Capítulo 143: Donzela em perigo. (Parte 2.)

Percebendo que haviam inimigos à espreita, claramente pessoas, Ken expandiu seus sentidos ao redor, tentando encontrar quaisquer vestígios de possíveis presenças. Batimentos do coração, o som da respiração, o odor deles e até sentir a presença deles com o sexto sentido.

Com isso, Ken imediatamente percebeu a presença de dez pessoas que tentavam desesperadamente esconder suas presenças, mas que, sem saberem, foram pegos.

Mas desde que os descobriu, um longo tempo estava se passando, praticamente mais de cinco minutos, e mesmo assim os inimigos não mostravam mais sinal de ataque, como se tivessem desaparecido. 

“Eles não estão atacando, será que já foram embora?…”

Perguntou Aela em um tom de voz suave ao perceber que os ataques dos inimigos haviam parado depois de vários minutos, fazendo um alívio tomar conta dela e instintivamente relaxar seu corpo.

Mas Ken pensava diferente.

‘Eles estão esperando eu baixar minha guarda.’

Uma das maiores capacidades de um assassino é a paciência. Eles devem esperar durante bastante tempo até que seu alvo esteja em um estado de vulnerabilidade, como dormir ou se estiver distraído.

Mas se estiver enfrentando de frente, deve estar escondido e esperar até ele baixar a guarda, não importa quanto tempo tenha que esperar. E quando o alvo relaxar, aproveitar esta chance para atacar.

Então, sabendo disso, Ken ainda assim decidiu relações suas feições faciais e reduzir sua atenção ao redor.

“Será que realmente foram embora?…”

Disse Ken em um murmúrio, mas alto o suficiente para que os assassinos ouvissem.

E assim como imaginou, neste exato momento um homem vestido de preto surgiu bem atrás de suas costas e lançou um ataque com sua adaga, mirando na gargante de Aela. Foi tão rápido que Aela mal conseguiu ver o inimigo e nem sabia que estava sendo atacada.

“Kugh!?”

Mas então um chute de Ken surgiu, rompendo o vento e atingindo fortemente a lateral do pescoço do assassino, pegando-o de extrema surpresa.

*Crack.*

O som de algo partindo ecoou e o assassino, que perdeu a vida na hora, foi jogado para longe enquanto tossia sangue sobre sua máscara. 

Ken nunca havia relaxado sua atenção, era uma armadilha para os assassinos para que achasse que ele havia baixado a guarda, fazendo assim com que eles aparecessem por conta própria.

No momento seguinte em que atacou o primeiro oponente, o segundo surgiu logo em seguida, aparecendo no ponto sego de Ken, mas seu ataque foi direcionado para Aela.

“!Cugh!?”

Mas Ken torceu o corpo e girou, lançando outro chute no rosto do segundo assassino, quebrando e fazendo seu corpo girar violentamente no ar até cair no chão.

Mas logo em seguida apareceu o terceiro e o quarto, mas desta vez, eles não estavam mirando em Aela, mas em Ken. Eles devem ter percebido que não conseguiriam chegar até Aela sem primeiro se livrarem do obstáculo.

O primeiro chegou a sua frente, em seu ponto sego, e lançou um ataque com sua adaga. Mas o punho de Ken foi mais rápido, rompendo o vento e atingindo diretamente o rosto do assassino e jogando seu corpo para longe.

Outro chegou nas costas de Ken e lançou um ataque em sua cintura.

“Cugh!?”

Mas uma cotovelada atingiu fortemente seu nariz, fazendo seu corpo inclinar para trás, e em seguida, Ken levantou o pé e caiu com força na barriga do assassino, enterrando seu corpo no chão.

Os assassinos continuaram a chegar, desta vez, cinco apareceram de uma vez.

Ken olhou para o assassino que havia enterrado no chão, ele ainda estava levemente consciente, já que todo seu corpo tremia e parecia convulsionar.

“?…”

Ken pegou o assassino pelo pé, e assim que os cinco assassinos se aproximaram, o levantou e facilmente jogou na direção dos cinco.

“!”

“!”

