Capítulo 466 - Vingança.
O que antes era um vilarejo pacato, onde o aroma de carne assada pairava no ar e os murmúrios dos aldeões se misturavam ao crepitar das fogueiras, agora se transformara em um pandemônio de guerra.
As chamas, outrora amigáveis, agora dançavam com fúria, lambendo o céu noturno e lançando faíscas como estrelas cadentes.
Ting! Ting! Ting!
O calor era agressivo, e o crepitar das labaredas ecoava como um coro infernal. Os telhados de palha, outrora abrigos acolhedores, agora eram presas das chamas vorazes.
No campo de batalha, a ferocidade se desenrolava em uma dança mortal.
Soldados de Runyra, com armaduras marcadas por anos de conflito, enfrentavam os humanoides tigres de Grakk. Espadas se cruzavam em arcos brutais, e os gritos de guerra se misturavam ao som metálico dos embates.
Dasken avançava com a determinação de quem luta pela própria vida. Sua espada, imbuída de mana, cortava o ar com precisão letal.
A luz azulada que emanava da lâmina parecia uma estrela solitária em meio à escuridão da batalha.
Ao seu lado, Falone brandia sua espada com maestria. Cada golpe era acompanhado por um rastro de chamas.
Ting! Ting! Ting!
E então, Grakk emergiu das sombras. Seu corpo musculoso e peludo movia-se com a agilidade de um felino. O líder dos humanoides tigres não empunhava uma cimitarra como os outros, mas sim suas garras afiadas como navalhas.
Cada movimento era um borrão de pele listrada e olhos famintos.
Dasken e Falone enfrentavam Grakk com bravura.
O guerreiro investia com sua espada luminosa, enquanto o feiticeiro conjurava labaredas ardentes, mas Grakk era implacável.
Ele desviava dos golpes com destreza, retalhando seus oponentes com garras afiadas como punhais.
O campo de batalha estava repleto de feras abatidas, suas carcaças espalhadas pelo chão enquanto os soldados de Runyra lutavam desesperadamente para conter o avanço dos humanoides tigres.
Após se afastar, Falone engajou com Grakk diretamente. Ele avançou com um grito de guerra, sua espada flamejante traçando um arco de fogo enquanto desferia um golpe lateral.
Fssss!
Grakk esquivou-se habilmente, suas garras cortando o ar em resposta. Falone mal teve tempo de desviar, sentindo a ponta das garras de Grakk rasparem seu ombro, deixando um rastro de sangue.
Swin!
Dasken se lançou em seguida, sua espada brilhando com a energia da mana enquanto ele desferia um golpe vertical. Grakk bloqueou o ataque com uma das garras, o impacto fazendo faíscas voarem enquanto os dois guerreiros mediam forças.
“Esse gato gigante é forte!”
Com um rosnado, Grakk empurrou Dasken para trás, desferindo um golpe rápido com a outra garra que Dasken mal conseguiu bloquear a tempo.
Ting!
“Além de forte, é rápido”, murmurou Dasken, recuperando-se rapidamente e assumindo uma postura defensiva.
— Precisamos trabalhar juntos — respondeu Falone, seu olhar fixo em Grakk enquanto ele se movia em um círculo, buscando uma abertura.
Grakk, por sua vez, observava os dois com olhos felinos, avaliando seus oponentes. Ele sabia que não podia subestimar aqueles guerreiros.
Com um rugido, ele se lançou para frente, suas garras brilhando sob a luz das chamas enquanto ele desferia uma série de golpes rápidos e precisos.
Falone ergueu sua espada para bloquear, mas a força de Grakk o fez recuar, o impacto reverberando por seu braço.
Ting!
Dasken aproveitou a abertura, desferindo um golpe de baixo para cima que Grakk esquivou por um triz. A espada de Dasken cortou o ar, faltando milímetros para atingir o humanoide tigre.
“Merda!”
Falone conjurou uma bola de fogo, lançando-a diretamente contra Grakk. O humanoide tigre esquivou-se habilmente, a bola de fogo explodindo atrás dele e incendiando uma das tendas.
Booom!
“É a minha chance!”
