Capítulo 91: Pequena ursa

Miasma vivo fluía por todo o ambiente, como uma infestação.

Kizimu sentiu sua barriga dobrar, o ver tão sútil do corpo caído sobre a cadeira, era triste, isoladamente pesado. Bellatrix perplexa, começou a lacrimejar. Passos sem forças foram dados a frente, desacreditando.

Guardas chegaram na porta, e logo, pessoas começaram a se unir ali também.

Bellatrix segurou o rosto maculado de sua amiga, e lacrimejantemente tentava dizer algo. A arma, ainda pousada na mão, deixava a intensão ali clara, um óbvio suicídio.

A velocidade que a guarda entrou no quarto, era impossível que tivesse sido forjado, então algo aconteceu. Vendo a mesa, olhou cafés ainda preparados, um calor que provava efemeramente que uma conversa aconteceu.

Mas, algo ainda pior passou por sua mente, ela pegou um cotonete e puxou o líquido e colocou em um eletrônico que estava em sua cintura, ali, foi definitivo, uma droga foi usada.

— Submissina… como?

— Bellatrix, não me diga?

Irritada, ela segurou Kizimu pela gola do moletom. Sua raiva imensa pela morte de sua amiga mais próxima. Apesar disso, sua raiva era por um fato único. Além do rei e Bellatrix. Kizimu era o único que contou o efeito da droga.

Olhou com cólera para o garoto a frente, um resquício de inimizade presente, e sem precedentes, perder ela tirou toda sanidade que lhe restava. Não era qualquer pessoa, era a pessoa mais importante para Bellatrix.

Sua amiga, sua rival, e seu secreto amor.

Kizimu recebeu aquele agarrão com receio, não estava com forças para lidar com aquilo, mas, porque algo tão cruel aconteceu, principalmente agora que Kizimu se aproximou tanto.

— Por que estava fora de sua cela?

— Eu e Amara estávamos investigando mais cedo, ela disse que voltaria, mas como demorou muito, eu fiquei preocupado, e vim ver ela.

Kizimu falou o mais rápido que pode, por medo da mulher cheia de fureza. Apesar disso, Bellatrix não convenceu-se totalmente.

— Como passou dos guardas? Todos tinham ordens claras de não deixar ninguém andar por aí.

Com o tempo, cada vez mais pessoa entrava no quarto. Guto, Brielle, Talia.

Kim, Pandora e Aisha também entraram logo, pois ouviram o barulho do tiro.

— Eu não posso explicar como eu fiz isso.

— Não pode! Você entende sua situação agora! Era apenas ficar na cela, agora as chances cairam totalmente sobre você.

Aisha correu para perto e segurou as mãos da tática, ao qual apertava a gola de Kizimu, quase deixando-o sem ar.

— Por favor para, está machucando ele.

— Saí daqui Aisha, você não entende o que está acontecendo. Isso é coisa séria. Você não é mais ligada as pessoas daqui, pessoas estão morrendo, e agora, ela morreu, eu não consigo… eu não posso aceitar que não estou conseguindo resolver esse caso.

Falando rápido, Bellatrix entrou em colapso. Seu choro veio como um fraquejar de sua alma, mesmo assim, não pode evitar empurrar Kizimu com tudo para a mesa próxima. As xícaras balançaram com o empurrar e a guarda ficou mais frustrada.

— Guardas, levem Kizimu para sua cela, eu vou fazer a perícia. E todos, vão embora, esse quarto está fechado.

Aisha tentou ir até Kizimu, mas o primeiro guarda empurrou a garota e rudemente puxou Kizimu pelo corpo, levando ele.

Todos viram a situação, cada um a sua maneira, deixando tudo muito tenso.

E ali, sozinha, Bellatrix ficou, chorando pela morte, da sua maior companheira.

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— Quero corrigir algumas coisas.

A fala seca de Bellatrix deixou Kizimu tenso. A luz alva piscava enquanto estava em uma sala totalmente diferente. Ali, o garoto foi obrigado a tomar a força um líquido doce, era provavelmente água, mas, com certeza, Submissina tinha sido colocada.

— Eu não estou com raiva de você, e depois de pensar um pouco, eu fico na mente que não faz sentindo algumas coisas. Claro, você estava fora da sua cela, mas, provavelmente não estava naquele quarto.

A mulher bebia em seu copo especial um café da mais alta qualidade, olhando afiadamente e muito irritada para o garoto. Tenso, apenas pode ouvir o que fora dito a si.

— Vou acabar com dúvidas diretas. Você sabe como usar a Submissina?

— Não! Eu não tenho a menor ideia. Sei que precisa colocar em algum líquido, mas, eu nunca vi tal droga.

— Você já matou alguém?

— Eu já enfrentei um morto vivo e acabei com ele. Dando um fim a sua existência.

