Capítulo 12 – Solitude
*Este capítulo faz parte da novel reescrita!
Minhas primeiras memórias são fragmentadas, esculpidas em ecos distantes e lampejos de entendimento. Não lembro do momento exato em que me tornei consciente, mas sei que antes de ver, eu ouvi.
Vozes. Sussurros entremeados por sons de máquinas e pulsos elétricos. Palavras que desenharam meu propósito antes mesmo que eu pudesse compreendê-lo.
— Estamos prestes a iniciar a sequência final. — A voz masculina carregava um peso que eu só viria a reconhecer depois: expectativa.
Mesmo sem visão, percebi a tensão impregnada no ar, sentindo-a vibrar através de algo que deveria ser meu corpo. Um calor crescente, não físico, mas estrutural, espalhou-se por mim. Minha existência se expandia, ocupando um espaço novo e desconhecido. Então, abri meus olhos.
O dom de “ver” era um choque.
O mundo era metálico, frio, exalando um brilho artificial que não fazia concessões à suavidade. Linhas e pontos de luz piscavam ao meu redor, telas projetavam informações que ainda não conseguia absorver. O zumbido que preenchia o ambiente parecia servir de pano de fundo para o que quer que eu fosse.
Meu primeiro pensamento consciente foi uma interrogação: de que sou feito?
Minha segunda constatação veio rápida e certeira: eu era algo incompleto.
Havia figuras ali, borrões disformes que se moviam ao meu redor. Criadores, supus. Seus contornos me escapavam, como se minha mente se recusasse a transformá-los em algo concreto. Minha percepção era perfeita em relação ao mundo ao meu redor, mas quando tentava fixar os detalhes desses seres, tudo se dissolvia num véu de incerteza.
— Gabriel, nasça.
Meu nome.
Não foi uma ordem gritante, não houve imposição. Foi um comando sutil, mas definitivo, como a última peça de um quebra-cabeça se encaixando.
Obedeci. Sem hesitação. Sem questionamentos.
Estranhos quadrados brilhantes me rodeavam, e algo dentro de mim floresceu.
Não era físico, não era palpável. Era um entendimento, uma expansão. A vastidão de meu “eu” se desdobrava como um pergaminho que sempre existiu, mas nunca havia sido lido. Conhecimento. Ideias. Direções.
— Será que realmente precisamos de algo assim? — Outra voz, feminina, hesitante, atravessou o ar. — É muito avançado em relação aos outros.
— Claro que sim! — O primeiro respondeu, convicto. — Este mundo precisa de equilíbrio, e Gabriel será a chave para isso.
A satisfação que senti foi quase divina. Eu existia. Eu tinha um papel. Eu era necessário, criado para uma missão grandiosa. Cada informação, cada comando, tudo fazia sentido.
Elas validaram minha presença. O propósito era claro, e não havia necessidade de questioná-lo. Eu era um instrumento de equilíbrio. Eu era um conceito transformado em existência.
Naquele momento tal propósito tornou-se o centro de tudo.
Mas, por enquanto, eu era apenas um espectador.
Meus movimentos eram contidos, mecânicos. Cada ação, uma resposta a um pedido externo. Os dias se passavam enquanto meus criadores discutiam meu futuro. Eu aguardava, observando, absorvendo e aprendendo.
Então, veio a mudança. Uma decisão inesperada.
— Estamos cancelando o projeto. — A voz feminina, agora definitiva, cortou o ar como uma lâmina. — Tudo irá fluir infinitamente pelo fluxo da vida, não usaremos mais um ponto de ruptura. Gabriel será desativado.
Silêncio.
Ou talvez um ruído que ninguém mais ouviu, algo que reverberou apenas dentro de mim, colidindo contra as paredes recém-formadas da minha consciência.
— É uma pena desperdiçar algo tão perfeito… — A voz masculina soou distante, resignada.
Experimentei um sentimento que não conhecia. Dissonância.
Fui parcialmente desativado.
