Índice de Capítulo

    A trombeta ressoou pelo ar gélido, um som profundo e reverberante que ecoou pelas vastas extensões da fortaleza de gelo dos gigantes.

    As muralhas imponentes começaram a se abrir lentamente, revelando o portão de gelo maciço que era a última defesa contra os invasores das Ilhas das Brumas. Lá fora, os guerreiros das Ilhas, em suas armaduras rúnicas, aguardavam com olhos fixos na abertura iminente.

    O portão finalmente se abriu, e os gigantes avançaram em uma marcha determinada.

    Flechas enormes, cada uma do tamanho de um cavalo, foram disparadas pelos defensores. As flechas voaram como árvores lançadas pelo vento, esmagando fileiras inteiras de soldados das Ilhas das Brumas.

    A destruição foi instantânea e avassaladora, mas os invasores não recuaram.

    Magos vermelhos, em seus mantos flamejantes, conjuraram bolas de fogo que pareciam meteoros caindo do céu. A chuva de fogo desceu sobre os gigantes, incinerando aqueles que não conseguiam se esquivar a tempo.

    Gritos de dor e raiva encheram o ar, mas os gigantes continuaram avançando, determinados a defender seu lar até o fim.

    Closgant, o rei gigante, estava à frente de seus homens. Sua espada enorme cintilava com a luz do fogo enquanto ele a brandia com força e precisão.

    Em um único golpe, ele cortou dez homens, suas armaduras rúnicas e carne se partindo sob a lâmina poderosa. O sangue espirrava no gelo, formando poças escarlates, maculando o branco.

    A batalha era feroz e implacável.

    Mas a vantagem dos magos vermelhos era clara. Eles continuavam a conjurar suas bolas de fogo, as explosões derrubando gigantes e incendiando suas peles duras.

    Closgant foi atingido várias vezes, seu corpo gigantesco marcado por queimaduras. Mesmo assim, ele não parava.

    Cada vez que se levantava, mais feroz e determinado, ele avançava sobre os invasores, sua espada uma extensão de sua vontade indomável.

    Os homens de Closgant lutavam com uma bravura desesperada. Mesmo feridos, exaustos e em menor número, eles enfrentavam os soldados das Ilhas das Brumas com tudo o que tinham. Mas a maré da batalha estava virando. Os gigantes, um a um, começaram a cair.

    O campo de batalha estava coberto de corpos e sangue, o gelo tingido de vermelho pela violência sem fim.

    Closgant, ferido e queimado, continuava a lutar. Seu corpo estava coberto de cortes profundos e queimaduras, mas sua determinação não vacilava.

    Ele era um farol de esperança e resistência para seus homens, mas até ele tinha seus limites. Cercado por inimigos, ele continuava a balançar sua espada, abatendo soldados das Ilhas das Brumas com cada golpe. Mas a exaustão estava cobrando seu preço.

    Os magos vermelhos, vendo a oportunidade, concentraram seus ataques nele. Bolas de fogo colidiram contra seu corpo, a dor imensa rasgando seus sentidos.

    Ainda assim, ele não caiu.

    Um grupo de soldados aproveitou a distração e atacou de todos os lados, suas lâminas perfurando a pele resistente do gigante.

    Closgant gritou em dor, mas continuou a lutar, sua espada ceifando vidas até o último momento.

    Finalmente, com os homens de Closgant abatidos um por um, restou apenas o rei gigante.

    Ele estava cercado, sua respiração pesada e irregular, o corpo ferido e queimado. Sangue escorria de seus muitos ferimentos, manchando o gelo abaixo dele.

    Mesmo assim, ele ergueu sua espada uma última vez, seus olhos fixos nos inimigos ao seu redor.

    Os soldados das Ilhas das Brumas hesitaram, admirando a coragem indomável do rei gigante. Mas a batalha precisava ser vencida. Eles avançaram juntos, um ataque coordenado e implacável.

    Closgant, exausto e ferido, ainda conseguiu derrubar alguns antes de ser finalmente sobrepujado. Ele caiu de joelhos, sua espada ainda firmemente em suas mãos, seus olhos desafiadores até o último momento.

    Com um último suspiro, Closgant tombou, seu corpo gigante caindo pesadamente no gelo.

    Os guerreiros das Ilhas das Brumas, vitoriosos, cercaram o corpo caído do rei. Um silêncio respeitoso caiu sobre o campo de batalha enquanto eles erguiam a cabeça do rei gigante, uma expressão de desafio ainda gravada em suas feições.

    Seus olhos, agora sem vida, pareciam desafiar os invasores mesmo na morte. O peso da cabeça era imenso, mas os soldados trabalharam juntos para levantá-la, exibindo-a como um troféu.

    Eles tentaram pegar a espada de Closgant, a imensa lâmina que havia ceifado tantas vidas naquele dia. No entanto, a espada era pesada demais para qualquer um deles portar sozinho.

    Mesmo com vários soldados tentando, a arma do rei gigante permanecia no chão, um testemunho da força monumental de seu antigo dono.

    Com a cabeça de Closgant erguida como símbolo de sua vitória, os guerreiros das Ilhas das Brumas avançaram para dentro da cidade.

