Índice de Capítulo

    Os diabos partem, deixando os corpos sem vida das garras-brancas para trás. 

    Byron segue pela mata com passos calmos, mas constantes, como um guarda em ronda. Há alguns metros de distância, Rubi o acompanha com um semblante leve e descontraído, carregando o arco em mãos.

    A floresta bem fechada que os cerca fica cada vez mais silenciosa e o sol deixa seu ápice e ruma ao entardecer. 

    A cada passo, a cauda da succubus serpenteia sob o casaco, ora se ocultando, ora se revelando num movimento preguiçoso. “E então… já sentiu algo sobre a espada?”, Rubi questiona, a voz transparecendo sua curiosidade.

    “Senti que é afiada”, Byron responde, direto.

    A sobrancelha da diaba franze. “Hum”, ela murmura baixo, deixando escapar um sinal de decepção.

    “Algo errado?”, Byron pergunta.

    “Só isso? Afiada e mais nada?”, ela insiste.

    Byron curva o cenho. “Há algo mais que eu deveria sentir?”, ele questiona, buscando esclarecimento.

    “Sim… Talvez… quer dizer, não sei”, Rubi diz, incerta, depois cruza os braços. “De onde eu venho, além de terem as características aumentadas, as armas mágicas costumam ter efeitos extras também.”

    Byron ergue a espada para o alto e a analisa brevemente, contrastando com as copas das árvores.

    “No calor da batalha, já utilizei armas duas ou três vezes momentaneamente”, ele comenta. “Comparada a elas, além da afiação, é possível sentir que a resistência dessa espada é excelente. As outras armas, em minhas mãos, não foram diferentes de manejar um galho de árvore quebradiço. Isso já seria algo diferente?”

    “Hummm… Não”, Rubi responde, cabisbaixa. “Durabilidade aumentada ainda é comum em qualquer arma reforçada com magia.”

    Considerando o quão caros são os equipamentos mágicos daqui, achei que seria bem mais comum ver coisas com magias complexas, mas a maior parte deles ainda é bem simples. Deve ser o preço de ter que fazer tudo sem um sistema automático, Rubi analisa, depois desvia o foco para o pingente dourado do colar em seu pescoço. Imagino quanto tempo alguém trabalhou para comprar essa belezinha aqui.

    “Uma pena.” Continua o demônio. “Mas já é do meu agrado que ela não se rompa em poucos golpes como as outras.”

    “É o que acontece quando se usa uma arma que não é compatível com a força do portador. Elas se desgastam bem mais rápido.” 

    “De fato, não foram momentos que duraram muito, mas valeram a pena.” O demônio sorri, sentindo um agradável ar nostálgico. “Sempre é divertido tomar a arma de um cavaleiro e vê-lo indignado quando você o ataca com ela.”

    Rubi solta um riso curto. “Seu senso de humor sempre me impressiona”, ela comenta e suspira. Em seguida, leva uma mão sobre o cabo da rapieira na cintura, com um ar sutil de preocupação nos olhos.

    “Isso me faz lembrar que essa espada aqui também não vai aguentar muito”, ela comenta, chateada. “Temos um bocado de recursos, mas não temos um meio eficiente de aplicá-los ainda.”

    “Quando a situação do enxame na floresta mudar e os orcs prosperarem, isso com certeza irá atrair a atenção de gente de fora das Terras-Livres”, pontua Byron. “Podemos usar a influência de Brok para negociar bens que não são encontrados por aqui.”

    O olhar de Rubi se abre e sua cauda balança. “Isso é verdade”, ela comenta, com ânimo. “Podemos pôr aquele ouro parado para trabalhar.”

    “Sim. Em cinco ou dez anos, poderemos conseguir todo tipo de item que a senhorita quiser.”

    O desânimo atinge a succubus como um feitiço poderoso. Sua cauda desmorona e ela volta a olhar para o chão. “Cinco ou dez?”, ela questiona, abalada. “Você fala como se não fosse nada… E ainda tem uma baita diferença de tempo entre as estimativas.”

    “Humm”, Byron murmura, pensando. “É um tempo considerável, mas não chega a ser muito. Já estarei chegando próximo ao meu primeiro século de existência nesse momento.”

