Capítulo 23 - Hora do Chá com o Conde (5)
“Isabella, como o Vincent tem estado esses dias?”
“O Ethan não falou nada sobre isso pra mim. Ele parecia bem agora há pouco, mas…”
“Ele melhorou bastante.”
“Ah, que bom ouvir isso. Fico tão feliz.”
Violet soltou um suspiro de alívio. Paula a olhou surpresa.
‘Eu ouvi que ela não sabia sobre o estado do mestre, mas será que não sabia mesmo?’
Ethan explicou em um tom baixo, como se tivesse lido os pensamentos de Paula.
“Violet sabe que Vincent foi gravemente ferido e está em recuperação. Desde então, eu expliquei pra ela que situações parecidas aconteceram várias vezes, e a ferida é muito profunda para cicatrizar completamente, deixando sequelas.”
“A propósito, que tipo de relação vocês têm com ela?”
“Somos amigos. Os três se conhecem desde a infância.”
‘Por isso vocês vieram juntos.’
Paula acenou com a cabeça e viu um rosto bonito, que parecia desesperado por algo.
“Eu posso ver o rosto do Vincent?”
“Desculpe, senhorita Violet.”
“Ah…”
O rosto radiante dela se encheu de decepção.
“Quando eu poderei ver o rosto do Vincent direito?”
“O mestre se preocupa com Violet. Ele não quer a preocupar com o que está passando. Por favor, entenda o coração do meu mestre.”
“Eu sei. Eu sei muito bem. Mesmo assim…”
A voz melancólica se quebrou. Ela apertou as mãos nos joelhos e fez uma expressão como se fosse começar a chorar. O rosto dela estava cheio de preocupações sobre o noivo.
“Mesmo assim, mesmo assim…”
Então, de repente, seus olhos se fixaram em Paula.
“Paula, ouça meu pedido sincero!”
Ela se levantou de repente e segurou as mãos de Paula. Paula ficou constrangida com a proximidade repentina. Ela olhou para os lados.
“Você vai dizer ao Vincent que eu quero encontrá-lo, que eu realmente, realmente quero encontrá-lo, que eu aceito como ele estiver, e que ele deve me deixar ver seu rosto?”
“Uh, sim? O quê?”
O rosto de Paula, envergonhada, se virou rapidamente para os dois lados. Atrás, Isabella estava tomando chá calmamente, e Ethan comia um lanche ao lado dela. Ela os olhou alternadamente e então percebeu. Aqueles dois, com suas expressões relaxadas, não tinham intenção de ajudá-la.
Os olhos roxos diante de Paula brilharam. Ela estava confusa, não sabia como lidar com aquele brilho, mas, no fim, Paula assentiu, relutante.
“Mestre.”
Ele ficou imóvel diante da porta rangente. Mesmo ela se aproximando com barulho, ele não respondeu muito. A figura redonda deitada perto da parede estava parada.
‘Será que é só uma ilusão essa sensação estranha de vida que eu sinto dele?’
“Mestre, está dormindo?”
“…”
“Violet pediu para eu entregar uma mensagem. Vou recitar o que ouvi. ‘Você vai dizer ao Vincent que eu quero vê-lo, que eu realmente, realmente quero vê-lo, que eu aceito como ele estiver, e que ele deve me deixar ver seu rosto?’ Só isso.”
Ele continuava sem responder. Quando ela ouviu que a noiva dele estava lá, Paula se lembrou do rosto pálido dele. Enquanto hesitava, Ethan entrou repentinamente no quarto.
“Oi, Vincent.”
Naquele momento, o travesseiro voou e atingiu o rosto de Ethan. Vincent, que se sentara, olhava para a porta.
“Saia.”
Ethan reclamou enquanto pegava o travesseiro.
“Não fique bravo. Não teve jeito.”
“Você disse que ela não viria se eu apenas respondesse a carta dela.”
“Eu sei. Mas Violet de repente saiu dizendo que ia vir aqui. Eu tentei impedir ela com a babá, e ainda assim não deu certo. Você sabe como ela é. Quando é teimosa, vai até o fim, até que consiga. Por isso eu disse para você continuar respondendo as cartas dela.”
