Capítulo 74: Fios de aço
Duas garotas usavam seifuku em frente a um garoto de cabelos pretos.
— Eu fico muito mais bonita, né, irmãozão?
— Não olha para ela, eu sou mais bonita.
Aisha e Eleanor competiam sobre seus cosplays. Aisha com seu habitual, com a estrela azul ao centro, e Eleanor com um mais comum em ensino fundamental, porém, se fosse uma competição, ela com certeza estaria levando nota 10.
— Garotas, estamos desfocando.
— Certo, meu senhor.
— Tudo bem, meu senhor.
Respondendo ao mesmo tempo, ambas sentaram em seiza e fingiram servir Kizimu, que, começando a se sentir orgulhoso, entrou na brincadeira.
— Como nossa primeira reunião estratégica, quero criar teorizações sobre quem é o culpado no reino.
Pandora nesse momento tinha ido tomar banho, e lá, sobrava apenas o trio.
— Prossiga, meu senhor.
— Vá em frente, meu senhor.
As duas em grande sincronia, pareciam ótimas serviçais. Claro que ambas estavam imitando certas gêmeas de um anime que ambas adoravam muito.
— Aisha, qual sua maior teoria?
— Caro visitante, se fosse levar em consideração esse mistério, e levando em consideração outras histórias de mistério, as pessoas mais prováveis são as menos prováveis, então, se fossemos levar em consideração, eu acho que pode ser pessoas esquecidas como Vicenzo ou Brielle.
— Sério? E sua teoria Eleanor?
— Senhor visitante, se levarmos em consideração que esses assassinatos vão continuar e lembrarmos do maior anime de assassinato, podemos pensar que a segunda a morrer será uma falsa morte, e vai ser a verdadeira assassina.
— Que, com que base?
— No anime que eu falo, a culpada morreu em segundo lugar, mas, revelou no final que ela era a culpada de tudo. A verdadeira Mastermind.
Eleanor fez uma pose característica dessa vilã de danganronpa.
— Mas, eu não quero ver uma segunda morte…
— Nesse caso, a segunda morte seria algo falso, para fingir que a culpada nunca existiu.
— Você acredita mesmo que isso vá acontecer?
Eleanor tencionou suas sobrancelhas bonitas, e olhou fundo nos olhos de Kizimu com seus olhos dourados, afirmando.
— Eu não acredito que isso vá acontecer. Elen, não devemos transformar isso em um anime. É um assassinato real.
— Rígel? — Eleanor começou a ficar triste, mas, bateu no próprio rosto. — Hohoho, se não pensarmos como o assassino, não temos como fazer nada. Além disso, realmente acredita que é Vicenzo ou Brielle?
— Não, aquilo foi piada. Eu não consigo nem imaginar quem é o assassino, ninguém pode ser considerado aqui.
Aisha não queria acreditar que algum de seus amigos era verdadeiramente o culpado.
— No meu caso, eu acho que seria Bianca.
— Por quê?
Kizimu viu Eleanor e Aisha conversando e apenas esperou para ver.
— Bianca já assistiu aquele anime de assassinato também, então, ela pode estar fazendo o mesmo jogo de assassinato…
Aisha se emburreceu.
— E por isso, eu acredito que no final, ela vai aparecer com um sorriso no rosto, dizendo que tudo foi uma brincadeira, para aaahr, eu queria sentir medo. — teatralmente falou, quase idêntica a original.
— Você tá achando que isso aqui é brincadeira é? Cai na real, Hermione está morta de verdade.
— N-não, eu tenho certeza que-
— Você está se enganando, ela não está viva.
Os olhos de Eleanor começaram a encher de lágrimas, conforme ela se recusava a acreditar.
— Não é um anime, é a vida real, ela morreu, e não vai voltar.
— Mas, a Mione… Ela não iria embora sem se despedir assim.
— É por isso que é chamado de assassinato, ou homicídio, por que, não foi algo que tirou sua vida, foi alguém.
— Mas…
As lágrimas da garota não paravam de cair, e Kizimu não sabia o que dizer, neste estado, ele não poderia ajudar.
A porta do quarto abriu e lá estava ela, Pandora Akiva, enxugando seu cabelo. Kizimu viu a oportunidade e correu para ela.
— Aisha, cuida de Eleanor, vou sair com Pandora agora.
— Ei, ei, calma.
— Vamos, vamos.
Empurrou Pandora e logo saíram do quarto.
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— O que aconteceu?
