Índice de Capítulo

    Por um tempo, Paula ficou observando o olhar do homem. Quando ele estendeu o guardanapo, ela voltou a si.

    “Ah, obrigada.”

    Ela se aproximou hesitante e pegou o guardanapo. Ao olhar para o homem, seus olhos se encontraram novamente. Olhos castanhos e redondos se curvaram com um sorriso.

    “Estou feliz.”

    “Desculpe?”

    A elegância emanava de sua voz suave. Seus olhos, tingidos de uma luz amigável, estavam claramente voltados para ela.

    Paula arregalou os olhos, tentando entender o que ele quis dizer. Dessa vez, o homem sorriu mais abertamente. Quando percebeu que o olhar dele a observava por mais tempo, ela se deu conta de que podia ver o rosto dele claramente. E ele também podia ver muito bem o estado de sua franja, que estava subindo.

    Paula ficou tão surpresa que rapidamente pegou sua franja e a puxou para baixo. Foi tão embaraçoso que sentiu seu rosto esquentar.

    “Desculpe.”

    “Por quê?”

    “Eu te cumprimentei assim.”

    Era porque ela se achava feia. Alguém já havia dito que isso era um pecado. Ela não nasceu assim porque quis, mas as pessoas a julgavam pela aparência e apontavam o dedo. Por isso, ela costumava esconder o rosto, mas Vincent não se importava, pois não podia ver.

    “Você é bonita.”

    “…”

    O vento passou por sua nuca. Paula olhou para o homem para ver se tinha ouvido certo. Ele ainda a observava com olhos amigáveis. Ela ficou surpresa com esse olhar.

    Era a primeira vez que alguém dizia aquilo. Paula hesitou, sem saber o que dizer, mas logo ouviu a voz de Vincent de longe.

    Uma presença esquecida naquele momento veio à mente. Paula se virou, surpresa. Ao seguir a direção para onde o guardanapo voou, a distância entre eles parecia ter aumentado. Vincent não estava mais lá. Nesse momento, isso foi até uma sorte. Ele deveria estar andando com as mãos no ar. Ela não deveria mostrar aquilo para ninguém.

    Olhando agora, ela percebeu que não estava sozinha na floresta. Se estivesse com Vincent, seria uma situação perigosa. Ela achava que não havia ninguém ali, e estava tranquila porque Vincent havia dito que não haveria ninguém.

    Paula olhou novamente para o homem. Ele também mantinha os olhos voltados para o som.

    Paula fez uma reverência.

    “Obrigada.”

    E se virou.

    Ela andou rápido e dobrou o guardanapo, sentindo a textura áspera. Quando o abriu, encontrou uma carta.

    ‘Carta?’

    Ao virá-la, letras douradas chamaram sua atenção.

    ‘Isso…!’

    Paula olhou para trás. Mas não havia ninguém lá.

    Como se o que tivesse acontecido fosse apenas um sonho, a figura do homem desapareceu completamente.

    Após caminhar um pouco, Paula viu Vincent olhando ao redor.

    “Senhor.”

    “…”

    Ele caminhou apressado até ela, mas parou de repente. Seu rosto severo se virou em sua direção.

    “Desculpe o atraso. Mas havia alguém lá fora.”

    Enquanto se aproximava dele, Paula estava prestes a contar sobre o homem que conhecera. Antes que pudesse falar, Vincent segurou seu braço. Foi uma força firme. Sem tempo para se surpreender, a mão que a agarrou com força a puxou para perto dele.

    Num piscar de olhos, ela ficou bem perto dele. O rosto endurecido à sua frente estava marcado pela ansiedade.

    “Não faça isso.”

    “Senhor?”

    “Não faça isso de novo.”

    Uma voz baixa e trêmula soou, transmitindo a mensagem como um aviso. Ele tentou estender a outra mão em direção ao rosto dela, mas rapidamente a abaixou. Em vez disso, se curvou e colocou a testa no ombro dela.

    “Não me deixe sozinho.”

    “…”

    Um suspiro de alívio se espalhou pelos seus ouvidos. Sua mão que havia apertado o braço dela desceu e agarrou sua mão. O corpo grande tocou o dela, em um movimento semelhante a um abraço. O cabelo dourado caiu sobre seus olhos trêmulos. O calor de sua mão era intenso.

    Paula sentiu a ansiedade, o medo e o alívio misturados ali.

