Capítulo 152: Como Ferrar um Lorde do Estabelecimento (Pt. III)
Erwahllu estava sentada em seu lugar habitual na loja sombria. Mas, ao contrário de antes, seus olhos não estavam mais vagos. Em vez disso, estavam transbordando de energia, um pouco animados com o que quer que Inala estivesse fazendo.
Bem, não havia o que fazer, já que na última fase de sua vida, ela pôde assistir de camarote a um conflito, principalmente contra o homem que ela detestava ao extremo.
Maharell encarou Erwahllu e bufou levemente. Ele era mais velho que ela. E, é claro, como vizinhos, eles tinham alguma história. Ele então espiou o pátio e olhou para Inala:
“Um jovem de uns 24 anos. Ele já está no Estágio Corporal. Mas, não vejo de onde ele tira essa confiança.”
— Fale com ele primeiro — Maharell apontou para um de seus guardas.
— Sim, senhor — o guarda assentiu e entrou no pátio, parando a alguns metros de Inala. — Foi você quem roubou nossas mercadorias?
— … — Inala casualmente limpou o ouvido e encarou a cera em choque. — Droga! Preciso limpar meus ouvidos com mais frequência.
— Você está louco? — o guarda ficou com raiva por ser desrespeitado tão na cara dura. Ele fechou a mão em punho, ativando seu Avatar Humano para se transformar em um gigante metálico.
Pouco antes de atacar Inala, o guarda notou os seis bandidos amarrados ao lado. Eles estavam apavorados e pareciam estar gesticulando para ele não atacar. Mas já era tarde demais.
Energia condensou-se na ponta de seu punho, com a intenção de esmagar Inala até virar uma pasta. Mas, no momento em que o ataque estava prestes a acertar, o guarda ouviu um som fraco de palmas. No momento seguinte, ele ficou aterrorizado.
Ele estava cego e surdo, perdeu o sentido do tato e também não conseguia falar. Não se limitava a isso, pois até mesmo seus sentidos motores foram roubados, fazendo com que ele desabasse no chão.
Sem seu controle ativo, seu Avatar Humano desapareceu, revertendo à sua forma humana. Inala com calma colocou o pé na cabeça do guarda e encarou a carruagem: — Não sou um cara paciente.
— Certo — uma voz ressoou de dentro enquanto Maharell saía, sua expressão séria enquanto encarava Inala.
— Venha, venha. Sente-se aqui — Inala apontou, animado, para a cadeira diante dele. Era uma cadeira de aparência rústica que parecia ter sido esculpida há pouco tempo.
Maharell sentou-se e encarou Inala: — Diga-me agora.
— Você quer beber alguma coisa? — Inala perguntou e estalou os dedos. — Acabamos de chegar aqui, então não temos chá. Mas serviremos a você o que temos de melhor depois disso.
Ao estalar de seus dedos, Asaeya saiu da casa, segurando uma bandeja de chá enquanto trazia uma xícara para Maharell. A xícara era de uma porcelana antiga, contendo apenas cerca de vinte mililitros de um líquido preto-acinzado.
À vista do líquido, Maharell esbravejou: — Você está me sacaneando?
— Claro que não, senhor — Inala acenou com a mão, apressado. — É justo que mostremos o respeito devido por alguém de alta posição como você.
— É por isso que estamos servindo a você um Elixir.
O líquido na xícara de chá era um Elixir de Grau Baixo. Custava cerca de 9.000 Parute. Na moeda local, eram 360.000 Pella, uma fortuna suficiente para comprar uma carruagem luxuosa. Era também a renda anual de uma família de cidadãos de classe média baixa.
Era o Elixir de Maharell que estava sendo servido a ele, uma ação em nada diferente de esbofetear seu rosto e fazê-lo lamber as próprias feridas em público.
Prana ondulou para fora de seu corpo enquanto Maharell se levantava com um sobressalto, com a intenção de destruir Inala. — Você ousa zombar de MIM?
— Finalmente caiu a ficha, hein? — Inala sorriu enquanto, de repente, duas Mãos Vitais saíram da cadeira de madeira em que Maharell estava sentado e agarraram suas pernas.
