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    Lucian sentou-se em sua cadeira habitual, pegou um copo de chá e tomou um gole antes de suspirar: “É tão cansativo não fazer nada.”

    Embora tenha dito isso de forma quase debochada, ainda tinha uma ampla parcela de verdade — permanecer inerte apesar da vontade de agir é cansativo.

    Pfff” Shinobu soltou uma risadinha ao ouvir isso. “Aqueles coitados que estavam lutando provavelmente chorariam ao ouvir você falar algo assim depois de tudo o que aconteceu.”

    “E mesmo assim você riu, então, de certa forma, é pior do que eu.” Lucian chegou mais perto de Shinobu e então deitou a cabeça sobre o seu colo e envolveu os braços na cintura dela, respirando fundo para apreciar a agradável fragrância com uma leve nota floral. “A seguir eu tenho que terminar de criar minha rede para transmissão de energia e continuar desenvolvendo as técnicas que comecei.”

    Criar mais demônios tinha benefícios claros: seres independentes, com energia infinita e potencial para obter diversas habilidades, mas o custo é relativamente alto considerando que são necessários sangue, um ser pré-existente e uma quantidade indefinida de tempo. Por outro lado, os familiares, embora muito mais limitados, tem baixo custo e por terem Lucian como fonte de energia são quase indestrutíveis.

    Seguindo essa linha, eles são muito mais “imortais” do que um demônio de baixo nível, já que os familiares não possuem um ponto vital que pode ser destruído para matá-los e poderiam continuar se reformando enquanto a energia continuasse sendo fornecida.

    Portanto, Lucian continuava a montar essa rede de transmissão e mais, no futuro ele usaria isso como base para criar uma ancoragem neste mundo que até então se mostrava favorável para ele e seus subordinados.

    “Para poder retornar para este mundo posteriormente, eu preciso de algo que me faça sentir a ‘localização’ dele. No momento, a única opção que me fornece essa funcionalidade é construir algo massivo e vivo, como uma colossal torre de carne demoníaca e claro, essas… colunas demoníacas que eu espalhei por aí irão servir para amplificar esse efeito.”

    “Hmm… colossal quanto?”

    “Não muito, quinhentos metros deve ser mais do que o suficiente. Deixando isso de lado e focando em uma coisa para o momento, não tenho tido avanços no desenvolvimento de minha ‘espada dimensional’.”

    “Você fala como se quinhentos metros de altura fosse pouco.” Shinobu surpreendeu-se com esse número antes de assumir um semblante pensativo por um momento. “Falar com a Nakime talvez possa ajudar com seu problema, não?”

    “Improvável, pois o castelo infinito trabalha em uma direção contrária, mas não custa tentar…” Um buscava desestabilizar o espaço e causar sua fragmentação, o outro buscava criar um espaço o mais estável possível. Porém, consultá-la não dispendia grande esforço, então é claro que Lucian não descartaria tal sugestão sem nem mesmo considerar.

    “Pelo jeito a rota que mais mostrará resultados dentro de um curto período de tempo é focar no desenvolvimento de minhas belíssimas técnicas autodestrutivas.” Ele apoiou o queixo na mão enquanto ponderava.

    Poucos demônios possuíam artes marciais ou qualquer tipo de treinamento formal, Kokushibo e Akaza sendo umas das poucas exceções. Afinal, a maioria deles não era mais do que um camponês em suas vidas regressas e após a transformação a probabilidade de passaram por algum treino caia drasticamente.

    Que humano estaria disposto a ensinar um demônio devorador de homens?

    Que demônio estaria disposto a passar um longo tempo recebendo os ensinamentos de algo que não vê como mais do que uma refeição?

    Além de que a transformação tornou o treino algo desnecessário — bem, até que encontrassem um caçador com habilidades suficientes, mas neste ponto a morte já teria se tornado uma certeza.

    E mais, os demônios sempre tiveram uma atitude territorialista e forte hostilidade contra seus semelhantes, portanto não iriam se voluntariar para ensinar qualquer coisa uns para os outros. Como quaisquer ações para mudar essa situação não serviriam para os objetivos de Muzan, ele nunca fez nada.

    Também é possível que ele temesse a possibilidade de pensamentos rebeldes surgindo dentre um conjunto coordenado de demônios.

    Mas a arte marcial que Lucian estava criando junto de Akaza poderia mudar isso e futuros demônios não teriam o destino de serem completos amadores em combate. Claro, a assistência de Kokushibo será aproveitada também, sua proficiência nas artes da espada são mais do que úteis.

    A presença de Mitsuri e Shinobu também afeta muito a situação, pois ambas haviam sido caçadoras de demônio e mais importante, foram Hashiras.

    Talvez não tenham sido as Hashiras mais fortes, mas certamente são muito mais fortes do que qualquer caçador de baixo nível. A capacidade de lidar com uma Lua é a prova disso e mesmo que não tenham chegado ao nível que possuem na obra, continuam sendo potências consideráveis.

    “Então eu irei ver a Nakime agora mesmo.” Lucian deu um longo beijo em Shinobu antes de levantar-se, andou alguns passos e passou por uma porta.

    “Tão ansioso por tais coisas…” Ela murmurou enquanto ele saia e tocou levemente seus lábios, aproveitando a sensação e gosto que ainda permanecia neles.

    A porta pela qual ele passou apenas levaria para uma sala vazia em circunstâncias normais, mas devido às magias do castelo infinito, ele apareceu direto no salão principal.

    O salão principal é o local onde Nakime reside, de onde ela controla o castelo infinito e é local de onde toda essa dimensão se estende. Assim como o nome diz, é um dos lugares de grande importância para a existência de todo este plano dimensional.

    Andando com seus passos suaves de sempre, a vasta sala, muito maior que as outras, logo ficou plenamente visível e diferente de qualquer outro cômodo, ao olhar para os lados, podia-se ver as estruturas do castelo infinito.

    Infelizmente, tais estruturas careciam de sentido quando observadas por qualquer um, por exemplo: escadarias invertidas que levavam para corredores de cabeça para baixo ou mais escadarias.

    Talvez essa confusão fosse resultado da falta de conhecimento dos observadores incapazes de compreender os mistérios do espaço. Ou talvez aquelas estruturas não passassem de “lixo” que se acumulou após repetidas modificações no castelo infinito.

    Após um longo período de adaptação, Lucian já não sentia a vertigem que sentiu na primeira vez que entrou neste lugar.

    “Nakime, eu quero saber se você pode me fornecer alguma ajuda no desenvolvimento de minha nova técnica”, ele disse enquanto se sentava na frente dela. Os belos dedos de Nakime pararam o suave dedilhar nas cordas do biwa por um segundo em clara ponderação.

    “Quer ajuda com a ‘espada dimensional’?”, ela perguntou enquanto a música do biwa continuava a soar. Não era uma dedução difícil, Lucian não via utilidade, muito menos necessidade de esconder isso delas e esta era a única opção que tinha a ver com ela por ser um poder espacial.

    “Correto. Vi diversas coisas relacionadas ao espaço e sei bem o quão poderosas essas habilidades podem ser, e após perceber o efeito que o teletransporte com o ‘sangue dimensional’ teve em mim depois de repetidos usos, formulei uma ideia em minha mente. Usar essa ‘vibração’ das dimensões e ‘portais’ fluindo um contra o outro para gerar um gigantesco poder de corte, algo capaz de ignorar a resistência dos materiais por ser consequência de um pequeno colapso do espaço.” Lucian pensou por um momento antes de tentar colocar em palavras o que ele planejava.

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