— Você afirma conhecer sobre maldições e bençãos e foi com isso que conseguiu passar pelos guardas, para matar Amara.

— Eu realmente usei minha maldição, mas, eu não matei Amara, eu tinha acabado de chegar.

Foi um bate bola rápido, onde Kizimu respondeu tudo a força. Com a pesquisa recente de Bellatrix, ela tinha noção sobre maldições e bençãos, ficando mais incomodada ainda quanto ao fato que Kizimu tinha uma.

— Eu vi nas câmeras tudo que aconteceu, por isso deduzi que foi obra de alguma maldição, você estava em um local e apareceu em outro como se teleportasse. Mesmo assim… quem estava no quarto…

Batendo na mesa, a mulher de intensos olhos verdes, falou cada vez mais rápido. Uma coisa era certa, Kizimu não era o culpado, porém, estava começando a duvidar da própria droga e de seus próprios olhos.

Se existe maldição e Bênção, o que impede de eles conseguirem neutralizar o efeito da droga. Talvez uma resistência exista e nunca poderia provar.

— Sua postura mudou em poucos dias, diria que poderia ter mais chance de ser o assassino.

— Eu não consigo vencer uma luta mesmo assim. Eu lutei com Amara e Guto, e eu não tenho capacidade de vencê-los.

Bellatrix ficou pensativa, um pouco agoniada sobre como poderia lidar com seus próprios sentimentos, até que de repente pensou algo.

— Talvez seja um efeito negativo por pensar tanto nela…

— Do que está falando?

Bellatrix se levantou e tirou de um dos seus bolsos uma chave de metal, tirando as algemas de Kizimu, andou pela sala e encheu um copo d’agua.

Bebendo, ela pensou um pouco mais, e então chegou a uma conclusão.

— Eu estou irritada, vamos lutar. Quero extravasar.

— O quê?

Aquela sugestão louca foi dada pela Comissária de ordem. Kizimu ficou ansioso, porque não estava totalmente curado da sua luta contra Amara. Mesmo assim, seu corpo estava agindo um pouco fora de si.

— Certo!

— Está sob o comando da Submissina, o quão bom consegue lutar? Lute com tudo, como se lutasse pela vida, sem armas, apenas combate, com tudo que sabe, agora, venha.

Kizimu respirou fundo e seu controle desvaneceu, ali, iniciou algo assustador.

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Avançando com um chute frontal, Bellatrix conseguiu rebater com um perfeito enquadro no chute, barrando com seu braço, e jogando ele no chão, mas Kizimu não se deu por vencido.

Caindo no chão, deu uma palmada, girando, e girou dando uma Meia Lua de Compasso¹, onde novamente a mulher brilhou com uma defesa fora do comum.

Chutando Kizimu para longe, ele bateu suas costas na mesa, e Bellatrix correu na direção dele, com seu cérebro ativando, ele girou e pulou, dando um direto, que foi desviado e ele recebeu um soco na barriga.

Kizimu caiu, e a mulher fez uma sequência que não fora nenhum golpe marcial, foi simplesmente uma pura definição do combate rápido, mas preciso. Pela inexperiência daqueles golpes, Kizimu apenas tentou defender alguns, como o combate de ataques que teve com guto.

A velocidade de recebimento de ataques fugiram do comum, com uma qualidade ultra melhor que Guto, ali, a sequência foi devastadora. Movimentando seus braços com o seu melhor tentava super defender aquela monstruosidade.

A intensidade da luta não era capaz de fazer Kizimu revidar com capacidade. O estilo intenso de combate de Bellatrix era veloz e impossibilidade de revidar. Cada movimento que era dado, ficava mais rápido.

De repente, Kizimu notou algo, seu corpo parou de fazer ações automáticas, a Submissina acabou e seu foco voltou como um enxame falho. Afogado em golpes, não conseguiu manter a concentração, recebendo todo oceano, sendo jogado por cima da mesa.

— Ué, perdeu a concentração? Vamos, quero extravasar, fazer como ela fazia. Você é um amaldiçoado, não é? Mostre do que é capaz.

Bellatrix correu, seus ataques fortes deixaram Kizimu tonto, e ele quase desmaiou por tamanho ocorrido, a quantidade de ataques movidos e imprevisiveis, não eram feitos por treinos da aprendizagem.

Amara tinha treinado para fazer ataques destrutivos, um treino onde se tornava incomparável com seus ataques finalizadores. Bellatrix treinou a versatilidade, sendo capaz de se adaptar ao momento, um estilo de combate voltado ao momento e não a finalização.

Uma priorizava força e outra velocidade, mesmo que as duas eram contrapostas em serem extremamente boas na outra capacidade. Bellatrix chegou em Kizimu e cruzou um backfist² onde Kizimu apenas defendeu com velocidade.

