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    “…”  

    Todo o público ficou em silêncio, encarando Leon com olhos arregalados.  

    Eu também olhei para ele com os olhos pasmos.  

    Só que…  

    “Ingrato. Ing—”  

    “Leon, para.”  

    Aoife interveio de repente.  

    “Hm?”  

    “Eu sei que você foi explorado pelo Julien, mas a tarefa era dizer uma palavra. Você já passou do limite.”  

    “…Ah.”  

    Leon mordeu os lábios, parecendo triste.  

    Que porra é essa?  

    “Entendi. Desculpe.”  

    “Não foi nada. Todos te entendemos.”  

    Kiera acenou com a mão. Ela parecia compreendê-lo.  

    “Parece que você não tem uma única pessoa te apoiando. Como se sente, Julien?”  

    Pego de surpresa pela pergunta direta, eu me recompus rapidamente antes de responder.  

    “Honestamente? Não estou surpreso. Eles nunca gostaram muito de mim desde o início.”  

    “Não, espera…”  

    Parecendo um pouco culpada, Aoife balançou a mão. Os outros seguiram o exemplo.  

    “Estávamos brincando.”  

    “Sim.”  

    “Certo… estávamos, né?”  

    O que é essa hesitação?  

    “É mesmo…?”  

    Olhei para Theresa, que virou a cabeça para longe de mim.  

    “A reação dela parece dizer o contrário.”  

    “Sim, mas a situação dela é um pouco diferente. Ela odeia todo mundo, então você não está sendo excluído nisso.”  

    “Isso é verdade.”  

    Acenei, ponderando as palavras de Aoife. Ela não estava errada. Atualmente, Theresa odiava todos nós. Não que eu estivesse preocupado. Ela provavelmente superaria essa fase em alguns dias.  

    Ou pelo menos eu esperava que fosse o caso.  

    “Vocês parecem ter uma química incrível.”  

    Dyrk disse depois de alternar o olhar entre mim e as garotas. Ele parecia nos estudar com interesse aguçado.  

    “Há quanto tempo se conhecem? Para terem essa química, devem ter trabalhado juntos por um bom tempo.”  

    “Bem, sobre isso…”  

    Como eu deveria responder isso? Eu não sabia do que ele estava falando. Química? Que química? Elas estavam todas me atacando.  

    Estava prestes a responder quando Aoife me interrompeu.  

    “Tecnicamente um ano, mas considerando como ele some quando quer, provavelmente o conhecemos há cerca de um mês.”  

    O estúdio inteiro ficou em silêncio com suas palavras, e os olhares ao nosso redor se tornaram ainda mais intensos. Não que eu pudesse culpá-los. Eu também ficaria surpreso no lugar deles.  

    “Conhecem ele há cerca de um mês?”  

    “Sim.”  

    Aoife acenou, cruzando os braços e afundando no sofá.  

    “Teve uma vez que ele desapareceu por seis meses inteiros. Ah, foi logo antes do Summit.”  

    “Por que isso?”  

    “Bem, não sei. Ele nunca diz por que some e nós nunca perguntamos.”  

    Enquanto Aoife continuava, senti os olhares ao redor mudarem. De surpresa para algo que parecia pena. Sim, pena. Quando virei para ver de onde vinham esses olhares, fiquei surpreso ao perceber que vinham dos outros cadetes.  

    De repente, tudo fez sentido.  

    ‘Eles acham que eu tenho alguma doença crônica?’  

    “Não, eu não estou doente. Eu só… tenho coisas para fazer.”  

    “Uau.”  

    Dyrk olhou diretamente para mim.  

    “Espero que você melhore.”  

    “Espera, eu não—”  

    “Eish. Entendo. Você pode não querer falar sobre isso. Vou mudar de assunto.”  

    Com um olhar exasperado, Dyrk mudou o tópico.  

    “Você pode não perceber agora, mas tenho certeza que vai ouvir bastante dos nossos telespectadores quando este episódio sair. Por enquanto, vamos para o último segmento.”  

    As luzes ao redor se escureceram, e um equipamento de gravação foi trazido.  

    “Nossas vidas cotidianas!”  

    O equipamento de gravação ganhou vida.  

    “Para o último segmento, vamos exibir pequenos clipes dos grupos aqui e suas vidas diárias. Pedimos a cada grupo alguns dias atrás para enviar o que tivessem, e esta é a compilação dos clipes que recebemos.”  

    Espera aí. Piscando, tentei entender suas palavras. Era a segunda vez que isso era mencionado para mim, e também a segunda vez que eu não fazia ideia do que estava acontecendo.  

    Clipes? Que clipes?  

    Por que eu estava totalmente alheio a isso?  

    “Por quem devemos começar? Hmm. Que tal os calouros? Isso parece divertido.”  

