Índice de Capítulo

    Passaram-se cerca de dois milênios desde que Brangara se tornou o Rei Javali. Então, após um clarão de correntes de energia, um ser etéreo se manifestou sobre o Continente de Sumatra.

    Era um humanoide com a cabeça em formato de polvo. Os tentáculos em seu queixo pendiam como rios intermináveis, tornando-se cada vez mais translúcidos à medida que se distanciavam, até se perderem em um dos mundos celestiais que pairavam no alto do céu.

    Transcendente de Grau Místico — Tentáculo Empíreo!

    Renduldu retornara para manter sua promessa ao Clã Mamute. Primeiro, ele foi ao outro continente, onde a mais forte manada de Presas Empíreas havia se aventurado. Contudo, aquela era uma geração antiga.

    Dois milênios já haviam se passado. A manada fora totalmente substituída por uma nova geração, e todos os seus membros lhe eram estranhos. Depois disso, ele retornou ao Continente de Sumatra e avistou uma manada com 62 Presas Empíreas.

    O número inicial de 88 havia caído para 62, e nenhuma delas pertencia à linhagem original. Eram descendentes dos sobreviventes da geração anterior.

    “Este lugar é totalmente estranho para mim agora.” Ele suspirou. “Dois mil anos é realmente muito tempo, embora não tenha parecido nada lá em cima.”

    Ele vasculhou o Continente de Sumatra, sem mais conseguir sentir sua raça em campo aberto. Enquanto procurava pelo Tentáculo Empíreo de Ferro, acabou se deparando com o Rei Javali.

    O Rei Javali já havia devorado o Tentáculo Empíreo de Ferro e agora possuía sua Natureza Primária. Por causa disso, nenhum Tentáculo Empíreo de Ferro jamais surgiu no Continente de Sumatra. Este era seu estratagema para garantir que um Tentáculo Empíreo Místico nunca aparecesse para disputar seu posto de ser supremo do Continente de Sumatra.

    O Tentáculo Empíreo de Ouro estava nas mãos do Chefe do Clã Mamute que liderava a manada de 62 Presas Empíreas — Raaha. Ele havia se fundido com ele.

    Foi o seu surgimento que pôs fim ao massacre impiedoso da manada de Presas Empíreas, permitindo que o equilíbrio fosse restaurado ao frustrar repetidamente os ataques do Rei Javali.

    Justo quando Renduldu planejava retornar, desanimado, ao Mundo Transcendente, ele sentiu a presença do Tentáculo Empíreo de Prata. No final da rota estava Yahard Tusk, o Líder do Assentamento da 43ª Presa Empírea: Harrala.

    “Existe outra manada de Presas Empíreas aqui?” Ele então notou uma certa figura se movendo na retaguarda da manada — velha, fraca, indefesa — e gritou em choque: “G-Gannala?”

    “O que… o que aconteceu com você?” Sua imagem pairou diante dos olhos dela, incrédulo, enquanto sentia a presença dela. “Você… como isso é possível?”

    “Por que você está mais fraca que uma Presa Empírea, quando deveria ser a mais forte delas a existir na história?”

    Ele tocou suavemente a pálpebra dela, comunicando-se com ela. Como um Transcendente, ele não estava mais restrito como antes, sendo capaz de se comunicar com qualquer forma de vida que desejasse.

    [Tio Renduldu…? Você voltou! Assim como você disse que faria!]

    Ouvindo a voz alegre dela, Renduldu lacrimejou de nostalgia. “Como você esteve, Gannala?”

    No momento, ele havia chegado como uma forma de energia, perceptível apenas para aqueles a quem se revelava. Ele não podia chegar em seu corpo verdadeiro, pois a entrada de Transcendentes era proibida em mundos inferiores por serem poderosos demais.

    [Brangara se tornou uma ameaça! Ele está nos caçando sem parar! Estou fazendo o meu melhor para esconder minha existência até agora. Ele soube da existência desta manada, mas ainda não está ciente de que estou viva. Eu garanti que não esbarremos nele!]

    “Não estou preocupado com um mero javali, Gannala. Estou preocupado com você.” Disse Renduldu em tom sério. “Por que… você está tão fraca? Eu esperava que a esta altura você já tivesse se tornado uma Besta Prânica de Grau Místico e estivesse se preparando para se tornar uma Transcendente.”

    [Para sobreviver, tive que turvar meu caminho. Não é mais possível que eu me torne uma Besta Prânica de Grau Místico! Por isso, venho acumulando forças todo esse tempo. Você chegou na hora certa. Dê uma olhada nos meus sete filhos maravilhosos!]

