24/04/029, às 06:21.

    Verion ficou sozinho no quarto após ser acordado pela irmã. Ainda sonolento, levantou-se da cama para se alongar. Grunhiu, sentindo um leve desconforto por ter dormido em uma postura não muito agradável para sua coluna.

    “Melhor não me atrasar mesmo, o John já deve ter chamado o guia.”

    Parou na frente de um enorme espelho e encarou o próprio reflexo. Os cabelos castanhos, um pouco desgrenhados, eram um tanto volumosos e quase cobriam as orelhas.

    “Eu deveria cortar um pouco em algum momento…”

    Pegou suas novas roupas, preparadas especialmente para a viagem. Uma calça branca e belas vestes brancas que desciam pouco acima da altura do joelho. Foram coisas que costurou à mão, deixando de lado seus velhos jalecos.

    “Tecido leve e claro, isso vai fazer o solzinho ser menos sofrido nessa viagem.”

    Saindo do quarto, caminhou pelo corredor do segundo andar. Os ruídos da madeira rangendo o despertaram do sono conforme seguia. Desceu ao primeiro e encontrou a irmã sentada em uma cadeira, bebendo café e comendo pão.

    A mesa da sala tinha alguns pães e frutas, além de alguns poucos papéis de Elta que ainda faltavam ser investigados. Verion se juntou a ela, pegando um copo branco e o enchendo de café até a borda.

    Os cabelos castanhos e brancos de Yunneh estavam consideravelmente mais longos. O vapor da bebida subia diante de seus olhos azuis. Observava com feição tranquila o irmão se acomodando na cadeira adiante.

    — Bom dia.

    Ela trajava suas novas roupas para viagem. Uma meia-calça que mudava de um azul claro para um azul escuro conforme subia, e um sobretudo preto abotoado com longas mangas pretas.

    — Yun, onde tá a Karina? — perguntou e bebeu um gole do café, quase dando um pulo por ter queimado a língua. — Affhh…

    A irmã sorriu vendo a careta dele e respondeu: — Tá esperando lá na loja do John. Quis ficar por lá pra discutir os detalhes sobre as nossas viagens.

    — Conhecendo o cuidado dela, vai deixar o John maluco com várias perguntas. — Coçou a nuca, olhando ao redor enquanto tentava organizar seus pensamentos. — Ela quer mesmo ir com você pra Benten?

    — Achei estranho também, pensei que ela ainda me odiava, mas quer ficar do meu lado nesse tempo. — Deu de ombros. — Não entendi, mas é realmente mais seguro que ela fique comigo.

    — É, cê tá forte pra caramba.

    — E quero melhorar! Afinal de contas, é pra isso que estamos começando nossa viagem. Quero ganhar os poderes de Benten pra ficar mais forte… Tô travada há tempo demais na mesma categoria, isso tá me matando aos poucos!

    — Não cheguei a treinar muito nesses tempos, em comparação com você, mas vou dar um jeito.

    Após finalizarem a refeição, pegaram suas coisas. Verion levava pendurada no ombro a mesma velha bolsa de seu pai, enquanto Yunneh carregava uma mochila grande nas costas.

    Pararam no jardim na frente de casa.

    O sol estava forte, e sentia o vento suave da manhã em seus cabelos. Pediu para que a irmã fosse na frente e escutou os passos dela se afastando.

    — Pai, sei que seu corpo está enterrado em outro continente, lá na ZNI, mas quero dizer uma coisa. — Tocou uma das rosas com a ponta dos dedos. — Nunca vou desistir do meu objetivo de levar a transcendência para toda a humanidade. Não posso subestimar essa ameaça e acreditar que um ato individual meu ou da Yun será o suficiente para derrubar esse monstro que te arrancou dos céus, Anjo.

