Índice de Capítulo

    Paula hesitou.

    ‘Devo recuar e me afastar assim ou não?’

    A conversa com Violet veio à sua mente. Então, Paula reuniu coragem.

    “A senhorita Violet disse que entendeu.”

    “Entendeu? Entendeu o quê? Está dizendo isso porque ela sente pena do seu noivo cego, então agora ela vai mostrar alguma simpatia?”

    “Por que diz isso?”

    “Porque é isso o que vou dizer.”

    As veias que antes estavam salientes ficaram ainda mais evidentes. Paula podia ver que seu coração estava fechado tão firmemente quanto a porta. Ela lambeu os lábios secos e gaguejou.

    “O mestre sabe melhor do que ninguém que a senhorita Violet não é assim.”

    “Há uma coisa que aprendi na minha vida, quer que eu te conte o que é? As pessoas que eu achava que conhecia bem, na verdade, não eram…”

    “…”

    “Mesmo que eu finja ser para mim por fora, no momento em que eu mostrar fraqueza, começam a pensar em me esmagar. Todos que eu achava que não fariam isso, fizeram. Vir para me ver e conferir minha condição era só uma desculpa. Mesmo quando meus pais morreram em um acidente, começaram a calcular como usar aquele jovem herdeiro.”

    A dor que ele havia sofrido era visível no sorriso que mostrava.

    “A Violet pode não fazer isso, como você diz. Mas as pessoas ao redor dela, sim. Pelo menos a família dela não vai aceitar um noivo cego.”

    “… Então, você vai continuar com isso?”

    “Não pode ser assim.”

    “…”

    Paula percebeu, ao ver Vincent balançando a cabeça, que ele não tinha medo de terminar com Violet. Agora, ele tinha medo de encontrá-la. Era sua relutância em enfrentá-la com a cegueira.

    Coragem era o que ele precisava agora.

    A coragem para aceitar sua condição e seguir em frente.

    Paula soltou suavemente a mão dele. Vincent também obedeceu e soltou a mão dela. Ela saiu do quarto dele, que parecia especialmente fraco. Então, foi para seu quarto, o que ficava ao lado, e abriu a gaveta. Paula voltou ao quarto dele com as coisas cuidadosamente embaladas nos braços.

    Vincent olhou para Paula enquanto se preparava para se deitar na cama.

    “Por que você está aqui de novo?”

    “Mestre.”

    Paula derramou sobre a cama o que estava em seus braços. Letras brancas espalharam-se por todo o leito. Eram as cartas de Violet que ela tinha guardado até aquele momento.

    “Essas são todas as cartas da senhorita Violet. Eu as mantinha sob a permissão de Isabella.”

    “…”

    Ele começou a folhear lentamente as cartas que caíam sobre ele. Eram tantas que o cercavam. Era natural. Porque Violet enviava cartas que não paravam de chegar, mesmo sem receber respostas.

    “A senhorita Violet enviava uma carta a cada dois dias. Mesmo sabendo que não receberia resposta, ela continuava mandando. Mestre, eu não sou boa com palavras. Por isso, não posso te dar bons conselhos agora. Mas, pelo menos, eu não acho que essa sinceridade seja falsa.”

    Apesar de não receber respostas, a sinceridade em enviar cartas toda vez era impressionante. Paula ficou perplexa com o tamanho das cartas, mesmo sendo enviadas a cada dois dias. Então, leu as cartas várias vezes.

    [Hoje, caminhei pelo jardim. As flores estão tão lindas. Quero te mostrar.]

    [Comprei uma roupa bonita hoje. Quero te ver usando ela.]

    [Estou com saudades de você, Vincent.]

    Cartas cuidadosamente escritas preenchiam o papel. O conteúdo não era nada de mais. No final da carta, que listava a rotina diária, ela concluía dizendo que sempre sentia falta de Vincent. Paula pôde sentir totalmente a saudade de Violet por Vincent ao olhar as cartas borradas pela tinta.