    Um vídeo começou a tocar na televisão de repente. Nele estavam os membros dos calouros. Eram um grupo masculino composto por quatro rapazes. Todos eram bonitos, e no clipe mostravam várias cenas engraçadas do que faziam no dia a dia, com algumas brincadeiras aqui e ali.  

    Não vou mentir e dizer que foi chato. Foi divertido. Muito divertido.  

    Diferente de antes, eu realmente senti que esse segmento era extremamente interessante. Ainda assim, por algum motivo, não consegui aproveitar.  

    Minha mente ficou pensando nos clipes e no que os nossos clipes mostrariam.  

    Leon provavelmente tinha assumido a responsabilidade de fazer os clipes, já que os outros não pareciam ser do tipo que se interessaria por isso. Fazia sentido, mas o pensamento me assustava.  

    O que exatamente ele iria mostrar?  

    O tempo parecia passar rápido e devagar enquanto os clipes eram exibidos. O clima nos bastidores havia mudado de tenso e sombrio para algo mais descontraído.  

    E então chegou a nossa vez.  

    “O segundo clipe é o próximo! Vamos ver o que temos. Estou bem curioso.”  

    Ele não era o único que parecia ansioso para assistir. O público e até mesmo algumas outras equipes pareciam estar na expectativa.  

    Eu também estava, mas ao mesmo tempo, muito apreensivo.  

    Click.  

    O vídeo começou.  

    “Teste. Teste. O vídeo está funcionando? Teste?”  

    A primeira a aparecer no vídeo foi Evelyn, que esticou as mãos para tocar a câmera.  

    Mas ela foi rapidamente afastada por outra mão quando a voz de Leon ecoou pelos alto-falantes.  

    Como esperado, Leon estava no comando disso.  

    “Evelyn, não toca na gravação. Está funcionando. Estou gravando.”  

    “Oh… É mesmo…?”  

    Lambendo os lábios, Evelyn deu um passo para trás e enrolou o cabelo. Então, lançando uma olhadela para a câmera, acenou timidamente.  

    “Oi…”  

    “…”  

    “O quê?”  

    “O que você está fazendo?”  

    “Eu… estou com vergonha. Não esperava que tanta gente estivesse assistindo.”  

    “Só eu estou assistindo.”  

    Evelyn revirou os olhos.  

    “Coopera, vai?”  

    “Não tenho tempo para cooperar. Só temos alguns minutos para gravar.”  

    A câmera se afastou de Evelyn.  

    “Ei! Espera! Vamos fazer de novo!”  

    “Não! Sai de perto!”  

    “Leon!”  

    A recusa de Leon e a briga óbvia que acontecia atrás das câmeras fizeram algumas pessoas rirem.  

    Os pesados suspiros de Evelyn e Leon ecoaram pelos alto-falantes enquanto continuavam brigando.  

    “L-Leon! Me deixa!”  

    “Eu disse não!”  

    A câmera acabou apontada para um balcão próximo, direcionada para o corredor que levava aos dormitórios, enquanto Evelyn e Leon brigavam ao fundo. E, se alguém olhasse bem, veria uma pequena figura escondida atrás da parede para onde a câmera estava apontada.  

    ‘O que ela está fazendo?’  

    “Ei!? Qual é o barulho? Podem baixar o volume?”  

    Clank—!  

    Kiera desceu as escadas com uma carranca. Enrolando o dedo na orelha, ela franziu o rosto e olhou para Evelyn e Leon, dando uma breve olhada para a câmera.  

    “São três da tarde, e eu estou tentando dormir, então abaixem o vol—”  

    “Bu!”  

    “P***! M****! C******!”  

    O vídeo ficou cheio de bips enquanto Kiera pulava no ar e gritava.  

    “De onde saiu essa pestinha gremlin?!”  

    Espera aí…  

    Risadas ecoaram pela sala enquanto todos olhavam para Kiera, que afundou no sofá, tentando esconder o rosto. Por outro lado, um pequeno sorriso apareceu nos lábios de Theresa, que olhou ao redor arrogantemente e cutucou a cabeça sempre que alguém a encarava.  

    ‘Você viu isso, né? Fui eu’, era o que seu olhar parecia dizer. Tudo isso foi captado pelas câmeras ao redor.  

    O clipe continuou.  

    “Kiera, você sabe que não deve xingar na frente de uma criança?”  

    Aoife foi a próxima a sair do quarto, repreendendo Kiera, que segurava o peito.  

    “O quê? Quase morri de infarto. Tenha um pouco de empatia pelos seus colegas.”  

    “Ah, por favor. Como se você fosse morrer por algo tão pequeno. Já enfrentou adversários piores.”  

    “Tipo o quê?”  

    “Tipo o Julien quando conta uma piada.”  

    “Ah.”  

