Índice de Capítulo

    Yonolondor corria, seus passos ecoando como trovões abafados na floresta sombria. Nos braços, Lettini jazia, ferida, sua juventude desvanecendo-se de seus olhos como a luz do crepúsculo.

    Lettini murmurava, suas palavras tão frágeis quanto as asas de uma borboleta em meio a uma tempestade.

    — Tô com medo… — Lettini balbuciou, tossindo sangue, seus olhos lacrimejando. — Não quero morrer… quero ver minha mãe… meu irmãozinho…

    Yonolondor não tinha palavras para acalmá-la.

    Ele apenas apertou os dentes, os músculos de suas pernas queimando com o esforço. “Cale a boca”, ele queria dizer, mas não podia. Não quando a vida dela pendia como uma folha em galho seco, prestes a ser levada pelo vento.

    A clareira surgiu à frente, um oásis de luz entre as árvores retorcidas. Eden estava ajoelhado ao lado de Leona, cujo corpo também lutava contra o abraço da morte.

    Poções fluíam de suas mãos como água de nascente, fechando feridas, suturando a carne rasgada. Kurth ergueu-se ao ver Yonolondor se aproximando.

    — Coloque-a aqui!

    Yonolondor depositou Lettini com cuidado ao lado de Leona. Kurth retirou outra poção de seu cinto, e o líquido curativo deslizou pelos lábios de Lettini.

    Aos poucos, os ferimentos dela começaram a se fechar. Sua respiração, antes tão frágil, agora se estabilizava.

    Ele olhou para Lettini, cujos olhos se abriram, ainda turvos de dor. Não, ela não morreria. Não enquanto ele pudesse ajudar.

    Yonolondor observava com o coração apertado. Ele não costumava se preocupar tanto, nem mesmo com seus homens quando era rei. Mas ali, com seus novos companheiros, a preocupação o consumia.

    Josan ainda enfrentava inimigos poderosos, e Yonolondor, com o coração apertado, sentia o peso da responsabilidade.

    “Por que estou preocupado com esses desgraçados? Eu não devia estar aqui, Colin me jogou nesse inferno, mas… tsc… esses malucos são meus amigos, não posso deixar Josan sozinho.”

    Amigos? Talvez. Ou talvez fossem apenas peças em um tabuleiro que o destino movia com capricho.

    Ele se levantou abruptamente, a urgência pulsando em suas veias. Eden estava lá, cuidando das feridas de Leona e Lettini. Yonolondor fitou-o com olhos famintos por notícias.

    — Elas vão ficar bem? — perguntou ele, a voz trêmula.

    Eden assentiu, o alívio estampado em seu rosto.

    — Estabilizaram. — A palavra era um bálsamo. — Estão fora de perigo.

    Mas Yonolondor não podia descansar. Ele desembainhou a espada, a lâmina cintilando sob a luz prateada da lua.

    — Precisamos fugir. — A determinação em seus olhos. — Antes que aqueles dois monstros voltem.

    Kurth franziu a testa.

    — Onde você vai? — perguntou ele.

    — Vou trazer nosso líder de volta. — A resposta foi um juramento silencioso. Ele girou nos calcanhares e correu de volta para o campo de batalha, o coração batendo em compasso com os passos.

    Yonolondor avançava pelas árvores, o som abafado de seus passos ecoando na escuridão. A preocupação por Josan queimava em seu peito, cada passo mais urgente que o anterior.

    “Que você ainda esteja vivo, por favor, aguente firme!”

    Quando se aproximou do campo de batalha, uma aura sombria o envolveu. Era como um chicote de espinhos, fazendo seus cabelos dançarem em resposta.

    “Mas o que é isso?”

    O frio arrepiou sua espinha, e ele soube que algo terrível estava acontecendo. Avançou com mais cuidado, a mão firme na empunhadura de sua espada, os olhos atentos ao redor.

    Josan estava lá, seu corpo marcado por feridas que deixariam cicatrizes.

    Swin!

    A lâmina negra o encontrou, rasgando seu tórax.

    Josan saltou para trás, ofegante, e Yonolondor viu a ferida, vermelha como brasas.

