O saguão do Luz do Lobo era um templo de luzes suaves e sombras dançantes, suas paredes de vidro e metal incrustadas com runas que pulsavam como veias de um coração antigo, escondendo segredos da Lumen Feralis. O ar, pesado com o cheiro de cera polida e flores medicinais, vibrava com as auras Feralis do grupo reunido — Kazuto, Himari, Chen Hua, Ryu, Sora, Nariko, Nara, Maitreia Gautama, os três Purotekutā, Vorax e os 15 Shisai. Faltava apenas um dia para o Torneio das Feras, e o espaço, com seus tapetes de lã escura e lustres de cristal que tremiam levemente, parecia segurar o fôlego, como se soubesse que o destino se desenhava nas próximas horas. As vozes, ora risos, ora murmúrios, ecoavam como um coro de feras contidas, prontas para rugir.

    Kazuto, encostado em uma coluna, socava o ar com punhos que ardiam em vermelho, o Feralis do soco pulsando como um coração duplo em seu peito, batendo tu-tu-dur-dur, tu-tu-dur-dur. Seus olhos castanhos, cansados de noites mal dormidas, fitavam o chão polido, mas viam o palco do torneio, adversários sem rosto, a promessa de provar seu valor. “Não sou mais o menino de Kyoto”, pensou, os punhos tremendo, não de medo, mas de um fogo que queimava para dentro e para fora, como chamas que consomem a si mesmas. O peso do treinamento na Arena das Sombras Eternas ainda marcava seus ossos, e ele sentia, em algum lugar profundo, um segundo pulsar, como se outro coração respondesse ao seu.

    Himari, vibrando como um relâmpago preso em carne, dançava entre as poltronas, faíscas prateadas saltando dos cabelos como estrelas fugidias. — Amanhã! — exclamou, a voz um trovão alegre, mas com uma nota de ansiedade que traía seu coração. — O torneio! Vamos brilhar! — Ela girou, um raio desgovernado quase tocando um lustre, e riu, o som como sinos quebrados, frágeis e vivos. Chen Hua, sentada em uma poltrona, segurava uma flor medicinal, pétalas brilhando como lágrimas de luz. — Cuidado, Himari… que ninguém se machuque amanhã — sussurrou, tímida, os olhos gentis escondendo a dor de quem teme o peso da batalha. A flor tremia em sua mão, como se sentisse o pulsar do futuro.

    Nariko, carismática, girava sua tampa Feralis como uma moeda viva, o metal cantando no ar, um hino de confiança. — Vamos virar lendas, galera! — disse, a voz um farol cortando a névoa, mas seus olhos, por um instante, hesitaram, como se vissem o desconhecido além do saguão. Sora, raivoso, esparramado em uma poltrona, cerrou os punhos, a aura de raiva pura tremeluzindo como uma fogueira faminta. — Vou esmagar quem vier! — rosnou, mas riu quando Nariko jogou a tampa em sua direção, desviando-a com um tapa, o som ecoando como um tambor. Ryu, arrogante, polia as garras Feralis com um pano, o cabelo caindo como uma cortina de orgulho. — O palco é meu — disse, a voz afiada como suas garras, mas seus olhos buscavam algo maior, como um leão que deseja ser rei.

    Nara, pragmática, estava de pé no centro do saguão, o martelo espiritual brilhando em suas mãos como um trovão preso, sua aura uma rocha inabalável. — Atenção — ordenou, a voz cortando o caos como uma lâmina, o tablet rúnico em suas mãos brilhando com os detalhes do torneio. — Os oponentes foram confirmados. Sete países, todos estudantes, como vocês. — Seus olhos, firmes, varreram o grupo, que silenciou, até Maitreia, que parou de girar sua ficha de cassino. — Japão, somos nós seis: Kazuto, Himari, Chen Hua, Ryu, Sora, Nariko. Brasil, quatro lutadores. Alemanha, cinco. Estados Unidos, cinco. Coreia do Sul, quatro. Itália, quatro. África do Sul, quatro. — Ela cruzou os braços, o martelo espiritual desvanecendo, mas sua presença permanecendo, como um pilar que sustenta o céu. — Eles são jovens, como vocês, com Feralis próprios. Não subestimem. Cada um é um mistério, uma fera esperando para rugir.

    Kazuto sentiu o Feralis do soco pulsar, como se respondesse à lista. “Sete países, estudantes como nós”, pensou, os punhos ardendo, imaginando rostos sem nome, poderes que dançavam como chamas em sua mente. “Quem são eles? O que carregam em seus corações?” Himari, vibrando, deu um salto, faíscas saltando como vaga-lumes. — Brasil? Itália? Coreia? Isso vai ser eletrizante! — exclamou, mas sua voz tremia, como se o peso dos nomes a tocasse. Chen Hua, segurando a flor, sussurrou: — Espero que sejam gentis… — Nariko riu, girando a tampa. — Gentis ou não, vamos virar lendas! — Sora rosnou, a raiva pulsando: — Não importa de onde vêm, vou derrubá-los! — Ryu, com um sorriso convencido, afiou as garras. — Eles vão aprender quem manda.

