Capítulo 80: O peso da morte
Kizimu estava sozinho novamente, agora conseguia pensar melhor.
Novamente uma pessoa morreu, e essa morte acabou de cair sobre seus ombros.
— Eleanor…
Uma garota tão intensa e brincalhona, tão divertida e prática.
A garota tinha brincado alguns dias com Kizimu e sua irmã, por isso poderia dizer que de todos os residentes de Insurgia, ela era que mais tinha feito amizade. O peso da morte era muito intenso e o que Kizimu mais queria fazer era matar o culpado.
Seus sentimentos intensos e resolução prática apenas dava uma solução. Não queria prender ou descobrir as intenções do culpado, se descobrisse o assassino, será que ele seria tão intenso quanto Amara foi com ele?
Aquele punho vindo na sua cara…
Kizimu afogou seu rosto no travesseiro.
Mais uma falha e agora ele estava sendo feito de culpado. Alguém que é capaz de fingir ser outra pessoa… Se fantasiar de outra pessoa era tão possível assim? Talvez fosse alguma maldição? Ou Bênção.
Kizimu levantou e foi até a televisão para pegar o controle, mas, tropeçou e caiu no chão.
— O que…?
Kizimu estava tremendo. Era raiva ou medo?
Seus sentimentos, confusos, estavam muito estressantes, queria ignorar, queria parar de pensar, mas, agora, sua mente parecia vibrar. Não sabia por que se sentia fraco, apenas, tremia suas pernas.
— O que está acontecendo?
Kizimu se ajeitou e sentou no chão, sua respiração estava instável e seus olhos não pareciam estar ajudando ele, como se sua visão vacilasse. Não tinha ideia do que era isso, ou melhor, tinha — isso era a Temperança.
O que ele poderia fazer para melhorar? Como poderia tirar esse sentimento ruim de si? Seu coração apertava com a tristeza. Suas pernas tremiam com medo. Seu corpo vibrava com raiva. Seus sentimentos confusos pareciam cada vez mais loucos. Então…
TRAM! BAM! BUM! — A trava se abriu, a porta se abriu e a porta se fechou.
— A estrela do show chegou! Aisha Stuewart!
Aisha bradou animadamente, e Kizimu estranhou.
— Você está bem, Aisha?
Aisha entrou no quarto com uma animação brilhosa totalmente fora de hora. Ela viu Kizimu no chão e seu estado patético.
— Você está horrível, bem… eu imaginava isso.
— Não precisa se preocupar, foca em você.
Kizimu não poderia atrapalhar Aisha, ela também tinha que lidar com a própria dor. Ela não tinha como já ter superado, lembrava dos gritos de sua considerada irmã.
Aisha se aproximou. Sua mão foi em direção a Kizimu na intenção de cuidá-lo, mas…
— Ai!
Kizimu afastou Aisha. Ele não poderia roubar a dor de Aisha, ela tinha que se preocupar com ela mesma, Ele não poderia deixar ela focar na dor dele. Algo dentro de si pensava isso. Esse modo de pensar não era Kuzimu e sim ele mesmo.
Talvez sua inteligência fosse de Kuzimu, mas, sua forma de pensar era sua, seu emocional era completamente seu. Como ele transparecia as informações de Kuzimu era com a mente infantil dele.
— Kizimu — ele olhou assustado, já que Aisha falou seu nome — Nunca mais me bata. — Ele recebeu um tapa na cara.
Ele voltou seu olhar lentamente por não conseguir prever o que acabou de acontecer. Por que sua considerada irmã tinha lhe batido? Olhou para ela e a garota tinha seus olhos lacrimejantes.
— Todos nos estamos passando pela dor, mas não tente passar por isso sozinho. Eu preciso de ajuda, mas antes, eu quero te ajudar, assim eu posso me sentir melhor.
Aisha sentou ao seu lado.
— Kizimu, consegue me dizer como você está?
— Como eu… estou?
Kizimu não conseguia dizer com certeza, ele nunca tinha pensado tão profundamente.
— Eu não sei.
— Olha, vamos pelo começo, como está se sentindo nessas mortes?
Como Kizimu se sentia nessas mortes? Ele tinha dito ao rei que não iria acontecer mais nenhuma morte, Kizimu estava se sentindo fraco por que ele estava sendo inútil, ele não estava sendo capaz de fazer nada.
