Capítulo 1186 - Anjos, Lendas e Perigos II
『 Tradutor: Crimson 』
O anjo líder franziu a testa ao finalmente reconhecer as figuras que se aproximavam.
“E quem seria você?”, perguntou ele, com a voz carregada de desdém e soltando uma ameaça: “Um conselho: Não se meta em assuntos que não lhe dizem respeito.”
Os dois anjos atrás dele voltaram sua atenção para Eztein. Eles liberaram uma fração de sua poderosa pressão, o suficiente para fazer o chão tremer e as folhas se agitarem.
Mesmo assim, Eztein seguiu em frente, imperturbável.
Seu olhar percorreu os três anjos voadores… e a mulher ferida e sangrando no chão.
“Então, de que lado estamos?”, Perguntou Doranjan ao lado dele, com um tom carregado de expectativa.
Eztein não olhou para trás. Sua voz era calma, quase casual.
“Naturalmente, os fracos.” Ele olhou para Esriel e disse: “Mesmo que ajudássemos aqueles três, duvido que nos recompensariam com algo útil. Mas ajudar os desesperados… aí já é outra história.”
As expressões dos três anjos se tornaram tensas. Eles tinham ouvido cada palavra.
“Então”, disse o anjo líder friamente e continuou: “Vocês estão de piada conosco.”
Uma luz sagrada pulsava atrás dele como um sol crescente.
“Então, simplesmente adicionaremos você à lista de mortos.”
Ele ergueu uma das mãos. Uma espada longa e radiante materializou-se no ar, ardendo com uma pureza ofuscante. Sua mera presença distorceu o ar.
–Swoooosh!!
“Doranjan—vai!!”, gritou Eztein, apontando diretamente para os anjos.
Doranjan acenou com a cabeça uma vez e um relâmpago brilhou em seus olhos.
Eztein exalou, balançando a cabeça com um suspiro silencioso.
Então tudo mudou.
Sua figura se tornou turva, desapareceu e reapareceu no ar enquanto seu corpo se expandia violentamente. Escamas rasgaram sua pele em uma erupção de vermelho e dourado. Músculos se contorceram e se enrolaram como aço endurecido. Dois pares de asas enormes irromperam de suas costas com um estalo ensurdecedor, desdobrando-se como estandartes de guerra.
Sua silhueta engoliu o céu.
E então-
–ROOOOAAAAAAR!!!
A verdadeira forma de Doranjan veio com tudo, manifestando-se. A força avassaladora de seu feram inundou a floresta como uma onda gigante, arrancando árvores, espalhando destroços e sufocando o ar com um poder estrondoso.
Num único fôlego, a linha de batalha foi traçada.
Anjos lá em cima.
Bestas da guerra abaixo.
E a floresta tremia, como se pressentisse a carnificina que estava prestes a acontecer.
“Um monstro de quinto estágio!!”
As expressões dos três anjos se contorceram no instante em que o poder de Doranjan irrompeu. Choque. Medo. Incredulidade. O ar ao redor deles estremeceu quando, instintivamente liberaram suas próprias energias poderosas, sem mais se conterem.
–BOOM!!
A terra convulsionou violentamente. Ondas de choque abalaram os céus enquanto uma força bruta se chocava em terra. Árvores foram arrancadas do solo num instante, girando desamparadamente pelo ar como galhos quebrados em meio a uma tempestade.
Doranjan não diminuiu o ritmo.
Com um rugido selvagem, se lançou contra os anjos, uma força viva de destruição.
–BOOM!! BOOM!!
Explosões ecoaram pelos céus quando monstros e anjos colidiram.
…
Enquanto isso.
Eztein caminhou em direção à atordoada Esriel, que jazia tremendo sob o brilho da batalha distante.
“Qual é o seu nome?”, Perguntou ele, com um tom estranhamente calmo em meio ao caos.
Esriel piscou, voltando à realidade.
“Q-Quem é você?”
“Sou eu quem está fazendo as perguntas”, disse Eztein, dando de ombros levemente e dizendo: “Mas tudo bem. Eu sou Eztein. E aquele lá em cima é Doranjan.”
