Capítulo 1196 - Eztein Vs Sussurrador Espacial I
『 Tradutor: Crimson 』
As figuras encapuzadas paralisaram no meio do cântico.
Um a um, seus capuzes se viraram lentamente, quase mecanicamente, até que uma dúzia de olhares vazios se alinharam nos intrusos que espreitavam na borda da câmara iluminada por velas.
Um murmúrio de inquietação percorreu o ar, embora nenhum seguidor da Gula tenha se pronunciado.
Eles simplesmente ficaram olhando… primeiro para Doranjan, depois para Eztein, com as cabeças se movendo para frente e para trás num ritmo rígido e antinatural, como predadores avaliando qual presa morreria primeiro.
Eztein exalou e deu um passo à frente, as botas respingando levemente no líquido viscoso e escuro que cobria o chão.
“Bem”, disse ele, com a voz ecoando fracamente na caverna e completando: “Quem diria que iríamos tropeçar no Exército da Gula aqui embaixo.”
Sem resposta.
Apenas olhos silenciosos e famintos os observavam, calculando.
Eztein lançou um olhar de soslaio para Doranjan sem desviar o olhar dos cultistas.
“Deixe isso comigo”, disse ele calmamente e pediu: “Encontre a saída. E talvez… descubra por que esses lunáticos conseguiram entrar no reino secreto.”
O maxilar de Doranjan se contraiu.
“Tem certeza?”
“Tenho certeza.” A voz de Eztein se tornou mais incisiva: “Eles são fracos. Não valem o seu tempo. Mas seja lá o que estiverem fazendo aqui ou o que estiverem tentando alcançar… eu quero saber.”
As velas tremeluziam violentamente, suas chamas curvando-se em direção a Eztein como se a própria escuridão o inalasse.
“Tudo bem.” Doranjan exalou, elevando-se no ar.
Mas o Exército da Gula não hesitou. Com uma onda de energia violenta, eles se lançaram contra ele, seu ímpeto rasgando o ar como um aríete.
–Boom!!
“O seu fim está aqui!” Rugiu Eztein, erguendo a mão.
De sua palma irromperam centenas de filamentos de carne grotescos e contorcidos, retorcendo-se e debatendo-se como serpentes possuídas por vontade própria. Dispararam para a frente a uma velocidade estonteante, interceptando os fanáticos antes que pudessem alcançar Doranjan.
Os fios deslizavam e chicoteavam para fora, envolvendo os soldados da Gula. Raios percorriam os tentáculos vivos, crepitando violentamente ao encontrarem os feitiços lançados pelos fanáticos. Faíscas voavam quando a carne colidia com a magia, cada golpe detonando como minúsculos trovões.
Num instante, os raios destruíram os feitiços inimigos. A eletricidade percorreu a caverna, atingindo o líquido escuro no chão e lançando jatos de sangue e vísceras para o ar.
–Bang! Bang! Bang!
Corpos se chocaram contra as paredes, cabeças sacudindo violentamente para trás, cuspindo sangue carmesim enquanto a força bruta do ataque os despedaçava. Seus olhos se arregalaram em choque, encarando um poder muito além de sua compreensão.
Até mesmo os cadáveres decapitados no centro do círculo de velas se contorceram violentamente enquanto os raios os atravessavam, o sangue acumulado embaixo borbulhando e sibilando sob o ataque de energia.
A caverna tremia sob o ataque de Eztein, o cheiro de ozônio e ferro impregnando o ar como um prelúdio para a carnificina.
” Reino da Sétima Algema?!”
“O ritual… e o ritual?!”
O pânico se manteve pelo Exército da Gula enquanto se libertavam das paredes, com poeira e sangue escorrendo de seus corpos feridos. Doranjan já havia partido, desaparecido nas sombras acima, mas nenhum deles sequer se lembrou de procurá-lo. Seus olhos estavam fixos no verdadeiro monstro deixado para trás.
Eztein.
Ele os encarou com um sorriso fraco, quase cordial — calmo demais, relaxado demais para um campo de batalha manchado com tanto sangue.
“Todos vocês vão morrer hoje”, disse ele suavemente.
As palavras feriram mais do que qualquer feitiço.
Eles sabiam disso — cada um deles estava apenas na Sexta Algema. Contra alguém que estava um nível acima, não passavam de presas à espera de serem colhidas.
Eztein dobrou os joelhos, os músculos se contraindo sob a pele como os de uma besta em posição de ataque.
Num único movimento fluido, ele avançou, com a mão a descrever um gesto amplo para trás.
Uma lança deslizou para fora de suas costas, inflamando-se com uma luz fria e voraz no instante em que se acomodou em sua mão.
–Swoosh!!
Para o Exército da Gula, parecia que o mundo se fragmentara em mil imagens residuais — não, centenas de lanças, todas arremessadas contra eles ao mesmo tempo. Seus instintos gritavam morte.
“Barreiras! Todas as barreiras — agora!!”
Eles empilharam camada sobre camada de proteções defensivas, escudos brilhantes se sobrepondo uns aos outros em uma corrida frenética. Luz colidia com luz, círculos mágicos se erguiam como muralhas em pânico contra um tsunami.
Mas a lança de Eztein não diminuiu a velocidade.
A onda avançou como uma estrela em colapso, e a pressão por si só fez seus ossos rangerem. Suas barreiras tremeram, ondularam e então—
Rachaduras formavam uma espécie de teia de aranha pelas superfícies incandescentes.
[Cem Golpes Colapsadores]!!
Num instante, as camadas de barreiras explodiram como vidro sendo estilhaçado. A lança desceu com precisão implacável, cortando o Exército da Gula como uma tempestade de relâmpagos de aço. Vários soldados desabaram no meio do caminho, seus corpos dilacerados antes mesmo que percebessem que estavam sob ataque.