    Miogve estava à frente. Não o mesmo de antes; algo nele havia mudado. Sua aura pulsava com malevolência, como um corvo demoníaco faminto.

    — Yonolondor! — Josan gritou, erguendo a espada em defesa. — Precisamos lutar juntos!

    Yonolondor acenou, a determinação em seus olhos.

    Ao lado de Josan, ele se posicionou e Miogve sorriu, um sorriso cruel que parecia esculpido nas sombras.

    — Acham que podem me derrotar? Vocês são humanos, a garota raposa teria mais chances, mas o resultado seria o mesmo.

    — Yonolondor, não se segure.

    — Certo!

    E então, a dança começou.

    As lâminas negras cortaram o ar, e Yonolondor se esquivou, contragolpeando com sua espada.

    Ting!

    A lâmina encontrou resistência, chocando-se contra a de Miogve em um clangor ensurdecedor. Josan aproveitou a distração para atacar por trás, mas Miogve girou, parando o ataque com uma facilidade assustadora.

    Os três se moviam em um balé mortal, espadas cintilando sob a luz prateada da lua. Sombras dançavam ao redor deles, como espectros famintos.

    Yonolondor e Josan trabalhavam em perfeita sintonia, seus ataques coordenados pressionando Miogve a cada momento.

    Mesmo assim, o poder sombrio de Miogve os mantinha à distância, sua aura negra bloqueando muitos de seus golpes.

    Miogve, com olhos sem piedade, lançou um corte de energia negra, forçando-os a se separar. Yonolondor rolou para o lado, evitando a explosão, e saltou de volta para a luta. Ele viu Josan se recompor rapidamente, avançando novamente.

    — Use sua habilidade! — gritou Yonolondor. — Vamos confundi-lo!

    Josan acenou, ativando sua habilidade de se ocultar.

    Miogve franziu a testa, olhando ao redor em busca de seu oponente desaparecido. Yonolondor aproveitou a distração para atacar, sua lâmina cortando o ar em direção ao Elfo. A espada encontrou resistência, mas Yonolondor pressionou, forçando Miogve a recuar.

    De repente, Josan surgiu atrás do Elfo, sua espada cortando o ar em um arco mortal. Miogve se virou, bloqueando o ataque no último segundo, mas a força do golpe o desequilibrou.

    Ting!

    Yonolondor atacou novamente, suas lâminas encontrando brechas na defesa do oponente. Eles pressionaram, golpes combinados, forçando Miogve a recuar mais e mais.

    — Vocês acham que isso é suficiente para me derrotar? — rugiu Miogve, sua aura negra explodindo em um pulso de energia.

    Yonolondor foi lançado para trás, mas se recompôs rapidamente, correndo de volta para a luta. Josan apareceu ao seu lado, a determinação em seus olhos brilhando intensamente.

    — Vamos terminar isso! — gritou Josan, avançando com renovada ferocidade.

    Eles atacaram juntos, suas espadas cortando o ar em um ritmo frenético.

    Ting! Ting! Ting!

    Miogve tentou acompanhar, mas a coordenação impecável dos dois guerreiros foi demais para ele. Cada golpe, cada movimento era calculado, cada ataque pressionava Miogve mais e mais.

    A batalha não parecia estar longe de terminar.

    O Elfo, determinado a não ser derrotado, invocou uma legião de clones de sombras que se materializaram ao seu redor.

    Os clones atacaram com uma precisão mortal. Yonolondor, ainda abalado pela batalha anterior, foi pego desprevenido e um dos clones decepou seu braço esquerdo.

    Swin!

    — Merda!

    Ele gritou de dor, mas manteve a postura de batalha, sua determinação inabalável.

    Josan, por sua vez, foi perfurado no abdômen por outro clone.

    Crunch!

    A dor era lancinante, mas ele não cedeu. Sangue vertia de sua ferida, mas a vontade de derrotar Miogve era mais forte que qualquer dor física.

    — Não vamos parar agora — murmurou Josan, com os dentes trincados de dor. — Continue pressionando, Yonolondor!

