Capítulo 163: Orakha Parte para o Império Brimgan
— Quem descobriu essa informação? — perguntou Raaha.
— Inala — respondeu Orakha. — Atualmente, ele vive em uma região bloqueada do resto de Sumatra pelos poderes de um Gotejador de Lodo.
— Um Gotejador de Lodo? — Raaha ficou pasmo. — Ainda existe um Gotejador de Lodo em Sumatra?
— Sim. — Orakha assentiu. — Na região que ele criou, existem quatro outras Bestas Prânicas de Grau Prata: Rocatriz, Caracol Carniceiro, Amêijoa Enraizada1 e um Lagarto de Butique2. Há também uma ramificação do Império Brimgan vivendo lá. Eles se chamam de Reino Ganrimb.
— No momento, todas as cinco Bestas Prânicas de Grau Prata estão em processo de criação de uma Tribo Devastada. Foi ao observar as ações deles que o Rei Javali se inspirou para criar seus Membros de Clã. — Orakha suspirou.
Para ser sincero, ele ansiava saber mais sobre Inala ao descobrir a influência que ele exercera sobre o Rei Javali. Mas havia um limite para o que podia extrair do banco de dados. Todas as informações centrais sobre Resha e os reencarnados eram fortemente protegidas.
Caso tentasse acessá-las, a vontade do Devorador Transcendente emergiria, pondo um fim aos seus planos. Por isso, não os perturbou e apenas absorveu as informações que podia obter sem consequências.
Mesmo isso já era muito, o que lhe permitiu saber o que Resha e os reencarnados estavam tramando. Depois de explicar tudo o que queria, Orakha disse:
— Chefe, há um problema com o Blola.
— Eu sei — disse Raaha. — Venho observando-o durante todo esse tempo. Portanto, já tenho ciência disso.
O renascimento do Devorador Transcendente tinha seus limites. Quanto mais forte for o alvo do renascimento, maior o desgaste sofrido. Havia uma grande chance de ele murchar após reviver o atual Resha uma única vez.
Em termos de Grau, Resha estava no Grau Ouro Especialista, enquanto o Devorador Transcendente estava no Grau Ouro Iniciante. Em termos de cultivo, Blola estava atualmente no auge do Estágio Corporal, enquanto Resha estava apenas em cerca de oitenta por cento do Estágio Corporal.
Mas, no momento em que o cultivo de Resha se igualasse ou superasse o de Blola, revivê-lo seria impossível. Essa era a primeira limitação.
A segunda limitação decorria do próprio Blola. Conforme os meses passavam, o Devorador Transcendente assimilava gradualmente sua mente.
Uma vez que tivesse criado raízes, o Devorador Transcendente era capaz de crescer por conta própria. Se lhe fosse permitido desenvolver-se livremente, avançaria rapidamente pelos ranques de cultivo no Estágio Vital.
Quanto mais forte ficasse, mais rápido devoraria a mente de Blola. Por isso, Renduldu adicionou uma restrição para interromper seu crescimento no auge do Estágio Corporal.
Apenas quando a mente de Blola se desenvolvesse o suficiente para suprimi-lo e superá-lo é que ele seria capaz de cultivar para o Estágio de 2 Vidas. Mas o Blola atual não mostrava sinais disso; já estava perdendo para o Devorador Transcendente.
Nesse ritmo, seria impensável cultivar para estágios superiores; Blola continuaria enfraquecendo até que o Devorador Transcendente devorasse sua mente. Assim que se tornasse livre, ele criaria raízes, dispararia pelos ranques de cultivo e alcançaria o Estágio de 10 Vidas.
Ele então alcançaria o Estágio Transcendente e deixaria o Continente de Sumatra. E, antes disso, semearia o caos por todo o Clã Mamute.
Se nada for feito, tal destino será inevitável. Logo, Blola precisa ser treinado o suficiente para que recupere o atraso e vença a batalha mental.
— É impossível apagar a vontade do Devorador Transcendente. Eu tentei e falhei — disse Raaha. — Um poder misterioso impede que ela seja apagada. A sensação é semelhante à forma como o Continente de Sumatra guarda o poder dos Tentáculos Empíreos Místicos. Então, a única opção que nos resta é treinar o Blola.
— Sim, Chefe. — Orakha assentiu. — Nesse ritmo, Blola se tornará inútil assim que nós seis alcançarmos o Estágio Vital. Ele ficaria incapaz de nos reviver. Não sei a história completa, mas, pelo que descobri, Gannala criou nós sete com dois objetivos em mente.
— O primeiro é completar a rota para o Grau Místico. E o segundo é matar o Rei Javali — ele continuou. — E o único que sabe toda a verdade sobre ambos os planos é Inala. Parece que ele herdou essa informação de Gannala. Além disso, a filha dele é a sucessora de Gannala. Então, é obrigatório encontrá-los o mais rápido possível.
