Capítulo 1178 - Demônios: Infinito
『 Tradutor: Crimson 』
“A Mãe que Dá à Luz e a Serpente que Devora. Todas as coisas fluem. Nem mesmo o tempo escapa ao seu abraço. Pois você é a personificação do Infinito.”
Souta virou a mão e uma esfera de luz acinzentada desabrochou em sua palma. Ele a esmagou delicadamente e fragmentos de luminescência se espalharam como a poeira da criação.
“Ó natureza impiedosa do Infinito, desça sobre mim. Que meu corpo se torne a Serpente com suas mandíbulas infinitas, devorando toda a existência. Vazio insaciável, prazer eterno, fluindo através das eras sem pausa ou repouso. Tudo o que existe retornará ao meu ventre, pois anseio por um mundo onde todas as coisas se fundam no Uno… no próprio Infinito. Infinito… Infinito…” 1
Os demônios restantes lutavam para resistir, mas seus corpos se recusavam a se mover. Seus instintos rugiam dentro deles. A morte era certa, e não havia como escapar dela.
“Que este frágil receptáculo suporte o peso do Infinito.”
O punho de Souta se fechou com uma força trêmula. Uma agonia o invadiu, queimando sua carne e alma. Era uma dor que transcendia os limites da mortalidade. Uma agonia que ameaçava lhe roubar a consciência, e ainda assim ele resistiu, permanecendo sob a presença esmagadora do poder superior.
“OUROBOROS!!”
Souta ergueu o punho no ar com toda a sua força. O próprio espaço se fraturou, rachaduras se propagaram num instante, e dessas feridas na realidade, uma energia terrível emanou.
Ao longe.
As pessoas assistiram horrorizadas enquanto a colossal terra flutuante começava a desmoronar. Rachaduras rasgaram sua superfície e, do vazio despedaçado, uma energia monstruosa irrompeu, coalescendo na enorme cabeça de uma serpente com a boca escancarada o suficiente para engolir os céus.
“O que é isso…?!”
“Eu não sei…!!”
Os observadores distantes tremiam de terror. Seus corpos estremeciam, e todos os instintos gritavam para que fugissem. A cabeça titânica da serpente, estendendo-se por milhares de quilômetros, descia do alto como um julgamento divino.
Num único instante, devorou a fortaleza demoníaca e o Vale da Pata de Urso, não deixando nada para trás. Nenhuma luz, nenhum som, nenhum vestígio de existência.
De longe, inúmeras testemunhas caíram de joelhos, ofegantes sob o poder opressivo da manifestação.
O país mais próximo, um país grande, entrou em alarme; até mesmo sua potência de nível divino emergiu, elevando-se aos céus para contemplar o cataclismo.
Os olhos da entidade divina se estreitaram enquanto o pavor se infiltrava em sua alma. Embora estivesse acima dos mortais há eras, a pressão ainda lhe causava arrepios.
“Esse… Esse é o poder da Serpente Devoradora de Tudo… a Serpente do Infinito.”
Ele se lembrava bem. O poder que outrora pertencera a um temível Lorde Monstro.
…
Em uma terra distante.
Acima das nuvens mais altas, onde o próprio vento se curvava em reverência, o Imperador Sem Divindade pairava suspenso entre o céu e o vazio. As estrelas cintilavam fracamente mesmo à luz do dia, atraídas por sua presença como se a própria gravidade tivesse esquecido seu mestre. Seu olhar penetrava o horizonte, sua expressão solene.
“O poder do Lorde do Infinito… destruiu todas as leis e princípios daquele domínio. Os demônios se foram, completamente apagados. Suponho que isso marque o fim do evento.”
Ele falou suavemente, mas sua voz carregava o peso de um julgamento. Ele entendia bem que as consequências disso reverberariam por todo o mundo. Ninguém havia previsto tal desfecho. Quem poderia imaginar que o Signo Cósmico perdido ressurgiria naquele dia? Ninguém esperava que o Monstro Relâmpago de Sangue possuísse tamanho poder transcendental, nem que emergisse vitorioso de tal provação.
Inúmeras criaturas voltaram seus olhares para essa revelação, mas a conclusão as deixou em silêncio atônito.
O Monstro do Relâmpago Sangrento não era outro senão o Décimo Terceiro Signo — o Portador da Serpente, Serpentário.
“O resultado disso atrairá os olhares dos antigos… Esses seres ancestrais não permanecerão em silêncio por muito tempo.”
Ele voltou o olhar para o horizonte, um pequeno esboço de sorriso surgindo em seus lábios.
“Cumpri minha parte. Meu trabalho aqui está encerrado.”
Com essas palavras, o Imperador Sem Divindade se dissolveu no éter. Nenhum mortal pôde sentir sua partida. Era como se ele jamais tivesse existido nesta terra.
E assim ficou registrado nos anais da eternidade.
Naquele dia, os céus tremeram. A Serpente apareceu no mundo, e o nome Serpentário, o Décimo Terceiro Signo, foi mais uma vez pronunciado entre as estrelas.
Os deuses testemunharam em silêncio. Os mortais se encolheram sob o céu que já não lhes pertencia. E no coração do infinito, onde luz e sombra deixaram de importar, o Monstro Relâmpago de Sangue se ergueu como devorador e salvador.
A partir daquele dia, as constelações se deslocaram ligeiramente, como se para dar espaço a uma estrela esquecida.
…
A notícia se espalhou como fogo em palha pelo mundo.
Das mais grandes cidadelas dos deuses aos covis ocultos de monstros, inúmeras facções foram abaladas pela revelação. O nome Monstro Relâmpago de Sangue se espalhou por todos os reinos, carregado de sussurros, admiração e medo.