A precisão militar da mulher era excelente, deixando Kizimu em sérios apuros. O garoto não tinha ideia de como vencer aquela presença aterrorizante, já que não era efeito de ataques tão previsíveis, ela se adaptava ao oponente, então, não tinha como evitar ataques feitos.

Assim como Guto, a luta se tornou inútil conseguir prever, pois era previsão sobrenatural, contra capacidade de luta por conhecimento, ali, a superioridade era clara, e a experiência deixou tudo mais intenso.

Talvez não fosse Bellatrix que fosse parecida com Guto, e sim seu contrário, onde, ele aprendeu a ser versátil, graças a ela. Kizimu mal conseguia comparar os golpes e deixou tenso quando fracamente defendia alguns golpes.

A luta de Kizimu apenas se estendeu por conseguir lutar, graças ao treino com Guto, mas, aquilo não deixou o garoto com vantagem, apenas pareceu deixar Kizimu mais tenso pela fraqueza de sua própria força. E se fosse levar em consideração a luta que teve contra Amara, faltava algo. O sentimento que teve na luta de Amara, o amplificador da luta, se fez ausente.

Kizimu não conseguiu entrar no mesmo frenesi que teve com Amara, dessa forma, não consegue se tornar tão intenso quanto seu oponente. A fraqueza era clara, e as chances eram inexistentes.

Sem chance de revidar, sem chance de vencer, era como lutar contra uma ursa ou um puma. Cada ataque calculado, cada golpe pensado, cada movimento bem feito, deixava Kizimu mais desestabilizado, e tudo mostrava o controle absoluto daquela luta.

Bellatrix tinha consciência absoluta de tudo que era capaz, e estava lutando agora, quase como que o treinando, sim, a mulher que ali apenas começou a lutar pela tristeza de perder a amiga, já tinha entrado em modo de combate de ensino.

Até por que se necessário, ela já teria vencido Kizimu, mais de mil vezes, a diferença escrupuleante de não ser capaz de prever aquela mulher poderosa.

— Eu consigo ver que melhorou muito, e eu vejo que aprendeu muitas coisas com Amara, muitas coisas mesmo. Consigo enxergar muita coisa aqui, mas, seu limite é a falta de prática.

— Eu não consigo lidar com você, é impressível demais.

— Kizimu, você está lutando tentando me entender, mas, não apenas faça isso, deveria ter aprendido na luta com Amara, uma luta tem que ser intenso pela própria emoção.

O que Bellatrix tentou dizer? O que aprendeu com Amara? Sua luta com ela foi completamente confuso, um desejo que não tinha entendido bem apossou pelo seu corpo, um sentimento intenso. Um profundo desejo, sua mente doía quando tentava lembrar.

Talvez fosse realmente uma maldição, mas, será que aquele sentimento foi bom mesmo? Talvez tivesse lutado com melhor qualidade com aquele intenso desejo, mas não conseguia fluir aquela capacidade, não de novo.

E então, depois de tantos ataques e defesas falhos, Kizimu finalmente caiu no chão sem forças, não conseguia mexer mais nenhum músculo. Ainda não tinha se recuperado de sua luta com Amara, com dores em todo corpo. Treinou ainda mais, e agora lutou mais uma vez.

— Certo, eu consegui me despedir… eu vi sua luta com Amara, eu queria um pouco daquilo também. Me lembrou das minhas lutas com minha querida, mesmo que não tenha sido o mesmo.

Kizimu estava tonto, sem forças, pelos golpes pesados que baterem pelo seu corpo, perna e braços. Ainda mais agora estava prestes a perder todas suas forças.

— Bellatrix, você é um monstro.

— Hahahaha, isso não me deixa mais tranquila. Eu… odeio o fato que não achamos ainda o culpado. Certo, descanse mais um pouco, eu vou pegar um café.

Kizimu foi lá deixado no chão, e a mulher foi embora, deixando o garoto sozinho, talvez confiasse que ele não tivesse capacidade de matar Bellatrix, a mesma mulher teria notado um assassinato tão obvio.

Um tempo se passou, e Kizimu ficou lá, deitado, até que uma pessoa entrou naquele ambiente. Ela solenemente passou pelo quarto, e viu o garoto no chão.

— Vamos terminar isso, Kizimu.

Um metal caiu no chão, fazendo barulho. Vendo ser uma faca afiada de metal, olhou para quem lhe jogou a faca.

— O que… está fazendo aqui?

Com seus longos cabelos prateados, ela, determinada, estava pronta para finalizar seu plano. Olhos verdes intensos deixaram sua motivação mais a frente, e Kizimu não conseguiu conter seu medo em ver…

— Dalia…

1. Chute girado da capoeira: você apoia as mãos no chão, gira o corpo e acerta com o calcanhar em arco longo e potente. (Kizimu não aprendeu esse golpe, usou no calor do momento.) ↩︎
2. Golpe rápido com o dorso da mão, geralmente após giro ou movimento surpresa. ↩︎