Capítulo 26
Acordando ao amanhecer como Agnes, Kylo saiu do seu barracão para começar a se preparar para a partida.
— Dormiu bem?
Então.
A primeira voz que ele ouviu ecoou em seus ouvidos.
Kylo se virou, surpreso.
Lá estava ela, impecavelmente vestida com uniforme, cabelos presos em um coque, a princesa Agnes.
Kylo parou por um momento.
Não era segredo para ele o quão bonita ela era. Apenas um pouco inspiradora.
Mas o contraste entre seus magníficos traços e sua aparência despojada, sem adereços, sem maquiagem, era muito marcante.
Foi a primeira vez que ele compreendeu por que todos admiravam sua beleza.
Também foi a primeira vez que viu seu rosto tão de perto.
“Espera, tão de perto?” perguntou Kylo, percebendo que Agnes se aproximou e se inclinou para ele.
A expressão de Kylo se desfez e ele se afastou.
— Você não me ouve? — perguntou Agnes, se perguntando se algo tinha acontecido com os ouvidos dele durante a noite.
— …
Kylo virou a cabeça, claramente ofendido.
Agnes franziu os lábios, incomodada.
Kylo me odeia tanto?
Meu favorito me odiando… por que sinto meu coração batendo forte e minha respiração agitada quando deveria doer?
Deve ser porque sou uma pervertida.
Assim começou a árdua jornada do segundo dia.
Contrariando as expectativas de todos, a princesa não mostrava sinais de cansaço hoje.
Apenas dormiu mais rápido durante a segunda noite no acampamento do que na primeira.
Os soldados estavam agradecidos pela viagem relativamente tranquila e começaram a reconsiderar os rumores anteriores sobre a princesa.
— Talvez ela não seja tão exigente quanto pensávamos.
No entanto, havia outros que ainda estavam preocupados.
Um grupo de aldeões da área SP-3 se reuniu no centro de evacuação.
Os aldeões já estavam nervosos e ansiosos por terem perdido suas casas, mas quando souberam que a princesa estava a caminho, a ansiedade explodiu.
— Por que a princesa está vindo? Eu pensei que havia uma santa na capital!
— Ela não vai vir porque não há humanos endemoniados em nossa aldeia…
— Isso é verdade, mas por quê… estou preocupado que os Cavaleiros Negros venham, e a princesa venha espalhar más notícias.
— Certo, mas… ainda assim, não se vê a realeza todos os dias.
— E daí? Vão nos olhar como se fôssemos bichos! Teremos sorte se ela não tratar os aldeões como ninguém.
— Ouvi dizer que a princesa persegue a nobreza assim. Como pode haver alguém assim na família real?
Os rumores sempre eram exagerados.
As pessoas do abrigo estavam aterrorizadas pelos rumores sobre a princesa que chegavam da capital.
Enquanto isso, Agnes e seu grupo cavalgavam seguros pelas montanhas e celeiros.
As terras altas estavam à vista.
Agnes reuniu coragem.
Esta era sua chance de se redimir diante de Kylo.
Cidade SP-3? Espera.
Um anjo está a caminho.
O abrigo improvisado a vinte minutos da cidade estava cheio de soldados locais e aldeões.
Eles estiveram contando os dias até ouvirem que os cavaleiros finalmente tinham sido enviados pela capital.
Os aldeões se uniram e se organizaram.
Os doentes foram reunidos e atendidos separadamente, enquanto as crianças, os idosos e as mulheres grávidas foram transferidos para os prédios mais seguros.
Os jovens trabalharam ao lado dos soldados para cuidar dos doentes e distribuir suprimentos de socorro.
E quando a comida estava prestes a acabar, um grupo de cavaleiros da Capital chegou.
Foi uma visão bem-vinda, exceto que eram os infames Cavaleiros Negros, e entre eles estava a princesa.
Os rumores sobre ela se espalharam muito além da capital.
Diziam que ela perseguia e assediava a santa; diziam que era tão extravagante que jogava suas joias como lixo; diziam que assediava suas servas com abusos diários.
Diziam todo tipo de coisas ruins sobre ela.
Mas o boato mais quente de todos era sobre Raymond, o herói do império.
— Ouvi dizer que ela implorou e suplicou a Raymond Spencer para se casar com ela.