Na mesma hora, Maharell gritou de forma estridente enquanto sua Força Vital era sugada rapidamente.
Arte Óssea Mística — Sangue de Prana!
Após sua ativação, a taxa de roubo da Força Vital de Maharell aumentou, fazendo-o perder o controle de seu Prana. Ele era um comerciante. E apesar de seu cultivo estar no Estágio de 6 Vidas, ele era fraco, pois isso foi alcançado através de Elixires e não através de treinamento.
Resumindo, ele tinha pouca ou nenhuma experiência em batalha.
— Protejam-no! — os guardas correram para o pátio, com a intenção de salvar Maharell, quando Asaeya olhou para eles e abriu um sorriso radiante.
Ela então abriu a boca e disse com sua voz suave: — Oizinho.
Todos os guardas ficaram cegos e surdos no mesmo instante, e ficaram aterrorizados. Eles nunca haviam enfrentado tal habilidade antes, despreparados para aguentar ou contra-atacar.
Toques da Morte eram raros no Continente de Sumatra por si só. Toques Fúnebres eram ainda mais raros, existindo apenas nas regiões mais traiçoeiras de Sumatra, onde Bestas Prânicas de Grau Ouro corriam à solta.
O Reino Ganrimb estava situado em uma região segura, com o único inimigo que enfrentavam sendo os Lagartos Vacilantes. Portanto, eles só haviam sentido os efeitos de algumas Naturezas no Grau Ferro. Uma Natureza de Grau Prata era outra história.
— O-O que é isso?
— S-Socorro!
— Por favor, poupe-me. Eu farei qualquer coisa. Por favor, por favor!
Enquanto seus guardas choravam, Maharell encarava Inala, aterrorizado. Ele se sentia fraco, pois seu corpo havia envelhecido bastante devido ao roubo de sua Força Vital. A dor de perder sua Força Vital o sobrecarregou a tal ponto que ele não conseguia nem ativar seu Avatar Humano.
Inala pegou a xícara de chá de Asaeya e se agachou diante de Maharell, que estava prostrado no chão de dor. — Senhor, você é nosso convidado. Por favor, não seja indelicado e receba nossa hospitalidade.
Ele levou a xícara ao rosto de Maharell: — Se você beber isto, vai parar de envelhecer. Se não beber, bem… escolha um bom trecho do rio para suas cinzas serem espalhadas, certo?
— Eu… eu vou beber… eu VOU BEBER, droga! — Maharell gritou e engoliu o conteúdo da xícara de chá em um instante. Ele perdeu seu espírito de luta assim que Asaeya roubou sua visão.
Inala retraiu suas Mãos Vitais. Ele já havia retornado à sua versão adolescente. Por isso, ele condensou uma Bomba Vital e a fez absorver todo o excesso de Força Vital em seu corpo. Ele fez um buraco nela, despejou parte de seu conteúdo na xícara de chá e fez Maharell beber, fazendo-o recuperar parte de sua Força Vital perdida.
Antes, ele parecia alguém em seus trinta anos. Agora, ele parecia alguém em seus quarenta.
Inala assentiu para Asaeya, fazendo sinal para ela voltar para casa e desativar seu poder. Assim que isso aconteceu, os guardas se levantaram em uníssono, aliviados por recuperar seus sentidos, suas expressões de medo enquanto encaravam Inala.
— Parados aí — disse Inala, casualmente. Em resposta, os guardas ficaram parados como estátuas, sem vontade de se moverem o mínimo que fosse.
Inala ajudou Maharell a se sentar e falou: — Senhor, você está bem?
— Você parecia estar prestes a morrer. Então, não tive outra escolha a não ser usar meu tesouro salva-vidas em você — Inala suspirou e disse, preocupado. — Nestes tempos difíceis, é difícil ganhar a vida. Infelizmente, não tenho outra escolha a não ser cobrar de você.
Ele pegou um contrato e o colocou diante de Maharell, fazendo com que este cuspisse sangue ao ver os termos. — Você… você é um monstro!
— Que rude! Eu sou um médico! — Inala fez beicinho. Um segundo depois, ele apontou para o contrato. — Você pode assinar aqui.

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