    — A verdade é que ainda tenho medo de tudo que vai acontecer. Sei que sou fraco e que vou lidar com algo que nem você seria capaz, mas não posso me deixar abater de jeito nenhum. Tenho certeza que posso conseguir aliados por conta do sobrenome Velgo, e é isso que farei.

    — Vou tentar juntar as pessoas mais fortes que eu puder, e que apoiem meu ideal. É improvável, mas nada parece impossível o suficiente para quem já estava condenado a morte desde a infância. Vou invadir a fortaleza de Layla Zayn e roubar esse ritual. Todos serão semideuses e a humanidade poderá reivindicar seu lugar aos céus e conquistar a justiça que nos foi negada por algumas deidades.

    — Mas antes, preciso ir atrás desse meu tal irmão. Vincent Velgo parece uma péssima pessoa, né? — Riu por nervosismo. — De qualquer jeito, preciso de pessoas fortes…

    Ele abriu a bolsa e retirou um pão dela, colocando-o diante da bela rosa vermelha.

    — Guardei um pra você, não conta pra Yunneh! — Acenou e seguiu caminho para Aludra.


    Os irmãos Velgo cruzaram a longa floresta carmesim até chegarem na pequena cidade de Aludra. Vários habitantes os pararam na rua para agradecer pela ajuda financeira que deram à população local, e os novos medicamentos.

    Ganharam certa notoriedade no país, tanto por conta de Yunneh ter se tornado discípula de Lisbeth, quanto por Verion e ela terem avançado com os projetos do pai. Depositavam expectativas neles, de que levassem o legado do sobrenome Velgo adiante.

    Conquistaram uma boa quantia de dinheiro nos últimos anos, mas nada próximo dos valores astronômicos que Elta movimentava com suas patentes. Cada um levava consigo 150 mil Zaykkas, mais que o suficiente para uma viagem.

    “Quinze notas de 10 mil é assustador… Nem quero imaginar a reação da primeira pessoa que for me dar troco”, pensou Verion, observando os valores em sua bolsa.

    Os irmãos reconheceram o odor do café de longe, invadia suas narinas. No fim da caminhada, estavam diante da loja de John. Um enorme letreiro com um bigode finíssimo ficava na faixada, dando boas-vindas aos clientes.

    Ao abrirem a porta, o sino do local tocou, chamando a atenção da clientela. Idosos e jovens dividiam o estabelecimento pela manhã para beber café e comer alguma coisa. Além de uma loja de venda e troca de quinquilharias, tornou-se uma cafeteria popular.

    — Bom dia — disseram Verion e Yunneh juntos.

    Receberam a mesma reação calorosa que se via pela ruas, cumprimentos e desejos de boa sorte no que fossem fazer. Encontraram-se com John nos fundos, observando um astrolábio prateado ao lado de Karina.

    O homem de roupas escuras observava o objeto com foco total, buscando qualquer imperfeição. Nada havia mudado fora seu bigode, ainda mais longo.

    — Chegamos.

    — Finalmente, Velgo! — Deixou o astrolábio de lado e foi até eles. — Estão preparados?

    — Eu tô legal. Minha preocupação mesmo é com a segurança desse aqui — disse Yunneh ao bater no ombro do irmão com leveza.

    — Não precisa se preocupar. — John tirou do bolso um certificado e entregou na mão dela. — Como ele me pediu, consegui chamar um guia que estava disposto a levar seu irmão até Raptra de forma rápida e segura.

    Certificado de Compromisso de Guiagem

    Nome: Jon Vesiz Haorta.
    Idade: 34 Anos.
    Nacionalidade: Raptrariano.

    Sob as leis da Ordem Divina da Calamidade, comungadas na ZNI, aquele que requisita o trabalho deste ente deverá realizar o pagamento apropriado — decidido entre contratado e contratante — ou morrerá por pena capital.

    Yunneh torceu os lábios, irritada, ao pensar: “Essa porra de Layla Zayn tem mesmo algum fetiche em pena de morte… Toda hora é uma lei assim! Daqui a pouco dá pra fazer uma coleção.”