Eruditos, senhores da guerra e seres ancestrais ponderavam sobre o surgimento de tal criatura. Um ser que havia despertado o poder do Signo Cósmico.
Entretanto, em uma terra desconhecida nos mapas,
Nas profundezas do mundo…
Uma serpente colossal, com escamas tão pálidas quanto ao luar, jazia enroscada em sono profundo. O ar estava imóvel — imóvel demais — até que seus olhos se abriram lentamente. Dois orbes de luminescência divina brilharam na escuridão, e a própria terra estremeceu em resposta.
Lá em cima, as pessoas na superfície sentiram antes mesmo de ouvirem, um peso invisível pressionando suas almas. O pânico varreu a cidade enquanto torres tremiam e ruas se partiam.
Então veio a voz, profunda, ressonante, ancestral.
“O Portador da Serpente… despertou.”
Seguiu-se um estrondo grave, ecoando como o julgamento da própria terra.
“Assim, o Décimo Terceiro Signo encontrou um portador mais uma vez. A última batalha não levou a nada, pois ninguém sabia quem o reivindicaria. Mas agora…”
Os lábios da serpente se curvaram num gesto que só poderia ser descrito como um sorriso, embora não transmitisse nenhum calor.
“… Aguardo com expectativa o que poderá acontecer a seguir.”
A terra tremeu violentamente. A cidade acima desmoronou em caos quando a terra se abriu. Das profundezas, emergiu a cabeça de uma serpente titânica. Suas escamas brancas brilhavam como mármore sagrado sob o sol.
Sua imensidão eclipsava as ruínas da cidade, sua presença obscurecendo o próprio céu.
…
Nas profundezas de uma dimensão sombria.
Uma serpente colossal dormia no vazio, enroscada no próprio nada. Suas escamas, negras como o espaço entre as estrelas, exalavam uma névoa acinzentada que se fundia perfeitamente com a própria estrutura da realidade. O espaço se curvava e sussurrava ao seu redor — o tempo não ousava fluir.
Lentamente, a serpente abriu os olhos. Em cada pupila, cintilava um reflexo de tudo o que foi, é e sempre será, um cosmos contido em um olhar.
“Meu poder foi despertado…” A voz trovejou, ecoando pela escuridão infinita e dizendo: “Eu ouvi o chamado do Portador da Serpente. Então, você finalmente emergiu neste mundo e ousa empunhar o que é meu.”
As pupilas da serpente se moveram, e de suas profundezas, uma visão tomou forma.
Uma figura humanoide envolta em escuridão e luz, um monstro que obteve o poder do Signo Cósmico.
“Que curioso…” Ponderou a serpente, sua voz ressoando como um trovão pela eternidade e dizendo: “O novo Portador da Serpente… é um Goblin. O recém-ascendido Imperador de sua espécie.”
O som de sua risada reverberou através das dimensões, colapsando e reconstruindo estrelas em seu rastro.
Então, seu olhar se voltou para fora, além das camadas de espaço e tempo, perfurando o véu que separava os reinos.
Por meio de sua visão divina, a serpente contemplou um mundo distante, um planeta gigantesco suspenso no Universo Mãe.
“Imperium…” sussurrou, a palavra carregada de lembranças e autoridade. “Parece… que é hora de retornar.”
Ao ouvir essas palavras, o próprio vazio estremeceu. Galáxias estremeceram. As estrelas perderam o brilho em reverência. A antiga serpente se agitou e o infinito se deslocou com ela.
…
Em algum lugar na imensidão silenciosa do espaço sideral.
Uma figura solitária vagava entre as estrelas, suspensa na escuridão infinita. Seus cabelos curtos, negros e despenteados ondulavam suavemente no vazio. Vestia uma camisa branca simples e calças pretas, roupas que pareciam quase banais em meio à grandiosidade do cosmos. Contudo, no dorso de sua mão, brilhava uma marca: um leão, gravado em luz e escuridão.
Ele era ninguém menos que o Leão do Zodíaco.
Lentamente, Leo abriu os olhos. Suas íris douradas brilharam com uma luminosidade celestial enquanto ele contemplava o imenso planeta abaixo — Imperium, o centro de todos os mundos.
“Eu sabia…” murmurou ele e disse: “O Décimo Terceiro Signo sempre esteve com você. Não sei como você o escondeu de mim, mas eu podia sentir sua pulsação — enterrada profundamente em sua alma.”
Ele emergiu do vazio e, com um gesto casual da mão, o tecido do espaço se partiu. Uma rachadura se abriu, brilhando como uma ferida no universo. Sem hesitar, Leo a atravessou.
No instante seguinte, ele apareceu em uma grande câmara banhada por uma suave luz dourada. No centro, havia uma mesa redonda que parecia ter sido esculpida por deuses, gravada com os símbolos do Zodíaco.
Leo sentou-se, com uma expressão calma, porém resoluta.
“O Décimo Terceiro Signo despertou no Continente de Deuses”, disse ele, sua voz ecoando fracamente com poder e dizendo: “O mundo começou a mudar. A Grande Barreira que circunda o Arquipélago de Marte em breve entrará em colapso.”
–Swoosh!!
Uma figura materializou-se do outro lado da mesa, ouvindo em silêncio.
Os olhos de Leo se estreitaram.
“Assim que a Grande Barreira cair, o Arquipélago de Marte se reintegrará ao mundo. O véu que o separava desaparecerá. Qualquer um poderá entrar ou sair. Até mesmo aqueles que há muito tempo tramam nas sombras.”
- O Uno significa “unidade absoluta”, “o todo condensado em um único ser”, ou “origem primordial de tudo”.[↩]

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