Volume 02 - Capítulo 12: Momento Crítico
Capítulo 12
Momento crítico
Tradutor: Zekaev
Eles chegaram ao terceiro andar e estavam prestes a fazer uma pequena pausa quando um ancião e dois de seus subordinados apareceram, pegando-os uma surpresa. A luta rapidamente se tornou caótica.
Haruhiro grunhiu enquanto rapidamente desferiu Pancada, atrás de Pancada, e mais Pancada; ele desviou dos sucessivos ataques do kobold A. Não havia mais nada que pudesse fazer. Foi exatamente o que aconteceu quando lutou contra um inimigo face a face. E, porque tinha que dedicar toda a sua atenção aos movimentos da arma e braços do kobold, ficou alheio ao resto do grupo.
Os outros estavam bem? Como eles estão indo? A preocupação o consumia, mas conseguiu concentrar-se na luta. Tempo. Eu tenho que ganhar tempo, mesmo que seja só um pouco, prendendo a atenção de um inimigo. O atual nível de habilidade permitiu a Moguzo cuidar de um ancião sozinho. Yumi não tinha medo de uma briga, então ela deveria dar conta do outro, o kobold B.
Eles também tinham Shihori e Mary para apoiá-los. Se Haruhiro pudesse manter o kobold A totalmente ocupado, havia uma boa chance de tudo acabar bem. Ele provavelmente não poderia matá-lo sozinho, mas, pelo menos, poderia mantê-lo ocupado.
Entretanto, o kobold A de repente gemeu e virou as costas para ele. Merda! Vendo a forma como a sua cauda se movia, Haruhiro sabia que estava em apuros. O kobold virou, balançando sua espada, com o braço totalmente estendido. Haruhiro percebeu que não havia como desviar do golpe, mas seu corpo já se movia para executar uma Pancada, foi puro reflexo.
Sempre que ele estava sendo atacado, várias Pancadas acabavam saindo. Abusou da técnica até adquirir um mau hábito, e tudo acontecia exatamente como ele temia.
— Argh! — Haruhiro grunhiu quando a espada do kobold esmagou sua adaga e o fez soltá-la. O kobold A pressionou com outro ataque, latindo furiosamente
Haruhiro não teve tempo de bloquear, então apenas se esquivou. Evitar movimentos desnecessários nem passou pela sua cabeça, em vez disso, usou tudo o que tinha para torcer seu corpo. Ele sabia que esses movimentos eram ineficazes e desejou poder se acalmar o suficiente para lutar adequadamente. Mas era impossível, ele entrou em pânico.
Haruhiro ficou ofegante quando a espada do kobold penetrou seu braço esquerdo, logo acima do cotovelo. Ok… é apenas um arranhão… ele disse a si mesmo. Mas a quantidade de sangue, que fluía para fora da ferida, era surpreendente. E doeu. Que diabos! Kobold maldito, dá um tempo, vai? Eu imploro! Por que ele estava perguntando em primeiro lugar? Haruhiro não tinha ideia.
Mesmo que perguntasse educadamente, o kobold provavelmente não o ouviria. O kobold A possivelmente responderia com “Não me trate como um idiota”. Este latiu novamente e virou as costas mais uma vez, preparando-se exatamente para o mesmo ataque.
Vá em frente e tente! Haruhiro pensou. Ele viu através daqueles movimentos. Depois de presenciar a técnica sendo executada uma vez, não havia mais nada para se preocupar. Haruhiro saltou para trás, colocando uma distância suficiente entre eles, para o ataque kobold não o alcançasse. Foi o que pensou. Mas o kobold, de repente, deu meia volta e veio direto para ele.
— O qu- — Haruhiro ficou com os olhos arregalados.
Em vez de atacar com sua arma, o kobold A o chutou no peito, fazendo-o voar. Haruhiro caiu de costas, e o mesmo kobold ainda vinha diretamente para ele. Merda! Ele estava acabado.
— Luz do Julgamento.
Um raio de luz ofuscante disparou para o kobold A. O feitiço de Mary. O kobold apressadamente esquivou-se inclinando para trás. Enquanto Haruhiro levantava, Mary entrou, graciosa e suave. Ela moveu seu cajado para cima e para trás em um amplo arco.
