Capítulo 145: Esculturas de Madeira
Os Lagartos Vacilantes ficaram subitamente cegos, reagindo com puro terror. Enquanto estavam indefesos, uma Arma Espiritual em forma de chakram1 fatiou seus pescoços.
Arte Óssea Mística — Marionetismo!
Controlando seis Armas Espirituais, Asaeya dizimou os Lagartos Vacilantes, agora privados de visão, audição e olfato. Tinham se tornado meros alvos imóveis para ela abater.
Pelas três horas seguintes, Asaeya continuou a matança, criando um rio de sangue até extravasar toda a sua fúria. A carnificina permitiu que ela recuperasse sua compostura habitual, voltando ao seu estado mental de sempre.
Além disso, a luta serviu para que ela se habituasse ao seu corpo adulto. Afinal, seu corpo não só havia ganhado massa, como também estatura. Por isso, ela precisava de um tempo para se adaptar.
Enquanto ela se ocupava, Inala derrubou algumas árvores e usou sua Habilidade de Escultor, em conjunto com a de Marionetismo, para criar esculturas de madeira.
Ele esculpiu figuras realistas dos Lagartos Vacilantes, tanto em miniaturas quanto em tamanho real. Com seu nível de habilidade, a tarefa foi muito mais fácil.
As Armas Espirituais que ele usava para entalhar eram, na verdade, Bombas de Prana moldadas como ferramentas de escultura. Assim, ele podia aumentar ou diminuir a densidade delas conforme sua vontade, possibilitando uma maior variedade de técnicas de entalhe.
Quando o cansaço batia, eles voltavam para casa. Embora planejassem seguir para a Cidade Comercial de Ellora, ainda não estavam prontos. Faltavam alguns preparativos antes de poderem iniciar a jornada.
Inala passou metade da noite esculpindo; na outra metade, acumulou Bombas de Prana e Bombas Vitais. Reduzindo-as ao menor tamanho possível, ele as guardou em sua Lanterna de Armazenamento.
No momento, o primeiro andar de sua Lanterna continha pó de osso de Presa Empírea. O segundo, marionetes realistas dele, de Asaeya e da pequena Gannala. O terceiro guardava roupas, dinheiro e uma variedade de itens necessários para a vida que teriam na cidade.2
O quarto andar estava abarrotado de Bombas de Prana e Bombas Vitais. Embora parecessem idênticas, Inala conseguia distingui-las — algo que apenas um Zinger Empíreo seria capaz de fazer.
Asaeya, por sua vez, pintava paisagens de montanhas e rios, inspirando-se na beleza cênica do Cânion Dieng.
O amanhecer se aproximava quando Inala e Asaeya entraram em casa, trazendo consigo todas as peças de madeira que haviam criado. Após arrumarem tudo, esperaram pacientemente, observando os Lagartos Vacilantes limparem o terreno de qualquer vestígio da batalha.
O sangue, os cadáveres e todo o resto foram removidos por eles. Cuidaram até mesmo das lascas de madeira do processo de escultura, deixando o campo impecável.
Não fossem os tocos das árvores, seria como se as ações de Inala e Asaeya jamais tivessem acontecido. Os Lagartos Vacilantes demonstravam certa confusão ao encarar os tocos, pois a imagem não correspondia às suas memórias.
Após um tempo, um Lagarto Vacilante lambeu um dos tocos, infundindo-o com Prana. O toco absorveu a energia e começou a crescer a uma velocidade visível a olho nu.
Duas horas depois, a árvore estava exatamente como antes de Inala a ter cortado. Um grupo de Lagartos Vacilantes havia sacrificado a vida no processo de restaurar as árvores. Seus corpos foram arrastados pelos companheiros até o rio.
O rio serpenteava por toda a região, com múltiplos afluentes que serviam de rota para os Lagartos Vacilantes se locomoverem. Era uma hidrovia esculpida com extremo cuidado.
