Índice de Capítulo

    Aos que leram o capítulo mais cedo, houve um erro na numeração da postagem. Foi o rascunho de um capitulo adiantado. Perdão pelo erro e pelo possível spoiler.
    Agora segue tudo arrumado.

    A luz pálida da manhã toca uma cidade fria e silenciosa, onde até o vento parece temer os becos. O ambiente ao redor é rochoso, com vegetação majoritariamente baixa e acinzentada, com pontuais árvores esqueléticas de poucas folhas.

    A cidade em si é grande. Possui construções bem altas feitas em tijolos, ruas largas com o chão forrado de pedras e é circundada por um muro espesso.

    Os portões são fortemente guardados por soldados em armaduras tão robustas que até seus olhos se perdem no interior dos capacetes.

    Diferente do que se espera de um ambiente urbano como aquele, a cidade é quieta. Com poucas pessoas circulando pelas calçadas e quase nenhuma carroça vagando pelas ruas.

    E aqueles que trafegam são humanos e gnomos que exibem semblantes cabisbaixos, jogando olhares desconfiados em cada beco, como se algo espreitasse por ali. 

    Contrastando com tudo isso, uma parte da cidade se encontra bem mais agitada que o resto. Em um galpão cinzento na região norte da cidade, com janelas lacradas com chapas de madeira, ecoa o som de batidas metálicas, gritos e som de estouros, porém, não há ninguém na rua para escutá-los.

    Dentro do galpão, luminárias no teto e nas paredes iluminam o lugar. Há dezenas de caixas de tamanho variado empilhadas, organizadas em grupos de forma que dão uma aparência quase labiríntica ao interior da construção.

    No chão, um grupo de seis pessoas vestidas com trajes negros, portando armas, enfrenta outros três que usam roupas bem distintas. 

    À frente, com uma espada prateada em mãos, está Guilliman, um rapaz humano que usa camisa de couro com detalhes verdes e uma capa. Ao seu lado, Agorn, um meio-elfo moreno com bigode castanho espesso e cabelo curto, o acompanha portando uma lança metálica junto de um escudo de madeira.

    Atrás deles, encontra-se Mary, uma humana de pele alva e cabelos ruivos, usando uma camisa amarela, manto azul desbotado e calças de couro preto, empunhando um cajado de madeira, com fogo na ponta.

    A humana olha firmemente para o alto, onde fica uma passarela de madeira que se estende por todo o galpão. Sobre ela está um homem que usa um terno preto elegante e uma capa vermelha, com uma gola alta que cobre a nuca e os lados da cabeça. 

    Ele possui cabelos negros, sua pele é muito pálida e suas orelhas são pontudas. Facilmente poderia ser confundido com um elfo, mas os olhos vermelhos e as presas afiadas como as de um fera deixam bem claro que se trata de um vampiro. 

    Seu olhar franzido e os lábios recuados enquanto rosna transmitem a raiva que ele sente. “Acabem com esses invasores!”, ele decreta com entonação pesada, gesticulando o braço como se fosse um juiz dando a sentença.

    No chão, os homens de preto atacam ferozmente, brandindo suas armas contra Guilliman e Agorn, mas a dupla é tenaz. 

    O rapaz é ágil o bastante para defender-se com sua espada, bloqueando cada golpe contra ele. O meio-elfo, apesar de não ser tão veloz quanto o jovem, resiste aos impactos com seu escudo, inabalável como uma pedra.

    “Só temos que segurá-los mais um pouco”, afirma Guilliman.

    “Esse galpão devia estar vazio, droga!”, comenta Agorn.

    “Agradeça ao querido informante do Rhazir”, pontua Mary, atrás, concentrada no vampiro.

    A maga aponta o cajado ao alto e o fogo acumulado na ponta aumenta. “Raio ardente!”, ela conjura.

    O fogo divide-se em três chamas menores e, uma a uma, elas são disparadas em rajadas incandescentes.

    O vampiro corre para o lado e esquiva-se das duas primeiras, mas na terceira, estende a mão e apara a palma. A chama incendeia a pele e ele fecha os dedos. 

    “Maldita!”, murmura o vampiro.

