Índice de Capítulo


    『 Tradutor: Crimson 』


    –Swoosh!

    Figuras rasgavam o ar, descendo como meteoros negros envoltos nos mantos do Exército da Gula. Sua presença distorcia o calor ao seu redor, resfriando-o em uma pressão tensa e elétrica que arrepiou os pelos dos braços de Sergine. Cada uma delas irradiava uma intenção assassina pura; seus olhos brilhavam com uma ganância fria e insaciável, como predadores pressentindo uma presa.

    A caverna estremeceu com a chegada deles. Faíscas voaram quando suas auras se chocaram com o calor abrasador do magma. Sombras se estenderam de forma antinatural pelas paredes, tremeluzindo como espectros vivos. Até mesmo os rios de lava pareciam sibilar em protesto, recuando diante da malevolência no ar.

    Sergine sentiu um nó na garganta. Ela sentiu o peso da tempestade iminente pressionando-a, não apenas o Exército da Gula, mas a inevitabilidade da batalha que estava prestes a irromper naquela câmara infernal.

    Eztein olhou para o grupo e soltou uma risada.

    “Eles não são fracos? O alvo deles é você, então eu esperava pessoas capazes de subjugá-lo.”

    Doranjan suspirou.

    “Eu explico depois.”

    Sergine permaneceu em silêncio. Ela havia ficado apavorada no momento em que soube que aquelas pessoas pertenciam ao Exército da Gula. No entanto, o comentário casual de Eztein, chamando-os de fracos, a deixou confusa. De sua perspectiva, a energia que emanava daquelas figuras era avassaladora.

    Mas nem Eztein nem o dragão pareciam estar brincando.

    “Então deixe-me os matar”, disse Eztein, dando um passo à frente, com sua voz ecoando pela área.

    Seu semblante mudou completamente.

    Um sorriso lento se formou em seus lábios enquanto ele encarava os membros do Exército da Gula.

    Os membros do Exército da Gula olharam para Eztein, estreitando os olhos. Não faziam ideia de onde vinha sua arrogância, mas uma sensação incômoda percorria suas espinhas. Não conseguiam explicar, mas havia algo nele que parecia perigosamente errado.

    “Preparem-se.”

    As palavras mal haviam saído da boca de Eztein quando sua figura se tornou indistinta e desapareceu.

    –Swoosh!!

    Ele materializou-se diante do membro mais próximo do Exército da Gula, aparecendo tão repentinamente que as pupilas do homem ainda nem haviam dilatado. Eztein ergueu a mão lentamente, quase delicadamente.

    “Não sei por que ninguém capaz veio com você… então vão morrer aqui.”

    A mana rugiu ao redor dos soldados como uma erupção vulcânica enquanto se esforçavam para reagir.

    ‘Muito lento.’

    Os dedos de Eztein se fecharam sobre o crânio do homem. Sua carne se contorceu e se abriu, revelando filamentos de músculo e ossos irregulares que se retorciam como lâminas vivas. Eles penetraram no corpo do homem com um som úmido e rasgante.

    –Crack! Splut!

    O homem nem sequer gritou. Seus membros se despedaçaram como se uma bomba tivesse detonado dentro de seu corpo. Fragmentos de carne e ossos se espalharam pelo chão, tingindo-o de vermelho. Metade de seu torso se desprendeu do que restava de sua coluna vertebral antes de desabar em uma massa disforme.

    –Swoosh!!

    Os outros congelaram onde estavam, o horror apertando-lhes a garganta. Eles apenas encaravam, incapazes de desviar o olhar do braço de Eztein.

    Já não era uma mão.

    Era uma criação biológica grotesca de fibras musculares, tendões estalando e pedaços de ossos se contorcendo e flexionando constantemente. O sangue escorria entre os pedaços móveis, pingando em fios grossos e escuros no chão.

