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    Por sorte, Isabella falou com Paula para garantir que sua escolha estivesse correta.

    “Minha apresentação está atrasada. Sou Isabella, responsável pelas usuárias deste casarão. Durante o tempo que estiver aqui, você lidará comigo em segundo lugar.”

    “Está bem, e quem é o primeiro?”

    “Esse seria o mestre que você verá em breve.”

    Foi o que o velho cavalheiro mencionou antes. Paula ainda não sabia qual seria o trabalho para o, qual foi contratada. Seu pai, cego pelo dinheiro, nem pensou em perguntar, e ela mesma não se deu ao trabalho de questionar. Não importava o que fosse, mesmo que terrível, ela teria que seguir em frente.

    “Como devo chamá-la, senhorita?”

    “Pode me chamar de Isabella.”

    “Certo, senhorita Isabella.”

    Paula gravou o nome da governanta na mente e percebeu que precisava se apresentar.

    “Minha apresentação também está atrasada. Sou Paula.”

    “Entendido, Paula. O que você sabe fazer?”

    “Eu sei realizar tarefas domésticas, como limpar e lavar roupas. Sei contar dinheiro razoavelmente e consigo escrever um pouco. É necessário saber o básico para contar.”

    “Entendi.”

    Isabella respondeu de forma indiferente. Por outro lado, Paula estava nervosa com a reação dela.

    ‘E se ela achar que não sirvo para nada?’

    ‘E se mandarem eu voltar para casa?’

    Isabella caminhava num ritmo rápido, e Paula acelerou os passos, temendo se perder.

    Depois de dobrar uma esquina, chegaram a uma porta. No mesmo instante, a porta se abriu, e uma jovem saiu apressada. Ao ver Isabella, ela parou imediatamente e fez uma reverência. A outra mulher, de cabelos castanhos, também parou, visivelmente surpresa, e balançou a cabeça.

    “Olá, senhorita Isabella.”

    “Já falei para não correr pelos corredores.”

    “Desculpe. Me perdoe mesmo.”

    “Cuidado da próxima vez.”

    Os olhares cautelosos se voltaram de Isabella para Paula, que estava logo atrás. Assim que os olhares das mulheres quase encontraram o de Paula, Isabella deu um passo à frente, bloqueando a visão delas. Ela ordenou que fossem para suas áreas rapidamente.

    Paula as observou se afastarem, enquanto Isabella abriu a porta e chamou alguém.

    “Renica.”

    “Sim, senhorita Isabella.”

    Uma mulher alta e madura se aproximou. Isabella empurrou gentilmente Paula para frente.

    “Há roupas que servem nessa menina?”

    Renica examinou Paula atentamente. Pareceu refletir por um momento e acenou com a cabeça.

    “Ela tem um físico pequeno. Mesmo que não fique perfeito, deve haver algo que sirva.”

    “Ótimo. Não precisa ser totalmente formal.”

    “Entendido. Para que área ela será designada?”

    “A partir de agora, ela será responsável pelo mestre.”

    Os olhos de Renica se arregalaram, surpresa com a resposta. Um olhar incrédulo voltou-se para Paula, que ficou ainda mais nervosa e engoliu seco várias vezes.

    Pouco depois, Renica acenou calmamente e entrou novamente.

    Não demorou muito para que trouxesse um vestido preto e o colocasse sobre o corpo de Paula. Repetiu o processo algumas vezes, ajustando diferentes tamanhos, até entregar um vestido. Acompanho de um avental branco e roupas de baixo.

    “O cabelo…”

    Renica franziu o cenho ao olhar para a franja longa que cobria o rosto de Paula. Ela lambeu os lábios ressecados. Isabella, porém, observou por um instante e disse que estava bom antes de continuar caminhando. Paula tropeçou, mas logo seguiu atrás.

    Isabella continuava pelos corredores, enquanto Paula observava tudo ao redor. Ela via pessoas trabalhando em salas com portas abertas ou em outros cantos do casarão. Sempre que alguém cruzava com Isabella, abaixava a cabeça em respeito.

    Havia um certo barulho nos arredores, mas ele logo cessava, voltando o ambiente ao silêncio.

