Capítulo 817
『 Tradutor: Crimson 』
A guerra seguia frenética!
Diferente de escaramuças de trezentos ou quinhentos combatentes, um campo de batalha com dezenas ou centenas de milhares era excepcionalmente brutal e sangrento.
Não importava o quão poderoso você fosse individualmente. Em um campo tão caótico e intenso, era preciso manter um perfil baixo, a menos que fosse verdadeiramente invencível. Não se podia chamar a atenção do inimigo.
Caso contrário…
Greem testemunhou pessoalmente um cavaleiro da morte, envolto em uma aura mortal, devastar o campo de batalha montado em seu imponente corcel esqueleto com seu poder de Terceiro Grau.
Inúmeros Orcs Quebra-Crânios tremiam diante da visão de sua montaria, e ainda mais orcs poderosos eram partidos ao meio pela lâmina de dois metros que brilhava em suas mãos. A Aura do Medo seguia o cavaleiro onde quer que fosse, fazendo todos os orcs fugirem em pavor.
Por um momento, o poder feroz do cavaleiro da morte parecia imparável. Ninguém ousava testar o corte de sua espada cintilante.
No entanto, logo ele atraiu o olhar de oponentes igualmente poderosos entre os orcs.
Wuuuuuuu!
Ventos ferozes uivaram no ar, e algumas pedras gigantes, do tamanho de mós, voaram em direção ao cavaleiro, criando estrondos sônicos ao cruzar o céu. 1
O cavaleiro da morte de Terceiro Grau corajosamente fatiou três delas, mas foi atingido pela última. Seus ossos estalaram, sua armadura amassou, e ele foi lançado pelos ares, caindo em meio aos mortos-vivos.
Sua montaria também foi despedaçada e espalhada pelo chão.
Com dificuldade, o cavaleiro se ergueu. Embora a maioria de seus ossos estivesse quebrada, a chama da alma em seu crânio permanecia intacta. Quando tentou absorver as energias da morte ao redor para reparar o corpo, o solo começou a tremer violentamente.
O cavaleiro ergueu a cabeça com esforço. A chama rubra em suas órbitas vazias encolheu-se em forma de cruz ao ver, aterrorizado, um mamute de guerra passar por cima dos mortos-vivos e investir contra ele com passos que faziam a terra estremecer.
O corpo da besta era do tamanho de uma colina. Sua tromba, ágil como uma píton, movia-se ferozmente, e suas presas eram afiadas como aríetes. Mais aterrorizantes ainda eram seus pés colossais, grossos como pilares de pedra, cada um do tamanho de uma carruagem. Nada poderia deter seu ímpeto.
O mamute passou em disparada sobre o corpo do cavaleiro da morte, esmagando ossos e crânio junto da chama da alma em uma massa de estilhaços.
O uivo desolado da alma de um cavaleiro da morte de Terceiro Grau ecoou pelo ar.
No dorso do mamute, um xamã orc erguia seu pesado cajado de chifre, entoando gritos em uma língua incompreensível. Uma luz vermelha brilhante reunia-se em sua palma e, de tempos em tempos, era disparada para dentro do corpo do mamute.
Uma dúzia de arremessadores de lanças cercava o xamã. Gritando alto, lançavam suas lanças curtas contra as massas imóveis de mortos-vivos abaixo.
Enfurecido pelo feitiço, o mamute ergueu a tromba e soltou um longo bramido que ecoou pelo campo de batalha, antes de investir contra o portal.
Diante do mamute de oito metros de altura, a maioria dos mortos-vivos parecia anões diante de um gigante. Não havia como deter o avanço selvagem com seus corpos frágeis.
Contudo, esse mamute arrogante viveu apenas quarenta e três segundos a mais que o cavaleiro da morte.
Sob a direção dos lich ocultos, os mortos-vivos de alto nível dispararam uma rajada de feitiços. A saraivada transformou o mamute e a dúzia de orcs em suas costas em trapos esburacados.
Com um bramido triste, o colosso tombou de joelhos e caiu, levantando uma nuvem de poeira no ar.
Sangue ainda jorrava por toda parte. Membros decepados e cabeças voavam pelo ar.
Incontáveis orcs lutavam contra a onda de mortos-vivos na linha de frente. Haviam esquecido a morte, entregando suas vidas para o inimigo.
No entanto, suas vidas pareciam baratas e inúteis naquele momento.
Com machados e martelos, incontáveis guerreiros orcs, cobertos de sangue, cortavam e esmagavam os zumbis sem fim. Mas o sangue roxo e pútrido que respingava por todo lado carregava um vírus terrível. Nuvens de fumaça amarela e verde erguiam-se no campo, fazendo os orcs tossirem violentamente.
Logo, áreas inteiras de seus corpos estavam cobertas de podridão e pus. Cada movimento os fazia sangrar. Seus músculos protuberantes apodreciam rapidamente, e seus corpos fortes murchavam.
Zumbis Sangue-Podre, zumbis venenosos, zumbis da peste.
Mortos-vivos ressecados explodiam em nuvens de fumaça conforme eram abatidos, até que grande parte do campo de batalha foi engolfada por nuvens venenosas.
Essas nuvens, manipuladas pelos mortos-vivos de alto nível, juntavam-se em uma onda pestilenta que avançava para os locais mais densamente ocupados pelos orcs.
Os guerreiros podiam não temer inimigos poderosos, mas não tinham como lidar com vírus letais, microscópicos, que não podiam esmagar nem matar. Suas formações antes firmes começaram a se desfazer.
Pupupu!