Dasken aproveitou o momento de distração para desferir um golpe poderoso, mas Grakk bloqueou com uma garra, retaliando com um golpe que abriu um corte profundo no braço de Dasken.
Swin!
— Maldito! — gritou Dasken, sentindo a dor irradiar por seu corpo. Ele recuou, usando sua mana para cobrir a ferida enquanto Falone avançava novamente.
Ting! Ting! Ting!
Falone desferiu uma série de golpes rápidos, sua espada flamejante traçando arcos de fogo no ar. Grakk bloqueou e esquivou-se, suas garras encontrando a lâmina de Falone em um choque de faíscas e chamas.
Clang!
Com um movimento rápido, Grakk agarrou a lâmina com uma das garras, puxando Falone para mais perto e desferindo um golpe com a outra garra que abriu um corte profundo no flanco do guerreiro.
Swin!
Falone cambaleou para trás, sangue escorrendo pelo seu braço. — Ele é forte demais — disse ofegante, enquanto Dasken voltava a se juntar a ele.
— Não podemos perder — respondeu Dasken, seus olhos fixos em Grakk. — Se ele passar por nós, significa que ele conseguirá passar por toda nossa força no Sul!
Com um grito de guerra, os dois avançaram juntos.
Dasken desferiu um golpe de cima para baixo, enquanto Falone atacava pela lateral.
Grakk moveu-se rapidamente, bloqueando o golpe de Dasken com uma garra enquanto se esquivava do ataque de Falone.
Ting! Woosh!
Com um movimento fluido, ele desferiu um golpe lateral que atingiu Dasken no peito, jogando-o para trás.
Bam!
Falone aproveitou a abertura, desferindo um golpe rápido que abriu um corte no braço de Grakk.
Swin!
O humanoide tigre rosnou de dor, retaliando com um golpe que atingiu Falone no ombro, derrubando-o.
Crash!
A batalha continuou ferozmente, com ambos os lados sofrendo ferimentos graves.
O acampamento ao redor estava em chamas, soldados caindo aos montes enquanto as forças de Grakk avançavam implacavelmente.
Dasken e Falone lutavam com todas as suas forças, mas Grakk era um oponente formidável.
— São habilidosos espadachins — elogiou o tigre. — É um desperdício que tenham que cair aqui, nesse lugar. Me cansei de vocês, garotos.
Grakk desferiu um chute devastador que atingiu Dasken no abdômen, fazendo o guerreiro ser lançado longe. Falone, desesperado, lançou um corte flamejante, mas Grakk bloqueou com uma das garras, avançando rapidamente, cortando Falone no tórax com suas garras afiadas.
Crunch!
A batalha atingiu um ápice brutal, quando o carniceiro da flama avançou contra o rei Tigre, movimentos tão rápidos que se tornavam um borrão.
Ting! Ting! Ting!
O humanoide tigre se movia com a destreza de um predador, suas garras afiadas reluzindo sob a luz das chamas que agora transformavam o acampamento em cinzas.
“Ele é tão forte quanto um usuário da pujança de nível cinco ou superior”, pensava o jovem Falone. “Merda, eu não devia estar aqui, quando essa luta terminar, talvez eu deva pedir férias…”
Ting!
Grakk conseguiu estilhaçar a lâmina de Falone e avançou com sua garra na direção do pescoço do carniceiro.
“Merda!”
Em um último esforço desesperado, Falone se lembrou de Lettini, antes de cada um seguir em suas respectivas missões.
Eles estavam sentados lado a lado em um banco de praça, em um momento que parecia pertencer a outra vida. Lettini, tímida, usava um vestido escuro para o encontro.
Ela pegou a mão de Falone, seus dedos trêmulos entrelaçando-se com os dele.
— Sabe… Eu não tenho medo quando estou com você — disse ela, a voz suave e hesitante. — Isso é estranho… porque nunca senti isso antes.
Falone corou, seus sentimentos por Lettini se manifestaram em um sorriso terno. Eles se inclinaram um para o outro e, com um gesto tímido, compartilharam um beijo.
— O interior… — disse Falone, as bochechas vermelhas. — Quer ir para lá? Nunca passou pela minha cabeça ter filhos, mas…
— Sim… — disse, tão tímida quanto ele. — Assim que senhor Colin tiver conquistado o continente… é uma promessa…
Lettini ofereceu seu mindinho e Falone ofereceu o dele, selando o acordo.
