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    A névoa começou a descer rapidamente até eles. Dante continuou forçando seus olhos, procurando pelo arremessador. Quanto mais tentava, mais seus sentidos o enganavam. Eles queriam deixá-los no escuro, mas não poderiam simplesmente tentar qualquer coisa.

    Eles não eram idiotas. Por isso chamou Holanda rapidamente.

    — Temos que nos mover. Vamos pegá-los primeiro.

    — Eu posso rastreá-los por movimentos, mas não consigo saber onde estão agora. — Os olhos azulados de Holanda se transformaram em um amarelo, simplesmente indo de um canto para o outro. — Não existem rastros suficientes, mestre.

    Um zumbido surgiu da direita, Dante reagiu rapidamente e puxou Holanda para trás. Outra lança caiu em seus pés, dessa vez com sua lança estalando. Nem precisou pensar muito, eram habilidades. Eles eram caçadores.

    — Precisamos nos mover — disse mais uma vez. — Holanda, agora.

    Eles viraram e começaram a correr. O robô era mais rápido, partindo entre as pedras e escombros. Dante começou a segui-lo, colocando suas costas sempre atrás de uma defesa. Quando virou seu rosto, um vulto passou pela esquerda e sumiu.

    Depois virou para o outro lado e viu outro vulto passar no meio da névoa. Então, era justamente isso que eles queriam. Dante chamou Holanda, a cabeça do robô se virou mesmo com ele correndo em curvas.

    — O que foi, mestre?

    — Eles vão nos emboscar mais pra frente. — Apontou para a esquerda. — Precisamos ir para um lugar fechado.

    — Lugar fechado? — Concordou imediatamente. — Corrigido. Alinhando a rota. O que preciso fazer?

    — Vamos fazer com que eles se dividam. — Não se importava em dizer para os outros ouvirem. Eles precisavam saber que estavam em vantagem, porque a desvantagem deles era simplesmente ter sido colocados contra o próprio Dante.

    Holanda fez a curva, os pés metálicos arranhando o chão de pedra partida, e disparou em direção a um dos prédios destruídos. O som ecoou pelas ruínas. Os buracos nas paredes, as janelas quebradas e as fendas no teto tornavam o lugar ideal para o plano. Era um labirinto de sombras e ângulos mortos.

    Dante levantou o olhar. Um gesto apenas — dois dedos apontando para cima. Holanda entendeu.

    O braço se estendeu, enganchando nos andares superiores, e ele começou a subir com velocidade, as mãos afundando na pedra e no metal retorcido. Cada puxada deixava marcas fundas, e pedaços do prédio se desprendiam, caindo como chuva seca.

    Dante permaneceu no térreo, entrando no que restou de algum salão principal. O teto estava aberto em alguns pontos, deixando a luz cinzenta atravessar em feixes tortos. O ar era espesso de poeira. O chão coberto de entulho, fragmentos de ferro e vidro.

    Tudo ali era diferente do que parecia ser. As paredes, teto, as colunas rachadas, tudo era para ser usado contra os selvagens. Precisavam apenas ter paciência, calma. Seu coração não pedia isso, ele queria a batalha, queria a luta, mas precisava entender seu lugar agora.

    Ele se abaixou atrás de uma pedra grande, colocando a mão em cima de um pequeno buraco com fragmentos tortos, que machucariam se fizesse muita pressão contra. E fechou os olhos. O mundo inteiro silenciou novamente, ele precisava apenas esperar um pouco.

    Quando o vento soprou mais uma vez, ele abriu os olhos e viu a névoa entrar completamente no prédio.

    — Não estou mais vendo eles. — Uma voz abafada chegou até eles. — Não sei porque a névoa não consegue localizar eles.

    — Aquela máquina não tem poder — outro respondeu. — Por isso que não dá pra sentir onde ele está. Agora o humano, eu não faço ideia. Ele deve conseguir esconder a presença dele. Mas não tem problema, ele não vai conseguir sair daqui com vida. Se espalhem.

    Existe uma imensa diferença entre os caçadores. Aqueles que gostavam de caçar eram tratados como criaturas lunáticas porque são verdadeiramente criados para isso. Eles sabem quando ou onde devem ir, onde e quando olhar, porque isso é o que eles são feitos para fazer.

    No momento que eles se encontram com os que foram forçados a serem caçadores, eles entendem uma coisa completamente diferente. Era a dificuldade de serem tratados como caça.

    Dante deu um passo, ainda abaixado para o lado, ainda sem levantar a cabeça. Ele respirou fundo e deixou os passos se aproximarem. Ele contou pelo menos… dez? Não. Cada vez que um passo era dado, dois sons únicos chegavam a eles.

    — Estão montados — Vick anunciou. — E no que estão, você irá achar… divertido.

    Dante levantou um pouco a cabeça. A pele amarrada e escovada, um rosto tomado por cicatrizes e os olhos fechados, com dois objetos na frente, feitos de argila, tapando. Mas a coleira, a cela feita sob medida para os homens.

    Eram Felroz tomados como montarias.

    — Existe uma marca no pescoço deles — disse Vick. — Possivelmente, é algum tipo de Marca de Caçador, feito para que criaturas selvagens sejam domadas. Sem informações adicionais. Preciso verificar fisicamente.

    Dante sentiu estranheza. Ele não tinha como acreditar de cara que existia uma maneira de domar essas… aberrações. No entanto, já tinha visto alguém fazer isso muito tempo atrás, quando estava no mar. Lá, existiu um homem que usou uma habilidade de controle, mantendo alguns Felroz voadores em seu controle.

    Mas, ele precisava estar presente, perto o suficiente para comandá-los.

    — Uma marca deixada em algum animal é suficiente para que esteja dentro de um controle ordenado. — Vick respondeu seus pensamentos. — Se existe uma marca, então, o caçador não precisa estar perto para que a criatura seja obrigada a obedecer. Sem espírito, ela não é nada além de um pequeno animal acuado.

    Dante abaixou a cabeça. Eles tinham habilidade, armas e também criaturas. Mas seus incômodos de não o sentir, isso era suficiente.

    — Dê a ordem a Holanda.

    Vick assentiu na mesma hora sumindo.

    Segundos depois, um som surgiu lá de cima, dos andares superiores. Dante se levantou no mesmo momento em que eles giraram os Felroz e sua atenção para outra direção. Abrindo os braços, o casaco se abriu, ele puxou a espada e uma das pistolas, abaixando a cabeça.

    — Achamos a máquina — um deles rapidamente falou e colocou o Felroz pra subir. — Achem o humano, eu fico com esse aqui.

    — Tem certeza, chefe?

    —Claro que tenho. É só um homem. Matem ele e peguem o que ele tiver. O Ancião vai querer ver aquela arma estranha.

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