    Foi só então que percebeu o quanto o que fez estava errado.

    “Desculpe.”

    “Vamos voltar agora. Estou cansado.”

    “Sim. Vamos voltar.”

    Como uma criança perdida, Vincent segurou sua mão com força e saiu da floresta. Paula olhou ao redor enquanto caminhava, mas, felizmente, ninguém os estava seguindo.

    Ao entrar no anexo, ela viu Isabella se aproximando rapidamente à distância. O movimento apressado não era típico dela. Isabella olhou ao redor, como se estivesse procurando algo, mas quando viu Vincent e Paula voltando, parou. Ela parecia surpresa por um momento, mas logo disfarçou e se acalmou.

    “Senhor.”

    “O que está acontecendo?”

    “É que…”

    Foi então.

    “Vincent!”

    Uma voz desconhecida interrompeu as palavras de Isabella. E, além disso, era uma voz feminina… ao mesmo tempo, alguém correu até eles de longe. Era uma jovem que se aproximou rapidamente de Vincent, com seu longo vestido esvoaçando. Ela foi a primeira mulher que Paula viu ser tão incrivelmente bonita.

    ‘Quem é ela?’

    Paula arregalou os olhos e observou a mulher. O olhar dela se voltou para Vincent, que estava atrás de Paula. No entanto, ela parecia confusa por um momento, como se nunca tivesse visto alguém naquela posição antes, e então começou a chorar.

    “Vincent.”

    Nesse momento, a pressão sobre a mão de Paula aumentou.

    As pontas dos dedos que a seguravam com força tremeram. Ela se virou para Vincent. A tensão se espalhou pelo seu rosto rígido. Paula não sabia o motivo, então olhou para frente novamente, e a estranha mulher à sua frente abriu a boca, ainda fixada em Vincent.

    “Vincent, certo? É isso mesmo?”

    “… Violet.”

    Paula se assustou com a voz baixa que veio atrás dela.

    ‘Essa mulher é Violet? Aquela Violet?’

    Paula se esqueceu de que suas atitudes poderiam ser vistas como rudes e ficou apenas encarando.

    Logo, Sir Ethan se aproximou dela. Ele parecia um pouco confuso. Quando a viu, acenou com a mão, feliz, e abaixou os olhos com suavidade. Paula viu Vincent parado atrás dela e, ao olhar para trás, percebeu a forma trêmula que sentira antes.

    “Vincent. Sério…”

    Violet deu mais um passo em direção a eles. Seus olhos roxos, cheios de emoção, começaram a se encher de lágrimas. O tremor das mãos, entrelaçadas, se intensificou. Paula se afastou, mas Vincent a puxou de volta.

    “Sou eu… sou eu, realmente… eu senti sua falta.”

    “Violet, acalme-se por agora.”

    Ethan impediu Violet de tentar se aproximar de Vincent. Quando Violet olhou para ele, Paula rapidamente fixou seu olhar em Vincent. No breve momento em que virou a cabeça, a desesperança no rosto de Violet, tentando se aproximar de Vincent, aumentou, como se temesse que ele se afastasse. Ethan também olhou para ela e a deteve. Isabella, que estava atrás dos dois, parecia tentar entender o que fazer com a situação.

    As preocupações se espalharam para aquele lado também.

    “Hmmm, mestre.”

    “…”

    Ela chamou por ele em um sussurro, balançando suas mãos entrelaçadas uma vez. Ele se assustou, mas apertou ainda mais sua mão. O tremor que ela ainda sentia a fez endurecer o coração.

    Paula olhou para cima e para baixo uma vez, depois de lado uma vez, e então segurou as mãos dele, que estavam tremendo de ansiedade.

    “Corra, mestre!”

    E logo virou-se e começou a correr para o outro lado. O rosto dele estava corado de vergonha, mas ela o guiou e correu até o quarto. Ouviu sons de surpresa atrás de si, mas não parou de correr.

    Ela correu em direção ao quarto dele, segurando sua mão com firmeza.


    Os dedos cobertos por luvas brancas eram longos e bonitos. As pontas dos dedos pegavam suavemente na alça do copo redondo. O simples gesto de segurar um copo e levá-lo à boca era tão elegante e bonito. Os olhos roxos que se abaixavam suavemente e os longos cabelos dourados e transparentes que combinavam com eles chamavam atenção.