    “Hmm…” Renduldu observou sete bebês no 44º Assentamento, sentindo emanações de energia temíveis flutuando sobre os corpos deles, imperceptíveis para todas as formas de vida em Sumatra. Apenas ele, um Transcendente, podia senti-las, e murmurou em choque: “Você… implantou um caminho em todos eles?”

    [Sim! Eu influenciei com muito cuidado meu Clã Mamute a procriar seletivamente para que a prole mais refinada e adequada nascesse, geração após geração. E em cada uma delas, infundi um pingo de minha essência. É por isso que minha força caiu tão bruscamente, porque eu estava queimando meu próprio caminho para construir um para eles. 

    Cada membro do Clã Mamute possuía um tijolo que foi passado através das eras, acumulando-se nos corpos dos sucessores de maneiras distintas para que forjassem seus próprios caminhos. No fim, os caminhos se formaram por completo nessas sete crianças!]

    Sete Caminhos para o Grau Místico.” Renduldu sorriu, empolgado. “Você não existe, Gannala. Então, está me dizendo que estes sete poderiam basicamente criar sete maneiras para uma Presa Empírea alcançar o Grau Místico? Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos, não teria acreditado. Até minha raça só tem um caminho.”

    [Ainda não é uma garantia! Quero que você verifique e me diga. O tamanho dos caminhos delas varia muito!]

    “Entendo…” Renduldu franziu a testa. Dividindo o caminho de Gannala em cem fragmentos, ou cem tijolos, ele calculou o tamanho dos caminhos das sete crianças. Bastou um olhar para que soubesse seus nomes, e então murmurou:

    Resha, 27 tijolos. É um caminho robusto. Vejo que o sucesso é garantido.”

    Orakha, 20 tijolos. Um caminho bem sólido. O resultado também parece interessante.”

    Yennda, 2 tijolos. Nunca pensei que um caminho tão pequeno fosse possível. Também parece ser o mais frágil.”

    Grehha, 14 tijolos. É de longe o caminho mais estável de todos, mas também o mais lento. Sinto que nem mesmo a vida inteira de uma Presa Empírea seria suficiente.”

    Blola, 4 tijolos. Depende principalmente da sorte e se fia demais no acaso. É quase impossível, não vejo como poderia ser concluído.”

    Inala, 16 tijolos. É um caminho versátil, com muitas alternativas. Parece ser o mais fácil de trilhar, embora não seja tão estável quanto o de Resha.”

    Virala, 17 tijolos. Hmm, surpreendente. É extremamente instável. Pode resultar em um sucesso estrondoso ou em um desastre absoluto.”

    [O que você acha?]

    “Todos os sete caminhos são legítimos.” Renduldu assentiu. “Mas sinto que o de Resha é o que tem a maior chance de sucesso. No entanto, tenho a sensação de que o êxito de todos eles depende de mim.”

    [Você está certo. Eu os criei sob a premissa da sua chegada. Depois que deduzi os requisitos para que sua raça e o Javali Empíreo alcancem o Grau Místico, descobri o último elemento necessário para as Presas Empíreas!]

    Além de uma infinidade de pré-requisitos, existia o elemento final. Era a última peça do quebra-cabeça e também a mais difícil de se obter.

    Para o Tentáculo Empíreo, as vivências, memórias, personalidades e Naturezas de todos os três Tentáculos Empíreos devem ser condensadas em um só. Feito isso, o ser alcança o Grau Místico.

    Para o Javali Empíreo, era preciso ingerir a Natureza Primária de todos os seus semelhantes e ativá-la para atrair um Raio da Transcendência. O ponto crucial era justamente atrair o Raio. Se a quantidade de Naturezas Primárias do Javali Empíreo fosse insuficiente, o raio não seria atraído, resultando em falha.

    Para a Presa Empírea, era preciso viver em duas realidades distintas. Isso significava que qualquer Presa Empírea que desejasse alcançar o Grau Místico deveria, no mínimo, ir para outro mundo para viver em outra realidade. Era algo impossível.

    Os vários continentes faziam parte de um mundo. Mesmo deixar o Continente de Sumatra não era fácil, para não mencionar ir para outro mundo.

    Os Mundos Transcendentais eram de fato outro mundo, mas alcançá-los era impossível. Portanto, a única outra alternativa era…

    “Meu poder.” Renduldu se surpreendeu ao encarar Gannala. “Será árduo, mesmo para mim. Não posso trazer ninguém que não seja um Transcendente para os Mundos Transcendentais.”

    [Mas você deve conhecer um mundo nascente cujas leis ainda não terminaram de se formar. Leve-os para lá!]


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