Capítulo 130: Humilhação no acampamento. (Parte 2).
Sem saberem o que fazer, os mercenários apenas podiam ficar em silêncio diante da humilhação vindo dos guerreiros da casa Skarsgard.
Corgard havia preparado o plano meticulosamente, embora soubesse que as consequências seriam graves caso a jovem mestra descobrisse, não achou que seria tão grave, já que estavam lidando apenas com um grupo de mercenários.
Foi então que um pouco tempo depois a guerreira que foi enviada pela Erikka retornou com as notícias de Bárbara e contou para os ouvidos de Corgard.
Enquanto ouvia, os olhos de Corgard foram gradualmente brilhando em animação enquanto furtivamente olhava para a carruagem dos mercenários, onde Crystalline se encontrava apoiada de costas e de braços cruzados, sua cabeça estava ligeiramente abaixada e seu olhar parecia olhar para o longe, em direção da floresta.
Não sabendo para onde ela estava olhando tão seriamente, Corgard começou a se aproximar dela com passos firmes.
“Lady Crystalline!”
Disse então ele, chamando Crystalline em um tom animado.
“…”
Mas Crystalline não o respondeu, ao invés disso, deixou de olhar para a floresta, e seus olhos se tornaram ainda mais afiados antes de olhar para Corgard, como se estivesse sendo incomodada.
“!”
Corgard sentiu um arrepio ao ser encarado por aqueles olhos azuis como pedra de safira, e afiados como uma espada. Ela pode ser bela, mas também podia sentir que ela também era perigosa, como um guerreiro, ele podia perceber apenas pelo seu olhar.
Ele sabia que o que havia feito era um ato desavergonhado, mas sinceramente não acreditou que Crystalline ficaria furiosa com aquilo. Mas sabendo que Aela á havia convidado para seu acampamento, uma confiança surgiu em seu interior e começou a falar com mais confiança.
“Lady Crystalline, espero que possa ignorar minhas palavras e atitudes rudes de agora a pouco, acredito que foi um pouco inadequado da minha parte.”
Dizia ele em um tom educado e não forçado, enquanto levava a mão direita ao peito.
“…”
Mas Crystalline não o respondeu, apenas continuou encarando-o com seu olhar frio e afiado, parecendo que estava cortando Corgard com uma espada.
“Como pedido de desculpas, que tal participares do acampamento com a nossa segunda jovem mestra? Sabe, ela não aceita que qualquer um acampe em seu acampamento, mas se for você, acredito que ela fará uma exceção.”
Com seus jogos de palavras, Corgard fez pensar que era ele quem ajudaria Crystalline a comparecer no acampamento de Aela, e não que foi um pedido feito por ela mesma.
Corgard queria conquistar Crystalline, e mesmo que por causa dele ela agora não podia comparecer ao acampamento dos guerreiros, ela não iria recusar se fosse comparecer ao acampamento de Aela, e ainda poderia estar grata a ele.
Com esses pensamentos, Corgard estava animado em seu interior, mesmo que antes ele quisesse conquistar Bárbara ou Aela, nenhuma delas podiam se comparar à beleza de Crystalline, que parecia mais nobre do que qualquer mulher que já encontrou.
“…”
Crystalline, que conseguia captar cada mentira dita em suas palavras e seu olhar sobre ela cheio de desejos nojentos, ela simplesmente decidiu ignorar e voltou a olhar em direção da floresta, como se realmente estivesse observando algo.
“!…”
Corgard sentia como se tivesse levado um tapa na cara, pois foi completamente ignorado como se fosse um lixo, fazendo-o cerrar os punhos de raiva.
‘Espera!’
Foi então que ele se lembrou de algo, estava tão empenhado em seu plano que havia se esquecido da principal razão de ter bolado este plano tão arriscado.
Ele rapidamente olhou para o banco de condutor da carruagem dos mercenários, e por alguma razão Ken não estava presente. Depois, seu olhar percorreu por todo o lugar, e mais uma vez Ken não parecia estar em lugar algum.
Então, ele rapidamente olhou para Crystalline e perguntou.
“Onde ele está?”
Seu tom de voz estava mais alarmado que o normal, mas ele não se importou, pois sentia que seu plano não tinha sentido se Ken não estivesse presente.
“…”
Mas Crystalline não o respondeu, como se não quisesse desperdiçar saliva com este tipo de pessoa, e apenas continuou olhando para a floresta.