    “Deixe-me ser claro”, disse Eztein, com uma calma perturbadora na voz antes de explicar: “Vocês são todos fracos demais para que eu me dê ao trabalho de usar minhas habilidades.”

    A abominação em seu braço pulsou e então explodiu.

    Dezenas de tentáculos de carne dispararam para a frente, cada um com a ponta serrilhada de osso. Cortaram o ar como dardos ensanguentados.

    –WHIP—WHIP—WHIP!

    Cada golpe soava como carne sendo atirada contra pedra.

    Tentáculos perfuravam as caixas torácicas, enganchavam-se nas espinhas e arrancavam órgãos com sons úmidos e sugadores. Corpos eram arrastados, retorcidos e dilacerados no ar, espalhando sangue pela clareira.

    Sergine tapou a boca com as duas mãos, os olhos tremendo. A cena diante dela era tão grotescamente violenta que seu almoço subiu-lhe à garganta. O ar estava denso com o cheiro metálico do sangue… e o som de carne sendo rasgada.

    Foi uma cena horrível. Uma que ficou gravada na memória no instante em que foi presenciada.

    Num piscar de olhos, Eztein aniquilou a elite do Exército da Gula. Pessoas que, em circunstâncias normais, teriam esmagado Sergine sem esforço.

    E ele fazia isso como se estivesse espantando insetos.

    Eztein fez um movimento rápido com o pulso.

    A massa de carne contorcida em seu braço se contraiu violentamente antes de se retrair com sons úmidos e estaladiços. Os músculos se retraíram, os fragmentos ósseos voltaram ao lugar e, num instante, sua mão retornou à sua forma humana normal — limpa, serena, enganosamente inofensiva.

    Ele desceu lentamente, aterrissando com um baque suave.

    Seu olhar se voltou para Doranjan.

    “Então”, disse Eztein em voz baixa e questionou: “Você vai me contar agora?”

    Doranjan não respondeu não por falta de vontade, mas porque outra coisa lhe chamou a atenção. Ele lançou um olhar rápido para Sergine.

    Ela ficou parada, congelada na beira da clareira, com os lábios pálidos e os joelhos tremendo tanto que mal conseguia se manter em pé.

    “E-Eek…!” Sergine soltou um pequeno som estrangulado, com as mãos apertando o peito trêmulo.

    O olhar de Eztein deslizou para a próxima, frio, indecifrável, perturbadoramente calmo.

    No instante em que seus olhos a tocaram, Sergine sentiu como se lhe tivessem roubado o fôlego. Seu coração batia tão forte que abafava todos os outros sons. Sua visão ficou turva. O cheiro de sangue no ar fez seu estômago revirar violentamente.

    Ela abriu a boca, mas nada saiu.

    Sua garganta estava travada.

    Seu corpo estava dormente.

    Finalmente, com a voz embargada, ela conseguiu pronunciar as palavras:

    “Eu irei… embora…”

    “Agradeço”, respondeu Eztein com um pequeno aceno de cabeça e continuou: “Vamos acompanhá-la de volta à sua escola mais tarde.”

    Sergine não esperou por mais nada. Virou-se bruscamente e disparou, quase tropeçando na fuga. Cada instinto dela gritava que ficar ali por mais um segundo sequer destruiria o pouco de sanidade que lhe restava.

    Atrás dela, a clareira estava encharcada de sangue… e os dois seres que ali estavam conversavam calmamente, como se nada tivesse acontecido.

    Após os passos de Sergine se dissiparem no silêncio, Eztein voltou seu olhar para Doranjan. Desta vez, não havia impaciência, apenas uma exigência fria e penetrante pela verdade.

    Doranjan exalou lentamente.

    “Desde aquela batalha…”

    Sua voz foi se perdendo à medida que as lembranças o arrastavam de volta, quer ele quisesse ou não.