    — Meio suspeito, como tudinho que parte da ZNI… — disse ela, entregando na mão do irmão.

    Ele notou um espaço pequeno onde deveria assinar seu nome, como contratante, e o guardou na bolsa.

    — Aliás, John, você só escolheu esse cara porque ele tinha um nome parecidão com o seu? — perguntou Verion, com a mão levada ao queixo.

    — Obviamente que não!

    — Mentiroso — disseram os três, fazendo ele perder o equilíbrio no susto.

    — M-mas é sério! Não tenham essa visão boba de mim. — Segurou a ponta do bigode, desgostoso com a situação. — É um amigo com qual deixei de ter muito contato por ele morar bem longe. É de confiança, posso afirmar.

    — É mesmo, Jon Vesiz passou por aqui mais cedo. — Karina assentiu. — Ele pediu para que Verion o encontrasse na saída da cidade, rumo ao sudeste.

    O jovem Velgo acreditou na credibilidade de Vesiz pela reação da senhora. Muito provavelmente uma pessoa séria e responsável, era o que ele pensava. Nunca havia contratado um guia ou conhecido pessoalmente alguém que contratou. O contrato era bastante ameaçador e com poucos critérios.

    — Bem, seria melhor eu não deixar ele esperando…

    — Verdade, mas já vão agora? — John correu para pegar uma coisa, revirando um baú de madeira.

    — Quer mostrar alguma coisa pra gente?

    — Tcharaam! — Ele entregou dois grandes papéis enrolados para os irmãos. — Desenhei um mapa do mundo com base em tudo que eu sei!

    Curiosos, começaram a desenrolá-los. O barulho suave do papel trazia ainda mais expectativa pela visão final do trabalho daquele viciado em café.

    — Abandone o mundo da cartografia e morra.

    — Calma Yunneh!

    — Ergh… Foi mal, o treinamento com a Lisbeth tá afetando muito meu humor. — Escondeu o rosto corado atrás do mapa.

    “Na verdade você sempre foi assim. Mudou algo mesmo?”

    — Podem usar isso para se localizar. Não é nada perfeito, mas já é alguma coisa. Estamos à esquerda da cratera criada por Quilionodora.

    — Nem pra botar o nome das cidades… — resmungou ela.

    — Fiquei com preguiça, eu admito.

    John explicou que os traços em vermelho pelo mapa eram as principais linhas ferroviárias do continente deles. Acrescentou que poderiam estar erradas ou incompletas, como a parte final para rota de Raptra. Os traços amarelos pelo oceano, rotas marítimas muito utilizadas. Sobre a ZNI, explicou que área marcada em cinza na realidade cobria toda a margem do território, apenas havia deixado redondo por achar que ficaria charmoso.

    Verion logo identificou a parte cinza por conta dos livros que leu. Mazda, o círculo maior, era uma região na Zona Neutra Internacional onde qualquer forma de violência era estritamente proibida. Layla Zayn formou um poderoso grupo com os dez mais fortes daquela nação para matar imediatamente qualquer um que ousasse erguer a mão para outra pessoa ou ameaçasse a continuidade da profecia de Arthur Vogrinter.

    “Vou precisar ir pra lá em algum momento, também enfrentar essas pessoas… O maior problema nisso é que eles conseguem identificar os movimento corporais de tudo dentro desse espaço. Vai ser fácil me detectarem.”

    “Parando pra pensar, isso é uma invasão de privacidade bem tensa. Movimentos corporais…”

    — Muito obrigado pelo apoio, John. Ainda vou te retribuir bem pela ajuda — disse Verion, guardando o mapa.

    — Já é retribuição o bastante vocês continuarem os trabalhos do Elta. Não quero seu dinheiro, nem preciso dele. — Mostrou o relógio no pulso. — Ainda tenho essa coisinha que você me vendeu. No pior dos casos, posso vender isso muito mais caro pra um desavisado e garantir uns bons anos de tranquilidade.