Uma série de enormes bolas de fogo foi lançada por trás dos orcs, criando um mar de chamas no centro da onda de peste.
O grito de incontáveis insetos venenosos ecoou como uma única onda sonora no ar.
Por um instante, miríades de insetos e vírus foram queimados até a morte pelo calor das chamas.
Isso não deteve completamente o avanço da onda pestilenta, mas reduziu bastante o estrago que as bruxas poderiam causar, permitindo que o exército, já dilacerado, tivesse uma breve chance de se recompor.
Eram os xamãs!
As bruxas atrás dos mortos-vivos lançaram olhares mortais para os xamãs cobertos de peles e penas, com tatuagens mágicas desenhadas em seus rostos e corpos.
Esses xamãs pareciam mais magros e frágeis que os orcs comuns. No entanto, empunhavam cajados de chifre tão pesados que esmagar crânios de inimigos não seria problema algum.
Em termos de habilidade, até mesmo o guerreiro mais fraco entre os orcs possuía um físico superior ao de um adepto aprendiz avançado de refinamento corporal. Na verdade, muitos guerreiros qualificados do exército orc tinham corpos tão resistentes quanto os pseudo-adeptos desse caminho.
Dizia-se que um adepto oficial do Mundo Adepto podia facilmente massacrar uma dúzia de guerreiros orcs. Contudo, se o número aumentasse um pouco mais, até mesmo um adepto de Primeiro Grau corria risco de vida.
Em um combate de vida ou morte, sem reservas, um adepto de Primeiro Grau poderia exterminar vinte ou trinta guerreiros orcs. Mas certamente tombaria sob os martelos de pedra rústicos dos orcs.
Não havia outra forma. O corpo de um adepto era frágil demais!
Se alguém conseguisse atravessar suas camadas de escudos e defesas mágicas, o adepto em si não era muito mais resistente que um humano comum. Uma lâmina no pescoço ou uma facada no estômago, e até os adeptos morreriam.
Enquanto isso, os xamãs eram como uma versão enfraquecida dos adeptos oficiais.
Os poderes mágicos que possuíam eram extremamente rudes. Além do Feitiço Frenesi, Sede de Sangue e Grande Bola de Fogo, não tinham outros feitiços de grande poder. O aspecto mais místico dos xamãs era sua habilidade de manejar os quatro elementiums simultaneamente. Além disso, toda sua magia de reforço, cura e ataque era realizada através de totens.
Eles fincavam esses totens de madeira de um metro no solo diante deles e rapidamente invocavam o elementium mágico correspondente em suas mãos. A magia que liberavam podia não ser muito poderosa, mas era veloz.
Greem semicerrava os olhos, observando por trás da batalha.
De acordo com os sentidos do Chip, ele podia perceber que as estranhas tatuagens nos corpos dos xamãs pareciam ressoar com os padrões nos totens em uma certa frequência elementium.
A oscilação e as flutuações do brilho mágico das tatuagens e dos totens eram quase idênticas!
O que era aquilo? Ressonância mágica ou harmonia elemental? Que método usavam, então, para fazer de um objeto frio e inanimado algo semelhante a um ser vivo, capaz de sentir e absorver o elementium no ar?
Seriam os totens versões miniaturizadas e enfraquecidas de um altar elementium?
Uma série de perguntas surgiu na mente de Greem.
Não era de se admirar que os adeptos amassem tanto realizar conquistas em outros mundos. Como esperado, qualquer mundo possuía abundância de conhecimentos misteriosos e segredos a serem explorados e decifrados!
Naquele momento, Greem desejava capturar um xamã orc, abrir-lhe o crânio e conduzir uma pesquisa minuciosa.
Porém, mesmo à distância, podia ver os mestres de lâmina orcs — musculosos e bem treinados — cercando os xamãs. Só lhe restava enfiar essa ideia nas profundezas do coração, em silêncio.
Se os Quebra-Crânios eram guerreiros comuns, então esses mestres da lâmina eram guerreiros de elite, no nível de adeptos de refinamento corporal.
Podiam não ser muito altos, e seus corpos não tão musculosos quanto os dos orcs comuns, mas cada movimento era extremamente rápido e ágil. As armas que empunhavam não eram martelos de guerra pesados nem grandes machados, mas sim lâminas longas e planas ou espadas compridas e aterrorizantes.
Isso significava que seus ataques se destacavam em velocidade, agilidade e explosividade!
Se Greem simplesmente avançasse e fosse cercado por um grupo de mestres da lâmina com suas lâminas gigantes, não acabaria muito melhor do que um pedaço de carne colocado em um fatiador.
Esses mestres possuíam uma explosividade física e uma velocidade de ataque extremas. Quando combinados com os quatro poderes elementium que os xamãs orcs podiam invocar, tornavam-se inimigos desafiadores. Talvez não houvesse indivíduos de alto grau entre aquele grupo de xamãs e mestres da lâmina, mas até mesmo um adepto de fogo de pico de Segundo Grau como Greem não ousava testar suas forças contra eles.
Manter um perfil baixo em um campo de batalha tão brutal era o único modo de sobreviver!
Os orcs não eram apenas idiotas cheios de músculos e sem cérebro. Sob a observação de Greem, os orcs mais ao fundo das linhas de batalha eram provavelmente os verdadeiros poderosos do exército orc.
Greem apenas se perguntava por que estavam sendo tão pacientes, esperando e aguardando. Até agora não tinham iniciado uma investida contra o portal. Não percebiam que o exército já estava quase em colapso sob os ataques das forças das bruxas?
- Mó é um moinho de pedra.[↩]
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