Capítulo 1 - Lua
— SOLTEM ELES! SOLTEM TODOS ELES! LIBEREM AS BESTAS! FAÇAM-OS CAÇAR ATÉ QUE SEUS CORPOS SEJAM DESTRUÍDOS! ME TRAGAM O QUE PROCURO! Me entreguem a garota!
O Sangue de Lilith
Em uma manhã tempestuosa, uma garota dormia conturbada em sua cama. Conforme o tempo passava, mais raios caiam, até que o barulho de um deles a acordou.
— AAH! — A garota se assustou. Com a mão em seu cabelo solto, bagunçado e que também possuía mechas roxas; e foi se acalmando aos poucos.
— Tá uma baita tempestade lá fora… Que horas são? — Preocupada, procurou rapidamente um relógio para olhar as horas.
— 6:45… Tá na hora de levantar… — Assim que saiu da cama enrolou seu cabelo.
A garota se levantou e olhou ao seu redor, observando o pequeno apartamento que estava todo bagunçado, com roupas em cima da mesa, um monte de mangás empilhados ao lado da cozinha e pratos sujos na pia.
— Teve uma tempestade aqui dentro também? — cambaleando de sono, foi em direção ao banheiro.
Após escovar seus dentes e tomar banho, ela olhou em um espelho mostrando seu corpo inteiro.
A garota, com cerca de 1,77 cm, tinha um corpo bem definido e belas curvas para alguém da sua idade. Muito disso se deve ao fato de ter praticado artes marciais quando criança. Mas não era o seu corpo que chamava mais atenção, e sim suas mechas roxas, que eram naturais, juntamente a um símbolo de lua na região da nuca, que sempre a fazia questionar sua origem.
Após sair do banheiro, se vestiu e arrumou o apartamento, e com um envelope velho em mãos, saiu de casa.
— Eu já volto… — falou para o nada quando fechou a porta
Enquanto andava pela rua, a garota olhava atrás do envelope, onde tinha um endereço escrito. E em sua mão, uma carta dizia:
“Vá até esse endereço quando tiver chegado aos 17 anos, tenho algo a contar”
Chegando ao endereço, era apenas um armazém pequeno com um portão enferrujado. A garota tirou uma chave de dentro do envelope, destrancou o cadeado e assim entrou no armazém.
Dentro do armazém, era possível ver, no fundo, uma mesa com vários papéis, uma luminária, um gravador de voz e uma porta ao lado da mesa, tal como uma saída de emergência. Ao chegar mais perto da mesa, ela acendeu a luminária, deu uma olhada rápida nos papéis e pegou o gravador.
— Isso… Isso era do meu pai! — reconhecendo o objeto em suas mãos, deu play na gravação.
— Saki! Oi, minha pequena! Como estão as coisas aí? — perguntou um homem, que tinha uma voz muito familiar para Saki — Eu… peço desculpas por não estar aí hoje… eu bem que queria, mas… infelizmente não posso — Lamentou o homem — sei que tem sido anos difíceis para você desde que fui embora… e eu sinto como se tivesse falhado em minha missão, mas saiba que… eu te amo, minha garotinha… — E terminou sua gravação.
Lágrimas escorreram no rosto da jovem. Ela apoiou suas mãos em cima da mesa e começou a limpar suas lágrimas.
— Pai… Seu velho maldito… Por que você teve que ir?! — Desolada, a garota caiu com os joelhos no chão derrubando o gravador.
— Eu… Tive que ir porque alguns assuntos inacabados surgiram, então guardei isso pra você — Coincidentemente, a gravação retoma respondendo a pergunta. — Você sempre me perguntou o porquê de nunca ter visto sua mãe e eu nunca soube responder, mas… Depois de juntar todas as minhas pesquisas, eu cheguei a uma conclusão… — afirmou — Não sei se já percebeu, mas bem embaixo do seu cabelo, tem o símbolo de uma lua… E esse símbolo, nessa região… Não é algo deste mundo! — Saki passou a mão lentamente em sua nuca ao ouvir aquilo.
