinho de energia que varreu a poeira acumulada. — É incrível! — disse ele, surpreso consigo mesmo.
Himari soltou uma risada enquanto pequenas faíscas de eletricidade dançavam pelos detritos, limpando tudo em arcos brilhantes. — Parece mágica… ou uma festa de Ano Novo.
Kazuto, respirando fundo, continuava varrendo como podia, tropeçando e espirrando poeira. Mas por algum motivo, o ritmo dos colegas parecia contagiar. Um sorriso tímido apareceu em seu rosto. Pelo menos, naquele momento, ele estava aprendendo algo.
— Ei, novato — disse Nariko, vendo Kazuto tentando acompanhar. — Até você pode fazer algo criativo! Experimente… jogar poeira pra cima e deixar o vento levar.
Kazuto fez uma tentativa desajeitada. Poeira subiu no ar, parte dela caiu no rosto dele. Nariko riu tanto que quase caiu de joelhos.
— Bem-vindo ao Lumen Feralis, novato! — exclamou Nariko. — Onde a sujeira não é só sujeira. É treinamento, sobrevivência e, aparentemente, comédia.
Enquanto os cinco da Corte Escarlate saqueavam artefatos e espalhavam caos, Kazuto e os colegas aprendiam, riam e descobriam o gosto de manipular seus poderes de maneira criativa. Uma lição simples, mas essencial: sobreviver exige adaptação — e às vezes, um pouco de senso de humor.
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