    Após mais algumas palavras, despediram-se e continuaram seu caminho. Foram para fora da cidade, próximo da floresta carmesim. Era a última vez que se veriam por algum tempo.

    O farfalhar suave das folhas trazia tranquilidade. Era um clima agradável para viajar, pois, apesar do calor, os ventos levavam consigo um frescor revitalizante.

    — Verion, não faço ideia do que você pretende fazer lá em Raptra, mas vou confiar em você.

    — Não se preocupa Yun, só preciso checar algumas coisas. Vou dar um jeito de ficar mais forte nesse tempo, então pode acreditar em mim!

    Yunneh foi até ele e o abraçou, dando um beijo em sua testa. Ele retribuiu o abraço em silêncio. Um sentimento estranho percorria ambos, um frio na barriga por se distanciarem tanto pela primeira vez.

    Sentiam desconforto pelos meses separados em que a irmã precisava sair para treinar, porém, nessa ocasião, era diferente. Continentes, terras pouco conhecidas por eles e diferentes culturas os separariam por dezenas de dias, e isso no melhor dos casos.

    Queimava na mente de cada um a chance de nunca mais se verem novamente, mas…

    “Precisamos avançar.”

    — Vamos nos encontrar daqui a uns 2 meses. É tempo o suficiente pra eu resolver o que preciso resolver. — Afastou-se. — Quando eu conseguir os poderes com a Benten e descobrir o que é um Surgido, vou ficar ao seu lado o tempo todo. Ainda temos dois anos até Quilionodora acordar e vir nos atrapalhar. Sobre o assunto do deus misterioso, não tenho qualquer ideia de quando ele vai resolver atuar. É melhor tomarmos cuidado e sermos rápidos.

    — Quero que vocês duas também tomem cuidado… — Verion foi até Karina, dando um abraço na velha senhora. — Prometo, em nome do meu pai, que vou cumprir a promessa que fiz diante do túmulo do Darian.

    — Fica bem, por favor… — Ela acariciou os cabelos dele levemente.

    — Pode deixar. Nos vemos em breve.

    Pouco depois de acenar e se despedir delas, Verion seguiu a sudeste daquela posição, tal como o guia havia requisitado, e Yunneh com Karina, para noroeste para pegarem um navio até o país de Lumina e posteriormente seguirem para o oriente.


    25/04/029, às 08:28.

    Havia passado um dia desde que Verion se despediu da irmã e de Karina. Firmou o contrato com o guia e seguiu durante um dia com ele rumo a sudeste. Jon Vesiz planejava que passassem por uma vila local, conhecida como Harlon, para reabastecer seus alimentos.

    Aproveitando a proximidade, o Velgo quis ver com seus próprios olhos a cratera que Quilionodora havia formado durante a Guerra das Deidades há 13 milênios. E, essa curiosa figura de cabelos castanhos bagunçados, teve o que desejava.

    — Não fica lá por muito tempo. Os gases tóxicos causarão problemas até para você — disse Vesiz, a seriedade palpável em sua voz pesada.

    O guia, Jon, era um homem alto e com músculos bem definidos. A barba por fazer e o bigode ralo davam um ar de desleixo a figura, o que contrastava em muito com sua personalidade, que Verion descreveria como a de um militar. Seus trajes eram simples e pretos. O único ponto de interesse era uma estrela de oito pontas em cor azul, carregava-a como emblema na gola da roupa.

    — Sei que é perigoso, mas quero aproveitar a vista um pouquinho.

    O jovem usou o Elemento Vento e se cercou de uma forte ventania expansiva. O verde vivaz dos ventos era intenso, o suficiente para que o guia acreditasse que tudo daria certo. Protegido por essas forças, correu rapidamente por alguns quilômetros em questão de meia hora.

