Dellos

    Histórias 1
    Capítulos 112
    Palavras 227,4 K
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    Tempo de Leitura 12 horas, 38 minutos12 hrs, 38 m
    • Capítulo 23 - Espólios.

      Capítulo 23 - Espólios. Capa
      por Dellos Jonas virou seu pescoço na direção do som. Rochas nuas ao sol, folhas lançadas ao vento, Graça curvada em meio ao campo. Um grito a preencher o ar e os ouvidos. Com um salto ele disparou na direção da mulher de um braço que tinha idade para ser sua mãe. Estava longe, mas os passos que deu não pareceram mais do que dez. Surpreendentemente, viu Leandro a alcançando antes dele. Parou, se agachando ao lado dela, percebendo o brilho vermelho escorrendo por sua mão antes que Leandro a…
    • Capítulo 3 - De que adianta?

      Capítulo 3 - De que adianta? Capa
      por Dellos As névoas dançavam em volta das pedras nuas esverdeadas pelo bolor - restos de estruturas destelhadas e marcadas por anos de abandono - e rastejavam pelo chão, cobrindo os pés de todos. Sons eram amplificados pelo clima úmido e sem vento. O que fazia uma voz parecer mais alta do que o normal. — Tá bom, então escuta essa: dois pais e dois filhos foram pescar. Cada um pescou um peixe, e no fim do dia voltaram para casa com três. Como? — Leandro perguntou. Um sorriso convencido marcava seu…
    • Capítulo 22 - Sendo sincero.

      Capítulo 22 - Sendo sincero. Capa
      por Dellos Ventos frios sopravam por entre as árvores cobertas de musgo e neblina, fazendo as folhas chacoalhar e caírem. Jonas podia ouvir o coaxar dos sapos, o canto das cigarras, e mais além. Ouvia os passos das lebres, o uivo distante dos lobos de skoll, o som de um galho quando uma ave nele pousava e levantava voo. Ouvia a sinfonia que era mundo com seus inúmeros e caóticos instrumentos. E ouvia também os outros sons, mais próximos e conhecidos. — Lembrei de quando ia na casa das minhas…
    • Capítulo 21 - Mesquinhos.

      Capítulo 21 - Mesquinhos. Capa
      por Dellos Os ecos dos moribundos reverberaram pelos antigos paredões da garganta do camelo. Ossos à vista, carne rasgada de cortes feitos por  lâminas cegas, grandes hematomas e nódulos negros. Duas dezenas de homens estendidos como galhos secos de um sarça. Burak sabia que a maioria não viveria para além de algumas noites. Faria melhor coisa por eles dar-lhes a honra de serem oferendas ao deserto do que deixá-los viver um dia que fosse na miséria de um aleijado. E foi o que fez. Ordenou a meia…
    • Capítulo 20 - Palavras sem importância.

      Capítulo 20 - Palavras sem importância. Capa
      por Dellos “Vento”. Sempre ventava naquele lugar. Não uma brisa agradável, carregada da fragrância de perfumes sobrepostos e aromas de doces e comidas da qual fora acostumada. Sequer era o hálito quente dos esgotos abaixo das avenidas principais e ruas sujas dos bairros mais sujos a qual já pisara, ou do suor fresco de um metrô no final do dia. Não tinha cheiro de nada além de areia. As migalhas batiam contra seu rosto, alojando-se no nariz, boca e junto a suas pálpebras. Incomodava-a cada vez que…
    • Capítulo 3 - O sonho profundo, antes do despertar.Capítulo 3 - Prólogo de um sonho.

      Capítulo 3 - Prólogo de um sonho. Capa
      por Dellos Estava claro como o dia, mas não havia sol. Apenas um vasto céu azul sem nuvens. Vazio. Tão vazio quanto aquele lugar. A sua frente, estava uma enorme porção de água, semelhante a um mar. Mas era um rio, ela sabia, tão grande que não conseguia ver a outra margem. Podia perceber quão poderosa era a sua corrente pelo som de suas águas. Atrás de si, havia campos brancos, que se estendiam até onde a vista alcançava. Eles lhe davam uma estranha sensação de calma. Quando havia chegado ali? Não…
    • Capítulo 19 - Utilidade.

      Capítulo 19 - Utilidade. Capa
      por Dellos  — O que é esse azul, o céu? Por quê ele está embaixo? — perguntou uma voz sua, inocente e infantil, admirando um desenho estranho e curioso. Frustrou-se com a risada que recebeu como resposta. — Não, o céu está acima dele — Seu pai apontou com o dedo para o desenho. — Vê que essas cores são diferentes? Esse aqui é o céu — passou-o pela parte dita, de um cinza azulado repleto de partes brancas e então para um azul mais escuro, nunca por ela visto —, e esse aqui é o…
    • Capítulo 18 - O que falar?

      Capítulo 18 - O que falar? Capa
      por Dellos O vento rosnava por entre as escarpas cortantes e irregulares no alto da imensa formação rochosa que cortava o deserto ao meio como uma monumental muralha decaída. Ítalo cobria o rosto com uma manta que usava como capa, cobrindo seu corpo da cabeça aos pés para protegê-lo do vento. Fazia uma careta de dor a cada pisada. Os sapatos haviam se rasgado de forma irremediável noites antes, deixando os pés expostos a qualquer coisa que houvesse no solo. Areia escorria por entre os dedos…
    • Capítulo 17 - Ideias.

      Capítulo 17 - Ideias. Capa
      por Dellos Os atordoantes sons dos martelos ecoavam nos ouvidos de Jonas. Metal batendo em metal, moldando e sendo moldados através de incontáveis marteladas poderosas. Poderosas e dolorosas. Dezenas de homens e mulheres, vestidos de couro, peles e aço, caminhavam de um lado para o outro. Observando o trabalho dos ferreiros e vistoriando os estoques repletos de espadas, lanças e machados polidos. Decidindo se comprariam-nos. Ao menos aqueles que tinham algum dinheiro. Jonas costumava observar as armas…
    • Capítulo 49 - Seguindo o fluxo.

      Capítulo 49 - Seguindo o fluxo. Capa
      por Dellos — Jonas, venha cá — Ele ouviu uma voz rouca o chamar, e se apressou seu passo na direção em que ela se originava.  Ele entrou na garagem, sentindo cheiro de cigarro permeando o ar. Muito da rouquidão na voz de seu avô era devido a eles.  — Oi vô.  — Você mexeu no meu rádio? — O velho perguntou. Sua carranca retorcendo as rugas da face. Ele estava debruçado sobre a mesa, mexendo no rádio.  — Não, nem toco nisso. A gente tem tv hoje em dia,…
    Nota