Índice de Capítulo

    Toda a região central de São Paulo já estava evacuada. Nenhum civil permanecia — apenas as tropas da Torre, reunidas diante da entrada da Estação da Sé. O Capitão Tom, ao receber a atualização da urgência, pegou o megafone com firmeza, direcionando sua voz para os agentes.
    — Tahiko, soldados, avancem! — ordenou, o tom carregado de pressa e tensão.

    Mas antes que pudessem mover-se, uma nova informação chegou. Todas as bombas da cidade haviam sido reunidas em um único ponto — seis dispositivos de longo alcance, capazes de devastar a capital em instantes. O peso da responsabilidade fez Tahiko apertar os primeiros degraus do acesso ao subterrâneo, seguido pelos soldados. O corredor os recebeu com luzes tremeluzentes, piscando em tons amarelados, como presságio de morte. O ar era denso, quase sufocante. E então, diante deles, alguém os aguardava. Estático, quase imóvel, ladeado pelas seis bombas. A luz revelou o rosto que Tahiko jamais esqueceria.

    Hideki. O portador da Fundação. O mesmo que, em Dynami, derramou sangue inocente, matou o Capitão Williams, capturou Riley e humilhou Tahiko pessoalmente. Agora, frente a frente, não era apenas a cidade que estava em risco. Tahiko encarava, finalmente, sua chance de vingança.

    — Seu maldito… Onde está Riley? E Nikki Williams? — rugiu Tahiko, o corpo vibrando com o ódio. — Onde estão?

    Sereno, impassível, Hideki ergueu a mão direita, segurando discretamente uma cordinha quase invisível. Um clique sutil e a maçaneta da porta do banheiro do subterrâneo se moveu, abrindo-se. E então, caiu ao chão o corpo de Nikki Williams. Amarrado, boca lacrada, completamente à mercê.

    Os soldados da Torre ergueram suas armas, miras apontadas para Hideki. Tahiko sentiu a raiva percorrer cada músculo. Fechou os punhos, pronto para avançar, mas o ar pareceu congelar quando Hideki ergueu o dedo indicador:
    — Não tente nada… ou toda esta cidade se tornará pó.

    — Não aponte esse dedo imundo pra mim, seu verme! — retrucou Tahiko, quase avançando.

    Pela câmera no colete de um soldado, o Capitão Tom observava a cena do lado de fora, murmurando para si mesmo:
    — Hideki… finalmente estamos frente a um deles.

    — Antes de entregar o Nikki, proponho uma troca — disse Hideki, a voz fria como metal.

    — Que tipo d— — começou Tahiko, interrompido pelo Capitão Tom através da câmera:
    — O que fez com o soldado Nikki?

    Tahiko olhou para o soldado ao lado, cerrando os dentes:
    — Por que não silencia essa merda?

    — Nada. Nada fiz a ele… — respondeu Hideki, a indiferença estampada no rosto.

    Três dias atrás…

    Num esconderijo da Fundação, pouco mobiliado, Hideki entrou. Riley estava sentado, rabiscando desenhos espalhados sobre a mesa. Hideki aproximou-se, colocando sobre a mesa uma vasilha com maçãs cortadas.
    — Coma isto — disse, sentando-se em frente.

    Riley pegou uma maçã, sem tirar os olhos dos desenhos.
    — Quer? — ofereceu ao portador.

    — Não. — seco.

    O menino apenas assentiu, mordendo devagar. Após alguns instantes, quebrou o silêncio:
    — Você tem tabuleiro de xadrez?

    Hideki desviou o olhar, impassível.
    — Não.

    — Você gosta de xadrez? — insistiu Riley, arqueando as sobrancelhas.

    — Não. — resposta curta, como uma lâmina.

    O menino inclinou a cabeça, intrigado:
    — Por quê?

    — Porque não para de comer as maçãs? — rebateu Hideki, irritado.

    — Eu gosto de xadrez… desde pequeno. — Riley sorriu levemente, ajeitando os desenhos.

    O silêncio caiu pesado, mas o garoto não desistiu:
    — Você não gostava quando era criança?

    Hideki respirou fundo, tentando controlar a irritação:
    — Se eu responder, você continua comendo e cala a boca?

    — Sim. — a convicção de Riley foi clara.

    — Eu desgosto de especulação e contemplação — respondeu Hideki, a voz seca.

