Capítulo 828
『 Tradutor: Crimson 』
Sob as ordens de um estranho gigante metálico de cinco metros, todas as carroças de energia mágica lentamente ajustaram o fogo de seus canhões e miraram nas forças de centauros sobre a muralha, junto com todos os parapeitos e baluartes.
“Rápido, desviem!”
O comandante orc teve de gritar a plenos pulmões para ser ouvido, mas sua voz ainda assim foi engolida pelo ensurdecedor som do fogo de canhão.
Toda a extensão de quatrocentos metros da muralha foi engolfada por bolas de fogo explosivas.
Membros e órgãos de incontáveis centauros e orcs voaram pelos ares. Um após o outro, as torres de vigia e baluartes ruíam em clarões de fogo, acompanhados dos gritos aterrorizados dos orcs em seu interior.
“Ataquem… ataquem! Ataque total!”
O comandante orc deu sua última ordem com voz rouca e trêmula ao testemunhar a visão apocalíptica diante de si. Seu corpo imenso foi então despedaçado em uma explosão flamejante.
Permanecer sobre as muralhas e defender a cidade já não era mais possível. Todos os orcs seriam reduzidos a cinzas antes mesmo de tocar no inimigo, caso não encontrassem um meio de avançar agora.
Incontáveis silhuetas ágeis e curvilíneas alçaram voo das muralhas em chamas.
Tinham corpos estranhos e asas marrom-acinzentadas. Empunhavam lanças de madeira nas mãos e voavam a velocidades tremendas.
Harpias. Eram as harpias!
Greem já havia se preparado para enfrentar essa única força aérea dos orcs.
As harpias mal haviam subido aos céus e nem sequer conseguido se formar para preparar um mergulho sobre o inimigo. Nesse instante, cem máquinas-olho silvaram pelos ares e investiram contra elas. O que acompanhava as máquinas-olho era uma densa tempestade de Feixes Escaldantes.
As harpias não podiam ser consideradas corpos robustos entre as forças orcs. Além disso, para aliviar o peso de voo, não usavam armaduras metálicas. Suas únicas armas eram cinco lanças curtas de arremesso e uma lança de madeira. Seu método típico de combate consistia em voar acima do inimigo e lançar lanças de cima. Uma vez esgotado o arsenal, desciam em mergulho com suas lanças de três metros.
Tal tática podia ser eficaz contra inimigos sem força aérea, mas não passava de suicídio contra o exército de máquinas mágicas.
Quando os corpos frágeis das harpias encontraram a saraivada de Feixes Escaldantes, foi uma cena triste, difícil até de olhar. Várias harpias valentes tentaram subir ainda mais alto, mas foram imediatamente interceptadas pelas máquinas-olho.
Feixes Escaldantes vermelhos caíam sobre as harpias. Quase cada disparo derrubava uma delas. As guerreiras em queda batiam pesadamente no solo duro, como sacos de batatas. Seus órgãos internos se rompiam instantaneamente, e sangue jorrava pelo chão, enquanto os Arqueiros ceifavam o que restava de suas vidas.
A ponte levadiça colossal desabou com um baque. Os portões de madeira, meio metro espessos, foram empurrados para dentro, e uma horda de orcs irrompeu para fora da cidade.
Greem tinha pleno domínio dos movimentos do inimigo e já havia feito preparativos para tal situação. Dez das carroças de energia mágica continuaram bombardeando as muralhas, enquanto as outras dez viraram o fogo de seus canhões para os portões da cidade. Dez bolas de fogo gigantes explodiram contra as fileiras da horda de orcs antes mesmo que cruzassem a ponte levadiça.
Sangue por toda parte, membros espalhados…
Os bravos orcs receberam um golpe doloroso no instante em que saíram da cidade, antes mesmo de alcançar os inimigos. Aqueles que conseguiram atravessar a ponte apesar do fogo de canhão foram imediatamente recebidos por uma saraivada de centenas de feixes de energia.