Enquanto Ethan reclamava, Vincent pegou a xícara que estava na mesa. Ethan fechou a boca e rapidamente se escondeu atrás de Paula quando viu isso. Ela olhou para ele, que estava agindo de maneira tão patética.
“senhorita, você foi muito legal agora. Eu fiquei tão tocado. Eu fiquei tão impressionado que só fiquei te assistindo correr segurando a mão do Vincent. ‘Corra, mestre!’ Uau, foi tão legal.”
“Não diga isso.”
Paula não precisava dizer a ninguém o quão rude foi o que ela fez agora. Além disso, uma empregada correu segurando a mão do seu mestre. Ela escondeu o rosto quente com a franja, envergonhada.
“Por quê? Foi tão legal, senhorita.”
“Não diga isso.”
“Não seja tímida. Eu quase me apaixonei.”
“Para com isso.”
Vincent colocou a xícara e gritou com Ethan. Ethan parou de falar. Quando o murmúrio cessou, uma tensão pesada ficou no ar. Vincent passou a mão no rosto.
Suspiro.
O suspiro profundo dele parecia lamentável.
Paula observou seu estado e continuou com as palavras que restavam.
“A senhorita Violet disse que vai esperar no jardim.”
“Bem dito… mande ela voltar.”
“Ela não vai voltar. Acho que ela já tomou a decisão.”
“Saia.”
Vincent fez um gesto com as mãos, sinalizando que não queria ouvir mais nada, e se deitou na cama. Paula olhou para ele e empurrou as costas de Ethan. Ninguém poderia confortá-lo agora. Ethan, com cara de quem sentia um arrependimento, saiu do quarto.
Assim que ela fechou a porta, Paula suspirou. Ethan parecia estar pensando em algo por um momento. Quando ela o viu assim, lembrou-se das conversas que teve com Vincent, mas, por agora, o trabalho imediato vinha primeiro.
“O que você vai fazer agora?”
“senhorita, também me sinto injustiçado. Eu realmente não sabia.”
Ethan parecia bem chateado. Paula o olhou com descrença.
“O que eu faço agora?”
“Primeiro, vamos acalmar Violet. Mesmo que ela pareça forte, por dentro ela é sensível e simples, então, se você a acalmar bem, ela vai voltar.”
“E se ela não voltar?”
“Aí, bom… vou ter que pensar em algo.”
No fim, não havia uma solução real.
Paula foi em direção ao jardim junto de Ethan. Violet estava de joelhos diante de um campo de flores roxas. Seus dedos longos e delicados passavam suavemente pelos botões das flores.
“Senhorita Violet.”
O olhar voltado para as flores se virou e se fixou em Violet. O rosto dela se iluminou rapidamente, e ela passou os olhos pelo ambiente, como se estivesse procurando por alguém. Paula não precisou perguntar quem ela estava procurando.
“O que aconteceu com Vincent?”
“Ele não se encontrar com você.”
“… entendo.”
Violet ficou triste. Paula, ao ver a mulher tão abatida, balançou a cabeça.
“Eu já falei várias vezes com ele, mas ele pediu para eu dizer que você deve voltar.”
“Sim, eu sabia que seria assim. Está tudo bem. Obrigada por me contar.”
Violet tentou não mostrar a decepção, embora fosse visível. Pelo contrário, ela sorriu amavelmente, como se quisesse consolar Paula. Ela era realmente uma pessoa muito gentil.
Violet voltou a olhar para o canteiro de flores roxas. Paula observou-a em silêncio.
“Ethan, você me ajuda, se não se importar? Quero fazer um buquê. Achei que seria legal colocar no quarto de Vincent.”
‘Que anjo!’
Ela parecia um anjo, fazendo um buquê de flores para alguém que não respondeu suas cartas direito e nem se deu ao trabalho de encontrá-la pessoalmente.
Ela foi cortando as flores enquanto Paula a observava internamente. Violet segurava as flores coloridas nos braços. Ethan entendeu o que ela queria. Então, ele arregaçou as mangas e se agachou ao lado de Violet. Ele começou a seguir o que ela fazia, colhendo as flores, embora seus gestos parecessem um pouco desinteressados. Paula franziu a testa e se juntou a eles.