    “Como o mestre disse, nem tudo vai sair como esperado, mas você precisa enfrentar. Seja corajoso. Acho que agora é a hora para isso.”

    ‘Pelo menos, espero que a pessoa batendo na sua porta não desista de você por cansaço. Quero que você olhe para essa sinceridade. Mesmo que o tempo passe e ela acabe te deixando, espero que, por agora, você ainda acredite nessa sinceridade. Não quero que você perca suas relações com as pessoas por causa da desconfiança de que isso possa acontecer.’

    “Se quiser, posso ler as cartas para você.”

    “… Está bem.”

    Ele levantou uma carta.

    “Eu sei o que vai estar escrito. Ela deve ter escrito que estava preocupada e queria me ver, ao mesmo tempo em que transmitia seus cumprimentos. Porque é sempre assim, toda vez que pensei que não estavam vindo por eu não responder depois de ter mandado que não lessem, mas ela parece que continua enviando.”

    “Sim. Já está acumulado assim. Não acho que seja educado continuar ignorando alguém que se importa tanto assim!”

    Paula queria fazer isso naquele momento, então gritou de uma forma justificada, mas Vincent ficou apenas atônito. Ela se perguntou por que ele estava com essa expressão, mas ficou sem palavras diante de suas palavras.

    “Você está fazendo isso por causa do que fez de errado. Violet te ouviu e disse que ficaria, então você estava tomando conta de mim.”

    “…”

    ‘Esse aqui é realmente sensível.’

    Depois do incidente, Paula tentou ignorar a dor em seu coração e refutou sem vergonha. Perguntou se ele não sabia o quanto ela estava preocupada com seu mestre, mas ele nem sequer ouviu. Em vez disso, ele continuava mexendo nas cartas espalhadas pela cama. Ela podia sentir seu coração em suas mãos cuidadosas. Ainda assim, parecia que não havia força.

    “Você tem coragem?”

    “Um pouco?”

    “…”

    Ainda estava frio.

    “Você sempre me repreende.”

    “Se não quer ouvir, devia fazer direito.”

    “Você também é sem vergonha.”

    “Assim, vou cuidar do meu mestre.”

    Então ele sorriu suavemente.

    “Obrigado.”

    Agora… o quê?

    Paula piscou, se perguntando se tinha ouvido errado, mas Vincent pegou sua mão novamente. Não foi um aperto tão forte quanto antes. Foi um toque mais cuidadoso, quase arrepiado. E logo seus dedos se entrelaçaram com os dela.

    “Quando pratiquei a conversa da última vez, eu disse obrigado, e disse isso para você. Foi engraçado e me fez sorrir porque pensei que fosse difícil para você dizer ‘senti a sua falta.”

    Ele sorriu brevemente, como se lembrasse daquela vez. Esse sorriso era estranho.

    ‘Embora estranho… estou acostumada com isso. Um rosto gentil, que se preocupa com os outros. Um rosto que eu vi naquela época. O rosto estava me olhando.’

    “Obrigado. Eu estou falando sério.”

    ‘Não, isso está realmente se referindo a mim.’

    “Eu não queria continuar ignorando Violet. Não era o que eu queria, mas acabou acontecendo, então eu preciso lidar com isso. Mas como você disse, eu acho que me faltou coragem. Obrigada por me dar um pouco de ânimo. Obrigado.”

    Ele deu um sobressalto e levantou a cabeça. Seus olhos esmeralda nublados estavam fixos nela. Com algum esforço, ele conseguiu seguir a voz e acompanhar o olhar. E quando Paula encontrou aquele olhar, abriu a boca várias vezes e acabou fechando-a.

    As mãos entrelaçadas estavam quentes, e uma voz amigável fazia cócegas em seus ouvidos. Paula ficou olhando para ele, sem conseguir pensar em nada.