    O campo de batalha ressurgiu em sua mente: um mundo mergulhado na escuridão, o céu dividido em pedaços, e Souta sozinho contra dez demônios no Reino da Liberdade. O confronto não foi uma luta. Foi uma calamidade que distorceu a própria terra. O espaço se fragmentou. Montanhas foram arrancadas pela raiz. Tempestades de poder bruto engoliram regiões inteiras.

    Doranjan se lembrava da onda de choque que os separou, espalhando todos como folhas quebradas em um tufão. Ele se lembrava de correr, não por covardia, mas porque o próprio mundo estava tentando matar tudo que se movesse.

    Quando a destruição cessou, ele retornou.

    Mas o que o aguardava não era um campo de batalha.

    Era um local onde as leis e lógica não existiam mais.

    O centro era um inferno turbulento de resquícios violentos, arcos caóticos de energia cósmica que pareciam capazes de arrancar a alma de um corpo vivo. Mesmo um único passo em sua direção fazia suas escamas vibrarem em alerta. A Morte sussurrou diretamente em seu ouvido.

    Então ele recuou.

    Ele permaneceu escondido. Sozinho.

    Procurando, sempre procurando.

    E então veio a verdade que ele mais temia.

    Souta havia desaparecido.

    Rumores se espalharam por todas as tavernas, por todos os cantos escondidos do mundo. O Monstro Relâmpago de Sangue — morto. Aniquilado. Pulverizado até virar nada por uma força que até os deuses temeriam.

    Doranjan se recusou a acreditar nisso…

    Mas a descrença não apagou a dor lancinante que apertava seu peito.

    Mesmo assim, ele continuou procurando.

    Ele encontrou monstros, oficiais e seres que perceberam seu estado debilitado e o atacaram. Ele lutou — sangrando, exausto, encurralado — mas sobreviveu graças à sua pura e obstinada força de vontade.

    Quando ele pensava que as coisas não podiam piorar, deparou-se com uma cidade em chamas, com seu povo chorando enquanto membros do Exército da Gula os massacravam impiedosamente.

    Ele não pensou. Ele agiu.

    Doranjan avançou contra os atacantes como uma tempestade de vingança, mas a vitória se transformou em desastre quando um poderoso oficial apareceu. A batalha entre eles despedaçou os restos da cidade. O sangue de Doranjan manchou as ruas. Seus ossos quebraram. Ele mal conseguiu rastejar para longe, com vida.

    E o Exército da Gula não parou.

    Eles o perseguiram implacavelmente, pressentindo a fragilidade em sua força. Eles o caçaram como predadores perseguindo uma presa moribunda.

    “Então continuei fugindo”, sussurrou Doranjan, com os olhos escurecendo e dizendo: “Corri até encontrar este lugar.”

    Ele terminou sua história — um conto de medo, sangue e desespero que se estendeu por meses.

    Eztein permaneceu em silêncio.

    Por um longo instante, o único som era o do vento gelado roçando a terra ensanguentada.

    “Você passou pelo inferno”, disse Eztein finalmente, com a voz pesada.

    Doranjan não respondeu. Não precisava.

    Porque Eztein compreendeu.

    Ele também havia atravessado a carnificina. Ele se obrigou a evoluir, a se fortalecer, a perseverar. Ele conhecia a amarga verdade que assombrava ambos:

    Não importa o quão fortes se tornassem…

    Não importa quanto poder tenham conquistado do mundo…

    Mesmo assim, não era suficiente.

    Não quando Souta — sua âncora, seu monstro líder — estava desaparecido.

    “Você sabe onde estão os outros?”, perguntou Doranjan, com a voz baixa, carregando o peso de meses de incerteza.

    Eztein balançou a cabeça lentamente.

    “Não. Não encontrei nenhum vestígio dos outros.”

    Os ombros de Doranjan se tensionaram, mas Eztein continuou.

    “Mas”, acrescentou ele, estreitando ligeiramente os olhos e dizendo: “Eu tenho uma ideia sobre Vashno.”

    Doranjan endireitou-se imediatamente.

    “Ah? Onde?”

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