‘Porque ela não para de olhar para a floresta?…’
Ele estava curioso sobre isso, mas sentindo que Crystalline não iria lhe contar nada, se virou para o líder dos mercenários e perguntou alarmado.
“Onde ele está!? Porque um de seus membros não está presente!?”
“…”
O líder dos mercenários ficou um pouco incrédulo com a atitude repentina de Corgard, mas ele também podia entender o quão sério a situação podia se tornar.
Ter um dos membros do grupo mercenário desaparecido, é o mesmo que admitir que os mercenários têm motivos ocultos contra a família Sarsgaard. Afinal, o objetivo dos mercenários é aumentar a força de defesa desta comitiva, ter um membro dos mercenários desaparecido é realmente grave, e o líder dos mercenários sabia bem disso, por isso estava preocupado.
Mas vendo a atitude de Corgard neste momento, e se lembrando da humilhação que haviam sofrido pouco tempo atrás, ele ergueu um sorriso enquanto cruzava os braços.
“Foi caçar.”
Disse ele.
“…Caçar?”
Corgard repetiu as palavras do Brodwilf como se estivesse duvidando se seus ouvidos. Eles estavam no meio de uma planície, ou seja, não havia nada para caçar em um lugar isolado destes.
Sabendo disso, a raiva subiu ainda mais na mente de Corgard, fazendo-o gritar de raiva.
“Que besteira você está dizendo? Estamos em uma planície, não existem animais por aq-”
“Parado!!”
“!”
Mas antes que ele terminasse suas palavras, um alto grito ecoou do lado oposto do acampamento, onde outros guardas que estavam de sentinelas rapidamente ergueram suas espadas de maneira hostil.
Corgard e Érika imediatamente começaram a correr naquela direção, já encontrando Bárbara e outros guerreiros de prontidão, deixando as guerreiras para proteger a Aela.
“!”
Quando eles chegaram, quase se assustaram com o que viram. Embora estivesse de noite, eles podiam ver uma grande silhueta se aproximando com passos firmes. Não era possível ver sua aparência, mas ele era grande, parecia ter um corpo humanoide, mas seus ombros eram maior que seu corpo, e tinha dois chifres saindo da cabeça.
Cada um de seus passos parecia fazer o chão balançar, criando sons pesados nos ouvidos de todos. Era uma forma assustadora que rapidamente chamou a atenção de todos, e a criatura não parava de se aproximar.
“…?”
Até que a silhueta da criatura foi ficando mais visível até aparecer de vez, surpreendendo a todos. A coisa que se aproximava não era uma criatura, embora não fisicamente, mas era Ken Wolff, carregando algo enorme por cima de seu ombro, surpreendendo a todos.
Era um enorme javali quatro vezes maior que seu corpo, sua pele era escura e tinha dois enormes chifres dourados saindo pela boca. Não tinha sinais de corte, mas seu pescoço parecia ter sido deslocado e Ken o carregava como se estivesse carregando algo leve.
O javali era tão grande que metade de seu corpo estava sendo arrastado pelo chão, fazendo todos olharem com surpresa.
“?”
Ken, vendo eles reunidos a alguns metros de distância antes de se aproximarem, ficou ligeiramente surpreso, mas em seguida, mas em seguida, ignorou seus olhares e deu a volta do cerco dos guerreiros, não se aproximando do acampamento e andando na direção dos mercenários.
“…Aquilo é um javali de chifres dourados?”
Perguntou Bárbara, em tom de choque.
Javali de chifres dourados é um monstro rankeado, de rank C. Eles vivem na floresta e são extremamente perigosos, e embora não fossem os monstros mais fortes de rank C, apenas por serem ranqueados já os tornam perigosos.
Eles são extremamente resistentes e têm a habilidade de soltar raios de seus chifres dourados, ou seja, são do tipo de monstros difíceis de derrotar, seria necessário vários escândalos para derrotá-los.
Mas durante todo este tempo, eles não ouviram nenhum escândalo vindo da floresta, e o monstro não demonstra ter sinais fortes de luta, ou seja, Ken o havia derrotado em um único golpe.
Existem duas maneiras, ou ele era tão forte que a resistência do monstro não aguentou, ou Ken executou um ataque surpresa em seu ponto vital, matando-o na hora. Qualquer que seja a razão, Ken ainda conseguiu derrotar uma criatura dessas, que seria necessário no mínimo um guerreiro intermediário de aura de 3 estrelas
Além do mais, Ken o estava carregando como se fosse nada, uma criatura que pesava mais de 600 kg, algo que Bárbara jamais pensaria em carregar de tão pesado que era.