    O aviso em seu coração continuava martelando…


    Foi mais um dia depois disso, quando a porta, que estava bem fechada, se abriu. Vincent encontrou Violet. Assim que ela o viu, desabou em lágrimas. Parecia ter muito a dizer, mas substituiu a tristeza por um tapa em seu peito. Vincent a envolveu em seus braços e a afagou nas costas. Ali, ela resolveu a dor do passado. Ethan também deu tapinhas nas costas dos dois.

    “Eu nunca vou terminar o noivado. E não vou contar para ninguém sobre o seu estado. De verdade.”

    “Obrigado.”

    O silêncio dela não significava que ele poderia esconder sua condição para sempre. Ainda assim, ela cumpriria aquela promessa. Sabendo disso, Vincent também sorriu para ela.

    Os três conversaram o dia todo. Depois de muito tempo, uma risada alegre ecoou pela mansão. Paula bateu no peito, sem razão, ao ver os grandes amantes, apenas os olhando.

    No dia seguinte, teve o chá.

    Os participantes foram Vincent, Violet, Ethan e Paula.

    Paula estava perdida, parecia que não era o lugar dela, mas Violet a conduziu ativamente. Paula não conseguia fazer isso sozinha, então até pediu permissão a Isabella.

    No final, Paula, uma empregada, teve a honra de participar do chá dos nobres.

    O chá foi servido no jardim nos fundos do anexo. Era o mesmo lugar onde ela tomara chá com Vincent outro dia. Ali, beberam chá e conversaram normalmente, nada de especial. Só isso já fazia o ambiente ser amigável o suficiente.

    Então, as cartas de Violet se tornaram o principal assunto.

    “Senhorita, não tem umas cartas amassadas?”

    “O quê? Ah, pensando bem…”

    “Porque Violet tem um temperamento forte. Ela estava escrevendo uma carta e ficou brava por não ter recebido resposta, então deve ter amassado e depois desamassado. Eu consigo imaginar.”

    Então, Ethan riu. Violet deu-lhe um olhar constrangedor e o soltou com um tapa na lateral. Ethan gemeu, e Vincent sorriu elegantemente enquanto tomava um gole de chá. Nesse meio tempo, Paula mudou de lugar várias vezes.

    Era desconfortável. Não parecia um lugar para ela. Eles falavam com ela e se preocupavam para que não ficasse desconfortável, mas, no fim, ela ainda era uma estranha. Paula não tinha memórias para compartilhar com eles. Então, ela olhou ao redor e se levantou com a chaleira vazia. Tentou sair com a desculpa de que ia encher o bule, mas naquele momento, Vincent a segurou rapidamente.

    “Aonde vai?”

    “Ah, o bule está vazio. Estou indo encher um pouco mais.”

    “Não precisamos beber mais. Fique aqui.”

    “O quê? Ah, mas…”

    A conversa que estava rolando foi interrompida por isso. Os olhares de Violet e Ethan se voltaram para Paula. Ethan interrompeu, quando Paula estava envergonhada por ter atrapalhado o momento de diversão.

    “Ei, Vincent. Por que você acharia que a senhorita se separaria de você para sempre? Desculpa. Não importa o quanto você não queira se afastar, deixe ela ir, para que ela possa ficar um tempo sozinha e pegar mais chá. Que desconforto seria ela ficar aqui?”

    “Ah, é mesmo?”

    Violet perguntou se era verdade, e Vincent esperou a resposta de Paula. Ela ficou surpresa com as palavras atrevidas e não conseguiu responder de imediato. Então, Vincent gentilmente soltou a barra de sua roupa. Não sabendo se deveria agradecer por isso, Paula apenas assentiu e saiu.

    Assim que Paula se afastou deles, pôde respirar. Deve ter sido desconfortável. Ela coçou a cabeça e foi até a cozinha preparar uma nova xícara de chá.

    Paula andou de propósito depois de pedir para o cozinheiro alguns petiscos doces. Era verdade que ela queria um pouco de ar fresco sozinha. Não tinha tido tempo para si mesma ultimamente.

    ‘Será por isso? Esse curto momento parecia doce como mel.’

    Quando voltou para o local do chá, havia um participante a mais.

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