    Ele não tem cem anos ainda?, Rubi indaga-se, surpresa. Eu sei que ele não é um demônio ancião, mas ele sempre passa um ar de vivido… Fiquei com medo de perguntar e tomar um choque descobrindo que ele carrega 800 anos nas costas e ainda tem um rostinho de garotão desses. É melhor descobrir logo. 

    “Eh, Byron…” a diaba começa, curiosa, mas sem jeito. “Qual seria mais ou menos a sua idade?”

    “Não é algo que eu mensurei a vida toda. Atingi minha maturidade como um behemoth há duas décadas. Mas o tempo da minha existência como um jovem diabo menor anterior a isso é um pouco mais nebuloso. Creio que algo em torno de meio século.”

    Não é tanto quanto eu pensei, mas ainda é um bocado de tempo pra um humano…, pensa Rubi. 

    “E quanto tempo vivem os demônios daqui?”, pergunta a succubus. “Quando você fala de tempo, sempre soa vago. Você já disse que é muito… e eu fico me perguntando se é para sempre, por conta da parte do espírito e tal.”

    Byron lança um olhar breve para o céu entre as copas das árvores antes de responder, pensativo.

    “Dizer que os diabos vivem para sempre seria arrogante… e falso. Se fosse verdade, os primeiros da nossa espécie ainda estariam por aí”, o diabo responde.

    As pálpebras de Rubi se erguem, surpresa com a colocação.

    “De fato, não envelhecemos. Não definhamos. Nossa existência depende apenas do espírito… e essa parte é imortal. É isso que nos permite continuar existindo. Mas só é considerado vivo aquele que permanece ligado a este plano. Por isso o chamam de Plano dos Vivos.”

    “Nunca pensei tão a fundo assim”, a succubus comenta.

    “Talvez possamos durar para sempre. Mas, na minha opinião, a verdadeira expectativa de vida de um diabo depende apenas de quanto tempo ele consegue sobreviver aqui.”

    Ele tem razão… viver e existir são coisas diferentes, conclui Rubi, soltando um riso curto.

    “Vendo dessa forma, concordo com você. Dizer que nosso tempo de vida é indefinido soa mais correto do que dizer que é eterno.”

    “É como eu prefiro. Para mim, as únicas exceções disso seriam os deuses e seres relacionados a eles.”

    Pode até não ser pra sempre, mas ainda quero viver muito, reflete a diaba.

    Os dois caminham mais alguns passos e ouvem o crocitar agudo de uma garra-branca ecoando entre as árvores de algum lugar à esquerda na mata.

    A dupla para de andar instantaneamente, os ouvidos atentos, com o foco na direção do som.

    “Byron…”, alerta Rubi, com os olhos estreitos.

    “Eu sei. Não foi longe daqui.”

    O som das folhas se mexendo e de galhos se quebrando de maneira cada vez mais intensa chega aos ouvidos da succubus.

    “Está vindo para o nosso lado”, ela avisa.

    Byron cerra os dedos ao redor da empunhadura da espada. Um leve sorriso curva os lábios do demônio. “É um bom momento para praticar mais um pouco”, ele afirma, confiante.


    Habilidade de Raça: [Vacilo](Hesitation)

    Requerimentos: Demônio, Succubus, Nível 50, Carisma Notável ou maior. 

    Mesmo em falha, contra suas principais presas, o seu charme emana uma influência sutil que amortece a violência contra você. Quando você usar o Charme, os Humanóides e Demônios que resistirem ao efeito, sem caírem no encantamento, ainda serão tocados por uma centelha de fascínio, compaixão ou medo, sofrendo os seguintes efeitos:

    • Caso tenham você como alvo, hesitam em te atacar ou te atingir com habilidades, perdendo o foco em você por 3 segundos.
    • Recebem uma redução de até 20% no dano causado ao te atingir, seja com ataques diretos ou habilidades em área (a redução é proporcional ao seu atributo de Carisma). Este efeito dura por 1 minuto ou até que você ataque o alvo.

    Vacilo não funciona em criaturas imunes a efeitos de encantamento ou naqueles contra os quais Charme falhou automaticamente.

    Tempo de Recarga: Passivo

    Usuários conhecidos: Rubi, Camélia

    Quando a demônio muda a cor dos olhos, Haldir momentaneamente sente uma pressão intimidante vinda dela. Sem entender o que ela planeja, joga sua besta no chão e sai correndo na direção oposta…” – Capítulo 31, Quando o caçador vira a presa.

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