— O que isso?
— O símbolo da lua na nuca, é de um clã muito antigo… O clã de Lilith. E Saki… Você é a única que pode ir atrás do seu próprio passado e acabar de vez com uma guerra sem fim… — finalizou sua mensagem deixando várias dúvidas na cabeça da jovem garota.
— Clã de Lilith? Meu passado? Guerra sem fim?! — questionou sem saber o que fazer, sua mente começou a se encher de dúvidas — como assim eu sou a única que pode fazer isso? Quem… Quem é Lilith?
Ela agarrou o gravador do chão em busca de mais respostas e apertou novamente o play.
— Saki… O mundo que você vai enfrentar, é algo totalmente diferente do que está acostumada… Magia, monstros e até mesmo deuses são coisas que podem estar no seu caminho. Por isso, contei com dois amigos meus que podem te ajudar com isso, não se preocupe com eles, são pessoas de confiança, só tenha cuidado com uma certa mulher… ela é bem irritada. Esses papéis em cima da mesa são mapas de alguns lugares desse outro mundo, vão te ajudar em algumas situações.
Rapidamente, Saki enrolou os papéis e pôs em sua mochila, logo em seguida, percebeu que embaixo dos mapas havia um colar com um pingente em formato de uma gota de sangue roxa.
— Assim que estiver pronta para isso, volte aqui e abra aquela porta de emergência — a gravação continuou enquanto Saki olhava para o colar. — Ah, também deixei um presente pra você… Feliz aniversário, minha pequena… Tenha cuidado. Você tem muito poder em suas mãos… — finalizou.
Saki segurou o choro e logo conseguiu se recompor. Ela pegou tudo que precisava do armazém e voltou para casa. Lá, se sentou em uma cadeira e tentou assimilar tudo que havia escutado.
“Eu… não sei se tô pronta pra ir para outro mundo…” pensou ao repousar seus braços e cabeça na mesa.
Ela acabou dormindo ali mesmo por algumas horas e acordou já olhando para o relógio.
— 17:45… Parece que eu peguei no sono — disse se levantando da cadeira.
Saki aproveitou o resto do seu dia para varrer seu apartamento e ler alguns mangás. Ao se passar mais algumas horas, foi para a cama dormir e ficou ali por minutos inquieta e olhando para o teto.
“O Clã de Lilith… A marca da lua… O que tudo isso quer dizer?”
Ela passou horas na cama sem conseguir dormir e de repente, se levantou e foi para a rua. Andando com sua mochila nas costas, cabelo preso, colar no pescoço, uma calça e jaqueta pretas, ela foi até o armazém novamente. Chegando lá, se aproximou da porta de emergência e determinada a fazer aquilo, colocou a mão na maçaneta.
“Certo… Se eu abrir essa porta, não tem mais volta… Né?” pensou..
Saki solta a maçaneta e dá meia volta.
“Foda-se, é melhor eu dormir! Eu não tô pronta pra isso!” Ao se virar, a alça de sua mochila se prendeu à maçaneta da porta, fazendo com que a abrisse, revelando um espaço em branco.
— Puta merda… — sua existência era difundida aos poucos, assim, sendo transportada para o outro mundo.
Sem demorar muito, Saki caiu de cara no chão. Com dores por todo o corpo, ela se levantou e viu que estava em uma floresta densa, com árvores colossais e pedras cobertas de musgo
— Merda! Eu achei que ia morrer!
Em um lugar escuro e desconhecido, onde era possível ouvir apenas chamas incessantes e gritos de dor e agonia, estava uma mulher com um vestido longo cor de vinho, um cabelo preto com mechas roxas e um rosto extremamente seco.
Em seu peito, havia um buraco que estava rodeado por vinhas negras.
A mulher levanta a cabeça e lentamente abre os seus olhos dizendo:.
— Ela está aqui… — seus olhos brilhavam em meio a escuridão.

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