    Aquelas que passam por ele seguem em linha reta e acertam o fundo da sala, causando um estouro ao impacto.

    Instantes depois, a luz do sol corta a sala como um feixe. 

    O vampiro se assusta e olha para trás, vendo a madeira da janela em chamas, causadas pela magia da maga.

    Quando ele volta a olhar para o chão, vê dois de seus homens já caídos, massacrados pelas armas dos guerreiros, que ainda estão ilesos.

    Antes que ele possa esboçar sua raiva ou dar um novo comando, uma porta nos fundos do galpão se abre e de lá sai correndo das escadas que levam a algum tipo de porão, Rhazir, um homem-gato de pelagem laranja e trajes de couro escuro, carregando uma tocha, seguido de Anne, uma humana jovem de pele clara e cabelos negros, usando camisa e saia branca.

    Eles são acompanhados por uma dezena de outras pessoas, magras, vestindo roupas sujas e maltrapilhas, todos correndo em direção à grande porta da saída do galpão.

    “Quem quiser a liberdade, basta seguir o gato!”, diz Rhazir, com um sorriso na cara. 

    “Vai com calma, eles estão muito fracos”, diz Anne, preocupada.

    “O quê?!”, ele pergunta, incrédulo. “Meus prisioneiros?!”

    O vampiro, vendo seus homens caindo, seus prisioneiros fugindo e o sol começando a invadir o local, cerra os punhos e sai correndo pela plataforma, recuando em direção a uma porta. “Eles vão pagar”, murmura a si mesmo.

    “Ele vai fugir!”, diz Agorn.

    “Não se depender de mim”, afirma Mary.

    Ela segura o cajado com as duas mãos e fixa sua visão em um ponto logo atrás do vampiro. “Passo nebuloso”, ela conjura.

    O corpo de Mary se desfaz em uma névoa fina e, em um piscar de olhos, a humana reaparece na plataforma e começa a perseguir o fugitivo em direção à porta.

    “Mary, não!”, alerta Guilliman, mas os homens de preto não lhe dão tempo para discorrer. 

    Apesar de feridos, dois inimigos seguem o atacando impiedosamente. Um deles ainda consegue acertá-lo no braço. Um corte se abre em sua roupa e o sangue goteja no chão. 

    Pelo momento de distração, o guerreiro se vê pressionado com as costas batendo em uma das paredes de caixas empilhadas. 

    Guilliman volta a se focar na luta e sua espada prateada brilha, envolta em uma aura dourada. 

    Ele contragolpeia um dos bandidos. O impacto é forte, fazendo-o soltar sua arma, dando brecha para o rapaz conectar outro golpe e causar um corte longo e profundo no peito dele.

    O segundo ainda tenta atacar, mas, antes de alcançar Guiliman, uma voz ecoa, “Raio ardente!”

    Do alto da plataforma, Mary dispara, da ponta de seu cajado, três projéteis de fogo certeiros nas costas do bandido. Sem chances de resistir, o homem cai ao chão, com a pele queimada.

    Guiliman olha para cima com um sorriso.

    “Por que disse para eu não ir?!”, ela questiona. “Eu poderia ter parado aquele cadáver ambulante.”

    Mais adiante, Agorn derruba o último bandido de pé, golpeando-o na cara com seu escudo pesado. “Oof”, murmura o meio-elfo, colocando a lança sobre o ombro. “Foi bem mais complicado do que eu achei.”

    Ao fundo, os portões pesados do galpão se escancaram, e a luz do sol inunda o ambiente sombrio. Os prisioneiros, enfim livres, caminham em direção à saída. Alguns erguem os braços, banhando-se no calor, como se tentassem abraçar a própria liberdade.

    Guilliman suspira, a aura dourada ao redor de sua espada se dissipa, fica aliviado e volta a olhar para Mary. “Só viemos aqui para libertar as pessoas”, ele responde, com a voz tranquila, mas com um leve arfar cansado ao final. 

    “Seria um mordedor a menos para termos que lidar depois”, Mary retruca.

    “Não há por que nos arriscarmos à toa”, diz Guilliman, limpando o sangue de sua arma, raspando-a sobre uma caixa. “Isso é só o começo, ainda temos muito trabalho por aqui.”

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