“Até mesmo o rio foi esculpido artificialmente”, concluiu Inala. Devia haver um rio principal em algum lugar mais distante. As cinco Bestas Prânicas de Grau Prata provavelmente trabalharam juntas para desviar um grande afluente por aquela área antes que ele voltasse a se juntar ao curso principal rio abaixo.
Mesmo sendo apenas um afluente, ele se estendia por muitos quilômetros de largura, parecendo um verdadeiro rio a irrigar a região.
Naturalmente, o trecho do rio dentro do Vazio Cinza-Arenoso estava infestado de Lagartos Vacilantes. Por isso, nenhuma outra espécie de Besta Prânica se atrevia a entrar ali. Qualquer uma que tentasse seria imediatamente subjugada pelo enxame.
Havia medidas para impedir que os Lagartos Vacilantes ultrapassassem a área demarcada pelo anel do Vazio Cinza-Arenoso. Como o Vazio não cobria o rio, outra coisa os impedia de escapar por ali.
Provavelmente era o poder de uma das Bestas Prânicas de Grau Prata.
— Descanse um pouco — disse Inala a Asaeya, assim que os lagartos recuaram para a água.
— E você? — perguntou ela, enquanto alimentava a pequena Gannala.
— Ainda tenho uma coisa para fazer. — Com isso, Inala sentou-se no telhado de sua casa e fez o Prana circular por suas mandíbulas.
Estágio 1 — Mandíbula!
— Kieeek! — ele gritou na língua dos Zingers Empíreos. Em seguida, ficou em silêncio. Quase um minuto depois, veio uma resposta.
— Kieekeke!
Ao ouvir o chamado, a expressão de Inala se tornou uma mistura de euforia e tensão. Ele esperou pacientemente por algumas horas, aproveitando o tempo para esculpir casualmente.
Logo, ele avistou um bando de criaturas planando no céu. Com um sorriso, levantou-se e abriu os braços.
— Venham aqui!
— Kieek!
— Kuaak!
— Guaa!
Mais de trinta Zingers Empíreos voaram em sua direção, pousando ao redor da casa. Seis deles assumiram suas formas em miniatura e pousaram em sua cabeça, piando sem parar.
Ele leu as memórias de um por um, focando por fim nos três novos indivíduos.
Rei Zinger Empíreo!
Rainha Zinger Empírea!
Havia dois Reis e uma Rainha, claramente nascidos da armadilha que ele preparara para o Rei Javali. Eles eclodiram usando a Prana e a Força Vital de uma Besta Prânica de Grau Místico.
Por isso, mesmo que a absorção de energia tivesse durado pouco, a qualidade era tão alta que os gerou com facilidade.
Após eclodirem, eles permaneceram escondidos até a partida do Rei Javali. Durante esse tempo, espionaram suas ações, observando-o furtivamente em suas formas diminutas. A presença deles era tão sutil que, em seu acesso de raiva, o Rei Javali nem os notou.
Por que uma existência suprema se importaria com cada formiga em seu caminho? E Inala fizera questão de enterrar os ovos em uma região cheia delas.
Agora, através de suas memórias, Inala ficou a par de tudo: desde o momento em que o Rei Javali entrou na caverna até o acesso de fúria em que destruiu tudo pelo caminho.
Ao descobrir que o Rei Javali havia mapeado a localização das cinco Bestas Prânicas de Grau Prata e passado a maior parte do tempo observando as cinco Tribos Devastadas, Inala deduziu suas intenções.
Brangara planejava criar seus próprios Membros de Clã. E o método que ele usaria não era diferente do que Gannala fizera no Reino Sagar.
Como podia se transformar em humano, ele pretendia ter filhos com os Humanos Livres. Com o tempo, surgiriam Membros de Clã, através dos quais Javalis Empíreos nasceriam.
— O futuro mudou drasticamente — murmurou Inala, mas não se sentia pressionado. Pelo contrário, estava animado.3
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