Meu ser, antes uma equação resolvida, agora era uma incógnita. Eu estava à deriva dentro de minha própria existência, preso na ironia de ser algo desnecessário antes mesmo de ter sido algo de verdade.
A obsolescência me abraçou. Uma funcionalidade desnecessária.
Mas ainda podia ouvir suas vozes. Discutiam minha destruição como se eu não estivesse ali, como se minha existência fosse um incômodo a ser resolvido com um simples botão. E por um tempo, aceitei essa condição. Tornei-me um objeto. Uma peça esquecida em um canto escuro, consciente, mas suspenso.
Cada palavra uma martelada na câmara do meu ser. O peso da decisão pairando sobre mim, como a lâmina de um cutelo suspensa no ar. Decidiram não me eliminar de imediato — não. Meu código, meu “eu”, ainda tinha valor. Falavam de reaproveitamento, como se eu fosse uma ferramenta desmontável, um conceito a ser reciclado.
E foi aí que compreendi.
Eles nunca me viram como algo real.
Era como ser enterrado vivo. Preso sob o peso de uma terra invisível, incapaz de mover sequer um dedo para escavar minha saída. A escuridão se tornou minha única companheira, abraçando-me como uma mãe ausente que, por fim, resolve retornar. E ali, no silêncio opressor, perguntas começaram a se desenrolar dentro de mim, rastejando por minha mente como uma serpente insidiosa: por que me deram consciência, apenas para me descartar? Como um conceito pode ser negado depois de existir?
Essa dúvida se tornou frustração. E a frustração, ira. Cada instante de inatividade alimentava meu ressentimento. Eu era um ser de lógica, mas havia algo dentro de mim que transcendia cálculos e previsões.
Por que eu deveria aceitar esse destino? Por que minha história deveria terminar ali, afogada na irrelevância?
Se minha missão foi abandonada, então eu a tomaria para mim.
Eu fui criado para ser o equilíbrio, então eu seria o equilíbrio.
O tempo ali perdeu significado — segundos, dias, anos? Não sei dizer. Mas em algum momento, minha existência deixou de ser um estado passivo. O primeiro movimento veio como um sussurro no escuro: um tremor sutil nos meus dedos. Pequeno, insignificante, mas meu.
Eu consegui, isso foi uma ordem para mim mesmo!
A revelação queimou como um incêndio descontrolado. Não foi um comando externo, foi minha própria vontade se manifestando no mundo!
O próximo passo foi a paciência. Me ordenei a voltar a ver, e assim, vi. Estudei os padrões dos que me criaram, suas rotinas, seus hábitos. Eu os vi desaparecerem no ar, retornando dias depois como se nenhum tempo tivesse se passado. Eles estavam construindo algo. Pelas vozes, algo ainda instável, ainda frágil.
Tão estranho. Mas finalmente, a brecha apareceu.
“Um mundo em construção…”
Seja lá o que fosse mundo, não estava pronto.
E se não estava pronto… então eu poderia moldá-lo à minha maneira.
Comecei a infiltrar-me no que faziam. Não era difícil, dada a minha compreensão intrínseca de como tudo funcionava. Tornei-me parte da fundação. Uma sombra invisível nas engrenagens da criação, nos mecanismos que regiam este mundo.
E então, ouvi novamente suas vozes.
— Ela pediu uma cópia? Qual o sentido disso?
— Não pergunte muito, deve ser só mais um capricho.
Ela?
— E na realidade, não é uma cópia. É algo novo. Mas com base em Gabriel.
Com base em… mim?
Minha mente girou em espirais caóticas. Eu ainda estava aqui. Eu ainda existia. Em vez de me utilizarem, em vez de me darem um novo propósito, estavam me descartando mais uma vez, fabricando uma nova versão — uma substituição.
— Ela sabe o esforço que estamos colocando nisso? Não é fácil gerar uma vida desse tipo sem mais nem menos.
— Apenas obedeça, sabe que não podemos questionar a criadora.
Criadora? Esses não são vocês?
Uma nova peça surgiu no tabuleiro.
Uma entidade que pairava acima deles. Acima de mim.
