Índice de Capítulo

    Ola. Só para lembrar, quem leu o capítulo 118 nas primeiras horas lançadas na semana passada pode ter lido um rascunho de um outro capítulo fora de ordem. Agora está arrumado. Vale a pena dar uma conferida.
    Obrigado.

    À noite, a lua cheia está alta no céu. Abaixo delas, nuvens cobrem parte dela e das estrelas. 

    Ainda assim, a luz prateada ainda chega na floresta em terra. 

    No chão, em uma região onde as árvores são espaçadas, com troncos altos e galhos curtos, a calmaria reina. 

    A floresta repousa quase completamente ausente do som de pássaros noturnos ou grilos. Em meio a essa quietude, uma raposa branca se movimenta, rompendo parte do silêncio com sua corrida. 

    Ela é grande, com quase meio metro do chão ao topo de suas costas e um metro de comprimento do focinho à ponta das três caudas que possui. Seus pelos brancos como a neve, que terminam em marcas vermelhas nas pontas dos membros e no meio da testa. 

    A vulpina corre entre as plantas, tremulando as caudas volumosas a cada passo. 

    Apesar de ser noite, a pelagem dela emite uma luz fraca que a destaca como um fantasma prateado que vaga por em meio àquele ambiente escuro.

    Não. Não. Não, ela pensa, preocupada. Eles não deviam estar aqui.

    A raposa checa pontualmente cada árvore que aparece em sua frente, aflitamente procurando por algo. De repente, ela avista algo que a faz parar de correr. 

    Diante da vulpina, uma árvore caída, ou melhor, tombada. 

    A madeira dela é seca e as folhas murchas como as de uma árvore morta. Os galhos todos cortados, caídos ao chão. Com dezenas de buracos espalhados pelo tronco, da base à copa. 

    A raposa a encara com temor, como se diante dela estivesse uma cena de crime horrenda. 

    Não, ela lamenta. Não uma árvore de pedra.

    A raposa balança a cabeça e volta a correr disparada. Talvez eu possa impedi-los…, ela pensa, com um pingo de esperança.

    Algumas dezenas de metros à frente, outra árvore tombada, da mesma forma que a primeira, surge ao seu lado. Um tronco cortado, furado e seco, largado em meio à floresta.

    O olhar da raposa se abala novamente por um instante, mas ela segue em seu caminho. Mas, pouco tempo depois, mais cenários como aquele surgem em seu caminho.

    A visão de árvores caídas e murchas como aquelas se torna mais e mais comum. A cada uma que surge, o olhar da raposa vacila em frustração. Até chegar ao ponto de que ela começa apenas a olhar para frente, ignorando seus arredores.

    Se… eu ao menos puder proteger a árvore-mãe…, ela almeja, blindando sua mente.

    A raposa dispara em linha reta, saltando pelas plantas e pelos troncos no chão. 

    A luz do luar ilumina a floresta que a cerca com um brilho tênue e singelo que apenas deixa as árvores distintas das sombras. Porém, dezenas de metros adiante, outro brilho surge aos poucos.

    Algo mais iluminado que a luz da lua sobre as folhas. Mais intenso que a pelagem branca da raposa em meio à escuridão. Um brilho azul claro e místico, como o de uma aurora, que pulsa sobre o meio da floresta.

    A árvore-mãe!, pensa a raposa, com ânimo. Ela ainda está viva! Talvez…

    A luz faz algo se acender nela e a velocidade de sua corrida aumenta naquela direção. 

    Quando ela se aproxima, o brilho toma os contornos de uma árvore, inteiramente brilhante, quase como se fosse feita de luz. Entretanto, mesmo de perto, dezenas de manchas escuras ainda sobrepõem a clareza. 

    Aquilo…?, se pergunta a vulpina, franzindo o olhar, observando aquela escuridão que ofusca a luz.

    A árvore aos poucos toma forma, possui um tronco alto e pálido, quase com o mesmo aspecto de um osso seco. Os galhos, diferentes das demais árvores, se ramificam para os lados. Cada ramo possui folhas curtas e espaçadas, tão azuis quanto estrelas do céu.