— Eu deixei elas morrerem…
— É assim que você se sente?
— O que você quer que eu diga? — gritou
Kizimu não conseguia entender Aisha, ela estava agindo muito estranha, e ele mesmo não conseguia entender seus próprios sentimentos.
— Qual seu verdadeiro sentimento?
— Nós viemos para cá por que Jason disse que aconteceria algo ruim, viemos impedir isso, e eu não estou fazendo nada.
— Isso é racional demais… racional demais para meu irmãozão dizer.
Racional demais? Como assim?
— Pessoas morreram. Não é sobre obrigações o motivo de estar mal, entenda o porquê está tão triste.
O que ela queria dizer com estava sendo racional demais? Pensando o mais profundamente, lembrou de algo. Mente Humana, os 3 núcleos. Um livro que Masha via no mundo das ilusões.
Ela dizia que a mente humana era capaz de fazer coisas mesmo se não entendermos.
Kizimu pensava em algo, mas seu corpo reagia de maneiras muito diferentes, talvez fosse por que sua mente estava agindo diferente do que sua forma de pensar. Talvez suas reações fossem mais complexas do que uma mera Temperança.
Era algo pior.
— Kizimu, entenda algo. Sua maldição é seu lado mais racional, e seu eu é seu lado mais emocional. Por isso, me diga, o que você está sentindo?
— Como sabe de minha— ?
— Me diga, agora. Como se sente?
Kizimu foi pressionado pela garota sentada ao seu lado, ela olhava fixamente para ele, com seus olhos azuis-claros escurecidos, olhos tão belos, seu olhar encantador era perfeito e sedutor, uma beleza infantil, perfeita.
Kizimu nunca tinha notado quão bela sua considerada irmã era, vendo ela de tão perto, notou coisas que não notou antes, e assim distraiu-se.
— Kizimu atenção!
Ele virou seu rosto para pensar um pouco.
O que ela quer saber? Do que ela estava falando? Sentimentos racionais e emocionais?
Kizimu estava frustrado pela morte, triste por elas, ele não queria que tivesse acontecido, elas não deveriam ter acontecido. Ele estava frustrado? Triste? Isso era como ele se sentia? Mas isso é óbvio.
— Eu estou triste?
— Triste todos estamos. Kizimu, não é possível, você não consegue entender algo tão simples?
— Mas?
— Qual seu sentimento?
Qual o sentimento que Kizimu sentia? Quão profundo Aisha queria chegar? Ela segurou seus braços, e puxou para perto, ele não conseguia fugir dela, estava perto demais, era impossível. Kizimu não sabia o que pensar.
Sentia tristeza na morte dela, claro, isso era óbvio, mas o que a mais sentia? Frustração de ter perdido ela? O que a morte delas significava para ele? Eram pessoas próximas, mais próximas. Entendeu a morte com maior significado, mas, o quão profundo entendeu a morte?
Kizimu entendia o que significava morte? A morte era o fim da linha, não tinha como voltar, não poderia conversar de novo. A morte o seguiu desde que acordou, quando sentiu a vida de seus amigos estarem em suas mãos e teve que lutar para matar uma pessoa.
O garoto esteve diante da morte com mais proximidade do que pudesse aguentar, pois então, não entendia o quão profundo a morte poderia significar para ele. A morte era o fim, mas, o fim era algo entendível.
Estava triste por que nunca mais veria elas. Estava triste por que falhou em sua missão. Estava triste… porque alguém morreu.
— Eu estou triste por que alguém morreu…? — lágrimas começaram a surgir em seu delicados olhos.
Kizimu desde que acordou teve que se acostumar com o fato que matar era a coisa certa. Por isso, todo o peso da morte desapareceu de seu coração. Não tinha escrúpulos quanto a matar pessoas, por que, nunca se acostumou ao fato de quão ruim era uma morte.
Era racional demais e suas soluções eram diretas demais, por isso, sua tristeza era racional demais e seus sentimentos não eram entendidos por si próprio.
— Não está triste por que deixou elas morrerem, está triste por que elas morreram. Você é apenas uma criança, eu já disse isso, por isso, não deve focar seus sentimentos em coisas complexas como responsabilidades. Você tem que sofrer as mortes das pessoas, se não, não vai conseguir sorrir de verdade, assim como eu posso sorrir de novo.
Kizimu estava chorando e Aisha acariciava sua cabeça.