Pandora estava confusa, ainda enxugando seus cabelos. Seu corpo feminino, agora molhado, deu um arrepio em seu corpo, mas, por não entender, apenas ignorou.
— Bem, Eleanor estava sem acreditar na morte de Hermione… Aisha estava fazendo-a cair na real.
Pandora pareceu um pouco indiferente enquanto a isso. Normalmente ela seria mais sensível diante a morte.
— Você está bem?
— Bem não é a palavra certa. Eu vi mais uma morte… porém, por bem ou por mal, estou começando a me acostumar. Ou talvez, eu queria acreditar nisso.
Kizimu pensou um pouco sobre. Ele nunca foi sensível à morte. Seu racional, diante ao objetivo, sempre era cético. Desde o momento que definiu que, por exemplo, Samuel ou John Bento, eram seus inimigos, não teve pudor querer matá-los.
Era racional demais com as mortes, algo desumano talvez. Pensou sobre isso, quando percebeu que, agora estava finalmente sendo afetado pelo fato da morte.
Isso que o machucava fortemente, e quebrava-o por dentro, essa fraqueza, essa tristeza não foi curada. Mas a determinação que ganhou na sala do rei, estava controlando suas emoções. Algo como se a própria Temperança estivesse sendo usada para negociar com seus sentimentos.
Sentimentos de determinações também eram evoluídos até o infinito pela temperança, e talvez isso estava-o fazendo perder a dor que tinha quando viu Hermione morrer…
Isso era desumano.
— Você ficou muito pálido, está bem?
Pandora tocou em sua testa, e Kizimu, a sentindo próxima demais, ficou um pouco vermelho, novamente sem entender o sentimento de vergonha que sentia, apenas agiu naturalmente.
— Eu acabei me perdendo nos pensamentos… olha, vamos procurar algumas pistas? Tem alguns lugares que gostaria de investigar.
— Por mim tudo bem.
Pandora colocou a toalha no pescoço e estendeu a mão. Aquele convidativo movimento se tornou comum entre eles, onde, sorrindo levemente, Kizimu aceitou.
Os dois andaram pelos corredores ornamentados.
Não importa como, aquele castelo era enorme. Tantos corredores, era um labirinto. As paredes brancas como telas para o azul se espalhar e colorir se movia para todos os lados. O belo chão de mármore pálido, e todo o conjunto que compunha tudo era incrível.
Não existia local que não tinha uma essência pura, como se cada ambientação existia um grande significado. Paredes, pinturas, e tudo deixava Kizimu e Pandora sem palavras. Claro que antes, com Amara, eles conheceram bastante do castelo, mas agora, estavam conhecendo corredores que não os conhecia.
Por diversos locais que passavam, quase como um labirinto ornamentado, mais pessoas novas apareciam. Empregadas existiam em quantidade exorbitantes, porém, elas pareciam lidar com setores completamente diferentes.
— Isso é loucura. O quão grande é esse castelo?
— Olhando de fora, é entendível o quão grande, o castelo quase se estende aos céus, e suas laterais eram enormes, não consigo imaginar o quão grande é para trás.
— Mesmo assim, passamos por quantos corredores? Quantos quartos tem? E tudo tão diferente? Não sinto que estou passando por lugares iguais.
Eles param quando chegaram em um beco sem saída.
Lá, um grande hall, enorme, talvez um local para festas. Tinha mesas cobertas por toalhas muito nobres, suas belezas douradas passavam o quão caro deveriam ser, mesmo assim, não se abalaram.
Andando até o fim da sala, uma grande alavanca estava estampada lá, como se pedisse para ser puxada para baixo. Era um ponto vermelho de ferro em um mar de branco com linhas azuis, os mármores e estruturas belas, davam impressão nobre, mas aquela alavanca era muito estranha.
— O que é isso?
— Bem… — lembrou de algo. — A forma de parar o Pesadelo é na sala do rei. Quando a coisa apertar, eles ativam um sistema de defesa. Para acessar o trono externamente, as alavancas do segundo andar devem ser acionadas. Ao mesmo tempo, ou com no máximo cinco segundos de diferença…
— Pesadelo? Sistema de defesa? Como assim?
— Não sei, foi Lins que me disse isso, também não entendi, mas acho que essa alavanca tem algo de importante.
Kizimu lembrou de um dos três avisos de Lins, o mesmo tinha falado três coisas para ajudar Kizimu. Em primeiro lugar, falou da porta bege, e em segundo, sobre o pesadelo.