— E ainda assim, o Lorde Spencer nem pisca para ela. Quero dizer, como poderia, com um anjo santo ao seu lado?
— Qual é o ponto de ser da realeza se você é tão diabólica de coração?
Não tinham escrúpulos em amaldiçoar a família real porque era um distrito afastado da capital.
Além disso, tinham sido evacuados e sobrevivido à Grande Guerra.
Não teriam sobrevivido sem veneno e maldade.
Quando a comitiva entrou no abrigo, foi recebida pelos soldados da aldeia que os esperavam e pelo chefe da aldeia.
— Bem-vindos. — disse.
— Estávamos esperando!
Os soldados que vieram com os Cavaleiros Negros imediatamente começaram a pegar os suprimentos de socorro que trouxeram da capital.
Tinham comido de maneira incomumente boa nos últimos dois dias e não mostravam sinais de fadiga.
Kylo desmontou e começou a interrogar o soldado e o chefe que parecia estar no comando.
Agnes desmontou tranquilamente e deu uma olhada no abrigo.
Hmm…
Os edifícios improvisados eram precários e pequenos.
Deve ser tão duro e desconfortável para as pessoas que foram evacuadas de suas casas.
Os aldeões estavam agrupados em pequenos grupos, observando os Cavaleiros.
Alguns olhavam para os soldados e os jovens que levavam suprimentos de socorro, mas a maioria dos olhos estava na princesa.
— Essa é a princesa?
— Mas ela está a cavalo, não se supõe que a realeza chegue de carruagem?
— Ela está aqui como membro dos Cavaleiros, por que viria em uma carruagem?
Ao ver as sobrancelhas franzidas, Agnes elevou seu nível de atuação.
Em um instante, com um sorriso afável no rosto, ela se dirigiu ao pequeno grupo de crianças.
As crianças estavam desconcertadas.
Nunca tinham visto alguém tão bonito em suas vidas. E essa pessoa bonita sorria como um anjo.
As crianças, que pareciam ter uns treze ou catorze anos, a olhavam com curiosidade e perplexidade.
Agnes sentiu pena delas.
Pareciam uns moleques dos bairros mais simples, todos largados.
A vila ficava perto dos celeiros, então era uma comunidade que se dava bem.
Deve ser difícil largar uma cidade assim… especialmente para as crianças.
Não é que eles tivessem muita comida, e agora precisam comer com moderação.
— Crianças, onde estão os doentes?
— O quê?
— Sabem onde estão os doentes? — perguntou Agnes com sua voz simples e suave.
As crianças piscaram confusas e depois apontaram com o dedo.
— Ali.
— Sério? Querem me levar?
Agnes perguntou novamente docemente, e uma das crianças de olhos atentos gritou.
— Eu, eu te levo, minha mãe também está lá, por favor, cuide primeiro dela!
A criança pareceu perceber instintivamente que Agnes era curadora.
Agnes assentiu, como se fosse fazer qualquer coisa. Com um sorriso bondoso, quase angelical.
— Ela é a princesa? Não veio uma santa em vez da princesa?
— Idiota, a santa tem cabelo preto!
— Então quem é?
Ouvindo as crianças se arrastando, Agnes dirigiu-se ao prédio onde os doentes estavam reunidos.
Enquanto isso, Kylo, que tinha sido informado da situação, parou e olhou ao redor.
— Espera… onde está?
Não havia sinal da princesa.
A coisa mais importante desta missão é acabar com os monstros que restam na área isolada e levar os aldeões de volta à sua cidade sãos e salvos.
Mas ainda mais importante para Kylo era a segurança da princesa Agnes.
Ele se virou para Victor, que acabara de voltar de entregar suprimentos de socorro com seus soldados.
— Victor, onde está a princesa?
— Não é a princesa, é a Curandeira. Foi para lá.
Victor apontou indiferente para o lado, como se não se importasse.
A cabeça de Kylo pulsava.
Será que ele realmente acha que está aqui para um passeio? Não pode simplesmente andar por aí sem pensar…!
Já é complicado o suficiente sem ela, mas se ela se meter em encrenca de novo…
Foi então. Ao longe, Anna Montrose veio correndo rapidamente.
— O chefe diz que… alguma coisa deu errado…
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