— Hmm… Reino Ganrimb… — murmurou Raaha. — Não fica nem um pouco perto da nossa nova rota. E mesmo se enviássemos uma equipe, Inala poderia já ter partido quando chegassem ao Reino Ganrimb. Nossos caminhos coincidem no Império Brimgan, então é melhor esperar até lá.
— Eu gostaria de ir para lá mais cedo, Chefe. — Orakha fez uma reverência. — Meu cultivo requer recursos minerais que não são encontrados em nosso Assentamento. Ao ir para o Império Brimgan, posso obter os vários recursos que eles possuem para criar o Avatar Humano mais forte. Além disso, com minhas habilidades, posso servir como um ponto de comunicação entre nós.
Uma vez que fosse para o Império Brimgan e encontrasse Inala, Orakha poderia cometer suicídio quando a situação exigisse e ser revivido por Blola, comunicando-se com o Clã Mamute. Além disso, se Blola melhorasse até lá e avançasse seu cultivo para o Estágio Vital, talvez fosse capaz de reviver Orakha em apenas um dia.
Enquanto isso fosse possível, Orakha poderia colocar um Ponto de Retorno no Império Brimgan, morrer, ser revivido por Blola, comunicar-se com o Clã Mamute, morrer novamente e reviver no Ponto de Retorno. Isso permitiria ao Clã Mamute vigiar o Império Brimgan de longe.
Era uma proposta sólida, já que o Império Brimgan era uma das civilizações humanas mais fortes em Sumatra.
Além disso, com o Avatar Humano, desde que o mantivesse ativo, a presença de Orakha seria a de um Humano Livre e não a de um Membro do Clã Mamute — o disfarce perfeito para permanecer ativo em um lugar como o Império Brimgan, repleto de potências.
— Chefe, prometo acumular uma grande riqueza para o Clã até o momento em que a manada chegar ao Império Brimgan — disse Orakha apressadamente, vendo que Raaha não estava totalmente convencido.
— De quanto estamos falando? — Raaha ergueu uma sobrancelha, com o interesse despertado.
— O orçamento anual do Clã Mamute — respondeu Orakha.
— Caso esteja se gabando sem fundamento… — Raaha ficou levemente sério. Orakha não prometeu acumular o valor de um ano do orçamento de seu Assentamento, mas de todo o Clã Mamute. Isso implicava acumular o equivalente ao orçamento anual de todo o Clã Mamute, abrangendo os 104 Assentamentos. Aquela era uma quantia exorbitante. E ele prometeu acumular tal quantia dentro de 17 anos, pois era quando a manada de Presas Empíreas chegaria ao Império Brimgan.
— Estou confiante. — Orakha bateu no peito. — Com minhas habilidades atuais, não é fanfarronice. E, se eu falhar, cometerei suicídio, retornarei ao Clã e encontrarei outra maneira de contribuir.
— Certo, não desperdice esta chance — disse Raaha, levando Orakha e Blola para a manada. Ele então concedeu uma Lanterna de Armazenamento para Orakha e o enviou para o Império Brimgan.
“Beleza!” Assim que se viu longe da manada, Orakha assumiu uma pose de vitória. “Vou criar uma força poderosa no Império Brimgan. Quando chegar a hora de lutar pelo Atributo, usarei meu poder para pegá-lo primeiro.”
Atualmente, ele era a unidade mais livre em Sumatra. Apesar de ser um Membro do Clã Mamute, podia sobreviver sem qualquer dependência de uma Presa Empírea. Com suas habilidades, podia vagar pelo Continente de Sumatra, coletar recursos conforme desejasse e construir sua força, sem enfrentar limitação alguma.
Pouco importava se o Clã Mamute seria aniquilado pelo Rei Javali ou não; não era problema dele. De qualquer forma, poderia circular livremente como um Humano Livre. Ele só não cortara a conexão com o Clã Mamute porque era lucrativo.
Na Terra, ele fora um comerciante. Logo, sabia que o melhor era tirar proveito de uma situação complexa. Além disso, agora que podia reviver, tanto através de sua Natureza Secundária quanto através de Blola, não temia a morte, o que lhe permitia colocar em prática o mais ousado dos planos.
— Serei eu quem conquistará todos os quatro Grandes Tesouros!

- O termo original é “Clam”, traduzido literalmente como “Amêijoa”. Trata-se de um molusco bivalve similar a uma ostra ou marisco, muito comum em Portugal e na culinária internacional. No contexto da obra, eu imagino que seja uma criatura protegida por duas conchas rígidas articuladas.[↩]
- A mesma situação se aplica ao “Lagarto de Boutique”, tradução quase literal de “Lizard Boutique”. Mantive os termos assim por enquanto, pois é a primeira vez que essas outras duas Bestas Prânicas aparecem e ainda não sei nada sobre suas características. Provavelmente, farei uma nova adaptação para garantir a melhor tradução possível quando elas brotarem nos próximos capítulos e eu entender finalmente o que exatamente são, belê?[↩]

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