    Era escaldante o calor, mesmo separado do ar quente do ambiente, sentia em sua pele um arrepio. Uma neblina espessa e escura tomava parte da área entre milhares de árvores mortas e sem folhas. A grama baixa que via por toda parte não existia lá, apenas um solo estéril e deprimente.

    “Não vai dar pra ficar aqui por muito tempo…”

    Caminhou seguindo o curso de um rio até o trecho final, tendo visão de um panorama confuso e inacreditável. Aquele rio, e incontáveis outros, desaguavam rumo à escuridão abismal de uma cratera que parecia infinita. As gotículas de água geravam muitos arco-íris dentre a terrível neblina tóxica que se impregnava no ar.

    “Vai muito além do horizonte…”

    As árvores mortas, e parcialmente queimadas pelos ventos ardentes, despontavam na beirada como se observando a magnitude daquilo. Era o lugar, o ponto do ataque mais poderoso do Dragão da Aniquilação.

    “Faz sentido que isso tenha acabado com a guerra entre os deuses…”

    Puxou o mapa para observar o desenho da cratera novamente. Sentiu o coração parar por um segundo ao relembrar a grandeza. Via um cenário catastrófico, mas apenas uma ínfima parte de um todo.

    Sabia que existia magma no fundo, no entanto, a profundidade era tamanha que a luminosidade não chegava. Não ocorriam erupções lá, nunca ocorreram. Nem sequer tremores foram registrados. Uma teoria sobre como se dava essa estabilidade tornou-se fato comprovado na modernidade. Quilionodora repousava no fundo, segurando o magma com o próprio corpo colossal. Uma placa tectônica viva.

    “Quando ele se erguer… vamos ter a maior erupção da história. Se tudo der certo, já serei um semideus e poderei, junto dos outros, matar essa coisa e enfiar aí dentro de novo.”

    Sentiu uma oscilação estranha na magia que sustentava.

    “Droga, é melhor eu voltar logo! Manter essa barreira tá gastando muito Roha.”


    — Que bom que voltou. — Aguardava sentado na grama baixa, comendo uma maçã.

    Verion deu uma risada e ironizou: — Acho que esse abismo aí vai olhar de volta pra mim, hein…

    — Acredito que você está sendo excessivamente filosófico. E é melhor nós seguirmos para Harlon logo.

    — Quem sabe né… Vamos lá comprar a comida que quer levar.

    Durante a manhã, seguiram pelas vastas florestas de árvores vermelhas. Os rios abundantes da área tornavam o som das águas inescapável. Pássaros cantavam nos arredores, deixando Verion atento por ainda pensar no corvo falante que viu na infância.

    Aquela região do país era conhecida por uma série de passagens pelas montanhas. Tendo um ambiente muito montanhoso, algumas pessoas impacientes decidiram abrir buracos na força bruta por preguiça de contornar.

    Enquanto seguiam para uma dessas cavernas, Verion pegou de sua bolsa uma poção e jogou para Jon sem avisar.

    O guia pegou o frasco com um reflexo perfeito sem nem olhar.

    “Esse cara não é só um guia normal nem a pau. Bom ver que está atento.”

    — Cuidado, essa minha roupa é nova. — Olhou o líquido. — O que quer eu faça com isso?

    — Só bebe. Pensa nisso como um café, só que verde… e com um efeito mais funcional! — falou de forma confiante antes de também pegar um frasco idêntico de sua bolsa e beber.

    Aquela poção ainda era experimental, coisa que Verion criou há pouco mais de 2 semanas. Estava em fase de testes, porém ele nunca entraria nesses detalhes.

    — Vou querer um aumento por beber isso, tudo certo por você? — Ergueu uma sobrancelha, duvidoso da situação.

    — Sem problemas, pode beber.

    Faltavam poucas horas para chegarem à Harlon, uma pequena vila.

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