— Esmagar.
A arma de Mary se conectou com o lado do kobold. Esta foi uma brilhante e magnífica combinação das habilidades Luz do Julgamento e Esmagar. Não posso simplesmente ficar aqui, admirando! Haruhiro pensou. O kobold A cambaleou. Haruhiro foi habilmente para trás, fechando a distância entre eles e, usando Viúva Negra, bateu sua adaga debaixo do queixo da criatura.
Quando ele rapidamente pulou, seus olhos se encontraram com os de Mary por um instante. — Obrigado! — Ele disse, antes de voltar sua atenção para a cena ao redor.
Moguzo estava dominando a luta com o ancião capataz, mas Yumi lutava contra o trabalhador kobold restante e parecia estar ferida. Precisava de ajuda imediatamente. Shihori usou Ligação Sombria no ancião, parando seus movimentos e permitindo que Moguzo usasse uma ofensiva total para destruí-lo. Depois disso, todo mundo foi no kobold B e facilmente o matou.
Enfim, as coisas se acalmaram e eles finalmente puderam fazer uma pausa. Sem demoras, recolheram os talismãs dos corpos dos kobolds e Mary curou os feridos.
— Parece que conseguimos, mesmo sem Ranta. — Disse Yumi com um leve sorriso, embora a exaustão fosse evidente em sua expressão.
Assim como Haruhiro, ela também se feriu na luta anterior. Para ele, parecia que “lidar” não era o termo mais apropriado, o mais correto seria dizer que eles “fizeram das tripas coração”.
— Mas… isso foi por um triz, eu acho. — Shihori disse, olhando para o chão. — Talvez… Yumi, Haruhiro, vocês dois apenas não são bons em lutar na linha de frente. Ah… mas não é como se eu estivesse tentando criticar ou qualquer coisa…
— Eu sei. — Haruhiro sorriu para Shihori, embora seu sorriso parecesse mais amargo do que ele queria. — Estou de acordo. Eu e Yumi não somos adequados para lidar com os inimigos frente a frente, não importa o quanto tentemos. Para mim, pelo menos, quando as coisas vão mal, sou manipulado pelos meus adversários. E se as coisas estão indo bem, é porque eu mal consegui evitar isso. Ou é assim que me parece. E, por isso, tem muito movimento, as lutas viram bagunça, e isso faz as coisas ficarem mais difíceis pra você e pra Mary. Eu acho muito difícil manter o controle de tudo o que está acontecendo.
— Mas não é como se Ranta ficasse no mesmo lugar o tempo todo também. — Disse Mary.
Embora Mary provavelmente pretendesse apoiar o argumento de Haruhiro com essa declaração, uma pitada de incerteza acertou Haruhiro fazendo com que inclinasse a cabeça para um lado.
— Isso é verdade. Mas eu acho que Ranta intencionalmente tenta manter a atenção de um inimigo completamente voltada pra ele, mesmo durante uma luta. Antes, quando nos oferecemos para ajudá-lo, ele sempre ficava irritado. Claro, isso é estúpido às vezes, mas se a gente deixasse as coisas assim, ele manteria um inimigo longe da nossa retaguarda. Acabei de perceber quanta diferença ele faz. E ele também é…
Haruhiro não queria admitir isso, mas seria injusto não o fizesse. E era verdade, então ele se sentiu obrigado.
Ele respirou profundamente antes de começar. — A realidade é que ele também se tornou muito mais forte. Está muito melhor que antes. Eu não sei, talvez seja porque ele usa muito suas habilidades, mas ele se tornou muito bom em combinar suas técnicas com as nossas. Sem dúvida, tornou-se indispensável.
Talvez até mais importante do que eu, Haruhiro pensou e estava prestes a dizer isso também, contudo, deteve-se. Não havia qualquer vantagem em fazer autodepreciação agora.
— T-talvez nós devemos ir- — Moguzo começou, mas assumiu um súbito silêncio.