Ele apontou para cima.
Os olhos de Esriel acompanharam o gesto dele e se arregalaram.
O céu era um campo de batalha de luz e escuridão. O brilho sagrado colidia com o feram monstruoso em explosões cegantes. O próprio ar tremia a cada choque de suas energias. O chão sob seus pés vibrava incessantemente, como se toda a floresta temesse o que a luta pudesse despertar.
“Não precisa se preocupar.” Eztein falou casualmente, como se estivesse comentando sobre o tempo e dizendo: “Doranjan é forte. Mesmo que não os mate, pelo menos os afugentará.”
Ele fez uma pausa, observando o céu cintilar com uma luz violenta.
“Para ser honesto…” Eztein murmurou com um pequeno sorriso irônico e dizendo: “Nem sei ao certo o quão forte ele ficou nos últimos meses.”
Outra explosão iluminou o céu, mais brilhante que um relâmpago.
“Esses três anjos”, acrescentou ele dizendo: “Não deveriam ser nada mais do que um aquecimento para ele.”
Eztein observava o céu com um sorriso irônico.
Doranjan não estava usando nenhuma técnica, nenhuma habilidade, nenhuma arte de combate, nem mesmo um ataque baseado na respiração.
Força bruta, pura e selvagem.
E, no entanto, estava resistindo a três anjos… todos irradiando a aura inconfundível do Reino da Sétima Algema. Uma formação forte o suficiente para aniquilar a maioria dos batalhões. Uma formação que deveria ser esmagadora.
Mas Doranjan atravessou seu brilho sagrado como uma besta rasgando a névoa.
No fim, a batalha não durou muito tempo.
Assim que os três anjos perceberam o desequilíbrio — assim que entenderam que não podiam vencer — recuaram imediatamente, cruzando o céu como cometas desesperados. Doranjan não se deu ao trabalho de persegui-los. Nem sequer demonstrou interesse. Simplesmente os deixou fugir.
Um instante depois, sua estrutura monstruosa encolheu, as escamas se comprimindo, as asas desaparecendo, os ossos se remodelando até que reassumiu forma humanoide. Ele pousou ao lado de Eztein com um baque silencioso.
Esriel se enrijeceu, as asas se contraindo ao redor de si. Ela ainda não sabia o que aqueles dois pretendiam, e os observava como um animal enjaulado — pronta para fugir, pronta para lutar, pronta para qualquer coisa.
“Você é um anjo, assim como eles”, disse Eztein, observando-a atentamente e questionando: “Eles a chamaram de traidora. Então me diga… o que exatamente você fez?”
Esriel piscou, atônita.
“Você… não sabe?”
Ela estreitou os olhos.
“A guerra entre anjos e anjos caídos. As duas facções se destruindo mutuamente. Ambas apoiadas por seus próprios deuses. Você não sabe absolutamente nada?”
Eztein deu de ombros.
“Na verdade, não. Acabamos de chegar. Ouvimos rumores sobre um reino secreto, então viemos tentar a sorte.”
Esriel olhou para ele, completamente estupefata.
“Você veio aqui… apesar da guerra? Apesar de anjos e anjos caídos se massacrarem? Você está louco? Você não tem medo da morte?”
Eztein bufou.
“Ei, acabamos de salvar sua vida, lembra?” Então, dissipou o pânico dela com um gesto de mão, acrescentando: “Estamos aqui por um amigo. Precisamos encontrá-lo. Só isso.”
Ele cruzou os braços.
“Agora é a sua vez. Quem é você? E por que aqueles anjos estavam tão empenhados em matá-la?”
O olhar de Esriel baixou-se lentamente para o chão.
Sua voz tremeu a princípio, mas ela se esforçou para pronunciar as palavras.
“A guerra entre anjos e anjos caídos… vem se arrastando há eras. Pequenas lutas. Escaramuças de fronteira. Nada grande o suficiente para abalar os céus.” Ela fechou os olhos e continuou: “Mas quando os reinos secretos apareceram… tudo mudou.”
