Índice de Capítulo

    Horas se passaram enquanto eles planejavam o que iriam fazer em relação a Ordem de Gelo.

    — Está feito. Daqui a uma semana você lutarão até morte com a Ordem do Gelo — ordenou Damien, exibindo uma aura aterrorizante enquanto seus olhos percorriam os jovens.

    Ninguém ousou dizer uma palavra sequer. Mas sabiam que o fiscal queria ouvir uma resposta.

    — Sim senhor! — gritaram em conjunto.

    Jaro, Serena, juntos de Alice e Peter que já haviam se recuperado graças a Jaro, foram visitar os colegas da turma cinco, ainda internados na ala hospitalar do Distrito Azul.

    Taylor e Vitória estavam cheios de bandagens e faixas brancas, sentados em suas camas enquanto tomavam uma sopa quente.

    Ao redor deles, ocupando outras camas da ala, estava também a Equipe I, se alimentando.

    — Vocês chegaram — disse Vitória.

    — É. Como vocês estão? — perguntou Jaro.

    — Não vou mentir… Ainda tô com muita dor. Aqueles desgraçados realmente queriam nos matar.

    — Eu também. Qualquer movimento que faço dói demais — completou Taylor, frustrado.

    O mascarado e a jovem de cabelos negros se encararam. Serena se aproximou de Taylor, pousou a mão em seu ombro e se inclinou levemente, fazendo-o se assustar. Os longos e belos cabelos dela roçaram no corpo dele.

    Ele ia dizer algo, mas imediatamente sentiu seu corpo relaxar, a dor diminuindo como se fosse drenada. Ela está me curando… é tão quente e tão bom… Pensava Taylor, enquanto admirava a jovem que o tratava.

    Jaro, por outro lado, nem chegou a tocar em Vitória. Apenas ergueu a mão na direção dela, e uma aura verde a envolveu.

    Vitória arregalou os olhos, surpresa, depois sorriu de leve, fechando os olhos e se permitindo aproveitar a sensação reconfortante da cura.

    Alguns minutos se passaram antes que Jaro e Serena se afastassem, sinal de que haviam terminado.

    — Obrigada — agredeceu Vitória, girando o braço para testar. — Caramba, todas as minhas dores sumiram! — Ela tomou a sopa de uma vez e se levantou animada.

    Taylor se ergueu logo depois, inclinando a cabeça.

    — Isso é incrível — dizia, olhando para as próprias mãos, incrédulo. Era como se nunca tivesse se ferido. — Obrigado, senhorita. Vou retribuir esse favor.

    — N-não precisa… fiz porque quis — respondeu Serena, corando e balançando as mãos, envergonhada.

    Estelle, da equipe I, observava tudo de longe.
    Eles têm dois magos de cura?! Ela olhou para os companheiros, mas ninguém havia percebido; todos estavam abatidos, comendo em silêncio.

    — Argh! Vocês são uns molengas! — gritou de repente, irritada.

    Isso despertou o grupo, que levantou a cabeça ao vê-la marchando na direção da equipe III.

    — O que deu nela? — perguntou Aurora.

    — A questão é, por que ela está indo falar com a equipe III? — retrucou Lopez.

    A equipe III conversava animada quando Estelle simplesmente se jogou no chão diante deles, curvada.

    — Quem é essa doida?! — perguntou Alice, incomodada.

    — Acho que é a número 82… — murmurou Vitória.

    — O-o que será que ela quer…? — disse Peter.

    Sentindo todos os olhares sobre si, Estelle respirou fundo.

    — Vocês já nos ajudaram uma vez… Eu queria agradecer e pedir perdão. — Ela olhou pra Serena e voltou a face pro solo. — Do fundo do meu coração, obrigada! Se não fossem vocês, nós estaríamos mortos!

    A equipe III ficou completamente surpresa. Principalmente, por ter sido ela que na aula de Jason havia exagerado nos danos causados em Serena.

    — Não precisa disso. Por favor, levante-se — pediu Taylor, tocando suavemente o ombro dela.

    Mas ela permaneceu ali. Seus companheiros, vendo aquilo, correram e se curvaram juntos.

    — Além disso… eu sei que é pedir muito, mas queria que nos curassem, assim como fizeram com seus colegas — continuou Estelle. Os membros da equipe I ouviam aquilo sem entender. Como eles poderiam ser curados? Mas, ainda assim, permaneceram ajoelhados.

    — Não temos muito dinheiro, mas quando começarmos a fazer missões, poderemos pagar vocês. Se vocês não nos ajudarem eu não sei como vamos sobreviver à batalha contra a Ordem de Gelo — terminou ela, num sussurro.

    A equipe I haviam recebido a mensagem de seu fiscal assim que a reunião acabou. Por isso estavam tão abatidos, como lutariam naquele estado? E em apenas uma semana? Era praticamente uma sentença de morte.

    Que descuido, ela nos viu. Jaro balançou a cabeça, nervoso.

    — Certo. Não precisam nos pagar. Só peço uma coisa, não contem isso a ninguém.