— Todo mundo sabe que Yumi odeia Ranta. — Yumi começou, com uma bochecha inchada e o olhar grudado no teto. — Sempre que Ranta chama Yumi de peitos planos, dói o sentimento de Yumi, não importa o quanto Yumi o xingue, ele continua. Então, mesmo que as pessoas digam a Yumi que há razões para gostar de uma pessoa assim, Yumi não pode fazer.
— Sim. — Haruhiro assentiu, encarando-a para continuar.
— Mas, mesmo assim… — O olhar de Yumi caiu no chão e suas bochechas murcharam quando ela soltou todo ar preso em seus pulmões. — Mas, apesar de Yumi odiar Ranta até as tripas, a equipe tem dificuldade sem ele. Mesmo que ele seja apenas uma pessoa. Quando Yumi pensa sobre o que deve ser para Ranta… ele perdeu Haruhiro, Moguzo, Shihori, Mary, Yumi… todos nós cinco. Imagine o quão difícil deve ser para ele nos perder, todos de uma vez.
— Yumi… — Shihori sussurrou, abraçando-a em torno dos ombros.
— Quando você pensa sobre isso… Yumi. — Yumi parecia estar prestes a chorar. — Se Yumi estivesse nessa situação, sozinha neste lugar, Yumi ia estar tão solitária e deprimida que ela pode não ser capaz de fazer qualquer coisa. Que é o mesmo para Ranta, Yumi acha…
— Primeiramente, ele… — Haruhiro começou, mas fechou a boca e respirou fundo.
Ele estava absorto nos pensamentos sobre os acontecimentos recentes. Parecia estar pendurado na borda de um penhasco, à beira da loucura, todavia teve que tomar uma decisão legal e lógica. Ele poderia fazer isso? Poderia se levantar para a ocasião?
Para ser honesto, ele não saberia até que tentasse. E, mesmo que tentasse, talvez ainda descobrisse. Ele estava sereno e calmo agora? Como poderia saber por conta própria? Perguntando a alguém, talvez? Virando-se para os outros e soltando um “Ei, eu pareço calmo e sereno para você?”. Que inferno, de jeito nenhum.
Todo mundo olhava para ele, esperando ouvir o que ele tinha que dizer. Todos esperavam por sua decisão. Ele não tinha escolha, precisava fazer um julgamento.
— Nós não podemos ter certeza se o Ranta ainda está vivo. — Disse Haruhiro. — Mas eu quero acreditar que ele está. E eu quero permanecer acreditando nisso. Se não acreditarmos, então não faz sentido continuar. Sim, Ranta ainda está vivo. E se ele ainda está vivo, eu quero ir atrás dele.
Ele não podia forçar ninguém a tomar uma decisão, não podia simplesmente jogar tudo para o alto e fugir das responsabilidades também. Esta foi a realidade para ele.
— Vamos descer para o quarto andar primeiro, depois vamos encontrar uma maneira de chegar ao quinto andar. Mas eu não quero correr nenhum risco. Ranta ficou para nos dar uma chance de escapar. Vamos ignorar tudo o que ele fez por nós se morrermos tentando salvá-lo.
Eu sou uma pessoa horrível, Haruhiro não pode deixar de pensar. Ele não disse nada forte, mas se fosse qualquer um dos seus companheiros, além de Ranta, provavelmente tomaria a mesma decisão, mas com as prioridades invertidas e menos cautela. Ranta… talvez seja porque é você, eu pude evitar esse tipo de decisão precipitada.
— Nossa própria segurança é a maior prioridade. Nós não vamos forçar nada, e se as coisas parecerem muito perigosas, vamos virar e ir direto para a superfície. Se isso acontecer, planejamos nosso próximo movimento depois. Alguém é contra a minha proposta?
Ele não acreditava que alguém levantaria a mão. E ninguém o fez.
Mas Haruhiro foi quem tomou a decisão, os outros simplesmente assentiram. Ele não podia esquecer o peso da responsabilidade, o peso de todo o medo e dúvida de repente caíram sobre seus ombros, quase o deixou aleijado. Entretanto, por algum motivo, ele se sentiu estranhamente aliviado.
A decisão de ir foi tomada. Agora, tudo o que tinha a fazer era cumpri-la.
— Muito bem. — Disse Haruhiro. — Vamos. Ranta está esperando por nós.
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