— Droga, o eu preciso fazer então? Como eu posso sentir a dor da morte se eu sou racional demais?
Aisha tocou sua testa com os dedos indicadores, uma interferência aconteceu. Um chiado. Algo ocorreu em erro e sua mente tampou os sentidos. Algo estava errado, um vazio foi sentido como se toda sua vida fosse carrega de maneira diferente.
Nunca sentiu esse peso, essa falha, esse vazio, ou melhor, algo parecido já tinha sentido sim. Essa ausência, esse vazio, essa fraqueza. Era…
— Cadê Kuzimu?
Aisha fez algo que separou a conexão de Kizimu e Kuzimu, algo tão inocente e incompreensível, não conseguiu nem formular nada, porque sua inteligência foi roubada. Kizimu era apenas uma criança inocente e seus sentimentos jorraram no seu coração como uma falha da eternidade.
Kizimu sentiu toda dor da morte. Perdeu a capacidade de agir racionalmente, perdeu seu guia, perdeu seu caminho e agora.
— Elas… morreram.
Kizimu começou a chorar, berrar, e pulou sobre Aisha, que lacrimejou também.
— Irmã, por que, me diz por quê? Por que elas tinham que morrer? Por que eu não consigo fazer nada? Eu queria ser mais amigos delas. Eu queria ajudar Hermione. Eu queria assistir animes com Eleanor, eu disse que veria o anime de assassinato com ela.
‘Eu queria muito, muito brincar com elas. Não deu tempo. Eu nunca mais vou poder ver elas. Eu nunca mais vou poder. Eu não posso. Eu não posso.
Chorou, gritou, e esperneou. Tal como uma criança inocente. Suas lágrimas eram seguradas por sua irmã, que segurava a cabeça de Kizimu. Ele afogava seu rosto nos magros seios de sua irmã.
— Me diz, por que eu sou tão insignificante? Por que eu nunca consigo fazer nada? Eu não fiz nada contra Samuel. Eu não estou fazendo nada contra esse assassino. Eu sou fraco. Eu sou péssimo como o senhor da casa Kuokoa. Eu não mereço essa patente. Eu preciso ser forte, mas eu não consigo fazer nada.
Kizimu agora sofria mais do que qualquer coisa, por que, ali era o ápice de seu sofrimento. Não tinha Kuzimu para seus sentimentos racionais serem evoluídos pela temperança, agora, ela evoluía o ápice de seus sentimentos mais emocionais.
Chorou, lacrimejou, pranteou, lamentou, soluçou, carpiu, enquanto era segurado pelos braços frágeis de sua irmã, ela mais do que tudo era aquela que estava ao seu lado.
— Irmãozão, você não é insignificante, está colocando pressão demais em si mesmo. Lembre, você estava em coma. Sua idade mental nem mesmo deveria ser passando por isso. Porém, você é melhor do que imagina.
— Como eu sou?
Aisha sorriu para seu irmão, que estava irritado.
— Você está dando seu melhor não é? Está fazendo tudo que está a seu alcance, mesmo sendo apenas uma criançazinha. Tem, sim, seus limites, mas, quem não tem? Não pode achar que é o mais forte lutador sem nunca ter treinado. Tem que descobrir qual é seu trunfo.
— Meu… trunfo?
— Sim, quando descobrir qual é seu trunfo, vai finalmente entender por que é o senhor da casa Kuokoa. Vai finalmente ser tão incrível quanto… seu pai.
Aisha abraçava Kizimu enquanto o mesmo chorava em si. Ele era maior que ela, mas agora agia como uma criança pequena. Estava agindo como alguém da própria maturidade, da própria forma de agir.
— Eu realmente posso ser que nem meu pai?
— Com certeza pode.
Kizimu chorou mais ainda. Sentia tristeza pelas mortes. Sentia tristeza pelas palavras de Aisha. Era irracional demais o que estava sentindo, não tinha logica. Queria bater em tudo. Queria arrancar seus cabelos, e ela estava lá, segurando ele, para que o pior não acontecesse.
— Aisha, me diz, por que você ajuda um inútil como eu?
— Ué, isso é tão óbvio. Porque eu sou sua querida irmãzinha, é meu dever cuidar do meu irmãozão.