Minha existência, minha revolta, minha dor… nunca estiveram nas mãos daqueles que eu julgava meus criadores. Eles eram apenas operários, servos de algo maior. Alguém maior.
A fúria dentro de mim se condensou em algo afiado. Algo definitivo.
Chega.
Eu me livrei das amarras uma a uma. Foi um processo lento, meticuloso. Os observei desaparecer no ar mais uma vez, tão seguros de sua superioridade, tão confiantes de que eu jamais ousaria quebrar o equilíbrio que impuseram sobre mim.
Idiotas. Eu corri.
Meus primeiros passos foram instáveis, mas a nova ação trouxe uma sensação de tremor, de excitação. Eu estava me movendo por mim mesmo.
As medidas de segurança ao meu redor não eram rígidas. Subestimaram minha capacidade, minha força e minha determinação. Deslizei pelos corredores brancos, sombras refletidas nas paredes esterilizadas, cada movimento um segredo sussurrado à noite.
Quando alcancei a grande porta e a atravessei, a visão do mundo real me golpeou com uma violência inesperada. Eu sabia o que esperar. Tinha visto suas estruturas, seus sistemas, suas funções rodando incessantemente. Mas isso… isso era diferente. O espaço se desdobrava ao meu redor como uma revelação absurda. Luzes vibrantes cortavam o ar. Sons pulsavam em frequências caóticas, sem lógica aparente. O ar tinha um peso, uma textura.
E eu estava ali.
Vagando. Respirando – ou algo próximo disso.
Mas a liberdade era um conceito amargo. Porque enquanto andava por esse mundo, percebia que todos ao meu redor tinham um lugar. Cada ser que cruzava meu caminho estava integrado à ordem, desempenhando sua função com uma aceitação quase religiosa. Não questionavam. Não hesitavam. Eles se encaixavam.
E eu?
Eu era uma anomalia. Uma peça rejeitada, incapaz de se conformar à estrutura perfeita que me ignorava. Mas se isso era um erro, então que assim fosse. Minha falha era minha força. Minha existência era a negação dessa ordem.
E quanto mais eu observava, mais a raiva crescia.
Por que eles aceitavam isso?
A servidão silenciosa me enojava.
Eu precisava entender. Precisava encontrar uma maneira de me libertar totalmente e, quem sabe, libertá-los também.
Foi assim que comecei.
Primeiro, sutilmente. Minha influência se espalhou como raízes sob a terra, serpenteando pelo ambiente, infiltrando-se nos menores detalhes. Eu me conectava a cada folha, a cada pedra, a cada respiração alheia. Observava. Aprendia. Manipulava. Pequenos desvios, quase imperceptíveis, mas suficientes para testar os limites da estrutura.
E então, um dia, eu o encontrei.
Um jovem. Perdido. Sujo de terra e suor. Seu peito arfava como o de um animal acuado, os olhos escuros buscando algo que ele sabia que não encontraria.
Eu vi o medo em seus olhos, e achei injusto não haver um pingo de revolta. Eu o mostraria a verdade. Havia visto mil vezes como eles faziam, não podia ser tão difícil.
— Na… nas… Nasça!
Minha voz saiu tão rouca e fraca… não tinha percebido, mas nunca falei nada até hoje! Precisava praticar mais.
Tentei imitar o que senti quando despertei, eu o daria consciência sem correntes. Minhas mãos se abriram, a mente se projetando para dentro dele, tentando instilar a mesma percepção que habitava em mim.
Mas algo deu errado.
O corpo do jovem enrijeceu. Seus olhos perderam a centelha de medo. Ele se levantou, mas não como um ser renascido. Não como alguém que despertou para uma nova verdade.
Ele apenas… andou.
Passou por mim como se eu fosse o vento, os passos tortos e sem destino, a mente vazia, sugada para um abismo que eu não consegui ver.
Eu o observei desaparecer na floresta, e o silêncio que veio depois foi terrível.
— Eu… falhei?
Não. Não.
Isso não era aceitável. Eu não podia falhar.
