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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Milea quis compreender a verdade escondida naquele pedido. Na sua óptica, impedir o ritual demoníaco era bom, seria uma ameaça a menos para se preocuparem e também permitiria colher a energia vital dos cultistas responsáveis pelo ocorrido. Precisou de um tempo para cogitar a possibilidade de seu mestre estivesse querendo que o demônio realmente viesse ao mundo.

    Ela não recebeu respostas quanto ao seu desmaio repentino na vez que informou o mestre, muito menos foi levado em consideração alguma dúvida que pudesse ter em sua mente. Milea acreditava que era para o receptáculo ter morrido, ou que pelo menos Er’Ika conseguisse tomar controle pleno de seu corpo ao obter certo nível de energia demoníaca, coisa que não aconteceu.

    Se assim fosse, significava que o selo era muito poderoso, apenas assim era possível reprimir uma criatura de alto nível e também separar as duas almas em fluxos isolados. Do contrário, haveria um choque de vontades e consciências, onde obviamente Er’Ika venceria dada à sua natureza e conhecimento superiores. O demônio se mantinha cheio de curiosidade, e então um palpite veio à mente.

    “Será que ele está impedindo do selo quebrar para ter um disfarce mais conveniente? Pode ser que ele queira manter um perfil baixo para seus inimigos não o detectarem, por isso não o destroi.”

    Na lógica dos seres infernais, ser ardiloso e esperto era uma característica muito desejável. Inimigos existiam em todo lugar, tanto os vivos, quanto os divinos e até mesmo sua própria espécie. Logo, eles deviam se comportar como exímios estrategistas, usando os outros ao redor para o máximo de vantagem possível. Milea estava consciente de que era uma ferramenta, além do mais, era esse o destino dos mais fracos que se submetiam a uma figura maior. 

    No entanto, ao ver a grandeza de Er’Ika, talvez não fosse um negócio ruim. Um demônio ordinário jamais obteria poder o bastante por conta própria, ter um facilitador era algo que muitos procuravam para garantir o futuro. Era uma troca de favores, enquanto um oferecia a chance de crescer na cadeia alimentar dos espíritos, outro era utilizado como objeto.

    — Vamos entrar.

    Aquelas palavras a tiraram do transe. Os dois grupos de aventureiros desceram os esgotos no meio da madrugada e naquele momento se guiavam no meio da escuridão por lamparinas, ambas carregadas por luminorbes. O cheiro era horrível, mas comparado ao tanto de carnificina que já enfrentaram, o cheiro de urina e fezes não era nada demais. 

    Grey e Relena lideravam o grupo, Brutus se encarregou da retaguarda com Joan e por fim Ludio ficou no centro da formação ao lado de Relena. Aquele trabalho seria muito perigoso, enfrentar criaturas demoníacas exigia um cuidado minucioso para enfrentá-los. Eles não eram imortais de nenhuma forma, com força bruta o bastante ou mana tinha como matá-las, no entanto, sempre ter pelo menos duas pessoas capazes de conjurar milagres e um mago era essencial. 

    Humanos, por mais mesquinhos e gananciosos, não iriam para a toca do lobo sem garantir a chance de vitória. Aquela formação era muito comum entre grupos de aventureiros, onde os conjuradores, no caso os magos e santos, teriam prioridade para proteção, tanto por serem os mais frágeis quanto serem o poder de fogo ou a âncora da equipe.

    Ludio podia conjurar magias poderosas para impedir monstros e inimigos, enquanto Milea tinha como curá-los e dispersar energia demoníaca. Grey também conseguia fazer coisas semelhantes, no entanto, ele era um guerreiro, seu foco envolvia principalmente em manter a posição pelo máximo de tempo e combater diretamente o inimigo.

    Disso, o grupo era completo, tanto na ofensiva quanto na defensiva, se não fosse pela presença da sabotadora na equipe.

    “Não posso usar energia demoníaca, Grey notará qualquer coisa se eu usá-la, e também aquela mulher na vanguarda é especialista em detectar armadilhas e monstros. O que eu posso fazer?”

    Eles se aprofundaram pelos túneis do esgoto. A Vila do Dente tinha um tamanho mediano, necessitando de uma certa infraestrutura para manter a região em pleno funcionamento, por isso havia um enorme esgoto abaixo das casas de forma que dejetos tivessem um lugar para serem apropriadamente jogados, por outro lado, dava para chegar em qualquer local por meio desse labirinto subterrâneo.

    Os ratos e baratas eram ambos amigos que sabiam os caminhos por trás daquelas paredes de tijolos, enquanto os aventureiros mais se assemelhavam a forasteiros entrando numa cidade pela primeira vez. Combinado com o odor de chorume por todo lado, qualquer pessoa normal ia dar meia-volta e procurar um jeito melhor de invadir a prefeitura.

    Porém, aquele grupo já tinha traçado tudo e não poderiam voltar atrás. De acordo com o mapa confeccionado por Joan, se eles seguissem por determinada direção, parariam abaixo da prefeitura, logo, mesmo sem uma entrada do local, podiam simplesmente quebrar o teto ou a parede para uma abertura. E foi exatamente isso que fizeram.

    No final, não tinha um caminho claro, então o jeito de contornar o problema foi por meio de Brutus quebrando as coisas com uma marreta. 

    “Eles não são muito furtivos, será que esquecem das implicações de invadir esse local?”, pensou Milea, no momento seguinte concluindo que de fato os aventureiros não faziam a mínima ideia do perigo.

    Foi quando adentraram o subsolo da prefeitura que o demônio teve uma noção mais clara do que enfrentariam. Seu sensor apitava para sair dali, o reflexo natural das criaturas que viviam abaixo da cadeia alimentar. Os pés congelaram no lugar, sem ameaçar seguir um passo em frente.

    — Hm? Tá tudo bem, Milea? — perguntou Brutus, logo atrás. — Se quiser, posso oferecer meus braços e…

    As coisas aconteceram rápido, aquela mulher se transformou num ser completamente diferente, saltando para trás e com as garras erguidas para o alto, a tempo de somente Brutus se defender com seu machado antes de arremessá-la para dentro dos esgotos novamente. Os membros da equipe ficaram numa situação de choque, o que serviu de deleite para o demônio.

    Ela riu, riu tanto que causou arrepios no grupo. 

    — Ah, humanos, vocês são realmente como insetos procurando fugir dos outros… — As garras ficaram à frente do rosto, enquanto sua língua lambia sangue fresco na ponta. — Aproveitem a cova de vocês, pois é aqui que nos despedimos.

    Com seus dentes afiados aparecendo na boca, ela prontamente saltou para cima, mas não na direção dos aventureiros, e sim do teto, onde suas garras cortaram todo o local em pedacinhos, causando um desabamento.


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