— O que é o pesadelo?
— Eu não sei… espera!?
Kizimu se assustou quando uma nova pessoa surgiu, Kizimu notou os brincos que refletiam o branco azulado da luz das janelas, seu cabelo preso em um rabo de cavalo desgrenhado e as roupas largas davam total impressão de despreocupação e seus olhos — afiados — passavam por Kizimu como lâminas, o cortando e fatiando, pouco a pouco.
— Talia…?
— Eu vi dois ratinhos andando por aí, e fiquei curiosa com o porquê. Mas, me diga, o que você sabe sobre o pesadelo?
Pandora puxou Kizimu um pouco para perto, ficando mais entre ele e a gatuna.
— Andando por aí, você não está procurando uma presa para se divertir, certo? — Pandora provocou.
— Para que tanto medo? Não, não se preocupe, eu apenas sou uma vítima aqui. Mas, vocês deveriam ter mais cuidado, longe assim de Bellatrix, Amara e Ernesto, podem se tornar os próximos a morrer.
Um segundo se passou, e Kizimu sentiu-se sufocado.
Algo tinha acontecido e estava muito errado a forma como tudo se concluiu. O perigo se tornou aparente e sua mente apitou, como se algo muito errado tivesse se formado. Não se mover era a escolha certa, mas sentiu o sangue escorrer.
— Kizimu!
Pandora e Kizimu foram separados, onde, a empregada pessoal, ficou mais em apuros ainda. Ela, que teve seu braço preso a fios de aço, ficou com eles atrás das costas, imobilizada, seu corpo, puxado para longe de seu senhor, deixou-a como se o perigo fosse mais que aparente, e tudo ficou confuso.
A frente de Pandora, Kizimu estava com fios em volta do pescoço, fios tão finos e resistentes que poderiam arrancar a cabeça dele se ele se movesse. Já a empregada pessoal, ficou com os braços presos rentes ao corpo, imobilizada, inutilizada.
Kizimu por uma fração de segundo sentiu o perigo mais do que aparente, algo como uma sede de sangue.
— É sobre isso que estou falando. É perigoso longe de quem pode os proteger, o assassino pode apenas chegar e matá-los.
Afrouxando, os fios soltaram Kizimu e Pandora, que voltaram a respirar novamente, como se fossem libertos de amarras mais pesadas do que simples fios de aço.
— O que foi isso?
— Cof, cof. Esses fios? Você é a assassina?
— Não, eu apenas tenho truques de combate. Meu trabalho exige uma habilidade excepcional, mesmo assim, estou decepcionada. Se eu quiser, eu poderia matá-los. Esperava mais da casa Kuokoa. Ainda mais que vocês portam maldições.
Kizimu e Pandora sentiram calafrios, algo que não deveria ser pronunciado fora dito.
— O que você?
— Eu sei de tudo, sei que vocês têm maldições, e sei que Pandora pode se transformar em Saci e Loira do banheiro, o que eu esperava ver quando ataquei… mas, se não tiveram força nem para se defender, duvido que sejam realmente os assassinos.
Talia testou Kizimu, e o mesmo conseguiu entender isso, mas, Pandora não aceitou, pulou para frente de seu senhor e seus cabelos ficaram com chamas azuis nas pontas.
— Não vou deixar você machucar meu Kizimu, não de novo.
— Oh!
Ficando em prontidão para o combate, ela se preparou. Talia debochadamente riu, e se preparou também, mas Kizimu não deixaria isso acontecer.
— Pandora, Talia, chega! Olha, Talia queria nos testar, e nos passamos no teste, não precisamos brigar — acariciou o topo do cabelo de Pandora, ficando lado a lado dela. — tudo bem Pandora?
Sorriu.
Ela, sentindo o peso de suas palavras, fez seus cabelos voltarem ao normal, enquanto Talia suspirou aliviada.
— Olha, você me salvou garoto. Seria muito assustador enfrentar alguém que tem uma maldição. Soube que são pessoas bem perigosas.
— E você tenta não atacar outras pessoas, isso vai acabar com sua imagem.
— Eu vejo… Uma dúvida, sabem voltar? Se quiserem, eu acompanho vocês, já vai dar a hora do almoço.
Kizimu no mesmo instante, sentiu sua barriga roncar, assim, ele aceitou a ajuda. Pandora ficou com um pé atrás, mas, ouviu seu mestre e confiou nele, por fim, Talia, não tirou o sorriso travesso do rosto.

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