Capítulo 139: Eu Sou um Autêntico Membro do Clã Mamute
As Crônicas de Sumatra eram, em essência, um relato do futuro que Renduldu havia visto através de sua habilidade de Visão do Futuro. Seu objetivo era trazer os reencarnados de volta. Contudo, para que parecesse uma atitude tomada por raiva ao ver as críticas negativas, Renduldu escondeu a verdade deles.
Isso significava que as vidas de Inala e dos outros cinco reencarnados foram simplesmente omitidas nas Crônicas de Sumatra para ocultar a verdade. O que levou a um desfecho triste. Nas Crônicas de Sumatra, os pais de Resha retornaram após o Primeiro Grande Desastre, trazendo consigo um filhote de Presa Empírea.
Eles pareciam desolados devido ao que quer que tenham vivenciado durante a missão. Poucos dias depois, após ensinarem a Resha todas as Habilidades que haviam adquirido na missão, eles cometeram suicídio.
As Crônicas de Sumatra não entraram em detalhes. No entanto, mencionaram que, por serem os únicos sobreviventes de seu grupo, os pais de Resha sentiram-se na obrigação de se juntar aos demais no pós-vida. As experiências durante a missão apenas os desgastaram e levaram seu sentimento de culpa ao extremo.
Resha respeitava o sacrifício deles, pois sua chegada deu esperança ao Clã Mamute. Mas agora, Inala sabia de toda a verdade.
O tal grupo que acompanhava os pais de Resha era composto pelos pais dos seis reencarnados, seus pais autênticos. E eles haviam morrido durante a missão, pois o filhote que roubaram pertencia à outra manada de Presas Empíreas.
Para não atrair a ira da outra manada sobre seus Membros de Clã, os pais de Resha cometeram suicídio logo após o sucesso da missão. O objetivo era apagar seus rastros do assentamento.
E como as duas manadas de Presas Empíreas não tinham nenhum cruzamento em suas rotas, elas nunca se confrontariam. Foi esse o raciocínio que tiveram momentos antes da morte. Estavam satisfeitos, pois haviam tido sucesso na missão que se propuseram a cumprir.
As pessoas que foram seus pais na Terra e em Sumatra eram as mesmas. Mas a morte deles foi tão abrupta quanto sua reencarnação.
Como faziam parte do grupo que roubou um filhote de Presa Empírea, a manada os teria perseguido. Seus pais se tornaram mártires durante a fuga.
Inala ficou triste. Ele era próximo dos pais. Não importava o quanto estivessem desapontados com seu jeito isolado na Terra, eles ainda deixaram bens em seu nome para garantir que ele pudesse viver confortavelmente apenas com os juros e o aluguel.
Eles não teriam feito isso se não amassem o filho. E mesmo em Sumatra, deram a vida para lutar pelo futuro do assentamento onde Inala vivia, plenamente cientes da morte iminente de Gannala.
‘Que porra eu estava fazendo esse tempo todo?’ Inala repreendeu a si mesmo. ‘Eu acreditava que poderia viver sozinho e não ficar preso ao Clã Mamute, desde que a pequena Gannala crescesse. Poderíamos viajar para onde quiséssemos por conta própria, sem amarras. Merda!’
No momento em que percorreu as memórias adquiridas da Gannala anterior, a sensação de desconexão que sentia com Sumatra desapareceu. Ele era, de fato, um habitante deste mundo, nascido no 44º Assentamento, filho de seus pais, Gahar e Chanya.
O Clã Mamute era o seu lugar. Era seu lar. Ele era um verdadeiro Membro do Clã Mamute, de carne, sangue e alma.
‘Eu vou e devo lutar pelo meu povo. Mesmo que eles não estejam mais aqui, serei um filho que os deixará orgulhosos.’
‘Eu já os decepcionei na Terra. Pelo menos aqui, no mundo de Sumatra com o qual sempre sonhei, vou me tornar alguém que os deixará orgulhosos.’ Inala se levantou e enxugou as lágrimas. “Lutarei com todas as minhas forças e vencerei.”
“O Clã Mamute não será aniquilado.”