Os orcs, de olhos arregalados e marretas de guerra nas mãos, foram perfurados após apenas alguns passos. Tropeçavam para frente, enquanto o sangue continuava a jorrar de todos os buracos em seus corpos.
Por fim, tombaram de joelhos e de peito, mas ainda tentavam rastejar adiante com todas as forças restantes.
Uma segunda salva de feixes de energia varreu o campo, e o campo de batalha caiu em silêncio outra vez!
Quando o poder de duas forças estava em níveis tão diferentes, coragem e bravura pessoais já não podiam influenciar o rumo da batalha.
Hordas de orcs saíam da cidade, vez após vez, e, vez após vez, caíam por terra.
De novo e de novo, sangrento e cruel!
Contudo, não importava quantas investidas fizessem, os orcs não conseguiam atravessar aquela linha invisível. Não conseguiam tocar nos gigantes metálicos. O fogo de canhão inimigo era simplesmente feroz demais; tão feroz que seus corpos de carne e osso não suportavam.
Por fim, após deixarem milhares de cadáveres diante dos portões da cidade, os orcs recuaram para dentro, gemendo de dor e desespero. O exército de máquinas mágicas aproveitou a oportunidade para estender o alcance de seu fogo de canhão e bombardeou as estruturas altas que restavam na Cidade Makren.
Os orcs se escondiam do outro lado, ao pé das muralhas, escudos de madeira sobre a cabeça. Suportavam a surra amargamente, esperando o momento em que os inimigos entrassem na cidade. Já que não podiam sair, então aguardariam até que o inimigo adentrasse para travar um combate feroz. Com a ferocidade e a coragem dos orcs, ainda arrancariam alguns pedaços de carne do oponente em combate corpo a corpo, mesmo que fossem feitos de metal e aço.
Infelizmente, subestimaram a determinação de Greem, assim como o terror do exército de máquinas mágicas sob o comando de Cérebro Desmembrado Gru.
O corpo metálico de Gru permanecia no centro do exército de máquinas mágicas. Feixes de energia azul conectavam-no constantemente às máquinas mágicas ao redor. Tanto os Arqueiros quanto as carroças de energia mágica podiam obter energia suficiente a partir dessas fitas energéticas.
Enquanto ele estivesse presente, não havia risco de o exército de máquinas mágicas ficar sem energia!
Não se via um único orc ou membro das raças subordinadas em toda a vasta Cidade Makren. Todos se escondiam nas sombras e sob os escombros, suportando o repetido bombardeio e varredura dos canhões de energia mágica.
A muralha de oito metros de altura finalmente cedeu sob o bombardeio constante de vinte canhões de energia mágica, desmoronando em pedras e destroços. As máquinas-olho que haviam exterminado as harpias formaram grupos e voaram para dentro de Makren. Pairavam vinte metros acima do chão e rapidamente buscavam por toda vida restante na cidade.
Não importava se eram paredes de pedra desabadas ou casas queimadas. As máquinas-olho podiam deslizar habilmente pela destruição e usar seus Feixes Escaldantes para varrer cada canto escuro que encontravam.
Os orcs sobreviventes usaram todos os truques restantes contra essas máquinas-olho: arremessavam seus machados, lançavam redes ou simplesmente saltavam ao ar. O número das máquinas-olho também começou a diminuir diante desse esforço.
Dong! Dong! Dong!
Passos retumbantes ecoaram pelo campo de batalha.
Fileiras de máquinas mágicas entraram na cidade em formação aberta, pisando sobre as pedras quebradas da muralha e sobre as vigas queimadas das casas. Não se espalharam nem tentaram procurar nos lugares sombrios e estreitos. Em vez disso, disparavam foguetes goblins contra qualquer resposta de vida detectada através das estranhas gemas incrustadas em suas órbitas.
Uma dúzia de feixes de energia dilacerava instantaneamente qualquer orc que saísse da escuridão.
Quase todos os prédios da cidade já haviam sido destruídos. Mesmo as mansões que sobreviveram ao bombardeio não conseguiam resistir aos ataques das máquinas mágicas. Elas destruíam tudo em seu caminho. Paredes ruíam e casas caíam, tornando-se pó ao vento.