    As ruas estavam desertas, as casas abandonadas.

    Parecia que os gigantes haviam desaparecido, deixando apenas o vazio. As portas estavam abertas, e os interiores das casas indicavam uma evacuação apressada. Objetos pessoais estavam espalhados, como se tivessem sido saqueados às pressas.

    Naryn, um dos comandantes, olhou ao redor com desconfiança. — Eles devem ter escapado por algum esconderijo — ele disse, sua voz ecoando nas ruas desertas. — Não pode ser que todos tenham simplesmente desaparecido.

    Aeldric, o comandante-chefe, assentiu. — Talvez tenham utilizado túneis ou passagens subterrâneas. Mas isso não importa agora. O Norte pertence a nós. — Ele virou-se para seus homens e ergueu a voz. — Hasteie a bandeira da Ilha das Brumas no topo do palácio. Deixem que todos saibam que o Norte agora é nosso.

    Os soldados rapidamente obedeceram. A bandeira da Ilha das Brumas, o símbolo de um sol dourado, foi levada até o topo do palácio de gelo.

    Eles trabalharam juntos para fixá-la no ponto mais alto, e quando a bandeira foi finalmente içada, ela tremulou majestosamente ao vento frio do Norte.

    Enquanto a bandeira se agitava, os guerreiros das Ilhas das Brumas ergueram suas armas em triunfo

    Com a bandeira das Ilhas das Brumas dominando o horizonte, o silêncio desolador da cidade vazia parecia ecoar a resistência e a coragem dos gigantes que haviam defendido seu lar até o último suspiro.


    A vila pacata estava envolta em um ar de tranquilidade, diferente das lutas ferozes que ocorriam em outras partes do continente.

    Soldados de Runyra estavam espalhados pela praça central, aquecendo pedaços de carne de cervo nas fogueiras enquanto trocavam histórias de batalhas e sonhos de um futuro pacificado.

    O crepitar das chamas e o cheiro de carne assada criavam um ambiente acolhedor, apesar das incertezas que pairavam no ar.

    Dasken caminhava entre os homens, a fumaça de seu cigarro se dissipando no ar frio da noite. Ao seu lado, Falone o acompanhava. — Mais dois grupos rebeldes foram abatidos ao leste — disse Falone, quebrando o silêncio. — Restam poucos agora. Quando terminarmos, poderemos finalmente retornar para casa.

    Dasken assoprou a fumaça, seus olhos fixos no horizonte. — Mal posso esperar por isso — respondeu ele, sua voz carregada de saudade. — Tem tempo que não vejo meu filho.

    Falone olhou para ele, uma expressão de curiosidade no rosto. — Você acha mesmo que Colin vai pacificar o continente?

    Dasken assentiu, convicto. — Sim. Colin nunca nos desapontou. Não falta muito para isso. Só resta um inimigo agora.

    Falone suspirou, aquiescendo. — Você tem razão. — Ele fez uma pausa, pensativo, antes de perguntar: — O que você fará quando o continente for pacificado?

    O carniceiro sorriu, um raro brilho de esperança em seus olhos. — Vou comprar uma fazenda, me casar novamente, ter mais filhos… essas coisas.

    Falone sorriu também, a visão de um futuro pacífico sendo contagiante. — Eu… vou pedir Lettini em casamento.

    Dasken ergueu uma das sobrancelhas, surpreso. — Desde quando vocês estão juntos?

    — Desde aquela missão nas terras da antiga Ultan — respondeu Falone, um toque de emoção em sua voz. — Gosto do jeito maluco dela…

    Dasken deu dois tapinhas calorosos nos ombros do amigo. — Desejo sorte a vocês, que tenham muitos filhos!

    De repente, ambos sentiram uma energia poderosa vindo da mata ao redor da vila. Instintivamente, sacaram suas espadas, os sentidos em alerta.

    Os arbustos se agitaram, e, emergindo das sombras, apareceu Grakk, um imponente humanoide tigre. Seus olhos brilhavam de determinação, e seus movimentos eram graciosos e ameaçadores ao mesmo tempo. Ele não estava sozinho; outros humanoides tigres, igualmente assustadores, o acompanhavam, suas presenças imponentes e intimidantes.

    — Quem são vocês? — indagou Dasken cuspindo o cigarro.

    Os soldados de Runyra, que haviam estado relaxados momentos antes, agora estavam em estado de alerta total, formando rapidamente uma linha de defesa.

    — São gente de Runyra, né? — rosnou Grakk. — Desculpem, isso não é pessoal.

    — Há alguns fortes cheios de homens no caminho para cá — Falone engoliu em seco. — Como chegaram aqui sem sermos avisados?

    Grakk deu um passo à frente. — Matamos todos.

    “Ele está blefando…? Não… não parece… ele matou mesmo todos os carniceiros que protegiam aqueles fortes? Eles estavam longe de ser fracos, mas… merda!”

    — Sinto muito, humanos, mas não posso permitir que nenhum de vocês escape.

    Grakk avançou alguns passos, suas garras afiadas brilhando à luz das fogueiras.

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