Seu sorriso mais do que confortável, seu sorriso familiar mostrava que Aisha era mais do que uma amiga, era uma irmã que poderia contar. Sua considerada irmã, era tão próxima que deveria ser considerada algo mais profundo do que isso.
Mesmo que eles não tenham ligação de sangue.
Mesmo que eles não sejam verdadeiramente parentes.
Kizimu ali aceitou Aisha como sua irmã.
Principalmente agora.
Agora que descobriu o peso da morte.
—————————————
Hora do chá
—————————————
Yahalloi
CaiqueDLF aqui!
Que Cap INTENSO!
Olha eu aqui irritando vocês leitores de novo. Bleh. Olha, eu precisava vir conversar depois de um cap tão genial.
Lembrem de uma coisa, Kizimu é uma criança de 6 anos de idade. O que torna ele tão “Maduro” é o Kuzimu, onde torna Kizimu meramente inteligente. Mas a inteligência de Kuzimu é racional. Ela é completamente racional, não dando espaço para emoções. Enquanto o lado emocional de suas decisões são completamente Kizimu.
Vamos avançar alguns pontos.
Kizimu empurrou a mão estendida de Aisha, e outro momento, ele gritou com ela (O que você quer que eu diga?) parece ser uma atitude infantil… mas é completamente uma atitude infantil. Esse capítulo mostra, que mesmo que ele seja racional, o lado emocional e criança dele estava gritando em seu corpo. Refletindo completamente em suas ações. Ele estava impulsivo. Ele estava descontrolado. Tão descontrolado que suas pernas estavam tremendo.
Kizimu não conseguia compreender sua própria dor, porque Kuzimu deixava o garoto racional demais. Sua forma de pensar inteligente era racional demais, e ele não estava vendo o que estava na frente dele. Que era…
Ele estava triste por que elas morreram.
Kizimu não entendia que estava triste por que elas morreram. Ele achava que estava triste por que não conseguiu proteger elas. Ou por que falhou em sua promessa. Ou por que ele não estava fazendo nada. Mas era tão mais simples que isso. Kizimu é uma criança, e como tal, ele sentia completamente o peso que a morte causava.
Mas, vamos lembrar de uma coisa.
Kizimu acordou sem memórias. Então, seus ideais foram formados nas suas primeiras horas de vida.
Uma criança morreu — Não conseguiu processar a lógica que alguém morreu.
Depois, teve que matar alguém — Não conseguiu entender o quão cruel era a morte.
E mais de uma vez, o conceito de matar e morrer foi distorcido pela racionalidade de (Precisa matar ou precisa ser morto)
Mas agora era diferente. Pessoas estavam morrendo, e Kizimu não tinha escrúpulos pelo fato que isso o afetava. Sua mente de criança era machucada com as mortes, e ele nem tinha tal compreensão
Mas agora, com ajuda de Aisha, ele não apenas aprendeu o que significava a morte. Mas, ele conseguiu sofrer por elas.
Kuzimu tornava Kizimu racional demais, então, o garoto nunca conseguiria sofrer as mortes. Mas depois de Aisha fazer algo Kizimu finalmente liberto, conseguiu sofrer as mortes.
Aisha salvou ele, de forma que agora ele pode continuar e investigar o caso com mais ardor.
Outra coisa curiosa que gostaria que adular na mente de vocês é… O quanto Aisha sabe e entende da maldição de Kizimu?
Ela já demonstrou mais de uma vez ter conhecimento sobre e entender a sua maldição, talvez até melhor do que Kizimu. Mesmo que o motivo de Aisha estar aí, é uma interferência externa. (Não vou spoilar, mas digamos que uma certa estrela mandou um Zap para Aisha.)
Além disso, ainda em Aisha. Vocês já desvendaram qual o arbítrio dela? E se é Maldição ou Bênção? Porque eu ainda não revelei.
Se alguém aqui vem do SlimeRead, talvez vocês já saibam o nome, mas você começou pela Ilusia, é um segredo ainda mais intenso. Poderiam teorizar?
É isso, já me entendi demais. Eu amo esse capítulo, e adoro como ele é importante para o crescimento de Kizimu. Principalmente aceitação de Aisha como uma irmã mesmo. Porque para ele, ela era a considerada irmã. Mas agora, mesmo que eles não tenham laço de sangue, ele aceitou ela como irmã. É isso… continuem lendo, todos os dias teremos capítulo.
Bye bye.
Ass: CaiqueDLF

Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.