Se encontravam orcs que insistiam em resistir escondidos atrás de torres de vigia resistentes, as máquinas mágicas apenas chamavam outra rodada de bombardeio dos canhões de energia mágica. Do pó vieste, ao pó retornarás. E o silêncio reinava novamente!
Quase uma centena de máquinas mágicas ergueram seus rifles e chegaram ao pequeno templo do Deus-Bestial. Os dois mil orcs e centauros restantes de Makren haviam se entrincheirado ali. Formavam uma muralha de corpos com seus próprios corpos e encaravam as máquinas mágicas em uma triste e desesperada última resistência.
Após duas horas de disparos constantes de rifles e canhões, já não havia um orc ou centauro sem ferimentos. Até mesmo o berserker orc de Terceiro Grau estava coberto de sangue. A pele de animal em seu corpo havia sido queimada pelas chamas. Os orcs de Segundo Grau ao seu redor também carregavam vários ferimentos, com sangue escorrendo pelos rostos e membros.
Nesse momento, o berserker estava à frente da formação. Carregava dois enormes machados de lâmina dupla nas costas e empunhava em mãos uma grande e tosca bandeira tribal.
Não havia vento na cidade, mas a bandeira estava completamente aberta. Exibia a imagem de um orc erguendo um martelo de guerra e bradando ao céu.
Greem avançou lentamente para o campo de batalha com seus muitos adeptos do Clã Carmesim. Pararam a cem metros de distância e encararam friamente os remanescentes. Seus olhos estavam injetados de sangue, e encaravam cada um dos adeptos com ódio imenso.
A Tribo Martelo de Guerra, estabelecida na Cidade Makren, estava acabada!
Perderam sua cidade, seu território, seu povo e seus guerreiros. Logo perderiam também a única fé dos orcs que agora permanecia atrás deles — o templo do Deus-Bestial.
“Adeptos, por que atacam nossas cidades, massacram nosso povo e destroem nossos templos? Por quê?” Talvez, ciente de que estava diante do fim, a voz do berserker orc era rouca e carregada de dor.
“Não há um porquê. Os motivos podem ser muitos, mas não tenho necessidade de explicá-los a você. Você e eu não passamos de peças de xadrez sem verdadeira autonomia. Sua responsabilidade é defender esta cidade, a minha é a destruir. Razões? Quem realmente se importa com isso?” respondeu Greem friamente.
O guerreiro orc sabia que não obteria a resposta que queria da boca de Greem. Assim, ergueu a bandeira em sua mão e fincou o grosso mastro no chão. Alcançou suas costas e pegou os machados, antes de rugir e avançar contra Greem.
O berserker soltou um grito de batalha intimidador enquanto corria à frente. Seu corpo, originalmente de dois metros de altura, inchou ainda mais e tornou-se mais musculoso. Seus pés pretos faziam um grande estrondo a cada passo no chão. De longe, soava como tambores de guerra trovejantes.
Pupupu!
Uma série de Feixes Escaldantes atingiu o corpo do berserker orc como vergalhões incandescentes. O berserker ergueu o machado e protegeu o rosto contra os ataques. Em seguida, saltou para frente, deixando que os Feixes Escaldantes colidissem com seu corpo.
Os Feixes Escaldantes, capazes de perfurar paredes, apenas deixaram pequenos pontos vermelhos no corpo negro do berserker; não conseguiram atravessar sua pele resistente.
Um sorriso cruel surgiu no rosto do berserker. Um fraco brilho percorreu seu machado quando ele golpeou rapidamente. O machado tinha apenas dois metros de comprimento e não podia alcançar as máquinas mágicas, que estavam a vinte ou trinta metros de distância. No entanto, quando a luz deixou a arma, uma onda de meio metro passou instantaneamente pelos corpos de cinco Arqueiros.
As máquinas mágicas cessaram o fogo, e peças metálicas explodiram como fogos de artifício.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.