Capítulo 1191 - Prisão do Império
『 Tradutor: Crimson 』
“Se Isabella estivesse aqui”, murmurou Eztein e disse: “Ela poderia refinar isso em poções ou pílulas e dobrar seus efeitos…”
Sua voz se perdeu no ar frio, levando consigo o desejo não expresso para o vasto silêncio da caverna.
As estátuas observavam — silenciosas, imponentes, imóveis — enquanto os três permaneciam entre os restos congelados de um mundo distorcido por um poder ancestral.
Ele virou a cabeça na direção de Esriel.
“Esriel, você sabe que tipo de fruta é essa?”
Esriel piscou, saindo do seu transe de fascínio pelas estátuas. Ela balançou a cabeça negativamente.
“Não. Existem inúmeros tipos de frutas espirituais por aí — tantas que seria impossível memorizar todas. No mínimo, nunca vi essa antes.”
“Hum…” Murmurou Eztein, encarando a fruta de grau lendário em sua palma. Sua superfície pulsava levemente, como se algo dentro dela respirasse. Ele não pôde deixar de se perguntar que tipo de poder ela lhe concederia.
Ele expirou, balançou a cabeça e encontrou uma pedra plana coberta de geada para se sentar. Então fechou os olhos, levou a fruta aos lábios e mordeu.
Ele consumiu a fruta lendária num único movimento.
–Ohm!!
Uma onda de poder detonou dentro dele.
Uma energia rugia por todo o seu corpo — selvagem, volátil, tentando se libertar. Eztein imediatamente concentrou-se em seu interior, lutando para conter a onda. Sua aura se inflamou como uma tempestade enjaulada.
Doranjan e Esriel recuaram, observando atentamente. As flutuações de energia de um cultivador na Sétima Algema estavam sendo comprimidas rapidamente, espremidas para dentro até que o próprio ar tremesse. O chão vibrava sob seus pés. O gelo estalava sobre o magma congelado.
Após um instante, Esriel desviou o olhar, voltando-se para as estátuas.
“Continuarei examinando-as”, disse ela baixinho, seus passos ecoando enquanto caminhava em direção à grande plataforma — sem perceber que algo sob a superfície da pedra começava a se agitar.
…
Uma hora depois, uma força tremenda irrompeu do corpo de Eztein, fazendo o chão tremer. Relâmpagos crepitaram para fora, arqueando-se pelo chão e teto da caverna como uma teia de aranha viva de energia, iluminando o magma congelado e os fragmentos de cristal em flashes irregulares e deslumbrantes.
Eztein abriu os olhos e um sorriso de satisfação se espalhou pelo seu rosto.
“Qual os efeitos?” A voz de Doranjan ecoou suavemente na caverna.
Eztein olhou de relance. “São… perfeitos. Concluí o segundo aprimoramento.”
A fruta de grau lendário havia superado em muito suas expectativas. Ela não apenas lhe concedeu poder — ela o transformou. Sua capacidade de mana aumentou, sua força e velocidade dispararam, e seu corpo vibrava com energia recém-refinada.
A técnica que ele vinha utilizando acelerou o aprimoramento tanto de sua mana quanto de sua forma física. Com o segundo aprimoramento concluído, restavam apenas oito para que ele pudesse tentar quebrar a próxima algema.
Esriel aproximou-se, com os olhos arregalados.
“Você só terminou seu segundo aprimoramento, mas parece que está no Sétima Algema há uma eternidade.”
Eztein deu uma risadinha discreta.
“A técnica que estou usando… é um pouco especial.” Ele abriu a palma da mão e densos relâmpagos começaram a dançar em seu braço, crepitando como tempestades em miniatura confinadas em seu corpo.
“A maior melhoria, além da minha capacidade de mana, é o Estágio de Fusão.”
De fato, ele havia alcançado o Estágio de Fusão com seu elemento relâmpago. Seu poder elemental havia se fundido perfeitamente com seu corpo, fluindo através dele em perfeita harmonia. Agora, apenas seus elementos terra e fogo precisavam ser refinados antes que pudesse liberar uma Condução Elemental Tripla mais uma vez.
A caverna vibrava com seu poder, relâmpagos crepitavam ao seu redor, o magma congelado refletindo sua energia como uma tempestade aprisionada em pedra. Ele podia sentir o próximo passo de sua jornada ao seu alcance.
“Estágio da Fusão na Sétima Algema… você é algo especial”, murmurou Esriel.
Poucos conseguiam alcançar o Estágio da Fusão na Sétima Algema. Apenas os guerreiros mais talentosos eram capazes de tal feito, e Eztein acabara de completar seu segundo aprimoramento, tornando tudo ainda mais impressionante.
“Especial? Acho que não”, respondeu Eztein com uma risada, mantendo-se ereto. A satisfação emanava dele; essa melhora parecia substancial, um salto que nem ele mesmo esperava.
Desde que chegou na Sétima Algema, seu progresso diminuiu drasticamente. Ao contrário da Sexta Algema, onde o crescimento era rápido, o domínio da Sétima exigia um refinamento meticuloso tanto da capacidade de mana quanto do próprio corpo antes que se pudesse sentir a próxima algema. Alguns especialistas conseguiam sentir a Oitava Algema após sete aprimoramentos, outros somente após oito — variava de indivíduo para indivíduo.
Mas, com a técnica que possuía, Eztein estava determinado a alcançar o décimo aprimoramento.
Ele se virou para Esriel, com curiosidade no olhar.
“Então… o que você descobriu?”