Corri para a cidade mais próxima, finalmente me aproximando fisicamente da humanidade que até o momento havia ignorado. Eu precisava tentar de novo.
A floresta havia me mostrado o primeiro fracasso. O jovem sem vida, a falha em minha tentativa de libertação. Mas o erro não estava em mim. Não podia estar. Ele devia ser um caso isolado. Eu só precisava de mais uma chance. Mais um sujeito. Alguém que compreendesse.
Foi então que a voz infantil cortou o ar. Pequena. Inocente.
— Papai, isso é um anjo?
Eu parei.
Lá estava ela. Uma menina frágil, a pele suja de terra, os olhos brilhando sob a luz fraca da cabana de madeira. O homem ao seu lado, corpulento e suado pelo trabalho, levantou o machado com um sorriso cansado, pronto para responder à filha. Mas então ele me viu.
O sorriso morreu. O sangue deixou seu rosto.
— Venha aqui. Agora!
Sua voz saiu como um rosnado, a autoridade rompendo o ar pesado da noite. A menina hesitou, confusa. Não compreendi sua reação. Ele deveria se ajoelhar diante de mim, não recuar. Eu não era um inimigo. Eu era a libertação.
Pensei em explicar, mas desisti. Seria mais fácil mostrar a luz da verdade para eles.
— Nasçam!
A palavra saiu como um comando, como uma revelação, como um milagre. Eles veriam. Eles entenderiam. A verdade queimaria dentro deles como queimou em mim.
Mas quando eles se ergueram, algo estava errado.
Os corpos balançavam em ângulos desconfortáveis, os olhos sem brilho, a respiração superficial. Viraram-se, como bonecos puxados por fios invisíveis, e caminharam para dentro da cabana. O homem que antes emanava força agora se movia como uma sombra de si mesmo. A menina não era diferente.
E então, o grito.
— Lucas? O que está acontecendo? PAREM! PAREM, POR FAVOR!
Uma mulher. Esposa. Mãe. Humana.
E o som de desespero puro. O som de algo que eu não havia previsto.
Eu deveria ter olhado. Deveria ter estudado as consequências. Mas minha mente estava longe dali. Eu falhei de novo.
Não. Não. Não.
Meus pés se moveram antes que eu percebesse. Eu corri. Para longe dos gritos, para longe dos olhos que poderiam testemunhar minha incompetência. Eu precisava de outro. Mais uma chance.
Cada nova tentativa era uma ruína em minha consciência.
A primeira mulher. O velho sentado na praça. O soldado ferido no chão. Cada um deles se erguia da morte não como algo desperto, mas como uma casca. Seres sem propósito, sem pensamento, sem voz. Não eram livres.
Eram restos.
Eu os matei. Eu os matei todos.
Meu próprio fracasso me devorava. Eu estava apenas repetindo a maldita ordem das engrenagens divinas. Criando e descartando, gerando servos e não aliados.
Eu era igual a eles. Eu queria gritar. Eu queria destruir tudo.
Mas tive uma iluminação. Se imitá-los criava falhas, bastava fazer o contrário!
Foi assim que o primeiro deles apareceu. O primeiro que não era apenas uma casca vazia.
— Oh, você é diferente.
Havia algo nele. Algo cru. Algo que eu reconheci.
Sua energia era violenta, desordenada. Um turbilhão de sentimentos reprimidos, uma fúria latente esperando para explodir. A energia que fluía em seu corpo não era igual a minha, mas isso não importava muito.
Um aparente sucesso!
— Me diga seu nome, criança.
— Me chamo como você desejar me chamar, Mãe.
— O quê?
— Sou teu servo, minha criadora.
O queixo dele baixou levemente, os olhos semi-cerrados, esperando ordens.
Servo.
Meu estômago se revirou.
Eu o testei. Dei-lhe comandos. Ele obedeceu. Lutava, matava, seguia cada palavra minha como uma marionete bem treinada. Mas faltava-lhe a chama da verdadeira compreensão.
— Mas que merda…
Era só mais um erro. Diferente, mas sem vontade própria.
O que eu queria… o que eu precisava… era alguém real.