Ele olhou ao redor, notando que estava sozinho no cômodo. Levantando-se, entrou no cômodo ao lado, observando a figura de Asaeya adormecida, aninhando a pequena Gannala, que parecia ter crescido bastante desde a última vez que a vira.
No momento em que entrou, a bebê pareceu ter sentido sua presença, pois acordou e guinchou de alegria: “Dada!”
Inala se aproximou da pequena Gannala e a pegou no colo, e acabou usando sua Gravidade Inercial Interna com força total. “Você ficou mais pesada.” Ele comentou.
“Uwaa!”
“Não estou te chamando de gorda.” Inala deu um sorriso irônico, aceitando a pequena Gannala como sua filha.
‘É hora de parar de ser mesquinho. Vamos apenas esquecer que Oyo um dia existiu. Pensar nela só me irrita, então não vou fazer isso.’
Ele a aninhou em seus braços e foi até o cômodo com as Bombas Vitais,1 notando o quanto haviam sido consumidas para então calcular: “Fiquei inconsciente por quatro meses?”
“Gua!”
“Está com fome?” Inala fez uma Bomba Vital voar em sua direção, transformou as mãos em Garras de Zinger Empíreo e perfurou um buraco, observando o fluido de dentro escorrer como um riacho e entrar na boca da pequena Gannala.
Ela o sugava com naturalidade, experiente na tarefa. Em questão de segundos, ela terminou uma Bomba Vital.
Inala continuou a alimentá-la até que ela estivesse satisfeita, usando mais vinte Bombas Vitais.
‘Ela tem um apetite voraz.’
Ele então fechou os olhos e se concentrou em sua Natureza Secundária de Gravidade Inercial Interna, não conseguindo mais sentir o Rei Javali.
‘Ele deve ter ido para bem longe.’
“Inala…?” A voz de Asaeya ecoou quando ela acordou e notou que a pequena Gannala não estava mais ao seu lado. Ela se levantou e foi até o cômodo com as Bombas Vitais, surpresa por um momento antes de abraçá-lo, aliviada. “Você finalmente acordou!”
“Eu estive ansiosa esse tempo todo!”
“Sinto muito.” Inala se desculpou e a observou. Olheiras profundas, um Recipiente Espiritual instável, um corpo desnutrido, cabelo desgrenhado, etc. Ela estava um caco.
Ela não havia dormido direito nos últimos quatro meses, tendo que cuidar da pequena Gannala sem parar. Suas preocupações a impediam até mesmo de comer e cultivar em paz, o que fez sua saúde mental sofrer um abalo.
Viver no Vazio Cinza-Arenoso a desgastou ainda mais. Embora os cristais luminescentes dentro da casa mantivessem o ambiente iluminado, quando ela espreitava para fora do lar feito de Bombas de Prana, tudo o que via era a escuridão absoluta.
Era aterrorizante. Parecia que as paredes finas da casa eram a única coisa que os protegia dos horrores infindáveis lá fora. O fato de ter que derramar constantemente os fluidos das Bombas de Prana nas paredes para remendá-las só aumentava suas preocupações.
O Vazio Cinza-Arenoso corroía constantemente as paredes do lar deles. Às vezes, surgiam até rachaduras, o que a apavorava. Toda vez que isso acontecia, ela precisava derramar mais do fluido das Bombas de Prana sobre elas. Somente quando as paredes voltavam a crescer e ficavam espessas o suficiente é que ela conseguia sentir um pouco de alívio. Mas toda essa provação a estressava incessantemente, especialmente porque, no início, ela entrou em pânico, questionando se o plano de Inala havia funcionado.
Do contrário, o Rei Javali os encontraria. Ela tinha pesadelos diários sobre o Rei Javali os encontrando. Se aquilo continuasse por mais alguns meses, seu Recipiente Espiritual teria se estilhaçado.
“Você está acordado… Você está acordado! Você finalmente acordou!!” Asaeya repetiu, como um disco arranhado, e se recusou a soltar Inala, abraçando-o com força.
Ela estava traumatizada.
- Não lembro se comentei nos caps anteriores, mas seguro morreu de velho: modifiquei a tradução da habilidade “Bomba da Vida” para “Bomba Vital”.[↩]
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