    No momento em que a raposa chega a uma dezena de metros e subitamente para de correr. Seus olhos arregalam-se ao ver o que são as manchas negras sobre o tronco. 

    Não! Não! Não!, ela pensa, balançando a cabeça em repúdio.

    Espalhados pela árvore, estão dezenas de criaturas insetos do tamanho de homens. Com carapaças escuras, segmentadas, espinhentas e grossas, similares a uma armadura. O corpo com seis patas agarrado à madeira. Onde o par dianteiro é maior e tem uma estrutura avantajada e pontuda como a de uma louva-a-deus.

    Suas cabeças longas, com dois pares de olhos negros, possuem um par de presas alongadas, assemelhadas a facas, que estão cravadas profundamente no tronco.

    A luz pulsante da árvore ruma em ondas do interior para os buracos onde estão as presas, e delas, a energia é drenada para o corpo dos insetos, como se eles bebessem a água de um rio.

    A todo instante, algumas das folhas na copa perdem seu brilho e caem apagadas no chão. Os galhos mais curtos nas extremidades já não possuem mais o brilho do restante da árvore, estão secos como madeira morta.

    A raposa trava vendo a cena, sua respiração fica ofegante. Isso… eles vão… vão matar ela!, ela pensa temerosa.

    Os músculos da vulpina tremem e se flexionam para trás, fazendo menção em recuar. Eu não…, ela pondera, prestes a tomar uma decisão difícil. 

    Subitamente um galho cai do alto. Escuro e sem vida, mais próximo de uma pedra do que qualquer coisa. A raposa o encara por um instante, depois volta a olhar para a árvore. 

    O brilho ainda existe, tanto na planta quanto nela. A tremedeira da perna para. Talvez… eu ainda possa fazer algo, ela pensa, com uma centelha de terminação.

    A raposa atiça seus pelos, ergue as caudas e curva a cabeça em posição de ataque. Das patas dianteiras, unhas emergem entre os pelos vermelhos, brancas e brilhantes como o restante de seu corpo.

    Ela avança em direção à árvore, mas, após alguns passos, sente a terra sob suas patas vibrando. O que é isso?, a vulpina se pergunta.

    A vibração aumenta e, instintivamente, ela salta para trás. 

    A terra se parte com duas garras escuras emergindo do chão, cortando o pedaço onde ela estava em um instante.

    Tem deles no chão também?!, a raposa se questiona, vendo algo saindo dali.

    Um inseto como os da árvore, mas quase um metro maior, sai da terra.

    Isso estava nas raízes!, ela constata.

    Os quatro olhos negros imediatamente se focando nela. Gotas de alguma gosma transparente caem das presilhas dele, enquanto um estridular sinistro é emitido, como uma centena de gravetos secos sendo rompidos. 

    A visão atormenta a vulpina visivelmente. Seus músculos se contraem novamente e a confiança se esvai. Eu não…, ela pensa.

    Mas a criatura não lhe dá tempo. O inseto ergue uma de suas garras e lança um ataque contra a raposa.

    Ela arregala os olhos, assustada, prestes a ser atingida. 

    E, de repente, Yrah acorda. Ela abre os olhos e percebe que se encontra sobre o colo de Rubi.

    Rapidamente, ela ergue a cabeça e começa a examinar os arredores. Ao seu lado está Byron, sentado junto à succubus, observando o chão. 

    Todo o grupo se encontra sobre um galho alto parcialmente encoberto pela folhagem verde da grande árvore que os sustenta.

    A diaba passa a mão lentamente sobre o pelo branco da raposinha, enquanto contempla o céu decorado pela lua minguante e pelo despontar laranja do sol no horizonte, já anunciando o amanhecer. Então, Rubi nota o movimento sutil da pequena companheira e percebe que Yrah está desperta.

    A succubus sorri ao vê-la acordada. “Olha só quem voltou”, ela comenta. “Dormiu bem? Você parecia agitada.”

    A raposa relaxa a cabeça e se enrola em sua cauda. “Foi só um… pesadelo.”

    “Espero que três noites tenham sido o bastante para se recuperar”, Byron pontua.

    A raposa franze o cenho. Três… o quê?, ela se pergunta.

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