    Com uma expressão de súbita compreensão, Kiera acenou casualmente e voltou ao seu habitual ar despreocupado.  

    Espera aí…  

    “Então tá.”  

    Satisfeita por ter resolvido a situação, Aoife virou para voltar ao quarto quando, de repente, pulou no ar.  

    “P***! M****! C******!”  

    O vídeo bipou novamente enquanto Aoife soltava xingamentos.  

    “Quando você chegou aqui?!”  

    Sua raiva era direcionada a Delilah, que aparecera atrás dela do nada, com uma barra de chocolate na mão. Comendo calmamente, ela inclinou a cabeça.  

    “Eu sempre estive aqui. Por quê?”  

    “Não, você me assustou.”  

    “Ah.”  

    Com um aceno, Delilah voltou a atenção para o chocolate.  

    Eu encarei a cena com os olhos arregalados.  

    O que diabos ela está fazendo ali? Virando a cabeça, meus olhos encontraram os de Delilah. Estranhamente, seu rosto estava um pouco vermelho.  

    “Espera aí. Segura. Pausa.”  

    Esfregando a testa, Kiera olhou para Aoife.  

    “…Você vai simplesmente ignorar o que acabou de acontecer? Deixando de lado o fato de que você copiou cada palavra que eu disse, devo lembrá-la do que você literalmente me disse alguns segundos atrás?”  

    “Não, isso—”  

    Kiera começou a citar as palavras de Aoife diretamente.  

    “Kiera, você sabe que não deve xingar na frente de uma criança?”  

    “Ah, por favor. Como se você fosse morrer por algo tão pequeno. Já enfrentou adversários piores.”  

    Agora era a vez de Aoife afundar no sofá, desviando o olhar da projeção. As risadas continuaram a se espalhar pelo estúdio.  

    “Keum.”  

    Aoife virou a cabeça para longe de Kiera.  

    “Você não tem provas de que isso aconteceu.”  

    “Não, na verdade tenho.”  

    Os olhos de Kiera se voltaram brevemente para a câmera que estava no balcão.  

    “Uh?”  

    Aoife piscou, e foi então que percebeu a câmera apontada para elas. Seu rosto ficou instantaneamente vermelho, e ela correu em direção a ela.  

    “Nem pensar!”  

    Dois braços se agarraram desesperadamente à perna de Aoife enquanto ela corria em direção à câmera.  

    “Kiera! Solta! Eu te digo como líder do grupo! Solta agora ou isso não vai acabar bem para você!”  

    “Se vira!”  

    E assim. Outra briga começou.  

    “Solta, sua v****!”  

    “Só por cima do meu cadáver!”  

    No espaço de alguns minutos, duas brigas haviam começado, e ainda era possível ouvir o som abafado de Evelyn e Leon brigando ao fundo.  

    “L-Leon?!”  

    “Não é não!”  

    “Akh!”  

    Para piorar, Delilah e Theresa assistiam ao espetáculo com interesse enquanto Delilah comia seu doce calmamente. De vez em quando, outros cadetes desciam para ver o que estava acontecendo antes de fugir.  

    Era uma bagunça.  

    Uma bagunça terrível.  

    Click.  

    O clipe terminou logo em seguida.  

    Um breve silêncio pairou no estúdio enquanto todos olhavam para as garotas, que praticamente haviam afundado no sofá, exceto Theresa. Então, muitas pessoas começaram a sorrir e rir baixinho enquanto as garotas afundavam ainda mais.  

    Encarando a cena, eu não consegui rir. Fiquei sem palavras. Realmente não sabia o que dizer.  

    Droga! Eu sumi por alguns dias e esse foi o resultado?  

    Que tipo de situação era essa?  

    ‘Não, deixa pra lá. Eu devia é agradecer por ter sumido. Se não, teria sido implicado.’  

    Eu suspirei aliviado quando meus pensamentos pararam aí.  

    Trring—!  

    Então, senti meu dispositivo de comunicação vibrar no bolso e pedi licença por um momento.  

    —Então, está tudo pronto? Como está a situação?  

    Era Leon.  

    Hein? Leon? Ele não estava…?  

    “Como você está falando comigo?”  

    —Eu gravei a mensagem antes.  

    “Huh? Por que você faria isso?”  

    —Achei que você não gostaria do clipe.  

    “…?”  

    O clipe estava de boa. Não me implicava de qualquer forma.  

    Não sabia por que ele acharia que eu não gostaria.  

    —Digo, do segundo clipe.  

    “Eh?”  

    Segundo clipe?  

    Minha boca se abriu repentinamente.  

    Havia outro?  

    E então me virei para ver meu rosto na tela do equipamento de gravação. Antes que eu percebesse, um palavrão escapou dos meus lábios.  

    “Oh… merda.”

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