27 Resultados na categoria ‘Virellium: Entre Sombras e Segredos’
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Capítulo 14 – A Primeira Reescrita
O amanhecer em Virellium era cinza como carvão dissolvido. As ruas, antes carregadas de névoa silenciosa, agora fervilhavam com palavras soltas.Sílabas que se enroscavam nos becos como heras proibidas.Verbos que caíam dos telhados com o peso de velhos pecados.Substantivos rachados entulhavam os bueiros, como se as entranhas da cidade expelissem a própria memória corrompida. O ar carregava um novo peso: o peso da possibilidade. Era como se, a cada respiração, Cael Thornwald inalasse ecos de…- 28,4 K • Ongoing
- A cidade que se erguia diante deles era tudo o que Virellium não ousava ser à luz do dia. Chamada de Caligo Nox, sua arquitetura parecia feita para iludir e seduzir. Luzes coloridas se espalharam em letreiros piscantes, enfeites metálicos e fachadas envernizadas, ocultando a podridão por trás do brilho. O som das moedas tilintando, risadas falsas e notas de piano automatizado criavam uma trilha sonora incessante. Homens de terno e mulheres de vestidos brilhantes passeavam entre cassinos e cabarés,…
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- I. O Nome que Nunca foi Escolhido "Cael Thornwald" não era o único nome escrito para ele. Havia outros. Outras tentativas, outros batismos negados. Khael Ombros: Aquele que seria traidor antes do fim. Sylver Wren: O bibliotecário que morreria sem jamais ter lido seu próprio epitáfio. Caelum Verrian: O Arauto da Última Canção. Cada nome um destino. Cada nome, uma história abortada. Mas em cada reescrita, apenas "Cael" persistiu. Ou, talvez, apenas o que restou de…
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- A primeira sensação foi ausência. Ausência de corpo, de forma, de som. Uma ausência que soava como grito. Cael Thornwald não lembrava quando caíra, se de fato havia caído. A última memória concreta era a de seus dedos encostando novamente no símbolo espiralado do medalhão — mas, desta vez, ele não queimou. Ele... sussurrou. Agora, não havia chão. Nem teto. Nem tempo. Só uma vastidão sem contornos, onde os olhos se perdiam na tentativa de compreender o que não possuía ângulos.…
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- Virellium não dormia mais. Não como antes. A cidade respirava em espasmos. As vielas se curvavam como lombadas de livros antigos, as janelas piscavam em sincronia com sussurros que ninguém queria ouvir. Palavras apagadas escorriam pelas rachaduras das pedras, e os lampiões acesos tremeluziam com a ansiedade de velas em vigília fúnebre. Era como se a cidade estivesse tentando esquecer algo que ainda não havia acontecido. Ou alguém. Cael Thornwald caminhava sozinho pelas ruas — sem…
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- A aurora em Virellium era um teatro de mentiras. A luz que deveria emergir do leste parecia implorar para não tocar as pedras encharcadas da cidade. Havia algo no ar — não o frio comum, mas um peso, uma espessura invisível que transformava o tempo em vidro. Frágil… Cortante. Cael subiu as escadas do porão em silêncio. A madeira rangeu sob seus pés com um som mais seco do que deveria, como se a casa estivesse secando por dentro. Leor estava acordado, sentado à mesa com uma garrafa entre os…
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- Havia algo perversamente reconfortante na taverna “Os Três Epitáfios”. O cheiro de madeira encharcada, o chiado baixo da lareira sempre acesa, o rumor das conversas que preenchiam o espaço como velhos livros abertos — tudo conspirava para criar a ilusão de que o mundo ainda funcionava. Ou fingia funcionar. Cael entrou primeiro, o sobretudo marcado por fragmentos de palavras coladas pela névoa. Leor o seguiu com passos lentos, o olhar girando em torno do ambiente como se cada cliente ali…
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