–Bang!!
Foi como se mil pedregulhos tivessem se chocado contra eles simultaneamente. Membros foram dilacerados, armaduras estilhaçadas e gritos abafados de dor. Os fanáticos sobreviventes foram arremessados contra as paredes, empalados e esmagados pela força implacável da lança.
A própria caverna estremeceu sob o poder avassalador, poeira e sangue caindo como uma tempestade. Somente quando os olhos de Eztein percorreram os corpos e confirmaram que todos estavam mortos, o chão finalmente parou de tremer.
Ele deslizou a lança de volta para o ombro, seu olhar vagando em direção ao círculo quase apagado de velas.
“Ah… esqueci de deixar um vivo”, murmurou ele com um leve suspiro.
Uma voz ecoou subitamente pela câmara, fria e cortante.
“Você ficou mais forte. Eu até senti seu poder dos sonhos agora mesmo.”
Os olhos de Eztein se arregalaram. O instinto se agitou, gritando perigo e morte. Num instante, ele agarrou sua lança e a golpeou contra o chão. Enormes pedaços de rocha irromperam no ar, girando como mísseis irregulares.
–Ohm!!
Mas o ataque que se aproximava era mais rápido. As rochas eram partidas no ar com precisão, cada fragmento deixando para trás rastros de energia. Eztein saltou para trás, sentindo o vento do ataque cortar seu corpo, abrindo buracos superficiais em seus braços e peito.
Seu pé deslizou sobre o líquido escuro e viscoso, enviando ondulações pelo chão enquanto um fio de seu próprio sangue escorria, misturando-se à poça viscosa sob ele. O olhar de Eztein se voltou para cima. Três figuras emergiram do nada, materializando-se como sombras que ganharam forma.
“Exército da Gula…” Murmurou ele, o reconhecimento aguçando seus sentidos ao seus olhos captarem o símbolo em suas vestes, idêntico ao dos fanáticos que ele acabara de aniquilar.
–Swoosh!!
Num clarão de luz, as três figuras chegaram, aterrissando com a precisão e o peso de predadores. Seus mantos balançavam no ar, a energia emanando delas em ondas palpáveis que distorciam a névoa escura ao seu redor.
Três especialistas no Reino Sétima Algema.
A expressão de Eztein endureceu. Se o Exército da Gula havia enviado especialistas de rank Herói, então este lugar não era apenas importante — era vital. Fazia sentido; estava ligado ao antigo Soberano da Gula. Nenhum santuário comum justificaria guardiões de elite como aqueles.
Um dos três deu um passo à frente, puxando o capuz para trás.
“Já faz um tempo”, disse ele, com a voz calma, mas carregada de intenção letal.
Os olhos de Eztein se estreitaram. O reconhecimento brilhou.
“Você… Sussurrador Espacial.”
O homem à sua frente não era um inimigo comum, mas sim um especialista cujo domínio sobre o próprio espaço deixara Eztein à beira da morte no último encontro entre eles.
“Você já escapou antes”, continuou o Sussurrador Espacial, com o olhar gélido e completando: “Mas hoje você não terá tanta sorte.”
Os lábios de Eztein se curvaram num sorriso.
“Acho que não…”
As lembranças do último encontro o inundaram: a derrota quase fatal, a cidade que ele mal conseguira salvar, a perseguição interminável por centenas de quilômetros.
“Você me persegue há meses”, disse Eztein, com a voz baixa e firme, dizendo: “E, no entanto, nunca conseguiu. Diga-me… por que desta vez seria diferente?”
Seus dedos se apertaram em torno da lança, a energia se enroscando ao seu redor como um ser vivo, pulsando mais rápido, mais brilhante, mais voraz. O próprio ar parecia tremer de expectativa.
Dessa vez, ele não fugiria.
Os olhos do Sussurrador Espacial se voltaram para seus dois companheiros.
“Sigam o dragão. Eu mesmo cuidarei deste.”
Os dois trocaram um olhar antes de assentir. Sombras os engoliram e, num instante, desapareceram na escuridão ao redor.
Eztein não se deu ao trabalho de impedi-los — ele sabia que era melhor não interferir. O Sussurrador Espacial jamais permitiria isso de qualquer forma.
Sussurrador Espacial se virou, seu olhar penetrante e calculista.
“Berserker Sanguinário… Você construiu uma reputação e tanto. Muitos sussurram seu título com medo e admiração.”
“Não me importo com isso!” rugiu Eztein, avançando com uma investida estrondosa. A lança em sua mão flamejou enquanto ele a brandia diretamente contra o Sussurrador Espacial.
O Sussurrador movia-se com uma graça impossível. Com um movimento de uma mão, ele dobrava o espaço à sua frente. Com a outra, distorcia o espaço atrás de si, deformando a própria estrutura da realidade ao redor de Eztein.
–Bang!!
O ímpeto de Eztein explodiu, sua energia pulsando em uma aura ofuscante, mas ele não atingiu nada além do vazio. O espaço distorcido o impulsionou para frente enquanto ele saltava, seu corpo cortando as dobras, movendo-se como uma lâmina na fumaça.
Lutar contra alguém que podia manipular a própria estrutura do espaço era um pesadelo. Cada golpe era imprevisível, cada movimento enganoso.
“Vocês têm caçado nossas forças… massacrado milhares de nossos homens”, a voz do Sussurrador Espacial ressoou, fria e ecoando pelo vazio distorcido enquanto dizia: “Vocês receberam centenas de recompensas e até caçaram aqueles que ousaram perseguir o Monstro Relâmpago de Sangue.”

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