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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Os olhos de Grey brilharam diante da salvação. O monstro que lhe atormentava teve seu corpo cravado contra a parede no final do corredor, um buraco adornou sua pele chamuscada e guinchos agudos saíram em meio a boca cheia de dentes para refletir aquela agonia. 

    Ele olhou para trás, deparando-se com uma mulher de cabelo longo parada, tendo em mãos uma simples varinha e labaredas saindo das mãos. O garoto correu na direção dela, escondendo-se atrás com Cristal no colo, que chorava de medo. 

    — Maldita criança…! — xingou o demônio, manchando o piso com sangue roxo. — Eu irei…!

    — Você não irá fazer nada — respondeu Dilia, trocando as chamas em volta por flocos de neve. — Nunca, jamais pense em tocar neles, monstro nojento.

    A raiva na face daquela mãe era maior do que qualquer coisa, até mesmo maior que a malícia daquele ser infernal. Estalactites de gelo se materializaram à frente da mulher, em seguida voando contra o demônio e perfurando seu corpo em diversos pontos, verdadeiramente prendendo-o. 

    Em seguida, ela mexeu a varinha de cima para baixo, criando uma fissura no espaço à frente feita de fogo, de onde pequenas esferas vermelhas emergiram e voaram rumo ao inimigo. Uma explosão reverberou por todo mosteiro prateado, quebrando aquela parede e revelando o caminho do pátio, e claro, acordando todos os fieis de Lithia lá.

    — Filho… — Aqueles feitiços não vinham sem custo, marcas vermelhas se formaram ao longo das escleras de Dilia. — Fique para trás e proteja sua irmã…

    — Mas-Mas, mãe, a senhora…!

    — Não se importe comigo. — Um sorriso abobalhado apareceu naquele rosto machucado. — Vocês estarem bem é mais importante do que minha vida, vocês são meus maiores tesouros e eu jamais deixaria ninguém machucá-los, então por favor, faça isso por mim. 

    Grey engoliu seco, segurando toda e qualquer vontade de permitir as lágrimas saírem do rosto, então deu as costas e correu o máximo que podia com a bebê em mãos. Vê-lo se distanciar acalmou o coração turbulento de Dilia, possibilitando que se concentrasse puramente no problema à frente. 

    Ela cambaleou em meio aos destroços sem medo, revelando graça em contraste com a aparência parecendo decadente. De fato, não estava em mínima condição de lutar, ainda mais depois de acordar no meio da noite com um mal pressentimento no peito. Não era por sorte que estava ali, foi como se um presságio divino viesse a si e a trouxesse uma visão repentina.

    Após vagar sem consciência ao longo da escuridão, ela viu seu filho prestes a entregar Cristal a um demônio. Por um momento, o medo tomou conta de si, e disso veio aquele instinto de imediatamente protegê-lo, pois de fato acreditava na índole do menino, que mesmo após ser enganado, jamais cometeria um pecado tão grande. 

    Uma tosse empurrou sangue para fora dos pulmões, sinal de que a vitalidade não demoraria para sumir. O demônio se ergueu dos destroços, seu corpo transformado num lobo com chifres no lugar dos olhos e grandes garras adornando os pés. Seu pelo escuro quase o camuflava no ambiente, se não fosse pela incomum aura rodeando-o e distorcendo o ambiente em volta.

    Dilia respirou fundo. Era uma das raras vezes na vida que enfrentava um demônio, e estando na pior condição possível, tinha dúvidas se venceria. Provavelmente só comprou tempo para suas crianças fugirem, mas independente disso, era o bastante para ela.

    Mais uma vez balançou a varinha, novas chamas apareceram na ponta do objeto e nas mãos. Ela precisava segurar mais um pouco, Peny, Morf e Topax com certeza os acolheriam. O ar ficou rarefeito após disparar mais uma flecha de fogo, que por sorte acertou o alvo num dos chifres.

    Foi um golpe completamente errado e torto, agora as energias sumiram de Dilia. Ela viu aquele monstro se aproximar como um animal caçando sua presa, as pontas das garras prestes a rasgar sua barriga em pedaços, até uma misteriosa luz branca envolvê-la.

    — Ó, deusa minha, venha aos fracos e transforme sua luz em proteção contra o mal!

    Uma barreira circular a sua volta empurrou o demônio para trás, aquilo era um dos milagres divinos. Uma risada fraca escapou da mulher, que se ajoelhou no chão e conseguiu encontrar a responsável por salvá-la: Peny, cujas mãos envolviam o símbolo da deusa enquanto a envolvia de um resplendor místico. A garota que antes era uma tímida e pequena camponesa havia se tornado uma bela moça e uma heroína, tendo salvo sua professora naquele exato instante.

    Não demorou para outra pessoa também aparecer, o monge Morf, com punhos envolvidos de energia divina e lançando socos que destruíam o monstro por dentro. Junto dele, Topax, o velho guerreiro, usava uma pesada espada de duas mãos para cobri-lo e conter a besta, retalhando as mordidas com cortes limpos na carne.

    A irmã correu na direção de Dilia, ajoelhando-se ao seu lado e evocando mais uma vez a presença da deusa, com a respiração ofegante e as mãos sujas de terra.

    — Ó, deusa da criação e da vida, traga conforto a esta pobre alma, recupere sua vivacidade e alegria.

    Novamente, o poder divino se mesclou a mulher, curando seus olhos e marcas de queimadura. O cansaço desapareceu um pouco, melhorando a vista embaçada de Dilia. Seu rosto brilhou ao se encontrar com Peny, que finalmente ficou um pouco mais calma ao vê-la bem.

    — Professora, graças aos céus divinos que está bem! Continue descansando, eu e os outros lidaremos com isso!

    A mulher acenou com a cabeça. De fato não estava em nenhum tipo de circunstância, além do mais, se continuasse usando magias, seu corpo se deterioraria ao limite. Ela foi encostada contra uma pilastra, posta para observar seus amigos se arriscarem até o sol nascer, para purificar aquela alma corrompida.

    Milagres, gritos e sangue inundaram o pátio, um lugar outrora tranquilo e cativante se tornou uma pintura de morte. Dilia assistiu a cada momento, cada morte de um fiel pela boca daquele demônio. De fato odiou tudo, querendo a todo instante se erguer para lançar uma magia, mas o que faria se por acaso afetasse quem estava em volta. Nada poderia ser feito.

    E assim, o sol raiou mais uma vez, com o monstro enfim morto por uma espada fincada no coração.

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