    O som firme e regular dos passos era o único que preenchia o espaço. Paula apertava sua pequena bagagem, segurando a alça com força.

    “Paula, o quanto você sabe sobre o seu trabalho?”

    “Só me disseram que iriam me contratar.”

    “Então provavelmente você não ouviu os detalhes.”

    “Não.”

    Paula balançou a cabeça em resposta. Isabella mantinha o ritmo acelerado ao andar.

    “Esta é a residência da prestigiada família Bellunita. E, a partir de agora, Paula será responsável por todos os serviços de Vincent Bellunita, o dono desta mansão.”

    “Eu… Vou fazer isso sozinha?”

    “Exato.”

    Por um instante, Paula perdeu as palavras. Enquanto caminhavam, ela percebia a grande quantidade de funcionários. Havia o cocheiro que a trouxe, o jardineiro no bem cuidado jardim, o tratador dos estábulos, as mulheres e homens uniformizados. Certamente, haveria muitos outros.

    ‘Mas vou servir o mestre sozinha? Se ele é o dono, não seria uma pessoa poderosa?’

    Paula pensou em perguntar, mas mordeu os lábios em hesitação.

    “Não há mais ninguém?”

    “Não. Caso precise de algo, fale diretamente comigo.”

    “Será que eu consigo fazer isso sozinha? Ele é o mestre.”

    Paula acabou expressando sua preocupação, fazendo Isabella parar. Sentindo o erro, Paula abaixou a cabeça imediatamente.

    Isabella virou-se calmamente para encará-la, com o rosto inexpressivo.

    “Paula, escute bem. Você será a única atendente do mestre, e não haverá mais ninguém. Se não estiver contente, recomendo que saia da mansão imediatamente. Mesmo se não se sentir confiante. Caso crie problemas, será punida.”

    Isabella advertiu de forma calma, porém firme.

    Se acha que não consegue, vá embora.

    Paula mordeu os lábios trêmulos diante daquele aviso pesado.

    E então, ela entendeu.

    Reclamações ou sinais de fraqueza nunca poderiam ser repetidos.

    Ela fez uma reverência profunda.

    “Desculpe. Serei mais cuidadosa da próxima vez.”

    Felizmente, Isabella não disse mais nada e apenas seguiu seu caminho. Paula endireitou-se e correu atrás.

    “Se você for cuidadosa no que faz, nada será difícil.”

    “Entendido.”

    Depois disso, nenhuma outra palavra foi dita.

    Até que chegaram a uma porta. Era menor do que as entradas principais usadas até então.

    ‘Será que há uma porta nos fundos também?’

    Paula seguiu Isabella pela porta e saiu da casa. Então, diante dela, se desenrolou um amplo jardim verde que ela nem sabia onde terminava.  

    “Uau”, sua admiração escapou sem que ela percebesse. Ela já tinha visto de longe, de uma carruagem, mas agora, observando direito, o jardim bem cuidado era realmente bonito.  

    Enquanto Paula ficava ali, distraída, Isabella continuou andando. Só quando percebeu que a governanta estava indo sozinha é que ela se apressou para alcançá-la.  

    Ela ficou curiosa sobre para onde estavam indo, mas como Isabella não dizia nada, não teve escolha a não ser segui-la em silêncio. Se perguntasse algo, achava que só ouviria coisas piores.  

    Isabella se dirigiu para os fundos da mansão. Um casarão menor, à distância, chamou sua atenção, e parecia que esse era o destino…  

    Era um caminho que parecia cansativo só de olhar. Mas, em vez de seguir pela estrada, Isabella levou Paula para o outro lado: a floresta ao lado da mansão.  

    Ela seguiu Isabella pelos arbustos e só saiu do bosque quando suas pernas já começavam a formigar. De repente, estava diante da pequena mansão.  

    ‘Não, como?’  

    Ela ficou surpresa e olhou para trás, para os arbustos de onde tinham saído.  

    ‘Será que foi um atalho?’  

    Olhou novamente para a mansão à sua frente. Se aquilo era um anexo, era menor que a mansão principal. Mas, aos seus olhos, ambas pareciam igualmente grandes e imponentes.  