Os assassinos foram pegos de surpresa, então desviaram ao lado para escapar do companheiro que foi jogado neles.

“!?”

“!?”

Mas pela segunda surpresa deles, Ken já havia chegado até eles e com um simples movimento, sendo seguido por um alto som de estalo, três deles já haviam sido enterrados com a cabeça no chão.

“!”

“!”

Os outros dois, surpresos, tentaram recuar, mas Ken avançou e os agarrou no pescoço, apertando tão forte a ponto dos assassinos não conseguirem respirar.

*Crack.*

Quando o som do estalo ecoou, os assassinos finalmente deixaram de respirar e então Ken os soltou no chão.

“…”

Aela assistia a tudo atordoada. Com a névoa ao redor, ela mal conseguia ver as coisas acontecendo, o que apenas aumentava sua admiração para com Ken, que ainda conseguia enfrentar os inimigos mesmo sem ser capaz de vê-los.

Mas Ken havia desaparecido de repente, então tudo que ela conseguia ver era apenas a névoa, o que aumentava seu medo e ansiedade. Afinal, a única pessoa que a podia proteger não estava presente.

“?”

Mas foi então que uma sombra apareceu por trás de Aela, fazendo-a olhar para trás e levantar a cabeça, e assim que viu o que era, ficou atordoada.

Atrás dela estava outro assassino, com sua adaga levantada e prestes a cair em seu rosto.

“Morra.”

Disse ele friamente enquanto descia com sua adaga no pescoço de Aela.

“!”

Aela, ainda atordoada, fechou os olhos com força, esperando a morte que se aproximava. Ela achava que Ken já havia eliminado todos os assassinos, mas quem poderia imaginar que ainda restava um.

“?…”

Mas não importa quanto ela esperasse, a morte ou mesmo a dor esperada nunca chegavam. Então, ela lentamente abriu os olhos e voltou a olhar para o assassino.

“!?”

Mas ficou surpresa ao ver que o assassino estava imobilizado, em seu pescoço e pulsos estavam amarrados por finas e longas correntes, e ao longe, podia-se ver que as correntes vinham dos dedos de Ken.

“!”

Então, Ken puxou o braço e o assassino voou diretamente para seus braços, e assim que chegou, Ken o agarrou com força pelo pescoço e depois o jogou com força no chão, não tão forte para não fazê-lo perder a consciência e sem soltá-lo.

“Ugh!…”

O assassino sentia a dor percorrer seu pescoço e uma dor aguda sobre suas costas, mas isto era de menos, pois o olhar de Ken que caia sobre ela era extremamente sufocante.

“Quem mandou vocês?”

Perguntou Ken, seu tom de voz transmitindo frieza.

“Ugh.”

O assassino, sendo um profissional, não demonstrava sinais de querer dizer alguma coisa, apenas permanecia em silêncio enquanto encarava Ken com dor, e também com uma pitada de desafio.

“…”

Ken sabia que ele realmente não tinha planos de falar. Então, ele fechou o olho, e no momento seguinte, voltou a abrir.

“!”

O assassino de repente sentiu um enorme arrepio percorrer sua espinha. O olhar de Ken havia mudado, antes era frio, mas agora ele podia sentir uma enorme sede de sangue que tornava sua respiração já difícil ainda mais complicada.

“Quem te mandou?”

Ken voltou a perguntar, seu tom de voz carregada de uma frieza que era tanto infernal quanto congelante, fazendo o assassino quase ter um ataque cardíaco.

Suor frio escorria incessantemente pela sua testa enquanto seu rosto se contorcia em total medo e terror. A cada momento em que ele olhava para o olho de Ken ele sentia como se estivesse perdendo sua alma. Ele queria desviar o olhar, mas por alguma razão não conseguia por causa do medo que praticamente o paralisou.

“…Barão…Belfort…”

Depois de cuspir estas palavras como se estivesse usando todas as suas últimas forças, o assassino de repente perdeu a consciência e desmaiou. 

Neste ponto a névoa ao redor já havia se dissipado completamente, revelando as árvores ao redor que antes pareciam inexistentes.