“As batalhas ficaram maiores. Mais sangrentas. Exércitos começaram a se movimentar. Os deuses começaram a se interessar.”
Ela ergueu a cabeça, com os olhos fundos e exaustos.
“E foi aí que tudo desmoronou.”
“Espera… então este não é o único reino secreto que apareceu este mês?” Os olhos de Doranjan se estreitaram, um brilho frio cintilando neles.
“Sim…” Esriel sussurrou.
Ela respirou fundo e continuou, cada palavra carregando o peso do mundo além dela.
“A guerra já começou. Duas facções… e ambas estão destruindo os reinos.”
Coriel, a Misericórdia Caída da Ordem, um arauto da salvação. Uma existência de nível divino cuja própria aura poderia esmagar exércitos — a influência de Coriel se estendia como uma sombra sobre cada campo de batalha.
Em oposição a ela estava a Arcanjo Vienn, a Julgamento Absoluto, uma figura que os anjos viam ao mesmo tempo como comandante e executora. Ela comandava um batalhão de Dominions — anjos lapidados através da agonia, forjados em provações intermináveis. Apenas os mais fortes sobreviveram ao processo; os demais eram simplesmente apagados.
“Então a guerra gira em torno desses dois…” Eztein murmurou, com os olhos marejados enquanto processava a dimensão do conflito. Ele se virou para Esriel e perguntou: “Há algum outro ser de nível divino envolvido?”
Esriel balançou a cabeça lentamente.
“Não sei. E mesmo que existam… alguém como eu não tem acesso aos nomes dos deuses que escolhem se mover. Por enquanto, eles são os únicos que estão agitando a terra abertamente.”
Eztein assentiu com a cabeça. Ele não achava que Esriel estivesse mentindo. A hesitação dela deixava claro que ela realmente desconhecia as camadas mais profundas e sigilosas da guerra em curso.
“A propósito”, disse Eztein e a lembrou: “Você ainda não nos disse seu nome.”
“Ah, certo.” Ela se endireitou um pouco e disse: “Sou Esriel, uma anjo. Ex-capitã dos Anjos Reverendos.”
“Reverendos?” Doranjan ergueu uma sobrancelha.
“É uma divisão sob o comando do Arcanjo Vienn”, explicou Esriel e continuou: “Eu era uma das Capitãs… embora eu tenha certeza de que já me substituíram. Para eles, sou uma traidora.” Sua expressão endureceu, os olhos firmes e disse: “Mas eu fiz o que acreditava ser certo. Se consideram isso uma traição, que assim seja. Não me arrependo.”
“Ótimo”, disse Doranjan, acenando com a cabeça em aprovação e dizendo: “Obediência cega nunca acaba bem.”
Antes que Esriel pudesse responder, os três congelaram. Uma estranha sensação percorreu o ar, sutil a princípio, depois inequivocamente sinistra.
Seus olhares percorreram os arredores, a tensão se instalando em suas posturas.
–Ohm!!
Uma névoa densa e antinatural começou a se espalhar, engolindo as árvores e a terra ao redor deles. Seus sentidos se embotaram, sua percepção se restringiu, à medida que a névoa se adensava, transformando-se em um véu sufocante.
“O que está acontecendo?!” A voz de Esriel falhou em descrença.
Ela mal conseguia compreender. Como especialista na Sétima Algema, quase nada deveria interferir em seus sentidos, e ainda assim essa névoa pressionava sua percepção como uma parede invisível. Algo muito além de seu nível espreitava dentro desse reino secreto… algo que ela não havia previsto.
“Era disso que o Chefe Zandir nos alertou…” Murmurou Eztein. Seu olhar se ergueu instintivamente para os céus.
Acima deles, o céu havia mudado, escurecendo para um vazio profundo e estrelado, como se a noite tivesse caído num instante. Incontáveis estrelas cintilavam de forma sobrenatural, como olhos observando do abismo.
“Chefe Zandir?” Perguntou Esriel, forçando a voz a ficar firme.
“Ele é um nativo deste reino secreto”, explicou Eztein e disse: “Foi ele quem nos contou sobre os estranhos fenômenos que acontecem nesta ilha.”

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