Capítulo 121

Além disso, ao contrário do passado, não tinha má reputação nos círculos sociais e, de qualquer forma, tinha feito um nome na guerra.

Ter alguém assim do seu lado lhe daria uma forte base de apoio.

Além disso, no que se referia a Damian, Kylo era um homem, mas se Kylo e Agnes tivessem um filho, seria outra história.

O menino herdaria o título de Kylo, e o menino seria sobrinho de Damian.

Os laços de sangue seriam uma forte fonte de apoio.

Só estava preocupado com Raymond, que ainda não havia retornado.

— … Sério?

A mansão da família Spencer.

A tez de Raymond Spencer empalideceu ao receber a notícia.

Desde a morte de Agnes, ele tentara tirar a própria vida.

Mas falhou uma e outra vez, e finalmente o duque Spencer o amarrou aos braços e pernas na cama.

Incapaz de mover os membros, Raymond olhava fixamente pela janela, como em transe.

Mal podia acreditar que Agnes estava morta.

Não morrera diante de seus olhos como da última vez; simplesmente se desfez em pó e desapareceu.

A ideia de que tudo poderia ser uma piada o assolava.

Era tão doloroso, mas ele acreditava que, se esperasse, ela voltaria.

E fiel à sua fé…

Agnes voltara.

Com aquele maldito Kylo Gray.

Após tentativas repetidas de morrer, apesar de estar atado membro a membro, o Duque Spencer o drogara.

Por isso, não acordou com a notícia de que a Princesa Agnes estava viva e bem por um tempo.

Os efeitos colaterais da droga o deixaram atordoado.

Quando acordou, já havia passado muitos dias.

— Merda…

Raymond mordeu com força os lábios secos e rachados.

A contragosto, Kylo Gray recebera o título de nobre e um território.

Estava claro que o Imperador pretendia casá-lo com a Princesa.

Não havia volta. Ele precisava de uma razão, e a tinha.

— …

Eu tenho que fazer alguma coisa.

Tenho que encontrar um jeito… Tenho que encontrar um jeito…

Tenho que encontrar um jeito de recuperar Agnes, de recuperar aquele coração que era meu, de alguma forma…

Ele lembrou-se do jeito que os olhos de Kylo encaravam a princesa Agnes, com luxúria neles.

Ele ousou… ele ousou…

Ele queria estender a mão e arrancar aqueles olhos.

Raymond cerrou os punhos.

Certamente deve haver uma maneira de impedir isso em algum lugar…

Ele tinha que mudar a opinião de Agnes…

Mas Agnes rejeitava todos os seus pedidos para se encontrarem.

Esta não era a Agnes que ele conhecia. Era como se tivesse se tornado outra pessoa.

Desde quando…? Desde quando…?

No porão do prédio dos Cavaleiros.

Tarde da noite, Kylo Gray chegou secretamente a este lugar.

Como um ladrão, ele deslizou silenciosamente para dentro do depósito.

As enormes portas de ferro estavam fechadas com um código.

Kylo olhou ao redor e marcou o número.

A grossa porta de aço se abriu.

Dentro, o depósito estava cheio de caixas empoeiradas.

Sem hesitar, Kylo se aproximou de uma. Abriu-a para descobrir algumas minas de aparência familiar.

— São muitas.

Isso seria o suficiente para deixar a Princesa muito feliz.

Kylo começou a colocar todas as que pôde no saco que trouxera.

Se fosse descoberto que ele vazara as minas, seria destituído como cavaleiro.

Mas não importava.

De qualquer forma, ele teria que apresentar sua renúncia no mesmo dia do casamento.

Kylo pegou o saco e saiu do prédio como um ladrão.

E assim, a partir desse dia, sempre houve uma mina terrestre escondida dentro do vestido de Agnes.

Ela as carregava consigo como uma necessidade moderna.

Mas agora estava achando difícil ficar satisfeita.