“…”

Vendo a perda de consciência do assassino, Ken não mudou de expressão, apenas soltou seu pescoço enquanto mantinha a mesma expressão. Seu olhar percorreu o corpo do assassino, notando um anel que continha um cristal prateado.

Curioso, Ken deslizou a mão sobre seu dedo e retirou o anel.

‘Então a névoa é criada por este anel.’

Pensou Ken, percebendo que o anel era um artefato mágico capaz de criar névoa ao embutir mana nela. E pela sua experiência, só havia um grupo de assassinos que usava nevoa como forma de assassinato.

Então, se lembrando de Aela, Ken levantou a cabeça e olhou para ela.

“!”

Mas no momento em que seus olhos se encontraram, Aela pareceu se encolher de medo enquanto seu rosto ficava pálido, parecendo um gato amedrontado.

“?”

Foi então que Ken se apercebeu de que ainda estava com sua expressão amedrontadora, então fechou o olho enquanto esfregava o cenho, tentando suavizar sua expressão.

‘Se acalme…’

O que Ken acabou de usar no assassino é algo que ele passou a chamar de [olhar do ressentimento], pode se dizer que é uma habilidade que ele obteve ao transmitir todo seu ressentimento e os ressentimentos dos antigos portadores do emblema amaldiçoado sobre seu olhar, o que causa um extremo medo no adversário, chegando a causar paralisia.

Na verdade, pode se dizer que ele é capaz de usar esta habilidade também graças ao pecado da ira, que também tem uma habilidade de causar terror no adversário. 

Mas como Ken tem o emblema, a habilidade do pecado da ira não é eficaz, então ele só podia contar com o ressentimento dos antigos portadores do emblema.

Então, assim que suas emoções foram controladas e sua expressão tornou-se mais suave, Ken se levantou e caminhou na direção de Aela.

“Você está bem?”

Perguntou ele.

“…”

Aela ainda estava um pouco atordoada por causa daquela expressão de Ken que parecia a presença da própria morte, mas logo acalmou seu nervosismo e respondeu.

“S-sim, estou bem…”

“…”

Ignorando seu estado de nervosismo, Ken decidiu examinar seu corpo, tentando ver se havia algum ferimento. Mas felizmente não havia encontrado nada, apenas ferimentos superficiais.

“Quem são eles…?”

Aela, que já havia se recuperado do choque, se aproximou de Ken enquanto perguntava com cautela.

Com o anel em sua mão, Keno apertou com força até formar uma bola de metal antes de responder.

“Assassinos da Névoa fantasma.”

“!”

Aela arregalou os olhos de surpresa assim que ouviu o nome da organização. Até ela mesmo sabia da fama desta organização de assassinos conhecida como Névoa fantasma.

Mas ignorando seu estado de choque, o olhar de Ken foi para longe, para o local de terreno lamacento onde os guerreiros da casa Skarsgard e o Jormskalli estavam.

Desde aquele grito de antes, Ken sempre esteve sentindo o tremor da terra sobre seus pés, provando que aquele lado estava se enfrentando ferozmente.

O olhar de Aela também seguiu o olhar de Ken para aquela direção, e naquele momento, ela sentiu um aperto no coração ao se lembrar de que seus companheiros ainda estavam no mesmo local que aquele enorme crocodilo.

“Bárbara…eles…será que eles irão ficar bem?…”

Perguntou ela, seu tom de voz fraco e quase gaguejando.

“…”

Diante da pergunta dela, Ken não respondeu de imediato. Ele sabia que havia alguém bastante forte do lado deles que poderia enfrentar a besta mýstica, mas se considerar a personalidade dela, é difícil saber se os guerreiros da casa Skarsgard estariam 100% seguros.

Na verdade, dependendo dela, simplesmente os deixaria morrer.

“Não se preocupe, eles ficarão bem. Pelo menos a maioria.”

Disse Ken, não revelando seus verdadeiros pensamentos, mas revelando o que provavelmente poderia acontecer.

“Afinal, eles estão com Crystalline.”

E Crystalline sabia que Ken quer que pelo menos a maioria deva estar vivo.