    Ela parecia feita de açúcar. Sua doçura irradiava, comparável a colocar açúcar direto na boca.

    Ao puxar os cabelos para trás das orelhas, ela abriu os olhos ao ver Paula parada na porta do seu salão. Os grandes olhos roxos brilharam intensamente.

    “… você é bonita.”

    “Ah, obrigada.”

    Violet sorriu timidamente. Foi só então que Paula percebeu que havia falado em voz alta o que pensava. Envergonhada, abaixou a cabeça e colocou a bebida à frente de Violet. Então, suas próprias mãos ásperas chamaram sua atenção. Os ossos estavam saltados e as mãos, cheias de pequenas cicatrizes, pareciam muito feias. Paula rapidamente escondeu os dedos e se levantou.

    Quando olhou para cima, seus olhos roxos caíram e ela a agradeceu novamente.

    Seu nome era Violet Marguerite.

    Ela era a noiva de Vincent.

    E aquela era uma visita inesperada.

    “Não está o suficiente, porque não preparei nada separado. Me perdoe.”

    “Está tudo bem. Eu vim até aqui sozinha.”

    Até suas palavras eram bonitas.

    ‘Será que uma pessoa com um rosto bonito também tem um coração bonito?’

    Então, outra face bonita veio à mente, mas Paula afastou esse pensamento. A mulher mais bonita que já conhecera era sua irmã, Alicia. A beleza de Alicia era tão impressionante que o filho do senhor da aldeia se apaixonou por ela. O problema era sua personalidade.

    No entanto, a mulher à frente de Paula exalava elegância até quando estava parada. Isso seria graça aristocrática?

    “Eu vim sozinha, então não se preocupe com isso.”

    Ethan, que estava ao lado dela, tomou um gole de chá calmamente e acrescentou suas palavras. Paula se assustou com o quanto ele havia sumido e voltado rapidamente. Sentindo seu olhar, ele revirou os olhos e acenou com a mão.

    “Você deve ser uma novata dessa vez.”

    “Isso mesmo.”

    Isabella piscou para Paula. Ela retirou o olhar de Ethan e se curvou.

    “Muito prazer. Meu nome é Paula… me perdoe pela minha rudeza antes.”

    “Oh, não. Levante a cabeça.”

    Apesar de suas palavras, Paula se inclinou ainda mais. Uma voz confusa veio de cima. Só depois de ouvir que estava tudo bem, realmente tudo bem, ela endireitou a coluna. Então, Violet sorriu gentilmente e continuou.

    “Paula, prazer em conhecê-la. Eu sou Violet Marguerite. Pode me chamar de Violet.”

    Qualquer pessoa que estivesse ao serviço de Vincent era alguém por quem Violet sentia gratidão. Então, ela fez contato visual com Paula e sorriu suavemente. O rosto sorridente dela também era muito bonito. Havia pessoas no mundo que eram tão bonitas e gentis.

    “E você não precisa se desculpar por isso, realmente está tudo bem. Na verdade, fui eu quem fui impaciente. Não é culpa da Paula.”

    “Isso mesmo. Não se sinta tão sobrecarregada.”

    Uma voz debochada interrompeu do lado. O olhar afiado de Paula se virou para ele. Ethan também estava sorrindo. Ele só parecia ameaçador por causa do que ela já havia passado até aquele momento.

    “Já ouvi muito sobre você.”

    Ao ouvir isso, Paula olhou novamente para Violet. Ela estava encarando-a. Aquele olhar fez Paula, sem querer, tocar a franja que cobria metade do rosto. Ela estava preocupada de que Violet tivesse visto seu rosto feio.

    “Como ouvi, você é uma pessoa gentil.”

    Ela estava confirmando o que acabara de ouvir. Ela mesma era exatamente essa pessoa tão boa.

    “Paula, sente-se.”

    “Está tudo bem. Eu vou ficar de pé.”

    “Então, gostaria de se sentar ao meu lado?”

    Ethan bateu na cadeira ao lado dele. Paula fez uma cara. Mas Isabella piscou novamente. Era um sinal para que ela se sentasse. Eventualmente, ela se acomodou no banco ao lado de Ethan.

    Ethan se inclinou para ela e sussurrou suavemente.

    “Bom te ver de novo.”

    “Eu não posso dizer o mesmo.”

    Paula sussurrou suavemente e o empurrou.

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