“O que ele está planejando?”
Perguntou ela, prestes a ir até onde ele estava indo.
“Espera, eu vou saber o que está acontecendo, por favor, fique ao lado da segunda senhora.”
Mas então Érika interveio a sua frente, dizendo que trataria do assunto.
“?”
Bárbara ficou ligeiramente surpresa pela sua atitude, pois não esperava este tipo de atitude.
Na verdade, Érika temia que Bárbara descobrisse sobre seu plano e de Corgard, pois sabia das consequências que poderiam vir caso ela ficasse sabendo disso.
“…Tudo bem.”
Embora um pouco relutante, Bárbara decidiu concordar, já que sua tarefa principal era proteger Aela.
Assim que obteve sua resposta, Érika rapidamente começou a correr para o lado dos mercenários, onde Ken parecia estar indo.
“O que você pensa que estava fazendo!?”
Quando chegou até lá, ela já viu Corgard começar a interrogar Ken que havia chegado com o javali por cima de seus ombros.
“?…”
Vendo de perto, a aparência do monstro parecia ainda mais aterrorizante, e vendo Ken carregando esta criatura, dava uma presença ainda mais imponente.
“…”
Ken, que havia sido interrogado por Corgard, olhou de cima para ele.
“!…”
Corgard estremeceu ao ser encarado por aqueles olhos negros como a meia noite e frio como a nevasca. Ele não entendia como não apenas Crystalline, mas também Ken tivessem este tipo de olhar capazes de incapacitar as pessoas, e com este monstro que carregava, dava uma aparência ainda mais marcante.
“Caçar.”
Respondeu Ken com indiferença depois de um tempo.
“Caçar!?”
Após ouvir suas respostas, Corgard saiu de seu estado de transe e rapidamente interrogou com o rosto contorcido de raiva.
“E quem te deu permissão para ir caçar!? Você não pode simplesmente desaparecer assim durante um acampamento!”
Dizia ele com indignação, mais irritado pelo seu plano ter sido em vão já que a pessoa que ele queria humilhar, ao invés de estar presente, estava na floresta caçando.
“Permissão?”
Repetindo suas palavras, Ken se virou e ficou de frente a Corgard.
“!”
A presença ameaçadora de Ken pareceu aumentar ao parar bem diante de Corgard, fazendo um nervosismo surgir em seu interior e quase tremer por todo corpo. Mas ele se esforçou para não demonstrar, apertando seu punho com força até suas unhas cravarem em sua carne até sangrar.
Ken ficou ligeiramente surpreso por Corgard estar conseguindo aguentar sua pressão, mas não ligou muito para isso. Então, olhando para ele de maneira pesada, ergueu os lábios em um sorriso frio.
“Engraçado você dizer isso, quando foi você mesmo quem disse que deveríamos procurar nossa própria comida.”
Disse Ken.
“I-isso!…”
Com a resposta direta de Ken e diante de sua pressão, Corgard começou a gaguejar sem saber o que responder. Afinal, era verdade que deveria procurar pela própria comida, o que foi que Ken havia feito, então, ele não tinha como argumentar.
“!”
Foi então que Corgard se apercebeu de algo crucial que o fez ficar ainda mais aterrorizado com a situação, quase não conseguindo esconder o choque em seu rosto.
‘Espera! Ele não estava presente quando eu estava falando com os mercenários! então como ele…ficou sabendo do que eu disse!?’
Nervoso, Corgard levantou a cabeça e olhou para Ken, encontrando seu olhar frio.
“!?”
De repente, Ken já não parecia apenas intimidante, agora parecia uma existência maior e incompreendida, fazendo-o congelar no lugar quase sem reação.
‘Não pode ser…ele realmente ouviu tudo que eu disse…mesmo de longe?…Impossível!’
Corgard não conseguia acreditar nem no que estava pensando.
A distância de onde se encontravam para a floresta era imensa, nem mesmo as pessoas que estavam no acampamento conseguiriam ouvir o que eles estavam falando, então como Ken foi capaz? A pessoa teria que ter uma capacidade de audição fora do comum, maior até que dos animais. Ou seja, Ken realmente não era uma pessoa comum.
‘Que monstro…’
Mas um monstro em pele de lobo, o Lobo branco Caolho, Ken Wolff.
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