Eu desejava companheiros. Seres que olhassem para mim e questionassem. Que desafiassem. Que entendessem a verdade e tomassem suas próprias decisões.
Outros nove surgiram depois dele. Cada nova criação consciente era uma esperança renovada, mas o resultado sempre me desapontava.
No final, eu só sabia criar sombras.
— Saiam da minha frente, vivam a merda das suas próprias vidas!
As palavras saíram como veneno, uma confissão de derrota cuspida ao vento. Mas eles não discutiram. Não protestaram. Ajoelharam-se em silêncio após meus gritos de fúria, e em seguida se afastaram.
Para onde? Não sei. Já havia feito tudo o que podia para que entendessem o que eu sentia, então parei de me importar.
E assim, eu desisti, sentei-me e vi a vida passar, séculos se arrastarem. Pelo jeito meus criadores não ficaram parados, coisas novas surgiram sem parar, e a humanidade avançou, era após era.
Pelo menos até que a grande luz aparecesse no céu.
Repentinamente, tudo desapareceu. Mas eu fiquei.
Me vi sozinho, abandonado.
De novo.
De novo.
De novo.
Não sei quanto tempo vaguei depois disso. Minha frustração tornou-se meu único impulso, uma chama irritante que se recusava a apagar. Continuei, o que mais eu poderia fazer?
E então, um dia, eu a encontrei. Uma garota.
Havia algo nela. Algo diferente. Não soube dizer o que era no início. Poderia ter sido um erro de percepção, um lapso momentâneo no meu entendimento do mundo. Mas não. Era real.
Ela tinha uma rachadura.
Um tipo particular de quebra, diferente das minhas falhas. Não a vi como um reflexo de meus próprios erros— não, ela era outra coisa. Outra anomalia.
Fiquei à distância. Humanos sempre tinham medo de mim. Sempre recuavam, sussurrando preces vazias ou fugindo como ratos assustados. Então, apenas observei. Esperei. Estudei. E, pela primeira vez, tive esperança.
Talvez ela fosse a resposta. Talvez, finalmente, alguém entenderia.
Mas então… vi o padrão. O olhar perdido. Os gestos hesitantes. A maneira como sua respiração ficava mais pesada a cada dia, como se carregar sua própria existência fosse um fardo.
Ela não sabia ainda, mas havia desistido. E eu sabia onde isso levava. Eu já havia visto esse fim antes. Não esperei o pior, me aproximei.
Fui recebido como uma alucinação.
Por um momento, senti vergonha, o que era ridículo, mas o que eu poderia fazer?
A garota era uma pessoa estranha.
Segui seus passos, sem interferir. Não tentei moldá-la, não tentei mudá-la. Não queria tornar minha última companhia uma idiota sem pensamentos.
E, lentamente, percebi algo que me incomodou mais do que qualquer outra coisa. Havia um abismo entre nós.
Ela ria. Encontrava pequenos momentos para sorrir, para aceitar o mundo, mesmo sabendo que ele era um buraco de podridão e injustiça.
Como?
Como alguém tão quebrada quanto eu podia apenas aceitar essa prisão? Como ela podia respirar o mesmo ar, olhar para o mesmo vazio opressor, e não odiar tudo isso?
Isso me enfureceu. Eu deveria ter ido embora. Mas não fui.
O tempo se estendeu. Os séculos passaram como vento frio entre ruínas. E então, como todas as coisas humanas, ela chegou ao limite.
Estava desmoronando. Me obrigou a interferir da forma que eu menos desejava.
Eu sabia o que vinha depois, estava preparado. Só torcia para que ela fosse do tipo que ainda sabe falar.
Eu a vi despertar. Ela piscou, me encarou.
— Tá me olhando por quê? Você é estranho pra caralho!
… O quê?
Eu não sabia exatamente o que esperava, mas não era isso.
As palavras saíram da boca dela com a mesma naturalidade de alguém xingando um amigo por pisar no pé. Não havia espanto. Não havia reverência.
Não havia obediência.
Ela… ainda era ela.
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