    Maitreia Gautama, o líder do clã Gautama, esparramado em uma poltrona de veludo, vestia sua camisa havaiana manchada de margarita e ketchup, girando uma ficha de cassino com dedos calejados por séculos. — Boa lista, filhinha — disse, com uma calma que era ao mesmo tempo um bálsamo e uma provocação, jogando a ficha para Nara, que a pegou com um bufar. — Estudantes do mundo todo, hein? Parece uma festa de feras! — Ele riu, o som como um trovão suave, mas seus olhos, castanhos e profundos como abismos, escondiam segredos que nem as runas do Luz do Lobo podiam desvendar. “Qual é seu Feralis, velho?”, pensou Kazuto, mas a pergunta morreu em sua garganta, sufocada pelo mistério que era Maitreia.

    Os três Purotekutā, filhos de Maitreia e irmãos de Nara, traziam o caos em suas auras. O Purotekutā da Sorte, loiro e confiante, jogava uma moeda que caía cara em cada giro, a aura de sorte fazendo os lustres tremerem levemente, como se dançassem para ele. — O torneio? Moleza! — disse, a voz um sino de confiança, mas seus olhos buscavam Maitreia, como se temesse desapontar o pai. A Purotekutā da Proteção, robusta e vigilante, mantinha um escudo invisível que zumbia ao redor, desviando uma faísca perdida de Himari. — Não quebrem nada antes do torneio — disse, firme, mas riu quando o Purotekutā da Sorte jogou uma moeda que ricocheteou em seu escudo, caindo no chão com um tilintar. O Purotekutā do Barbante, esguio e convencido, manipulava fios brilhantes que formavam teias no ar, prendendo a ficha de Maitreia como uma brincadeira. — eles são fracos será fácil para Vocês ! — disse, mas seus fios tremiam, como se sentissem o peso do amanhã.

    Vorax, encostado em uma parede de vidro, brincava com uma esfera de gelo, o cabelo azul reluzindo como um lago congelado sob as luzes do saguão. — Isso é tudo muito bonito, mas o torneio paga ou não? — perguntou, sarcástico, congelando o copo de suco de Nariko, que gritou: — Ei, iceboy, isso não é engraçado! — Ele riu, o som cortante como vidro quebrado, mas seus olhos verdes brilhavam com uma inquietação que poucos notavam. “Dinheiro, mulheres, naves… e o que mais?”, pensou, a esfera de gelo derretendo em sua mão, como se refletisse sua própria incerteza.

    Os 15 Shisai, espalhados pelo saguão, eram um espetáculo de poder e excentricidade. Kael, o Duro, enrijecia o corpo em diamante, segurando uma bandeja de lanches como uma estátua viva, oferecendo um pão a Chen Hua, que aceitou timidamente. Hira aquecia o ar com chamas espirituais, aquecendo o chá de Chen Hua, o vapor subindo como um suspiro. Orik moldava concreto orgânico em miniaturas de lobos, presenteando Nariko, que riu, girando a tampa. Yume afiava unhas predatórias, os olhos cortantes como lâminas. Raen polia seu braço-lâmina, sério, a lâmina brilhando como um espelho. Naeva farejava o ar com instinto lupino, inquieta, como se buscasse algo além do saguão. Ayo borrifava água purificadora, refrescando Himari, que vibrava. Ilma brincava com chicotes etéreos, prendendo fichas de Maitreia no ar. Tião verificava sua espingarda Benção de Rakel, o olhar sombrio como uma tempestade. Eldra cultivava raízes que abraçavam o chão, gentis como uma mãe. Lau girava sua Vassoura Espiritual, selando auras residuais, o movimento como uma dança ritual. Saru, meio bêbado, transformava água em licor com seu Feralis: Bebida Essencial, oferecendo um gole a Kazuto, que recusou, rindo. Kael dos Corações Quebrados emitia luz espiritual, acalmando o grupo, sua aura como um amanhecer preso. Haru, como fumaça, observava em silêncio, uma sombra entre as luzes.

    Mikael, o que Escuta o Vento, deu um passo à frente, sua aura de Pensamento Sonoro ecoando como um sino na mente de todos. — O torneio não é apenas uma batalha — disse, a voz suave, mas cortante, como um vento que carrega segredos. — Sinto ecos, fragmentos de poderes que dançam como chamas. Esses estudantes… eles carregam seus próprios corações, suas próprias feras. — Seus olhos, como lagos profundos, fitaram Kazuto, que sentiu um arrepio. “O que ele sabe?”, pensou, os punhos ardendo, como se o Feralis respondesse ao chamado de Mikael.

    Maitreia riu, quebrando a tensão. — Sempre tão dramático, Mikael! — disse, jogando uma ficha que ricocheteou no escudo da Purotekutā da Proteção, caindo com um tilintar. — Vamos lutar, rir e talvez apostar um pouco no torneio! — Ele piscou, mas seus olhos, por um instante, brilharam com algo antigo, como chamas que queimam para dentro e para fora, um mistério que nem Nara podia desvendar.

    Kazuto olhou para seus amigos — Himari, com faíscas dançando; Chen Hua, com pétalas caindo; Sora, com raiva fervendo; Ryu, com garras brilhando; Nariko, com a tampa girando; Nara, com o martelo pronto — e sentiu o Feralis pulsar, como se dois corações batessem em seu peito. “Sete países, e trinta e duas feras”, pensou, os punhos prontos. “Amanhã, mostramos quem somos.” Ele sorriu, a chama em seu coração queimando firme, guiada, não apagada, como a filosofia da Lumen Feralis prometia.

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