“Não é como se fôssemos pecadores…”

Estavam prestes a se tornar marido e mulher.

Por que tinham que se esgueirar naquele espaço e se beijarem sem que ninguém soubesse?

Suas entranhas ardiam, especialmente à noite.

Isso é… mais difícil do que costumava ser.

Ela não esperava que seu relacionamento com Kylo se desenvolvesse dessa maneira.

Por isso, as longas noites não eram dolorosas nem solitárias.

Uma mulher comprometida dorme profundamente, esperando ter os melhores sonhos.

Mas… como alguém que passou do pseudo amor para um relacionamento real com seu Favorito, as noites eram muito dolorosas.

Dias antes do casamento.

Jantaram juntos e sentaram-se lado a lado no sofá da sala da residência da Princesa.

Agora era hora de se separarem.

— Heh… você não pode ficar?

As sobrancelhas de Kylo se franziram quando Agnes perguntou em um tom azedo.

— … Eu também não quero ir, mas as criadas logo virão me expulsar.

Kylo agora era um nobre, mas ainda era o líder dos Cavaleiros Negros e o guarda-costas de Agnes.

Agnes fez um bico enquanto entrelaçava suas mãos nos grandes dedos dele.

Sempre que ela fazia isso, Kylo se sentia estranho.

Desde que se tornaram amantes, ela se tornara um pouco grudenta com ele.

À noite, ela enrolava com desculpas pouco convincentes de que não queria se separar dele.

Kylo era igualmente relutante em deixá-la.

Mas quando Agnes agia assim, ele a observava em silêncio.

Ele queria ter certeza.

Que ela ainda o amava.

Precisava encontrar provas a cada segundo de cada dia.

— … Sabe de uma coisa, Kylo? Tenho uma ideia.

Agnes falou baixinho.

Kylo abafou uma risada e ouviu.

— Quando você voltar para os aposentos dos Cavaleiros, vou fingir estar dormindo e apagar as luzes… e você poderá voltar.

— …

— Se eu deixar a porta da sacada aberta, você poderá ir e vir sorrateiramente, então estaremos juntos a noite toda e você escapará pela sacada antes que os serviçais cheguem ao amanhecer.

Ela era tão específica.

Kylo baixou o olhar para sua mão branca, que segurava seus dedos, inchados pelos calos.

Suas mãos brancas e finas estavam muito quentes. Sempre as sentia mais quentes que suas mãos frias.

Kylo aproximou-se da mão branca e beijou sua extremidade.

Agnes cutucou-o de lado, instigando-o a responder.

Ele gostava desses momentos.

Sentia-se feliz, como se estivesse sonhando.

Nunca imaginou que um momento tão comum pudesse ser possível para ele.

Ele era um homem que só tinha complexos de inferioridade, ciúmes, ambição, raiva e vingança no coração.

Mas quando finalmente lhe concederam um título e um patrimônio, nada disso significava nada para ele.

Desde o momento em que recebeu amor, todas as emoções negativas que tinha desapareceram.

Como se tivesse sido purificado, não se arrependia de nada.

Mesmo seu desejo de vingança contra aqueles que o ignoraram e desprezaram, contra a família Gray que o abandonou e maltratou quando criança, tinha desaparecido.

Não queria perder tempo com essas coisas.

Cada minuto e segundo que vivia com Agnes eram preciosos.

Não queria encher cada momento de sua vida com outra coisa.

— O que é, tem medo de ser pego indo e vindo à noite?

Quando Kylo ficou em silêncio e não respondeu, Agnes perguntou em um tom brincalhão.

Diante de sua pergunta zombeteira, Kylo negou imediatamente com a cabeça.

— … Não é isso.

— Então não se preocupe, vou garantir que os rumores que você ouça sejam bons.

— …

Agora ele sabia o quão boa Agnes era em espalhar rumores ridículos.

As pessoas acreditavam que ele havia lutado contra um monstro de três cabeças e quase perdera um braço para salvar a Princesa.