    — Sim, senhor!

    “Da última vez que lutamos”, pensou Josan, analisando seu oponente. “Isso havia ficado evidente para mim, mas eu insisti acreditando que podia vencê-lo em um combate justo… fui arrogante… andar com esses desgraçados poderosos me deixou confiante demais. Certo, hora de fazer do meu jeito!”

    — Josan! — bradou Yonolondor. — Não erre!

    O espadachim deixou sua mana transbordar, e Miogve viu uma criatura etérea se manifestar ao lado dele, uma criatura horrenda.

    — Um espadachim espiritual? — murmurou Miogve.

    — Corte todos que não forem o verdadeiro! — disse o espadachim ao seu espírito.

    Swin! Crunch! Cruch! Crunch!

    Um arco de mana foi lançado em direção a Miogve que cruzou os braços na altura do rosto, mas para sua surpresa, ele não levou dano algum, ao contrário de seus clones, que foram partidos ao meio.

    — Mas o quê!?

    Com um movimento rápido, Josan retirou uma adaga anti-magia de seu calcanhar. Miogve, mesmo atordoado, sentiu a intenção do carniceiro e tentou bloquear, mas Josan usou sua habilidade de invisibilidade para desaparecer e reaparecer ao lado do inimigo, golpeando-o no pescoço com a adaga.

    Cruch!

    — Desgraçado!

    Miogve gritou de dor e fúria, chutando Josan para longe.

    Bam!

    O impacto foi brutal, quebrando várias costelas de Josan, um de seus braços e deixando-o arfando no chão.

    Yonolondor, a uma distância segura, começou a concentrar sua mana em sua espada. A lâmina brilhou com uma luz intensa e ele lançou outro corte de energia na direção do Elfo.

    O ataque forçou Miogve a se defender, mas essa era a abertura de que Josan precisava.

    Recuperando-se rapidamente, o carniceiro reapareceu atrás de Miogve, segurando outra adaga anti-magia com seu braço restante.

    Miogve percebeu estar sendo atacado por dois lados e teve que fazer uma escolha desesperada.

    Grab!

    Ele segurou o pulso de Josan, quebrando-o com um estalo horrível, e recebeu o golpe de Yonolondor, que abriu um corte profundo em suas costas.

    Crunch!

    Miogve não esperava que o ataque fosse tão devastador. A dor intensa fez com que ele soltasse Josan.

    “É a minha chance!”

    Aproveitando a oportunidade, o carniceiro avançou novamente, mordendo o punhal cravado no pescoço de Miogve e rasgando ainda mais fundo.

    Crunch!

    Miogve cambaleou, a mão no pescoço, tentando estancar o sangramento que agora jorrava em um fluxo incontrolável. Sua visão começou a ficar turva, as pernas tremendo enquanto ele tentava manter o equilíbrio.

    “Esses merdinhas! Porcaria, preciso me recompor, ir para um lugar seguro!”

    O Elfo pensou em correr, mas um arrepio percorreu sua espinha.

    Yonolondor estava atrás dele, movendo-se com a graça de um espadachim experiente.

    — Peguei você, elfo!

    Crunch!

    Com um golpe final, Yonolondor cortou Miogve ao meio, espalhando suas entranhas pela relva. O corpo de Miogve caiu, sem vida, enquanto o sangue escorria para o solo.

    Yonolondor, ofegante e com o braço esquerdo decepado, embainhou sua espada com o braço restante. Ele caminhou até Josan, que estava deitado na grama, ainda respirando com dificuldade.

    — Você está bem, líder?

    Josan tentou sorrir, mas a dor era intensa. — Só preciso descansar um pouco… e talvez tomar um pouco de vinho.

    Yonolondor soltou um riso curto, mas logo ficou sério. — É hora de sair daqui antes que aqueles dois monstros voltem.

    Ele ajudou Josan a se levantar, passando seu braço por seu ombro, ambos mancando e apoiando-se um no outro.

    A batalha havia sido dura, mas a vitória era deles. Eles se afastaram do campo de batalha, prontos para se reunir com os outros e planejar seu próximo movimento.

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