“Não pode dobrar assim.”
“O quê?”
“É melhor dobrar a ponta assim. Quanto mais alongado, melhor, porque o buquê vai ficar mais bonito quando você organizar. E é mais limpo cortar com a tesoura.”
Ela explicou para Ethan, que rapidamente colheu uma flor roxa com habilidade. Os olhares dos dois se voltaram para Paula.
“Eu gosto dessas flores, mas com apenas esses botões grandes, o buquê vai ficar meio desproporcional. Flores pequenas ficam mais bonitas… principalmente se você as colocar nas laterais… como essas flores aqui.”
Paula colheu algumas flores pequenas e as colocou ao redor das flores roxas que acabara de pegar. O buquê ficou pequeno, mas bem bonito. Quando ela entregou para Violet, os olhos dela brilharam.
“Meu Deus, você fez um ótimo trabalho. Que lindo!”
“Ah, você está exagerando.”
Violet olhou o buquê, maravilhada, enquanto Ethan batia palmas ao lado dela. Paula não esperava ser elogiada por ter feito apenas um buquê.
Ela morava em uma vila pequena, mas às vezes havia eventos. O número de eventos não era grande, mas sempre aconteciam em grande escala. Por isso, quando aconteciam, as pessoas iam para as ruas vender comida e mercadorias.
Claro, fazer e vender buquês era uma boa forma de ganhar dinheiro, e as floristas contratavam mulheres para fazer os buquês como trabalho extra. Embora esse tipo de trabalho fosse mais comum entre as mulheres, Violet nunca se rebaixaria a isso.
O dinheiro que Paula ganhava na padaria do tio Mark não era suficiente para cobrir os custos de vida. Isso se devia à irmã, Alicia, e ao pai, que viviam com luxo. Além disso, a diversão deles parecia ser gastar o que Paula ganhava, já que seu pai havia largado a agricultura e vivia de apostas e bebida.
No fim das contas, Paula cuidava da casa e ganhava dinheiro sozinha, então ter um trabalho extra era inevitável. Por sorte, ela tinha bastante habilidade para fazer buquês. O mercado de buquês era competitivo. O preço que alguém pagava dependia de quão bonitos e detalhados os buquês eram. Felizmente, os buquês que Paula fazia eram bem populares.
Enquanto Paula estava pensativa, Violet segurou o buquê com carinho e olhou ao redor.
“Está bonito. Está tão bonito.”
O pescoço de Paula se encolheu mais com aquele olhar de encantamento.
“Como você consegue fazer isso tão bem?”
“Estou lisonjeada.”
“Não! Acho que Paula é muito boa com as mãos. Eu te invejo.”
Violet ficou triste novamente e enterrou o rosto nas flores.
Paula arregalou os olhos.
“Na verdade, não sou boa com as mãos. Desde pequena, aprendi a fazer as coisas, mas não tenho talento. Até o tutor desistiu de me ensinar.”
“Bem, então você não é tão boa assim.”
Ethan interrompeu sem cerimônia. Violet, com os olhos brilhando por um instante, deu um soco no lado de Ethan. Paula nem percebeu o que havia acontecido, tamanha a rapidez do movimento. Ela apenas observou Ethan gemer e se curvar, segurando o lado.
“Para Vincent, sou uma noiva que não é boa em muitas coisas. Por isso, ele não quer me ver. Porque ele não consegue confiar…”
Paula desviou o olhar de Ethan e olhou para Violet. O rosto pensativo de Violet estava se transformando em lágrimas. Ela parecia perdida, sem saber como consolar Violet, quando de repente ouviu um som de esmagamento. Naquele momento, o buquê roxo que ela segurava foi esmagado de maneira brutal.
‘O que foi isso?’
Paula esfregou os olhos, achando que tinha visto errado, mas o buquê estava realmente amassado.
“Seu merdinha.”
Paula limpou os ouvidos, achando que estava ouvindo coisas devido ao palavrão que saiu da boca elegante de Violet.
‘Hmm. Eu realmente estou tendo dificuldades para cuidar do meu mestre?’
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