Os olhos de Esriel se voltaram para a plataforma.
“Uma matriz de teletransporte.”
Doranjan e Eztein trocaram olhares confusos.
“Não sei aonde isso leva”, admitiu ela, dando de ombros, impotente e dizendo: “Só descobri a própria inscrição gravada na plataforma.” Ela apontou para cima, em direção ao teto da caverna e continuou: “Veja. Há uma palavra antiga esculpida acima de nós. Diz… Arbor.”
“Uma árvore?” perguntou Eztein, franzindo a testa.
“Não!” Esriel balançou a cabeça e explicou: “É o nome do usuário anterior da Gula.”
“O quê?!” Eztein e Doranjan paralisaram, a revelação os atingindo como um raio.
Um arrepio percorreu a caverna, mais denso que o ar frio ou o magma congelado. Essa descoberta não era mera curiosidade. Era um aviso.
Os murais que o Chefe Zandir lhes mostrara retratavam um deus maligno capaz de devorar tudo — uma força tão imensa que parecia apontar diretamente para o Soberano da Gula.
“Pelo que posso interpretar”, começou Esriel, seus dedos traçando o ar como se pudesse tocar os ecos da história e contando: “O antigo Soberano da Gula lutou contra Anjos e Anjos Caídos. Não conheço todos os detalhes de suas batalhas, mas parece provável que seja verdade. O antigo Soberano entrou em conflito com inúmeros seres, deixando devastação por onde passava.”
Ela fez uma pausa, deixando o peso de suas palavras penetrar.
“As pessoas que sobreviveram àquela época… talvez tenham criado essas estátuas e este lugar para que as batalhas divinas do passado não fossem esquecidas.”
Doranjan e Eztein trocaram olhares. A explicação dela fez sentido para eles — coincidia perfeitamente com o que o Chefe Zandir havia mostrado. A história, ao que parecia, sempre encontrava maneiras de se gravar no mundo, mesmo séculos depois.
Talvez, daqui a centenas de anos, outros criem monumentos para comemorar a guerra atual — aquela que está sendo travada agora pelo atual Soberano da Gula.
Esriel quebrou o silêncio pesado.
“Então… o que você vai fazer? Ativar o portal de teletransporte ou não? Honestamente, não quero ir para onde quer que leve.”
Doranjan e Eztein permaneceram em silêncio, ponderando. O outro lado da matriz era um completo desconhecido. Qualquer passo poderia levá-los a um perigo inimaginável. Eles não tinham como saber o que os aguardava além — apenas que ativá-la traria ou uma descoberta… ou um desastre.
A caverna parecia mais fria, mais pesada, como se estivesse prendendo a respiração, aguardando a decisão deles.
Esriel soltou um suspiro silencioso enquanto observava a dupla — monstro e humano — trocando um entendimento silencioso. Ela sabia, no fundo, que entrariam no portal de teletransporte.
Ela não sabia porquê, mas um arrepio percorreu sua espinha. Seu desconforto era mais intenso do que qualquer coisa que sentira quando os anjos a perseguiam, uma premonição muito mais sombria e aguda.
Após uma longa pausa, os olhos de Eztein se voltaram para ela.
“Já decidimos”, disse ele calmamente e contou: “Vamos coletar as outras frutas lendárias desta ilha antes de voltarmos para cá.”
Doranjan assentiu lentamente com a cabeça em concordância.
Esriel exalou, um alívio colorindo suas feições. Por ora, não estavam correndo perigo iminente. Mas eventualmente… retornariam para cá. Ela não fazia ideia do que os aguardava do outro lado da matriz.
Ainda assim… sabiam se virar.
Especialista na Sétima Algema. Um monstro na Quinta Evolução.
Nenhuma força comum poderia detê-los.
…
Continente do Grande Espírito.
Um vento gélido varreu a terra, trazendo consigo o aroma pungente da geada e do ozônio. Acima, as estrelas e uma lua pálida perfuravam o céu noturno, mas a sua luz mal penetrava a denso névoa branca que agora cobria o continente — cuja origem era desconhecida, antinatural e sufocante.
O caos reinava por toda parte. Batalhas irromperam em todas as províncias, vilarejos e fortalezas foram engolidos pela fumaça e pelas chamas.
No coração desse caos erguia-se um império, a força indiscutivelmente mais poderosa do continente.
Dez milhões de soldados marcharam sob suas bandeiras, seus exércitos abrangendo planícies, rios e montanhas. Por décadas, dominaram essas terras. Mas agora… estavam perdendo o controle. Forasteiros surgiram do nada, poderosos e implacáveis, e as vastas legiões do império lutavam para mantê-los à distância.
A noite havia caído, e a névoa branca só aumentava o terror, ocultando movimentos e mascarando ataques. Inúmeros soldados foram enviados, em busca incansável desses misteriosos invasores, mas muitos jamais retornaram.
Bem abaixo da superfície, nas entranhas do império, Vashno se escondia nas sombras.
Este covil subterrâneo não era um esconderijo comum… era uma prisão, um lugar mergulhado em sofrimento. Seus corredores estavam repletos de vítimas de tormentos inimagináveis, seus gritos ecoando pela escuridão, um lembrete constante da crueldade do império.
A brisa fria lá em cima parecia quase suave em comparação com o cheiro de medo e sangue que pairava no ar.
Os olhos de Vashno brilhavam na penumbra, refletindo uma mistura de determinação e cálculo. O mundo acima ardia em chamas, mas aqui embaixo… aqui embaixo, algo mais se agitava.

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