    Assim que entraram, o ambiente ficou mais silencioso que antes. A mansão principal já não era muito movimentada, mas essa era tão sombria que nem parecia ter gente morando ali.  

    “Aqui ficam apenas algumas poucas pessoas.”  

    ‘Ah, então não me enganei.’  

    Paula acenou com a cabeça em concordância.  

    Isabella caminhou até o fim do corredor e começou a subir as escadas.  

    “O café da manhã será servido às 6 da manhã, o almoço ao meio-dia e o jantar às 6 da tarde. Você deve buscar a refeição na cozinha no horário certo e levar até o mestre. A sobremesa é servida apenas no almoço, então pegue junto nesse horário. E preste atenção especial à limpeza. Os lençóis devem ser trocados todas as manhãs, assim como as roupas. Recolha a roupa suja do dia anterior e leve até a porta dos fundos do anexo todas as manhãs.”  

    “Sim.”  

    “Os itens básicos já estão aqui, mas avise se precisar de mais alguma coisa. Farei o possível para providenciar, mesmo que seja algo difícil.”  

    “Sim.”  

    “E lembre-se: tudo deve ser feito de uma vez. Não volte depois para terminar algo que deixou pendente. O mestre é sensível a essas coisas, então você deve ser o mais cuidadosa possível. Aja como se não estivesse ali.”  

    “Certo.”  

    Enquanto gravava as palavras na mente, ela passou a mão pelo cabelo, pensativa.  

    Agir como se não estivesse ali… para ela, era a coisa mais fácil do mundo.  

    Depois de subir mais escadas, passaram por outro corredor e pararam em frente ao último quarto.  

    “Por fim, preciso pedir mais uma coisa.”  

    Antes de abrir a porta, Isabella olhou para Paula. Deu uma rápida olhada para a porta e recuou um passo.  

    “A partir de agora, tudo o que você vir e ouvir aqui deverá ser mantido em segredo. Tome cuidado para não comentar nada, nem mesmo a menor coisa, e não reaja a qualquer coisa que ver ou ouvir. Nem mesmo escute. Se você vacilar por qualquer motivo, não vai acabar apenas sendo punida. Entendeu?”  

    Era algo inesperado. Mas, para ela, também era fácil como respirar.  

    “Sim, vou me lembrar disso.”  

    Enquanto Paula respondia com firmeza, Isabella se virou e bateu na porta lentamente.  

    Toc, toc, toc.  

    Esperou pelo chamado do mestre, mas nenhum som veio de dentro do quarto. Isabella bateu novamente, como se estivesse acostumada com aquela reação.  

    Toc, toc, toc.  

    “Vou entrar, senhor.”  

    Ainda sem ouvir permissão, ela girou a maçaneta com habilidade.  

    A escuridão vazou pela fresta da porta aberta.  

    O quarto estava completamente mergulhado nas trevas, tão escuro que não dava para ver nada. Além disso, o ar estava gelado, e havia um cheiro estranho.  

    Paula tapou o nariz e franziu o rosto, mas logo corrigiu a expressão. Isabella tinha dito para não reagir. Deu uma olhada rápida para a governanta e, por sorte, ela não estava olhando. Paula baixou as mãos e prendeu a respiração o máximo que pôde.  

    Mas, no momento em que Isabella deu um passo para dentro do quarto—  

    BANG!  

    “Agh!”  

    Algo voou em um instante e se espatifou na parede.  

    Por instinto, Paula se agachou, cobrindo a cabeça com os braços. Quando abriu os olhos, esperando que mais objetos não viessem, o ambiente já estava quieto novamente. Isabella, diferente dela, continuava de pé, imóvel. Ao lado de seus sapatos, estilhaços de vidro espalhados.  

    Paula olhou para os cacos com os olhos arregalados e depois ergueu o olhar para Isabella novamente. Quando a governanta deu mais um passo—  

    PAK!  

    Dessa vez, algo saiu da escuridão e bateu na parede com um som surdo.  

    Era um travesseiro.  

    ‘O que é isso?!’  

    Paula se levantou e olhou ao redor do quarto.  

    Ainda estava escuro, mas seus olhos, já acostumados à penumbra, conseguiram captar uma forma indistinta no meio da escuridão.

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