Índice de Capítulo

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    Protótipo de capa Volume 1 – Ironia Divina

    Capa Volume 1

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    📢 Aviso ao Novo Leitor

    Olá, viajante das palavras!

    Minha novel está passando por uma reescrita completa! A história continua basicamente a mesma, mas estou refinando a escrita, reorganizando alguns acontecimentos para dar mais fluidez e tornando tudo ainda melhor.

    Os capítulos do primeiro volume (primeiros 44 na versão antiga) já são parte desta reescrita (não a versão final dela, pois falta uma boa lapidada para o livro físico, mas no caminho!), então peço que não estranhe quando, ao chegar no novo volume, volte para o 45, pois ele ainda faz parte da escrita antiga!

    Ah, e o mesmo vale para os comentários! Se notarem que o assunto discutido pelo pessoal não bate com o capítulo, a razão foi a reorganização de tudo, rs…

    Desde já, obrigado por embarcar nessa jornada! 🚀📖

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    — Não deve ser tão difícil, certo?

    — Depende do que considera difícil — respondeu a voz suave, sem se dar ao trabalho de olhar para a jovem animada.

    — Tá, vou só tentar e pronto.

    Era isso. 

    Uma tentativa. Uma curiosidade passageira. Algo para matar o tempo, que teimava em não morrer.

    Já era o quadragésimo ano? Talvez um pouco mais?

    Não se lembrava. Mas,  entediada, resolveu brincar com a terra.

    A princípio, afundou os dedos na grama. Sentiu a textura macia, a umidade grudando de leve na pele, a frieza confortável do solo. Era como um carinho preguiçoso. Fechou os olhos.

    Por um momento, não era alguém imortal presa num mundo parado.

    Era apenas uma pessoa sentindo a terra.

    Riu. Pegou uma enxada. Cravou-a no solo.

    Fez um primeiro buraco e depois outro, e mais outro, como se estivesse desenterrando um pedaço de si mesma.

    Primeiro, achou divertido. Depois, cansativo.

    A cidade era grande demais. Devia ter começado por um lugar menor. Sabia disso. Mas estava tudo bem, não tinha pressa.

    Um golpe de cada vez, foi entendendo as nuances daquele novo ambiente. A terra cedia, a vegetação se expandia. Era um ciclo. Natural.

    Quarenta anos pareciam muito, então os mais curiosos poderiam perguntar por que diabos Ana nunca havia se aventurado antes na agricultura.

    A resposta era simples: ela era uma mulher da cidade!

    O concreto era seu lar, seu refúgio, seu cenário de sobrevivência. O barulho dos motores e o cheiro de gasolina eram seu amanhecer.

    Mas o mundo tinha outros planos.

    A natureza, impaciente e impiedosa, havia tomado tudo de volta. O asfalto rachou, as árvores cresceram entre os prédios como se estivessem se vingando. As raízes engoliram as calçadas. Os pássaros reassumiram as avenidas.

    E Ana, agora sem opções, decidiu que era hora de ter um jardim.

    Cada flor e folha foi cuidadosamente plantada. Cada broto, um pequeno gesto de resistência contra o silêncio do mundo. Assim, observava a vida se desenrolar, emergindo da terra como se estivesse zombando dela. 

    — Oho, sou uma fazendeira lendária! — gritou, triunfante.

    — Tá mais para louca lendária.

    — Cala a boca!

    Mão na cintura, peito estufado. Ana se esticou para trás, ouvindo suas costas estalarem.

    Piscar de olhos.

    Outro piscar.

    E assim, mais cinco anos haviam se passado.

    O jardim tornara-se vasto. Um mar de cores, de perfumes, de folhas e pétalas que balançavam com o vento. Cada estação trazia uma nova pintura, e a jovem, por mais que tentasse ignorar, se via hipnotizada pelo fascinante espetáculo.

    Pouco a pouco, as colheitas ficaram melhores. As raízes, mais profundas. As flores, mais vibrantes.

    Ana aprendeu a ouvir, sem esforço, a linguagem silenciosa do chão sob seus pés, os ritmos delicados da natureza. Era como se tivesse se conectado a algo maior. 

    Um fio invisível a prendia ao mundo vibrante.

    Isso a irritava, então ela o cortou.

    As mesmas mãos que fizeram algo belo, trouxeram desolação.

    Foi violento. Caótico. Mas estranhamente satisfatório.

    — Posso saber o motivo? — questionou a figura alada, a voz carregada de perplexidade. 

    Era difícil o deixar assim. Mais difícil ainda o fazer falar. Mas ali estava ele, quase hipnotizado com o espetáculo do absurdo.

    — As flores murchando me deixam com raiva… e um tico de inveja — resmungou a jovem, jogando mais um punhado de terra para o lado.

    Se virou para encarar o restante da  imensidão verde à sua frente.

    — Nascendo, crescendo, morrendo… Tudo segue adiante, menos eu. Esse jardim me lembra disso. Me sinto uma merda.

    O silêncio reinou entre os dois. E logo ouviu-se um sussurro.

    — Eu entendo.

    A tradução era simples: não entendo, mas também não me importo.

    Ana não o respondeu. Apenas virou-se de volta em direção a vegetação, rasgando folhas com as mãos, arrancando flores com os dentes, esmagando caules com pés descalços.

    Era irracional, até um pouco infantil. Mas ela não parou.

    As pétalas se espalhavam pelo ar, pequenos lamentos silenciosos, enquanto o jardim se desmanchava ao seu redor em um funeral que não deveria estar acontecendo.

    Quando finalmente acabou, ofegante, as pernas bambas, os braços cortados pelos galhos, contemplou a cena.

    Um quadro pintado em loucura.

    Uma guerra vencida contra um inimigo que nunca lutou de volta.

    Inclinou a cabeça, sentindo o gosto amargo do pólen na boca.

    E sorriu.

    O que era aquilo, afinal? Raiva? Alívio? Ou só mais uma tentativa falha de encontrar qualquer coisa que a fizesse sentir algo “a mais”?

    Não se preocupou em achar a resposta.

    Pegou sua faca — uma qualquer que encontrou por aí e gostou. Por algum motivo, amava tais pequenas lâminas. Eram simples, diretas, letais. Nem mesmo sabia quantas tinha tido ao longo dos anos. Quando ficavam cegas? As descartava. Quando achava uma faca melhor? Sua antiga era jogada longe.

    Em seus devaneios, jogou um cantil na mochila, uma troca de roupa, separou alguns suprimentos mínimos e pegou uma maçã de uma das últimas árvores que permaneceram em pé.

    Era tudo o que precisava.

    Deu apenas uma olhada para trás, cuspiu no chão e apertou o passo.

    O cheiro das flores ainda pairava no ar.

    Por um segundo, a fragrância lhe pareceu familiar. Algo distante.

    Lembrou-lhe de um perfume. 

    Um que costumava usar todos os dias antes de ir trabalhar.

    Ou talvez fosse só coisa da sua cabeça.

    Mas,  mesmo que não fosse…

    Para que se lembrar do dia em que o vazio, que antes preenchia apenas seu peito, resolveu preencher o mundo?
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