    — Mas xadrez é pensar e praticar… — Riley insistiu.

    Hideki levou a mão à testa, murmurando consigo:
    — Isso é chato…

    — Hideki, apresente-se ao canto de Zarek — anunciou uma voz metálica vinda do microfone no canto da porta.

    Ele se levantou sem hesitar. Riley continuou a mastigar calmamente o último pedaço de maçã.
    — Estavam muito boas… — comentou, valorizando o gesto simples.

    — Eu vou te fazer gostar de xadrez — Riley disse, sorrindo, selando um pacto silencioso.

    Hideki abriu a porta e saiu sem olhar para trás.

    […]

    Pouco depois, no quintal do esconderijo, um espaço com gramado aparado e árvores isoladas, Zarek estava parado, braços erguidos, com a teatralidade de sempre.
    — Por que não está na sala? — perguntou Hideki, aproximando-se, firme e contido.

    — Ah, Hidekizinho… Aqui é melhor. Sente esse ar poluído… até as pequenas cidades são horríveis, mas eu gosto daqui — respondeu Zarek, o tom carregado de teatralidade.

    — Fui chamado. O que tem para mim? — direto.

    Zarek aproximou-se, sorriso torto, olhar curioso.
    — O que acha daquele menino? — sussurrou.

    — Não é burro como a maioria da idade dele — respondeu Hideki, seco.

    — Ah, claro… Saik, aquele que cooperou com a Torre em Dynami. — Zarek sorriu de escárnio.

    Hideki permaneceu imóvel.
    — Me chamou por mais alguma coisa? — questionou.

    Zarek tirou do bolso uma fotografia dobrada, mostrando Nikki Williams.
    — Quem é esse? — perguntou Hideki, já sabendo a resposta.

    — Nikki Williams. Quero que acabe com ele. Está por perto. Elimine-o. — firme, quase paternal no gesto.
    — E daqui a três dias, você e seu irmão irão a São Paulo. Sem adiamento.

    — Por que não deixar o Tramen sozinho? — indagou Hideki.

    — Não… adoro ver vocês trabalhando juntos. Sempre perfeito — respondeu Zarek, indulgente.

    — Já entendi. Deixa comigo — afirmou Hideki, firme, sem espaço para réplica.


    Na mesma tarde, Hideki atravessava uma região movimentada. A multidão se movia em pressa caótica, mas ele avançava com calma letal. Entrou numa lanchonete quase vazia, silêncio pesado em torno. O olhar de Hideki encontrou imediatamente o do outro cliente: Nikki Williams.

    — Posso fazer companhia? — disse Hideki, puxando a cadeira.

    Nikki olhou desconfiado, tomando um gole de suco.
    — É… — murmurou, tenso.

    — Está acompanhado? — investigou Hideki.

    — Sim! — mentiu Nikki, tentando soar convincente.

    Hideki percebeu. — Está mentindo. — e virou-se para os atendentes.
    — Fechem o estabelecimento.

    — Quem é você? — exclamou um deles.

    — Não podemos fazer isso! — protestou outro.

    Hideki suspirou, exasperado.

    Nikki o encarou, lembranças brotando:
    — Você… — murmurou. — Foi você… matou meu pai!

    Em um movimento rápido, Hideki arremessou a arma Nullite S1 de Nikki em uma lixeira. A luta começou. Socos, cadeiras, faca… tudo desordenado, tudo inútil. Hideki desviava com precisão. Em um instante, torceu o braço de Nikki com brutalidade, derrubando-o. Um golpe certeiro no tendão encerrou a resistência.

    Hideki permaneceu de pé, frio:
    — Se sua missão era me matar, esqueça. Perda de tempo. — Sua voz cortava o ar. — Pode salvar milhões, se cooperar.

    — O que… está falando? — gemia Nikki, incapaz de se erguer.

    — São Paulo sumirá do mapa em poucos dias. Duas opções: cooperar e viver, ou recusar e morrer agora. — Pausou, deixando o silêncio esmagar Nikki. — O que vai fazer?

    Olá, leitores! Sou o Kailan. Quero avisar que os capítulos de Akarui! serão publicados semanalmente, sempre às segundas, quartas e sextas-feiras. Fiquem ligados para não perder nenhum detalhe da história.

    Observação: O Arco dos Corajosos está…

    Amo vcs!

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