A memória desvaneceu, trazendo Falone de volta à dura realidade.
“Desculpa, Lettini… eu não conseguirei cumprir a nossa promessa…”
Crunch!
A garra do humanoide tigre separou brutalmente sua cabeça do corpo.
— Você era bom — rosnou o tigre, vendo o corpo de Falone tombar. — Mas não era bom o suficiente.
O mundo de Dasken pareceu parar quando viu o amigo cair, seu corpo sem vida atingindo o chão com um baque surdo.
A dor e a fúria tomaram conta de Dasken, seus dentes cerrando enquanto um grito primal escapava de seus lábios.
— Desgraçado! — Veias saltaram de sua têmpora. — Eu vou te destruir!
Com um rugido de raiva, Dasken avançou sobre Grakk.
A espada de Dasken, imbuída com mana, cortava o ar com uma precisão que ele nunca havia alcançado antes.
Ting! Ting! Ting!
Cada golpe era carregado com a fúria de um homem que perdeu um precioso aliado, um irmão. Grakk, pego de surpresa pela intensidade do ataque, recuou, mas Dasken não deu trégua.
Crunch!
A espada de Dasken encontrou a carne do humanoide tigre, abrindo cortes profundos que jorravam sangue.
Grakk retaliou com suas garras, mas Dasken estava em um estado de fúria incontrolável. Ele desviou, bloqueou e contra-atacou com a precisão de um monarca.
Ting! Ting! Ting!
As garras de Grakk, outrora indomáveis, começaram a despedaçar-se sob a força dos golpes de Dasken.
“Esse humano, ele está mais rápido, mais forte, não é o mesmo do começo dessa luta.”
O humanoide tigre rosnava de dor e raiva, mas estava sendo pressionado como nunca antes.
Dasken, movido pela dor da perda de Falone, continuava sua ofensiva implacável.
Crunch!
Ele desferiu um golpe que rasgou o peito de Grakk, seguido por um corte que despedaçou uma das garras do humanoide tigre.
Grakk estava encurralado, sua agilidade e força sendo superadas pela fúria desenfreada de Dasken.
“Sinto muito por isso, rapaz, mas meu desejo de proteger minha família é maior que o seu de vingar o seu amigo.”
Em um movimento rápido, ele apanhou a cimitarra presa à sua cintura. Dasken viu o brilho da lâmina apenas por um instante antes que Grakk se movesse com velocidade surpreendente.
Swin!
Em um piscar de olhos, Grakk passou direto por Dasken.
O tempo pareceu desacelerar para o carniceiro. Ele não entendeu o que havia acontecido, a adrenalina ainda pulsando em suas veias. Quando ele começou a se virar para olhar para Grakk, a verdade brutal o atingiu.
Seu torso caiu para um lado, suas pernas para o outro.
Grakk, suspirou, corpo coberto de feridas.
— Acabou.
Ele olhou ao redor, vendo seus guerreiros dominarem o campo de batalha, as forças de Dasken e Falone dizimadas.
Os carniceiros haviam sido abatidos, suas carcaças espalhadas pelo chão ensanguentado. O som do combate diminuía enquanto os últimos soldados de Runyra eram derrubados, o acampamento deixado em ruínas.
As chamas das fogueiras iluminavam a cena de destruição, o cheiro de sangue e fumaça inundando o ar.
Grakk, com sua cimitarra ainda pingando sangue, observou seus guerreiros vasculhando o acampamento em busca de sobreviventes e espólios.
— Vocês — apontou para dois de seus homens. — Coloquem os corpos desses dois e enviem a Runyra, deixem que eles exumem os corpos.
Os guerreiros de Runyra lutaram bravamente, mas foram sobrepujados pela ferocidade e força dos humanoides tigres.
Dasken e Falone deram suas vidas em um esforço desesperado para proteger seu lar, mas a brutalidade de Grakk prevaleceu.
— Isso é uma vingança! — brandou Grakk. — Isso é por nossos ancestrais!
Grakk ergueu a cabeça de Falone, soltando um rugido de triunfo que ecoou pelas montanhas.

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