    — Claro! — respondeu Estelle prontamente.

    — Podemos mesmo confiar neles? — perguntou Alice, desconfiada.

    — Sim. Se mais alguém souber, já sabemos quem foram os culpados.

    Os membros da Equipe I engoliram em seco diante das palavras de Jaro.

    — Verdade — concordou Alice, cruzando os braços e estufando o peito.

    — Pode me ajudar? — pediu Jaro, olhando para Serena.

    — Nem precisa pedir — respondeu ela, com um sorriso caloroso.

    Depois de repetirem o mesmo processo na Equipe I, pediram para serem examinados pelos doutores que não possuíam magia de cura, apenas para garantir que estava tudo certo.

    Os médicos ficaram surpresos, horas antes, todos estavam gravemente feridos, e agora pareciam novos em folha. Era óbvio que um mago de cura havia interferido, mas nenhum deles ousou fazer perguntas. Apenas deram alta aos pacientes.

    A Equipe I agradeceu mais uma vez e prometeu que pagaria a dívida, apesar de Jaro e os outros insistirem que não era necessário. Mesmo assim, eles fizeram questão e partiram.

    Como já era noite, a Equipe Fantasma decidiu descansar, exceto Jaro, que disse precisar ir a um lugar antes.

    — Estou aqui.

    — Espere um pouco, estou meditando — declarou Raizen, sentado em posição de lótus, com a postura serena e imperturbável de uma estátua.

    — Tá.

    Jaro caminhou pela biblioteca e pegou o livro que estava lendo antes, “Crônicas e Registros do Império Olimpo”. Folheou algumas páginas até ouvir a voz do bibliotecário chamando: — Garoto, venha aqui.

    Ele fechou o livro, guardou-o no lugar e respondeu: — Já vou.

    Ao passar entre as estantes, seus olhos brilharam. Raizen estava de pé, e faíscas amarelas serpenteavam ao redor das pernas do velho elfo.

    — Não quero me gabar, mas domino inúmeras magias e foi difícil decidir qual seria apropriada para você. Mas acredito que encontrei a ideal.

    Parece com a magia que Vitória usou contra Alice. Mas é mais intensa e ameaçadora. Uma magia de velocidade vai ser muito útil. Reflitia Jaro.

    O velho ergueu uma sobrancelha.

    — Pensei que ficaria mais empolgado — comentou, com a voz embargada.

    — Não é isso, é que eu já vi uma magia parecida antes.

    — Entendo. Nesse caso, será mais fácil para você compreendê-la. Mas antes, me diga, o que é magia para você?

    — Magia…

    Jaro refletiu por alguns segundos. A definição que lhe veio à mente era clara. O ato de manipular uma energia que não segue as leis naturais, usando vontade, conhecimento e mana para moldar a realidade.

    Mas logo percebeu que não era essa a resposta que o velho esperava e sim algo um pouco mais específico.

    — Eu diria que magia é quando um mago manifesta seu elemento através do corpo ou fora dele, em pequena ou larga escala.

    Ele estendeu a palma e uma esfera de energia maior que uma cabeça humana, envolta por relâmpagos, avançou contra o elfo.

    Raizen apenas levantou a perna esquerda até acima da cabeça e desceu o golpe sobre a esfera, esmagando-a contra o chão sem sofrer o menor dano.

    — E assim nasce a magia… — concluiu Jaro, impressionado com a técnica e a força do bibliotecário.

    Hoho, isso não foi uma esfera de mana comum. Então ele já alcançou sua primeira magia. Uma bola de Raio, nada mal.

    — Testando um velho como eu? Que ousadia.

    — Perdão, só queria ver um pouco da sua força.

    — Hahaha, faz sentido, é o que um guerreiro faria. Sendo assim, veja, vou te mostrar mais um pouco.

    Raizen começou a caminhar. Mas, por causa da magia em suas pernas, ele parecia desaparecer e surgir em outro ponto da biblioteca com apenas alguns passos.

    — Essa magia que estou usando se chama Passos do Trovão. Como deve imaginar, ela aumenta drasticamente a velocidade do usuário.

    Num instante estava no teto; no seguinte, na parede à esquerda, depois na direita, até retornar ao local inicial.

    Enquanto observava, Jaro admirava a técnica e já pensava em como enfrentaria alguém com tamanho deslocamento.

    — Ela é bastante prática, como pôde ver. Mas não serve apenas para velocidade.

    O velho apontou para o local onde a esfera de Jaro foi esmagada. No mesmo instante, o piso se abriu em rachaduras que avançaram até os pés do jovem.

    Que poder! Em que estágio ele está?! Jaro encarava-o tentando descobrir, mas ele não conseguia sentir a mana de Raizem apropriadamente.

    — Acho que dessa vez o surpreendi — Raizen coçou a barba, pensativo. — Será que, ensinando essa magia, aquela bruxa vai ficar satisfeita?

    — Tenho certeza que sim — respondeu Jaro, empolgado.

    — Sendo assim, está decidido — respondeu ele, com um leve sorriso.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota